domingo, 7 de janeiro de 2024

A rainha Chicholina

Um novo dia esta a começar e aos poucos, o reino Fantasia começava a despertar.          No cimo do monte Carrapito, as nuvens desapareciam lentamente e, já se começava a ver o grande castelo azul onde morava o rei Ernestino e a sua esposa, a rainha Chicholina.     
Enquanto se preparava, Chicholina viu-se ao espelho e reparou numa ruga que lhe marcava o queixo.
- Ernestino!!! Ernestino!!!
Ensonado, o rei Ernestino levantou-se e aproximou-se da rainha.
- O que aconteceu!?
- Olha para aqui! Ontem não tinha nada e hoje acordei assim. De certeza que a bruxa Zazá é a culpada.
- Isso passa.
- Tragam-me essa bruxa que, quero falar com ela!
Não querendo contrariar a rainha, o rei chamou o aprendiz Fungas que se aproximou a correr.
- Diga sua alteza.
- Vai rápido buscar a Zazá.
- A bruxa!?
- Sim. Ela que venha depressa pois é urgente!
Fungas saiu a correr do castelo e entrou no bosque. Andou um bocado e, ao chegar perto da gruta onde Zazá costumava estar, começou a ouvir vozes.
Misturei cascas de amendoim, caroço de banana, gotas de orvalho e, fiz este bolo que trouxe para provarmos.”
“Eu vou fazer um chá de fagulhas para acompanhar.”
“Então, vamo-nos despachar que daqui a pouco, tenho que ir à oficina do Garibaldo fazer a revisão à minha vassoura.”
Enquanto isso, Fungas entrou na gruta com medo e chamou:
- Bruxa Zazá! Bruxa Zazá!
Rapidamente, Zazá apareceu e olhou muito séria para Fungas.
- Quem me chama!?
- Sou eu, o Fungas.
- O que queres!?
- A rainha Chicholina quer falar consigo.
- Espero que seja muito importante para me fazer interromper o encontro com as minhas amigas.
- Acho que é muito.
- Vamos lá ver qual é o problema.
Zazá pegou na sua vassoura e, quando se preparava para levantar voo, olhou para Fungas.
- Sobe. Vais ver como é andar de vassoura.
Fungas subiu para a franja da vassoura e segurou-se com todas as suas forças.
Pouco depois, chegaram ao castelo e a correr, foram até ao quarto onde Chicholina continuava a olhar-se ao espelho.
- Que vida a minha! Agora está tudo estragado!
Zazá aproximou-se e olhou para a rainha.
- Tanto barulho por causa de uma ruga. Até parece o fim do mundo.
- E é quase!
- Tem que misturar 10 patas de formigas, 5 línguas de abelhas, 7 unhas de burro e 3 orelhas de pernilongo amarelo. Depois de estar tudo bem mexido, junta-se gelo derretido e 1 pétala de papoila. Quando começar tudo a ferver, ainda tem que se juntar 2 pingas de chuva seca e 1 pitada de musgo azul.
- Mas, o que faço com essas coisas horríveis?
- Coza e triture tudo. Misture bem e depois espalhe pela cara. Vai ver que a ruga desaparece.
- Obrigada Zazá. Vou já mandar o Fungas comprar tudo isso.
- Então, está certo. Adeus.
- Adeus.
Zazá saiu pela janela e Chicholina, chamou Fungas.
- Vai comprar tudo o que a Zazá disse. Rápido.
Fungas saiu a correr e foi até à loja o senhor Gilberto.
- Senhor Gilberto, bom dia. A rainha Chicholina precisa de 10 patas de formiga, 5 línguas de abelha, 7 unhas de burro, 3 orelhas de pernilongo amarelo, gelo derretido, 1 pétala de papoila, 2 pingas de chuva seca e 1 pitada de musgo azul.
- Para que é tanta coisa esquisita?
- É para a rainha pôr na cara.
- Que coisa estranha e esquisita. Com esses nomes, parece bruxaria.
- É quase.
Gilberto começou a procurar os produtos nas prateleiras.
- As patas de formigas estão aqui. Levas duas caixas pois, cada uma tem só tem 5.
- Está bem.
- As línguas de abelha…
- Sim!?
- Estão neste caixote ao pé dos bicos de papagaio. E, as unhas de burro estão aqui ao lado das ratoeiras. As orelhas de pernilongo amarelo estão nesta caixa mas, tem cuidado para elas não caírem pois, podem-se partir. O gelo derretido está nesta garrafa. A pétala de papoila tens que a ir apanhar ao jardim e, se procurares bem, deves encontrar as pingas de chuva seca e o musgo azul.
- Obrigado, senhor Gilberto. Vou já ao jardim buscar o que falta.
- Consegues levar tudo?
- Levo umas coisas agora e depois, volto cá.
- Não precisas de voltar. Eu ajudo-te.
- Obrigado.
Pouco depois, Fungas e Gilberto saíram da loja e foram em direção ao castelo.
Ao chegarem, entraram e foram até ao salão onde estava Chicholina.
- Alteza, aqui está o que pediu.
- Então, vá. Começa a preparar tudo. Rápido.
Fungas juntou as patas de formigas, as línguas de abelhas, as unhas de burro, as orelhas de pernilongo num caldeirão e mexeu tudo. Depois, acrescentou o gelo derretido, a pétala de papoila e por fim, a chuva seca e a pitada de musgo azul. Então, começou a aparecer um fumo roxo, acompanhado por um cheiro horrível.
Um pouco afastado, Gilberto via tudo o que estava a acontecer, silencioso.
Segundos depois, o fumo começou a ficar verde e, o cheiro ainda piorou.
- Será que já está pronto?
- Não sei, realeza.
- Não posso esperar mais. Vou experimentar.
- A realeza é que sabe.
- Podes começar por espalhar nesta ruga.
Fungas fez o que a rainha disse e, terminado, ficaram à espera de resultados.
Passou uma, duas, três, quatro horas e a rainha começou a ficar impaciente.
- Fungas. Vem tirar isto da minha cara que, já passou muito tempo.
Calado, Fungas fez o que a rainha lhe ordenou e, aos poucos, limpou-lhe a cara.
Rapidamente, Chicholina olhou-se ao espelho e viu que estava exatamente igual.
- Não acredito! Estou igual.
- Pois está.
- A culpa é da Zazá!!!
Aproximando-se, Gilberto olhou para a rainha.
- Alteza. Sei qual é a solução que procura.
- Então qual é!?
- A solução é ser feliz com a vida. Rir até doer a barriga, divertir-se e ajudar os outros.
- E fico mais nova?
- Mais nova não fica mas, de certeza que vai perceber que as pessoas podem e devem ser felizes em todas as idades.
- Vou já começar a fazer isso.
A partir desse dia, Chicholina começou a sorrir mais, a aproveitar o sol para passear nos jardins do castelo e a conviver mais.
Foi então que percebeu que, tudo tem um tempo e que devemos aproveitá-lo ao máximo.


