O Boneco Tinoco
Numa manhã de verão,
enquanto o sol nascia feliz e brilhante toda a aldeia Vertigem despertava para
mais um dia.
Preparados para muita diversão,
Gonçalo de 7 anos e Bruno de 9 estavam a ver televisão quando a mãe Sónia lhes
disse:
- Tenho que ir à mercearia comprar
umas coisas. Fiquem cá e brinquem.
Bruno sorriu e perguntou:
- Podemos ir buscar uns jogos ao
sótão?
Sónia respondeu:
- Claro que podem.
Felizes, os irmãos subiram ao sótão
e começaram a escolher os seus jogos preferidos. Enquanto mexiam e remexiam nos
vários brinquedos, encontraram uma saca cheia de bonecos e de carros.
Transportando o saco, os irmãos
foram para o quarto e espalhando os brinquedos no tapete viram um boneco que só
tinha a cabeça, um braço e uma perna. Ocupados com as brincadeiras, Bruno e
Gonçalo divertiram-se e aproveitaram a tarde ao máximo.
À noite, quando apagaram a luz para
dormir ouviram uma voz dizer:
- Parece que já não estou no velho
sótão. Já não sinto o cheiro a pó e a mofo.
Assustados com a voz, os irmãos
acenderam rapidamente os seus candeeiros mas, não viram ninguém.
Já sentados nas camas, Gonçalo
perguntou:
- Quem falou?
A mesma voz respondeu:
- Fui eu, o Tinoco.
Ao olharem para o tapete, os irmãos
viram que quem lhes estava a falar era o boneco. Espantado, Bruno perguntou:
- Tu falas!?
Tinoco respondeu:
- Eu falo.
Sem saber o que pensar, Gonçalo
perguntou:
- Mas, se és um boneco como é que
podes falar?
Tinoco respondeu:
- Eu sou um boneco mas, sou muito
diferente dos outros.
Curioso, Bruno perguntou:
- Diferente como?
Tinoco explicou:
- Como já viram, eu só tenho um
braço e uma perna e é isso que me faz diferente.
Querendo saber mais, Gonçalo
perguntou:
- Porque é que só tens um braço e
uma perna?
Tinoco respondeu:
- Contaram-me que, quando estava a
ser feito começou uma grande trovoada. Quando acabou, o homem que me estava a
fazer voltou para continuar o trabalho mas, a minha perna e o meu braço já
tinham desaparecido.
Atento a tudo, Bruno perguntou:
- E não sabes para onde foram?
Tinoco respondeu:
- Eu ainda perguntei aos outros
bonecos se tinham visto alguma coisa mas, ninguém viu nada.
Sério, Gonçalo perguntou:
- E não fazes ideia de onde possam
estar?
Tinoco respondeu:
- Uma vez, li um papel onde dizia
que a sereia do parque é que sabe de tudo o que desaparece. Mas, como não posso
ir ao parque nunca lhe pude perguntar.
Olhando para o boneco, Bruno
perguntou:
- Queres que eu lá vá e pergunte?
Tinoco respondeu:
- Sim.
Depois de pedir autorização à mãe, Bruno
saiu de casa e a correr, chegou ao parque. Aproximando-se da estátua,
perguntou:
- Sereia bonita, sabes onde está o
braço e a perna do Tinoco?
Segundos depois, a sereia abanou a
cauda e respondeu:
- O que Tinoco procura está
escondido na árvore Escarlate.
Sem saber onde estava a árvore
Escarlate, Tinoco perguntou:
- Onde está essa árvore?
Rapidamente, a sereia disse:
- A Escarlate está ao lado do lago
Ternura.
Apressados, os irmãos correram até
ao lago e depois de olharem a árvore, encontraram o que procuravam escondido
numa abertura na raiz.
Felizes, regressaram a casa e no
quarto mostraram a Tinoco o que tinham encontrado.
No instante em que sorria feliz, o
quarto foi inundado por uma luz brilhante e por um aroma fantástico que durou
alguns segundos.
Depois disso, tudo voltou ao normal
e quando os irmãos olharam para Tinoco, viram que o braço e a perna já estavam
no lugar.
A partir daí, Tinoco ficou muito
feliz e risonho, tornando tudo maravilhoso.
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