terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Pequena Cigana

         Numa manhã de sol brilhante, Vânia de 9 anos divertia-se a brincar com o seu gato Romi, no jardim da sua casa e a fazer ramos de malmequeres.
         Enquanto observava uma borboleta a voar de flor em flor, Vânia sorria feliz e tentava imaginar qual seria a sensação de voar.
         Minutos depois, Vânia olhou para a rua e viu lá uma menina com umas roupas feias e com o cabelo muito despenteado. Sentindo, um pouco de medo, Vânia baixou o olhar tentando não ser notada mas, Romi saiu do jardim e começou a miar.
         Ouvindo os mios, a menina olhou para Romi e perguntou-lhe?
         - Que se passa? Tens fome?
         Com medo do que poderia acontecer ao gato, Vânia chamou-o:
         - Romi, anda cá.
         Nesse instante, a menina viu-a e tímida disse:
         - Olá.
         Sem prestar grande atenção, Vânia respondeu:
         - Olá.
         Olhando para Romi, a menina disse:
         - É um gato muito bonito.
         Gostando do elogio, Vânia disse:
         - O Romi é o gato mais bonito que existe.
         Sorrindo, a menina perguntou:
         - Posso pegar-lhe?
         Fazendo um esforço, Vânia respondeu:
         - Podes.
         Feliz, a menina pegou-lhe e disse:
         - Olá Romi. Eu sou a Iva.
         Em silêncio, Vânia observava tudo e sentindo um pouco de curiosidade, perguntou:
         - Nunca te vi aqui na aldeia. Onde moras?
         Iva respondeu:
         - Eu moro numa caravana e nunca estou no mesmo sítio.
         Admirada, Vânia perguntou:
         - Porquê!? Porque não moras numa casa como as outras pessoas?
         Iva respondeu:
         - A minha família é cigana e por isso, estamos sempre a viajar e não temos casa certa.
         Querendo saber mais, Vânia perguntou:
         - E, gostas de ser cigana?
         Iva respondeu:
         - Gosto. Adoro quando fazemos festas e dançamos.
         Vânia sorriu e disse:
         - Eu também gosto de ir a festas e dançar com as minhas amigas.
         Iva sorriu e disse:
         - As nossas festas têm muita alegria e com as nossas danças, ninguém consegue ficar parado.
         Curiosa, Vânia perguntou:
         - Como são as vossas danças?
         Iva explicou:
         - As danças ciganas são muito mexidas e animadas.
         Sorrindo, Vânia disse:
         - Às vezes, vejo na televisão mas nunca vi ao vivo.
         Segundos depois, Iva disse:
         - Eu posso mostrar-te.
         Ao acabar a frase, Iva começou a dançar e a mostrar o que sabia fazer.
         Maravilhada, Vânia não desviava o olhar e observava atentamente a dança. Terminada a demonstração, Iva perguntou:
         - Gostaste?
         Vânia respondeu:
         - Adorei.
         Feliz, Iva perguntou:
         - Queres que te ensine?
         Vânia respondeu:
         - Sim.
         Preparada, Iva começou a fazer os movimentos e Vânia imitava-a corretamente.
         Ao regressar a casa, Vânia aproximou-se da mãe Sílvia e disse:
         - Mãe. Quando estava no parque conheci uma menina cigana que me esteve a ensinar a dançar.
         Rapidamente, Sílvia disse:
         - Não quero que andes com essa gente.
         Vânia perguntou:
         - Porquê!?
         Sílvia respondeu:
         - Os ciganos são muito diferentes de nós e, têm hábitos e atitudes esquisitas.
         Vânia disse:
         - Mas a Iva não me pareceu esquisita.
         Elevando um pouco a voz, Sílvia disse:
         - Já disse! Não te quero com essa gente.
         Triste, Vânia foi para o quarto e durante a noite só conseguiu pensar no que a mãe lhe tinha dito.
         Dias mais tarde, enquanto Vânia conversava com o jornaleiro Rui, Iva aproximou-se e disse:
         - Olá Vânia.
         Ao vê-la, Vânia só conseguiu dizer:
         - Olá.
Iniciando a conversa, Iva perguntou:
- Porque nunca mais foste ter comigo?
Vânia respondeu:
- Os meus pais não me deixam ser tua amiga.
Triste, Iva perguntou:
- Porquê!?
Vânia respondeu:
- Não sei.
Quase a chorar, Iva disse:
- Então, adeus.
Depois da despedida, cada uma foi para a sua casa e durante semanas não se viram nem conversaram.