sexta-feira, 6 de outubro de 2023

O Velho Moinho

 Perdida entre montes e vales, a aldeia Caneco distinguia-se de todas as outras pelos seus lindos e coloridos jardins.
Numa pequena casa da rua Chaleira, morava Daniel com 10 anos e a irmã Núria com 9 que, adoravam brincar nos baloiços do parque Estrelinha. Enquanto se divertiam, Daniel olhou para o monte lá próximo e viu um carro branco a percorrê-lo. Achando aquilo estranho, olhou para a irmã.
- Está um carro no monte.
- Devem ser turistas que andam a passear.
Continuando com a diversão, os irmãos brincaram na areia, na beira do lago e a correr, percorreram várias vezes o parque. Já cansados, sentaram-se num banco do jardim e ficaram a observar tudo.
- Agora, podíamos ir ver se já acabaram de reconstruir a ponte Maciça.
Aceitando a sugestão, Núria sorriu.
- Sim. Estou curiosa com o que fizeram.
Animados, correram até à ponte e viram flores a crescer. Enquanto observavam tudo, um carro branco com reboque aproximou-se e apressado apitou. Com o movimento, o reboque fazia um barulho que parecia latas a bater entre si.
- Que barulho esquisito!
Minutos depois, os irmãos regressaram a casa e o dia terminou.
Dias depois, os irmãos foram passear com o seu cão Xili e, ao passarem perto do lago, viram pedaços de vidro no chão. Sem saberem como é que os vidros lá tinham ido parar, pararam a pensar.
- Que esquisito!
- Se calhar fizeram aqui algum piquenique e podem ter partido alguma coisa.
- Se calhar foi isso.
Pouco depois, Xili afastou-se um bocado e começou a ladrar ao pé de um amontoado de ramos. Aproximando-se, os irmãos remexeram-nos e encontraram uma pequena caixa de madeira. No momento em que Daniel lhe pegou, Xili recomeçou a ladrar e ouviram uma voz.
- Agora que já carregámos, podemos ir.
- Encontrámos o melhor sitio para ser o nosso armazém. Ninguém suspeita de um velho e abandonado moinho.
Escondidos, os irmãos ouviram os homens a afastarem-se e, alguns minutos depois, saíram do esconderijo e apressaram-se a regressar a casa.
Já sentados no sofá pensaram no que tinha acontecido.
- O que ouvimos foi muito estranho.
- Pois foi.
- Aqui perto só há o moinho abandonado e, só pode ser lá o armazém.
- Temos que lá ir e tentar descobrir alguma coisa.
Na manhã seguinte, os irmãos saíram de casa e a correr, aproximaram-se do moinho. Lá, ouviram uns barulhos estranhos e uma voz.
- Zeca, já arrumei o nosso último serviço.
- Num tarda, temos que arranjar outro armazém. Fred, vem ajudar a fechar a porta.
- Vou só ligar ao Chico para ele tentar já começar a procurar compradores.
Segundos depois, ouviram a mesma voz.
“O serviço está feito. Quando quiseres, podes começar a vender.”
Continuando a achar as conversas estranhas, Daniel aproximou-se da porta que, não tinha fechado completamente. Espreitou para o interior do moinho e viu lá muitos caixotes de diversos tamanhos.
A correr, Daniel aproximou-se da irmã.
- Vamos embora! Depressa!
A correr, afastaram-se e ao chegarem à Praça Funil, pararam.
- O que aconteceu!?
- O moinho está cheio de caixotes. Uns grandes e outros mais pequenos.
- Vamos falar com o Dunas. Como ele é pastor, pode saber o que se passa no moinho.
- Sim. Vamos.
A correr, foram até casa do amigo e, encontraram-no na varanda.
- Olá Dunas.
- Olá rapaziada. O que se passa!? Parece que estão assustados.
- Sabes porque é que o velho moinho está cheio de caixotes?
- Caixotes!?
- Sim. De vários tamanhos.
- Estranho! O velho moinho foi abandonado à tanto tempo que, lá dentro só deviam estar teias de aranha.
- E não é só isso.
- Pois. Vimos dois homens entrarem para lá e, ouvimos-los a falar de um serviço e da venda de algumas coisas.
- Isso é muito estranho.
- Então, não sabes o que se passa por lá?
- Não. Na última vez que lá fui, não vi nem ouvi nada.
- O que achas que podemos fazer?
- Eu e o Daniel vamos lá e tu, ficas por aqui à nossa espera. Se demorarmos muito, chama a policia e vão ter connosco.
- Não têm medo?
- Temos. Mas, vamos ser fortes.
- Então, está bem.
- Vamos lá, Daniel.
- É para já.
Então, os amigos afastaram-se e Núria ficou ansiosa.
Ao chegarem perto do moinho, Dunas e Daniel esconderam-se atrás de uns arbustos e ficaram à escuta.
Minutos depois, viram dois homens aproximar-se e, parar mesmo em frente à porta. Então, outros dois homens que estavam lá dentro, saíram.
- Então, já sabem. Vamos despachar o assunto senão o comprador desiste.
- Tem calma. Eu e o Neco levamos algumas caixas e vocês, outras.
- O armazém está aberto?
- Claro que não. A chave está debaixo da pedra amarela que está lá no chão.
- Ok. Vamos então despachar o assunto.
- Vamos lá.
Atentos, Dunas e Daniel não se mexiam e só sussurravam.
- Onde será o armazém?
- Aqui na zona, só há um sitio que pode servir de armazém.
- Diz!?
- O lagar abandonado.
- Tens razão.
- Mas, eu vou até lá enquanto, vais a casa ligar para a policia e depois vais com ele.
- Preferia ir contigo.
- Eu sei Mas, não podemos perder tempo.
- Ok.
Com cuidado, Daniel afastou-se silenciosamente.   
Vendo que a carrinha ainda estava no mesmo local, Dunas afastou-se a correr em direção ao moinho. Enquanto isso, Daniel chegou a casa e, enquanto marcava o número da policia contou à irmã o que tinham descoberto.
- Boa tarde, senhor agente. Estão a usar o velho moinho como armazém para coisas roubadas. Podem ir até lá?
- Boa tarde. Tem a certeza?
- Claro que tenho.
- Não se preocupe que, vou já enviar uma equipa para lá.
- Não demorem.
- Obrigado.
Terminada a conversa, Daniel e Núria saíram de casa a correr e, dirigiram-se para o moinho. 
Lá, viram a carrinha dos ladrões e, olharam para todos os sítios, à procura de Dunas. Segundos depois, ouviram um barulho parecido com o piar dos pássaros e, depois de procurarem a origem do barulho, viram Dunas atrás de umas ervas altas. Cuidadosamente, aproximaram-se dele.
- A policia deve estar quase a chegar.
- Ainda bem. Desde que foste embora, já chegaram mais dois homens e uma mulher. Estão todos lá dentro e, à pouco, deviam estar a comer pois ouvi-os dizer que as sandes estavam quentes.
Segundos depois, Núria viu os carros da policia chegar e foi com o irmão falar com eles.
- Boa tarde.
- Boa tarde, rapaziada. Agora, deixem que nós vamos tratar do assunto.
- Está bem.
Então, os agentes da policia entraram no moinho e minutos depois, saíram com os ladrões já algemados.
- Obrigado pela ajuda, amigos. O moinho está cheio de mercadoria roubada.
- De nada.
- Os negócios destes pilantras já são antigos mas, agora acabaram.
A policia foi embora e felizes, os amigos foram até ao parque Estrelinha onde se sentaram, orgulhosos da ajuda que tinham dado na captura dos ladrões.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

