A Vergonha De Teresa
Numa manhã de sol
quente, Teresa de 16 anos olha-se ao espelho e triste observa as cicatrizes que
tem espalhadas pelo corpo.
Depois de se preparar, Teresa vai ter
com a mãe que lhe entrega um saco e diz:
- Filha, ontem comprei-te umas roupas e
gostava que as visses.
Pegando no saco, Teresa vai para a sala
e começa a ver o que a mãe tinha comprado. Lá, vê umas calças justíssimas, um
vestido comprido de alças, uma saia e uma blusa de decote em bico. Depois de
olhar atentamente para as roupas, Teresa arruma-as no saco e começa a folhear
algumas revistas procurando a dieta ideal.
Enquanto isso, Carla entra e pergunta:
- Então! Gostaste das roupas que te
comprei?
Rapidamente, Teresa responde:
- Não! As roupas são horríveis para
mim.
Sem perceber o porquê daquela resposta,
Carla pergunta:
-
Mas, porquê!? Não gostas mesmo de nenhuma?
Teresa pega no saco e entregando-o à
mãe, diz:
- Como queres que goste de alguma!?
Essas roupas são para quem tem um corpo bonito, sem cicatrizes e o meu é horrível.
Aproximando-se mais, Carla diz:
- Eu sei que o teu corpo tem muitas
marcas mas, não deves dar importância a isso.
Rapidamente, Teresa responde:
- Como queres que não dê importância a
isso!? O meu corpo parece quase um espantalho cheio de remendos.
Percebendo que não ia conseguir mudar o pensamento da filha, Carla saiu do quarto e deixou Teresa a pensar.
Segundos depois, Teresa agarra o seu
peluche preferido e tratando-o como um humano, diz-lhe:
- Sou horrível. O meu corpo é tão feio que
pareço uma criatura extraterrestre. Como se não bastasse todas as cicatrizes,
também esta gordura e estrias não ajudam nada. Nem quero imaginar o que as
pessoas diriam ao ver as minhas pernas.
Enquanto dizia isto, Teresa não
conseguiu evitar as lágrimas que começaram a cair-lhe pela cara.
Nos dias seguintes, Teresa fazia
questão de mostrar o seu corpo ao mínimo e além disso, as saídas de casa eram
raras.
Passado algumas semanas, com a chegada
das férias Teresa continuava a usar calças e a fazer o possível para esconder o
corpo.
No início de mais uma semana, durante o
pequeno-almoço, o pai Joel disse:
- Como sabem, vão começar as minhas
férias e já tenho tudo programado para irmos passar uns dias noutro local.
Rapidamente, Teresa perguntou:
- Onde!?
Joel respondeu:
- Onde é, não vos vou dizer. Quero que
seja uma surpresa.
Feliz com a notícia, Teresa abraçou o
pai e disse-lhe:
-
Que bom. Obrigado, pai.
Chegado o dia da viagem, a felicidade
de todas era muita e todos os outros problemas foram esquecidos.
Após algumas horas de viagem, chegaram
a Lagos onde viram uma praia lindíssima com a areia mais clara que a neve.
Depois de se alojarem, foram dar um
pequeno passeio pela praia e Teresa olhava com inveja para as outras raparigas
que exibiam o seu corpo perfeito, sem quaisquer cicatriz ou marca.
Na manhã seguinte ao chegarem à praia,
Teresa não ficou em fato de banho e assim recusou todos os convites para ir à
água.
Algum tempo depois, Teresa viu uma
rapariga estender a toalha ao seu lado e ao olhá-la, viu que não tinha nenhum
cabelo.
Pouco depois, Carla percebeu que a
filha estava a olhar a outra rapariga e aproximando-se, perguntou:
- Sabes quem é aquela rapariga?
Teresa respondeu:
- Não.
Carla disse então:
- A rapariga é a Joana. A filha da
Lizete e do Heitor.
Querendo saber mais, Teresa perguntou:
- O que lhe aconteceu?
Carla respondeu:
- Ela tem uma doença que não lhe deixa
ter cabelo.
Sentindo-se um pouco estranha, Teresa
perguntou:
- E não a tratam?
Carla respondeu:
- Segundo sei, os médicos andam a
estudar o problema mas não está a ser fácil.
Depois
de olhar novamente para Joana, Teresa perguntou:
- Será que posso ir falar com ela?
Carla respondeu:
- Não só podes como acho que vai ser
bom para as duas.
Apressadamente, Teresa embrulhou-se na
toalha e aproximou-se de Joana, dizendo:
- Olá.
Joana respondeu:
- Olá.
Sorrindo, Teresa apresentou-se:
- Sou a Teresa e tenho 16 anos
Joana também se apresentou:
- Eu sou a Joana e tenho 15.
Após a apresentação, Teresa começou a
sentir-se preparada para continuar a conversa e perguntou:
- Posso falar contigo?
Joana respondeu:
- Se não te fizer impressão estares a
falar com uma careca, podes.
Teresa sorriu e disse:
- Sabes, eu vim falar contigo porque
também tenho um problema.
Não percebendo ao certo o que Teresa
queria dizer, Joana perguntou:
- Que tens?
Sentindo-se um pouco mais confiante,
Teresa tirou a toalha e mostrando as cicatrizes, disse:
- Eu tenho muita vergonha do meu corpo,
cheio de cicatrizes e marcas.
Querendo saber mais, Joana perguntou:
- Mas porque tens tanta marca no corpo?
Mais confiante, Teresa respondeu:
- À uns anos tive um problema com
tendões e tive que ser operada às duas pernas. Depois, tiveram que me tirar uns
sinais esquisitos e por último, caí e parti a cabeça.
Ao acabar de falar, Teresa sentiu algo
esquisito e percebeu que, assim como Carla tinha dito, aquela conversa
tinha-lhe feito muito bem.
Depois de conversarem mais um pouco,
Teresa regressou para perto da mãe e disse-lhe:
- Mãe, não imaginas como foi bom ir
falar com a Joana.
Surpresa, Carla perguntou:
- Que aconteceu!?
Teresa explicou:
- Falei-lhe na vergonha que tenho do
meu corpo e, quando acabei de lhe contar tudo, percebi que não me posso sentir
inferior por isto.
Feliz
por perceber que a filha tinha conseguido ultrapassar aquele sentimento de
inferioridade, Carla disse:
-
Como viste, apesar de tudo a Joana é feliz e não é o seu problema que a
inferioriza.
Sorrindo,
Teresa concordou:
-
Pois é. A partir vou fazer o possível para perder a vergonha.
Gostando
do que a filha estava a dizer, Carla sorriu e disse:
-
Então, espero que as roupas que te comprei sejam usadas de modo a marcar essa
tua mudança.
Feliz,
Teresa abraçou a mãe e disse:
-
Claro que sim. Agora vou mostrar a todos que, mesmo diferente sou feliz.
Desde
esse dia, Teresa tornou-se uma rapariga muito mais aberta e feliz.
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