Num domingo, enquanto passeava com os pais pela praça da aldeia, Vânia viu Iva acompanhada por mais 4 crianças e disse aos pais:
- A Iva vem ali.
Olhando-a, Sílvia disse:
- Vamos ver o que acontece.
Ao passar por Vânia, Iva disse:
- Olá.
Sem se conseguir conter, Vânia perguntou:
- Quem são estas crianças?
Iva respondeu:
- São os meus irmãos.
Observando as crianças, Sílvia segredou a Gabriel:
- Percebe-se mesmo que são ciganos. Com aquelas roupas e pelo jeito, não à como duvidar.
Gabriel concordou:
- Tens razão.
Aproximando-se, Vânia disse:
- A Iva ficou muito triste por eu não ter estado mais nenhuma vez com ela.
Acabada a frase, Vânia percebeu que os pais queriam continuar a falar e afastou-se.
Um pouco pensativa, Sílvia disse:
- Ao ver as crianças, lembrei-me dos nossos antigos vizinhos e das más condições em que viviam.
Gabriel disse:
- Realmente. Mas, os nossos vizinhos eram só 3 pessoas e estes são mais.
Segundos depois, Sílvia disse:
- Quando chegar a casa, vou ver se arranjo algumas roupas para lhes oferecer. De todas as que foram da nossa filha, pode ser que encontre algumas.
Gabriel disse:
- De certeza que encontras.
Enquanto isso, Vânia aproximou-se acompanhada por Iva e disse:
- Vou mostrar-vos o que a Iva me ensinou.
Rapidamente, Vânia começou a dançar e juntamente com Iva deram o seu melhor.
Terminada a dança, Sílvia disse:
- Muito bem.
Pouco depois, Gabriel disse:
- Já sei como os podemos ajudar. Se formos á liga regional e lhes contarmos tudo, pode ser que arranjem ajudas.
Sílvia disse:
- Vamos lá agora, antes que fechem.
Depois da despedida, os pais de Vânia foram à liga e lá, Sílvia contou ao presidente Raimundo:
- A minha filha ficou amiga de umas pessoas ciganas que vivem numa roulotte que não tem quaisquer tipos de condições. Não têm roupas decentes e vivem com dificuldades.
Interrompendo, Raimundo perguntou:
- E onde estão?
Gabriel respondeu:
- Estão no parque de estacionamento do centro comercial.
Querendo saber mais, Raimundo perguntou:
- E são quantas pessoas?
Sílvia respondeu:
- Ao certo não sei mas, ainda devem ser algumas.
Raimundo disse:
- Vou ver o que posso fazer.
A semana terminou e, quando Vânia pensava que o problema já tinha sido esquecido, Sílvia chegou a casa e disse:
- Acabaram de me telefonar a dizer que já arranjaram uma casa para a Iva e família.
Rapidamente, Vânia sorriu e disse:
- Ainda bem.
No dia seguinte, Vânia foi ao parque e vendo Iva divertida a saltar à corda e aproximando-se e perguntou:
- Olá Iva. Tudo bem?
Sorrindo, Iva respondeu:
- Sim. Adoro a casa onde estou a morar.
Feliz, Vânia perguntou:
- Mesmo!?
Iva respondeu:
- Sim. Lá, durmo com a minha irmã num quarto e não precisamos de estar todos apertados.
Vânia disse:
- Ainda bem que gostas.
Sorrindo, Iva disse:
- Eu que sempre vivi numa roulotte, agora parece que vivo num castelo. Nunca pensei que fosse tão bom.
Vendo a alegria e a felicidade da amiga, Vânia disse:
- Agora que já tens uma casa, podemos ser amigas.
Iva concordou:
- Sim. E se quiseres posso ensinar-te as danças ciganas.
Dias depois, a mãe Sílvia chegou a casa trazendo vários sacos e curiosa, Vânia perguntou:
- Que é isso?
Sílvia respondeu:
- São sacos com roupas e sapatos para dar.
Vânia perguntou:
- Para dar a quem?
Sílvia respondeu:
- Para a Iva e família.
 Contente, Vânia ajudou a mãe a arrumar os sacos no carro e assim foram à casa onde os ciganos moravam agora. Ao chegarem à casa, Iva recebeu-as e levou-as até à sala. Lá, Sílvia disse:
- Consegui reunir algumas roupas e calçado e, venho entregar-vos tudo.
Sorrindo, Iva viu um vestido cor-de-rosa com lacinhos e disse:
- Obrigado. Este vestido é muito bonito.
No momento em que Iva acabava de falar, aproximou-se uma senhora que disse:
- Boa tarde. Sou a avó da Iva e a senhora deve ser a mãe da amiga da minha neta.
Sílvia disse:
- Sim. Sou a mãe da Vânia e venho deixar uns sacos com roupas para todos.
Agradecendo, a avó de Iva disse:
- Muito obrigado.

De regresso a casa, Vânia sentia-se muito feliz e só conseguia pensar e desejar um mundo onde todos tivessem casa e fossem felizes.

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