O veado Sol

        O dia estava a começar e o sol tentava furar as nuvens que, teimosas não queriam desaparecer.
Na rua Canelada, morava Gonçalo de 12 anos que, adorava mexer nos seus caracóis louros.  
Naquela manhã, depois de tomar o pequeno-almoço, Gonçalo saiu para a rua. Lá, viu o carteiro Benjamim que sorridente, distribuía a correspondência.
- Bom dia, Gonçalo.
- Bom dia, senhor Benjamim.
- Hoje não vais à escola?
- Não. Os professores têm reunião e não dão aulas.
- Isso é que é sorte. Também gostava que as cartas me dessem uma folga de vez em quando.
- Havia de ser engraçado.
- Mais que engraçado. Era espetacular. Mas, elas não fazem isso e, lá tenho eu que as ir entregar.
- Então continue. Não quero que elas se chateiem.
- E eu também não quero isso. Então, vá. Adeus.
Continuando a andar, Gonçalo passou em frente do café Chilique e, viu que os seus amigos Rodrigo e Liliana lá estavam. Esperou por eles e, minutos depois, os amigos saíram e viram-no.
- Bom dia.
- Bom dia.
-Querem ir dar uma volta aqui pela aldeia?
- Sim. E aproveitamos e podemos ir ao bosque até ao tronco oco ver se o mocho ainda lá mora.
- Boa ideia.
- Vamos lá então.
Começaram a andar e algum tempo depois chegaram ao tronco oco mas, o mocho não estava lá. Então, olharam para vários sítios mas, não encontraram sinais dele.
Segundos depois, ouviram:
“Oohn, roon”
Sem reconhecerem aquele som de nenhum animal, os amigos ficaram quietos e calados. 
Pouco depois, o som repetiu-se:
“Oohn, roon”
- O que estará a fazer este barulho?
- Não faço ideia.
- Nem eu.
- Vamos seguir o som e ver o que é.
- Estás doido!? E se for algum animal perigoso?
- Aqui no bosque o mais perigoso que podemos encontrar devem ser as doninhas. Mas, duvido que elas estejam por aqui.
- Então vá. Vamos.
Andaram um pouco e, ouviram novamente:
“ Oohn, roon”
- Já devemos estar perto.
- Tens razão. Ouviu-se melhor o barulho.
- Vamos continuar mas, calados.
Em silêncio, os amigos andaram mais uns metros e, viram uns arbustos mexer.
- Parem! O animal deve estar atrás destes arbustos.
- Vamos devagarinho.
Ao chegarem ao arbusto, viram um pequeno veado deitado com uma grande ferida numa das patas dianteiras.
- Coitado.
- Eu vou lá.
- Eu também.
- E eu.
Aos poucos, aproximaram-se ainda mais dele e, viram então que, para além da ferida na pata, também havia outra na orelha esquerda.
“Oohn, roon”
“Oohn, roon”
-Temos que o ajudar. Ele parece estar cheio de dores.
- Mas, como!?
- Podemos levá-lo para o armazém do Chico madeireiro e tratar-lhe das feridas.
- Sim. Tenho a certeza de que ele não se vai importar.
- Então, vá.
- Mas, como levamos o veado?
- Eu vou buscar o carro de mão que tenho em casa.
- Ok.
Rodrigo afastou-se a correr e, enquanto esperavam, os amigos olharam melhor para as feridas do veado.
- A ferida da pata está com muitas ervas.
- Vamos tentar tirá-las.
Com muito cuidado, Liliana e Gonçalo tentaram tirar as ervas da ferida mas, o veado começou a bramar e a tentar fugir.
- Calma. Só te queremos ajudar.
Depois de várias tentativas falhadas, os amigos conseguiram tirar as ervas maiores e mais superficiais.
Pouco depois, Rodrigo regressou e, para além do carro de mão, trazia também algumas frutas e um bocado de tecido.
- Vamos começar. Temos que ter muito cuidado para não o aleijarmos.
  Então, estenderam o tecido no carro de mão e, devagarinho pegaram no veado. Também lentamente, mudaram-no para o carro de mão e, embrulharam-no no tecido.
- Agora, vamos com cuidado para evitar ao solavancos.
Ao longo do caminho, o veado queixou-se algumas vezes mas, os amigos tentavam ter o máximo de cuidado.
Já perto do armazém do amigo, Gonçalo viu que a porta estava aberta. Chegados à entrada, olharam para vários sítios à procura do amigo Chico mas, não o viram.
- Ele tem que estar perto. O armazém está aberto e por isso, ele não deve estar longe.
Segundos depois, ouviram um barulho parecido com o de um trovão e, viram uma nuvem de pó.
- Olá rapaziada. O que andam a fazer?
- Viemos aqui para te perguntar se podemos usar o teu armazém para tratar deste veado.
- Claro que podem. Mas, o que aconteceu?
- Quando o encontrámos no bosque ele já estava assim.
- Deve ter sido outro animal que lhe fez isso.
- Pois deve.
- Mas, vamos lá deixar de conversa fiada e, tratar-lhe das feridas.
Chico foi buscar o estojo de primeiros socorros, começando por desinfetar as feridas e fazendo os curativos. Terminado o trabalho, Liliana abraçou o veado que, aos poucos se levantou e deu uns passos pequeninos.
- Que bom! Daqui a uns dias já vai andar sem problemas.
- Pois vai.
- E agora!? Para onde o vão levar?
- Não sabemos.
- Têm que o levar para um sitio calmo. Nestes primeiros dias, ele não deve andar muito para as feridas cicatrizarem.
- Já sei. Podemos levá-lo para o telheiro da minha avó Hortênsia. Há lá sempre palha e, podemos arranjar-lhe uma cama.
- Parece-me bem. Vão lá levar-lhe comida e, de certeza que ele fica bom depressa.
- Obrigado, Chico.
- Não fui obrigado a nada.
- Adeus.
- Adeus.
- Será que a tua avó não se importa de lá deixarmos o veado?
- Se eu lhe pedir, tenho a certeza que não.
Começaram a andar e, ao chegarem à casa da avó Hortênsia, a Liliana foi falar com a avó.
- Olá avó.
- Olá Liliana.
- Avó, eu e o Rodrigo encontrámos um veado ferido e, fomos ao armazém do Chico fazer-lhe uns curativos. Mas, ele disse que o veado precisa num sitio calmo e sossegado. Então, lembrei-me do teu telheiro. Podemos levá-lo para lá?
- Podem. Vão andando que eu já lá vou ter.
- Obrigado, avó.
- Vão lá.
No telheiro, os amigos começaram a escolher o sitio onde deixariam o veado e, pouco depois, Hortênsia chegou e trazia um cobertor.
- Têm isto aqui para aconchegar o veado.
- Obrigado, avó.
Depois de prepararem tudo, deitaram o veado, cobriram-no e deixaram-no quieto e sossegado.
Os dias foram passando e sempre que podiam, Liliana e Gonçalo iam visitar o veado.
Numa tarde em que viram o veado a levantar-se sozinho, abraçaram-no felizes.
- Temos que lhe dar um nome.
- Pois é.
- Já sei!
- Então!?
- O que achas de Sol?
- É lindo.
- Então, é o Sol.
- Adoro.
Nos dias que se seguiram, os amigos continuaram a ir sempre visitar Sol e, uma tarde, viram-no a andar e a pular sem dificuldades.
- O Sol já está bom.
- Pois está.
- E agora!?
- Agora temos que o deixar ir.
- Vou ter muitas saudades.
- Eu também. Mas, ele não pode ficar aqui preso.
- Tens razão.
- Amanhã, vamos levá-lo ao bosque e, deixá-lo ir procurar a família.
- Sim. Eles devem estar com muitas saudades.
- Pois é.
- Então, vou tirar-lhe umas fotografias com o telemóvel para ficarem de recordação.
- Exato.
Depois das fotografias, os amigos foram para as suas casas.
No dia seguinte, Gonçalo e Liliana encontraram-se no alpendre e viram Sol deitado.
- Bom dia, Sol.
- O que será que ele tem?
- Deve ter percebido que tem que ir embora.
- Mas, ele pode continuar a ser nosso amigo.
- Pois pode. Mas, ele está triste mesmo assim.
- As despedidas são sempre difíceis.
- Então, o melhor é despacharmos-nos senão, ainda começo a chorar.
- Vamos lá então.
Então, levaram Sol até à entrada do bosque e soltaram-no. Ele, afastou-se a correr e a saltar e, com lágrimas nos olhos, os amigos acenaram-lhe adeus.
Enquanto se afastavam, os amigos encontraram Benjamim.
- O que se passa, rapaziada?
Liliana contou tudo o que tinha acontecido desde que encontraram Sol e, o carteiro ouviu atentamente.
- Não fiquem assim. Pode ser que o voltem a ver.
- Duvido.
- E eu também.
De regresso às suas casas, os amigos só conseguiam pensar em Sol.
No dia seguinte, Rodrigo foi à fonte da aldeia e, viu algumas ervas abanarem. Olhou melhor e, foi surpreendido por Sol que, encostou logo o focinho ao amigo.
Feliz, Rodrigo abraçou-o e, telefonou aos amigos, a marcar um encontro no Chilique.
Sem imaginarem qual seria a razão para o encontro, os amigos foram até lá. Ao chegarem, viram Sol e abraçaram-no felizes.
A partir desse dia, Sol ia diariamente visitar os amigos e, levava-os a locais muito bonitos no bosque.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

A festa dos animais

        Numa manhã cinzenta, toda a floresta Verdasca estava triste e os animais não saíam das suas tocas e abrigos. 
Na grande caverna do urso Tóbi, ele e os esquilos Kiko e Kóki conversavam.
- Hoje não podemos apanhar avelãs.
- Nem andar a passear pelas árvores.
- Está um dia triste e só apetece ficar quieto em casa.
- Tu tens sorte pois a tua casa é grande. A nossa é muito pequena e não podemos fazer nada.
- O que querem fazer?
Depois de pensarem um bocado, Kóki sorriu.
- O que acham de fazermos uma festa?
- Sim!!!
- E podemos chamar os outros animais para participarem.
- Exato.
- Vou dizer ao papagaio Chóli para espalhar a noticia da festa.
Enquanto isso, Kiko e Tóbi começaram a preparar a festa. Enfeitaram-na com flores e plantas, apanharam alguns frutos e esperaram que os amigos e os outros animais chegassem à caverna.
Algum tempo depois, Kóki regressou na companhia do castor Zuca, do veado Fira e da raposa Tafa. 
- Vamos fazer uma grande festa.
- O que podemos fazer?
- Não é preciso fazerem nada.
Pouco depois, um bando de pássaros entrou na caverna.
- Aqui estamos, prontos para animar a festa.
Segundos depois, mais alguns animais chegaram à caverna, entre eles, a coelha Fira que vinha muito apressada.
- A tartaruga Sofi está a chorar!
- Porquê!?
- Como anda muito devagar, não vai conseguir chegar a tempo.
- Temos que a ajudar.
- Mas, como!?
- Temos que pensar numa solução.
Olhando para os amigos, Tóbi pensava em silêncio.
- Já sei!
- O quê!?
- A maneira de trazer a Sofi até nós.
- Como!?
- A Repa é a mais rápida de todos…
Nesse momento, Repa apareceu com mais flores.
- Repa, tens que ir buscar a Sofi que, está longe.
- Eu não. Estou zangada com ela e não a vou buscar!
- Esta festa é para todos os animais e, não podemos deixar nenhum de parte.
Kiko aproximou-se e olhou muito sério para Repa.
- Todos nós moramos nesta floresta e precisamos uns dos outros. Vamo-nos lembrar do que significa mesmo a palavra amizade.
- Mas, como faço para a encontrar?
- Os pássaros vão contigo e ajudam-te.
- Está bem.
Poucos segundos depois, vários pássaros levantaram voo e conduziram Repa até Sofi que, chorava.
- Sofi, sobe para as minhas costas pois, a festa espera-te.
- Já não estás zangada comigo?
- Não. Vamos esquecer a zanga e, continuar a amizade que tínhamos antes.
Feliz, Sofi subiu para as costas de Repa e rapidamente chegaram à festa.
Ao verem as amigas chegar, Tóbi começou a bater as palmas e todos os outros convidados também.
Após o inicio da festa, mais animais  apareceram e a diversão foi muito grande.
No final da festa, todos cantaram e bateram as palmas felizes pela amizade que tinham entre todos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

A princesa Carlota

        No alto do monte Fugido, o castelo Florido, com as suas altas torres parecia tocar o céu.
Lá, morava o rei Zerpelino, a rainha Georgina e a princesa Carlota que, adorava sentar-se na beira do lago Azul e ver os peixinhos que pareciam dançar.
Numa tarde de outono, enquanto brincava com o seu gato Pipas, Carlota olhou para os seus pés e viu que os dedos tinham formas esquisitas e estavam cheios de borbulhas.
- Os meus pés são horríveis. Parecem dois lagartos velhos, cheios de escamas e marcas – disse ela.
Ao acabar de dizer isto, Carlota olhou novamente para os pés.
- Parecem os dedos das bruxas.
Abraçada a Pipas, Carlota pensava numa solução para o seu problema e viu um fumo esquisito no meio da floresta.
Subindo até à torre de vigia, viu a casa de onde o fumo saia e, estranhando nunca a ter visto, foi ter com a mãe.
- Mãe!? Quem mora na casa da floresta? - perguntou ela.
- Nessa casa. Mora a bruxa Gabriela e o seu ajudante Supimpas – respondeu a mãe.
Sem pensar duas vezes, Carlota saiu a correr e foi para a floresta, decidida a falar com a bruxa.
Ao chegar perto da casa, Carlota viu várias vassouras e também alguns chapéus pontiagudos pendurados num cordel.
Abraçada a Pipas, Carlota sentia uma mistura de curiosidade e medo mas, decidiu não desistir e cautelosa, tocou à campainha. Pouco depois, a porta abriu-se e Carlota viu um anão que vestia roupas muito coloridas e brilhantes. 
- Quem és tu e o que queres? - perguntou Supimpas.
- Eu sou a princesa Carlota e queria falar com a bruxa Gabriela – respondeu ela.
- Mas, que queres falar? - perguntou Supimpas.
- Quero-lhe perguntar se tem alguma poção que, me faça ter uns pés bonitos – respondeu Carlota.
- Eu vou falar com ela e pergunto-lhe – disse Supimpas.
A correr, Supimpas afastou-se e alguns minutos depois, regressou.
- A Gabriela diz que tem a solução. Anda comigo – disse Supimpas.
Sentindo um arrepio, Carlota foi atrás de Supimpas e por fim, chegaram ao pé de Gabriela que, com um vestido negro, agitava alguns frascos.
- Está aqui a Carlota.
Gabriela pousou os frascos e olhou muito séria para Carlota.
- Vou fazer-te uma poção que, vai tornar os teus pés mais bonitos que os da Cinderela – disse ela.
Depois de pegar em alguns pós, Gabriela começou a preparar a poção.
- Ratati, Ratatá
Rinhonhi, Rinhonhela  
Que os pés da princesa Carlota  
Fiquem melhores que os da Cinderela.
Acabadas as palavras, uma grande nuvem de pós envolveu os pés de Carlota e ela, começou a sentir um calor esquisito neles.
Quando a nuvem desapareceu, Carlota olhou para os pés e viu que estavam iguais.
- Porque é que estão iguais? - perguntou ela, triste.
- A magia demora a fazer efeito e, só amanhã é que eles ficam bem – respondeu Gabriela.
Acreditando na explicação, Carlota despediu-se.
- Até amanhã. Vou-me embora esperar que a magia aconteça – disse Carlota.
Ao regressar ao castelo, Carlota não contou a ninguém o que tinha feito e, esperava ansiosa pelos resultados.
No dia seguinte, ao acordar, Carlota olhou para os pés e viu que, continuavam iguais. 
- Está tudo igual. Continuo com os pés horríveis – disse ela.
Não conseguindo evitar o choro, Carlota sentia-se horrível e só tinha vontade de desaparecer. Abraçada a Pipas, ela foi para o jardim e continuando a chorar, sentou-se a observar as flores.
Alguns minutos depois, apareceu uma nuvem brilhante que pousou na margem do repuxo. Ao olhá-la mais atentamente, Carlota viu surgir uma fada ainda mais brilhante e com um lindo vestido.
Sem conseguir falar, Carlota ouviu a fada dizer:
- Não chores.
- Choro porque tenho os pés mais feios de sempre – disse Carlota.
- Eu sou a fada Aliane e vou-te ajudar – disse ela.
- Ninguém me pode ajudar. Já fui à bruxa Gabriela mas, nem ela conseguiu que ficassem bem – disse Carlota.
Interrompendo-a, Aliane sorriu.
- Vai ter comigo à estátua redonda e, vou-te provar que consigo o que desejas – disse Aliane.
No momento em que Carlota se preparava para fazer mais uma pergunta, Aliane sorriu-lhe.
- Espero lá por ti.
Confusa com o que tinha acontecido, Carlota pegou em Pipas e foi até à beira da estátua redonda. Lá, começou a aparecer uma luz muito brilhante e segundos depois, apareceu Aliane.
- Já está tudo preparado.
Nesse momento, apareceram várias borboletas que rodearam Carlota e então, Aliane abriu e fechou as mãos.
- Patati, pataté. Rinhonhi, rinhonhé. Transforma estes pés.
Rapidamente, Carlota sentiu um frio gelado nos pés e, num piscar de olhos as borboletas desapareceram.
Ao olhar para os seus pés, Carlota viu-os bonitos e brilhante e sem qualquer marca do que eram antes.
Sorrindo, Carlota olhou para a estátua redonda e, onde estava Aliane, estava agora uma bonita coroa de flores.

Pegando-lhe, Carlota colocou-a na cabeça e, a partir desse dia, esqueceu a tristeza e tudo a deixava feliz e contente.

domingo, 29 de janeiro de 2023

Um Cão Especial

Rodeada por longos campos de papoilas, a aldeia Pingada era a mais bonita dos arredores. Felizes, os seus habitantes adoravam cuidar dos seus jardins e mostrá-los com orgulho a todos os visitantes. Perto do repuxo da praça Plim Plim, o quiosque Pinguinhas mostrava os jornais que revelavam as noticias mais recentes e o vendedor Ambrósio, sorria e saudava quem passava perto. 
- Bom dia, dona Filó. Bom dia, Ambrósio. Temos noticias frescas?
- Frescas não, fresquíssimas!
- Tem que ser.
- Exatamente.
- Tenho que ir. Adeus.
- Adeus.
Segundos depois, um cão aproximou-se e parou a olhar para Ambrósio.
- Também queres ler um jornal? Tenho o Futebolas ou, preferes outro?
“Au!! Au!!”
- Estou a ver que não é o teu género. Se preferes de fofocas, tenho aqui tantas revistas que, nem sei o nome de todas.
“Au!!Au!!”
- Também não. Então, só resta política.
Nesse momento, a dona Marieta aproximou-se.
- Olá Ambrósio. Já falas com o cão?
- Olá. Estava a perguntar-lhe o que é que ele queria ler mas, parece-me que ele é sempre do contra.
- Em vez de ler, ele deve querer é comer. Já são 12:30 e, ele ainda não deve ter comido nada hoje.
- Por falar em comer, é o que vou fazer.
- Tem que ser. Bom almoço.
- Adeus.
Segundos depois, Ambrósio pegou na sua sandes de presunto e começou a comê-la. Enquanto isso, o cão continuava sentado à frente do quiosque. Então, Ambrósio tirou um bocado da sua sandes deu-o ao cão que o comeu rapidamente.
- Estou a ver que o que querias era comida.
“Au!!Au!!”
Minutos depois, a dona Ernestina aproximou-se.
- Boa tarde, Ambrósio.
- Boa tarde. Precisa de alguma coisa?
- Precisar até preciso.
- Então diga. Talvez a possa ajudar.
- A minha netinha vai hoje lá a casa e, queria dar-lhe uma prenda. Mas, não sei o quê.
- Que idade é que ela tem?
- Tem 2 anos e meio.
- Com essa idade, as crianças gostam de coisas coloridas. Acho que tenho ali um livro indicado para ela.
- Mostre-me.
Ambrósio virou-se e alguns segundos depois, mostrou à dona Ernestina um livro com capa fofa e colorida onde, as personagens podiam ser mudadas de lugar.
- Neste livro, para além das cores garridas, ela pode mexer em tudo sem qualquer perigo.
- É o que vou levar. Obrigado.
Depois da venda, Ambrósio voltou a ficar sozinho com o cão.
Minutos depois, chegaram à praça duas crianças que a correr, subiram para a borda do repuxo. Pouco tempo depois, ouviu-se um “splash”, seguido do barulho de algo a bater na água “tchap!tchap!” Nesse momento, o cão começou a correr e a ladrar e, ao chegar ao repuxo, saltou lá para dentro. Então, mordeu o carapuço da criança e puxou-lhe a cabeça para fora de água.
Ambrósio aproximou-se a correr e pegou na criança, tirando-a para fora.
Nesse momento, a mãe das crianças aproximou-se a correr.
- João!!! João!!!
- O seu filho está aqui. Molhado e assustado mas, bem.
- Oh! Obrigado. Muito obrigado.
- O agradecimento não é para mim mas sim, para este cão.
- Como!?
- Isso mesmo. Este rafeiro foi a primeira ajuda que o seu filho teve.
- Isso é impossível.
- Não é não. Ele, assim que percebeu que o seu filho precisava de ajuda, correu para cá e saltou lá para dentro onde, pelo carapuço , puxou a cabeça do menino para fora de água. Eu, apenas o tirei para fora.
- O meu João, foi salvo por um cão. Parece uma história.
Já mais calmo, João abraçou o cão.
- Mãe, podemos ficar com ele?
- Se o dono deixar.
- Ele não tem dono. Só costuma estar aqui a fazer-me companhia.
- Então, podemos?
- Claro que sim.
- Boa!!
- Que nome lhe vão dar?
- Já sei!
- Então?
- O quiosque é o Pinguinhas e ele, vai ser o Pingas.
- Boa ideia.
- Só quero pedir uma coisa.
- O quê!?
- De vez em quando, venham cá com ele para que fique a saber as noticias do mundo.
Todos se riram felizes e assim, o Pingas encontrou uma família que o passeava e levava ao quiosque onde Ambrósio o recebia muito feliz.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O Cavalinho Mágico

    A manhã começou com o sol a tentar furar as nuvens e, toda a aldeia Pirraça despertava.
Numa pequena casa da rua Rodinhas, Daniel de 9 anos acordou e, preparou-se para ir para a escola.  No percurso, encontrou o amigo João e foram juntos o resto do caminho.
Durante as aulas, Daniel esteve o mais atento que conseguiu.
Ao regressar a casa, a mãe Leticia e o pai Gustavo aproximaram-se com um saco azul decorado com um grande laço vermelho.
- O que é isso? - perguntou o Daniel.
- É uma prenda que a tia Clarabela enviou para ti – respondeu a mãe.
Feliz, Daniel abriu-a rapidamente e viu um bonito cavalo de baloiço branco com, algumas estrelas douradas. Maravilhado, Daniel sentou-se e começou a baloiçar.
Segundos depois, apareceu uma nuvem muito brilhante e bonita.
Instantaneamente, Daniel esfregou os olhos e quando os voltou a abrir, viu o cavalinho a sorrir.
- Olá Daniel – disse o cavalinho.
- Olá – respondeu o Daniel.
- Queres ir comigo ao Mundo Encantado? - perguntou o cavalinho.
- Eu não posso. Tenho que fazer os trabalhos da escola – respondeu o Daniel.
- Então, vai fazê-los depressa para irmos – disse o cavalinho.
- Vou já – disse o Daniel.
Algum tempo depois, Daniel regressou para ao pé do cavalinho.
- Já fiz tudo – disse ele.
- Então, podemos ir – disse o cavalinho.
Nesse momento, a nuvem brilhante voltou a aparecer e, envolveu Daniel e o cavalinho, transportando-os para a beira de um lago.
Depois de olhar para todos os lados, Daniel viu o cavalinho caído no chão e aproximou-se.
- Estás bem? - perguntou ele.
- Sim – respondeu o cavalinho.
- Onde estamos? - perguntou o Daniel.
- Estamos no Mundo Encantado. Aqui, a magia anda no ar e a alegria está sempre presente- respondeu o cavalinho.
- Quem mora aqui? - perguntou o Daniel.
- Aqui vivem todas as personagens das histórias encantadas – respondeu o cavalinho.
- As personagens das histórias? - perguntou o Daniel.
- Sim. Se olhares para o lago, vês ali ao fundo o patinho feio e, atrás daquele monte estão as casas dos três porquinhos – explicou o cavalinho.
- Posso ir ver? - perguntou o Daniel.
- Claro que sim. Vamos – disse o cavalinho.
Começaram a andar e enquanto subiam o monte viram sete anões a apanhar flores.
- Olá amigos – disse o cavalinho.
- Olá – responderam todos em coro.
- Este é o Daniel e estou-lhe a mostrar o nosso mundo encantado – disse o cavalinho.
- Nós somos o Dunga, o Zangado, o Mestre, o Dengoso, o Soneca, o Atchim e o Feliz e, estamos a apanhar flores para a Branca de Neve – disse o Dunga.
- Onde está a Branca de Neve? - perguntou o Daniel.
- Está em casa a preparar um bolo para os anos do Atchim– respondeu o Soneca.
- Quantos anos é que ele faz? - perguntou o Daniel.
- Não sabemos ao certo. Acho que faz cento e muitos – respondeu o Mestre.
- Já é muito velho – disse o Daniel.
- Aqui, a idade não tem importância – disse o Mestre.
- A Capuchinho Vermelho, continua a ser uma criança mas, já deve ter quase 100 anos – disse o Feliz.
- E o lobo mau? - perguntou o Daniel.
- Esse, nunca nos diz a idade mas, já deve ter quase 100 anos – respondeu o Zangado.
- Este mundo é fantástico. Ninguém fica velho – disse o Daniel.
- Pois não – disse o Soneca.
Nesse momento, uma menina aproximou-se a correr.
- O meu irmão está com muitas dores de barriga – disse ela.
- Onde é que ele está? - perguntou o Dunga.
- O Hansel está atrás do Grande Plátano – respondeu a Gretel.
- Vamos lá – disse o Mestre.
Alguns minutos depois, ao chegarem ao Grande Plátano, viram então Hansel a chorar.
- Como estás? - perguntou o Dunga.
- Estou com muitas dores de barriga – respondeu Hansel.
- O que comeste? - perguntou o Mestre.
- Comi um bocado da casa de chocolate – respondeu Hansel.
- A casa de chocolate já é muito velha e por isso, faz mal à barriga – disse o Mestre.
- Tens que ser menos guloso – disse a Gretel.
- Vou tentar – disse Hansel.
Enquanto isso, viram alguém a fugir de uma multidão de homens. Assustado, Daniel olhou para o cavalinho.
- O que se passa? - perguntou o Daniel.
- É o Ali-Babá que está a fugir dos 40 ladrões – respondeu o cavalinho.
Felizes, Daniel e o cavalinho andaram um pouco e, viram em cima de umas ervas um lindo brilhante sapato.
- Algo me diz que o sapato é da Cinderela – disse o cavalinho.
- Como é que ela o perdeu? - perguntou o Daniel.
- Ela é muito distraída e, deve ter estado até tarde a brincar no lago e depois, deve ter ido com tanta pressa para casa que, se esqueceu – disse o Soneca.
- Por sorte não passou aqui o Gato das Botas senão, já o tinha roubado – disse o cavalinho.
Depois de andarem alguns metros, viram uma grande caixa de vidro vazia, rodeada de flores.
- O que é isto? - perguntou o Daniel.
- Foi aqui que a Bela Adormecida esteve a dormir, antes de o príncipe a acordar – respondeu o Feliz.
Enquanto olhavam para a caixa, ouviram:
“Pára! Pára!”
Segundos depois, ouviram ainda:
“Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha!?”
- A Carochinha continua à espera do noivo – disse o Atchim.
- Todos os dias são iguais. Ela chama, chama mas, põe defeitos em tudo e por isso, não encontra noivo – disse o Dengoso.
- Qualquer dia encontra alguém – disse o Daniel.
- Ela queria o patinho feio que agora está muito bonito mas, ele não quer nada com ela – disse o Soneca.
Feliz, Daniel viu que se tinha formado um arco-íris. 
-Tão bonito – disse ele.
- Está na hora de regressarmos a casa – disse o cavalinho.
Instantaneamente, a nuvem brilhante apareceu e, depois de envolver Daniel e o cavalo, levou-os para o quarto onde os deixou.
Ao abrir os olhos e vendo que já estava no seu quarto, Daniel olhou para o cavalo de madeira que, lhe piscou o olho enquanto baloiçava.
Feliz, Daniel sorriu e nunca esqueceu a viagem onde, a fantasia e a imaginação estavam bem presentes.