A Pequena Cigana
Numa
manhã de sol brilhante, Vânia de 9 anos divertia-se a brincar com o seu gato
Romi, no jardim da sua casa e a fazer ramos de malmequeres.
Enquanto observava uma borboleta a voar
de flor em flor, Vânia sorria feliz e tentava imaginar qual seria a sensação de
voar.
Minutos depois, Vânia olhou para a rua
e viu lá uma menina com umas roupas feias e com o cabelo muito despenteado.
Sentindo, um pouco de medo, Vânia baixou o olhar tentando não ser notada mas,
Romi saiu do jardim e começou a miar.
Ouvindo os mios, a menina olhou para
Romi e perguntou-lhe?
- Que se passa? Tens fome?
Com medo do que poderia acontecer ao
gato, Vânia chamou-o:
- Romi, anda cá.
Nesse instante, a menina viu-a e tímida
disse:
- Olá.
Sem prestar grande atenção, Vânia
respondeu:
- Olá.
Olhando para Romi, a menina disse:
- É um gato muito bonito.
Gostando do elogio, Vânia disse:
- O Romi é o gato mais bonito que
existe.
Sorrindo, a menina perguntou:
- Posso pegar-lhe?
Fazendo um esforço, Vânia respondeu:
- Podes.
Feliz, a menina pegou-lhe e disse:
- Olá Romi. Eu sou a Iva.
Em silêncio, Vânia observava tudo e
sentindo um pouco de curiosidade, perguntou:
- Nunca te vi aqui na aldeia. Onde
moras?
Iva respondeu:
- Eu moro numa caravana e nunca estou
no mesmo sítio.
Admirada, Vânia perguntou:
- Porquê!? Porque não moras numa casa
como as outras pessoas?
Iva respondeu:
- A minha família é cigana e por isso,
estamos sempre a viajar e não temos casa certa.
Querendo saber mais, Vânia perguntou:
- E, gostas de ser cigana?
Iva respondeu:
- Gosto. Adoro quando fazemos festas e
dançamos.
Vânia sorriu e disse:
- Eu também gosto de ir a festas e
dançar com as minhas amigas.
Iva sorriu e disse:
- As nossas festas têm muita alegria e
com as nossas danças, ninguém consegue ficar parado.
Curiosa, Vânia perguntou:
- Como são as vossas danças?
Iva explicou:
- As danças ciganas são muito mexidas e
animadas.
Sorrindo, Vânia disse:
- Às vezes, vejo na televisão mas nunca
vi ao vivo.
Segundos depois, Iva disse:
- Eu posso mostrar-te.
Ao acabar a frase, Iva começou a dançar
e a mostrar o que sabia fazer.
Maravilhada, Vânia não desviava o olhar
e observava atentamente a dança. Terminada a demonstração, Iva perguntou:
- Gostaste?
Vânia respondeu:
- Adorei.
Feliz, Iva perguntou:
- Queres que te ensine?
Vânia respondeu:
- Sim.
Preparada, Iva começou a fazer os
movimentos e Vânia imitava-a corretamente.
Ao regressar a casa, Vânia aproximou-se
da mãe Sílvia e disse:
- Mãe. Quando estava no parque conheci
uma menina cigana que me esteve a ensinar a dançar.
Rapidamente, Sílvia disse:
- Não quero que andes com essa gente.
Vânia perguntou:
- Porquê!?
Sílvia respondeu:
- Os ciganos são muito diferentes de
nós e, têm hábitos e atitudes esquisitas.
Vânia disse:
- Mas a Iva não me pareceu esquisita.
Elevando um pouco a voz, Sílvia disse:
- Já disse! Não te quero com essa
gente.
Triste, Vânia foi para o quarto e
durante a noite só conseguiu pensar no que a mãe lhe tinha dito.
Dias mais tarde, enquanto Vânia
conversava com o jornaleiro Rui, Iva aproximou-se e disse:
- Olá Vânia.
Ao vê-la, Vânia só conseguiu dizer:
- Olá.
Iniciando
a conversa, Iva perguntou:
-
Porque nunca mais foste ter comigo?
Vânia
respondeu:
-
Os meus pais não me deixam ser tua amiga.
Triste,
Iva perguntou:
-
Porquê!?
Vânia
respondeu:
-
Não sei.
Quase
a chorar, Iva disse:
-
Então, adeus.
Depois
da despedida, cada uma foi para a sua casa e durante semanas não se viram nem
conversaram.
Num
domingo, enquanto passeava com os pais pela praça da aldeia, Vânia viu Iva
acompanhada por mais 4 crianças e disse aos pais:
-
A Iva vem ali.
Olhando-a,
Sílvia disse:
-
Vamos ver o que acontece.
Ao
passar por Vânia, Iva disse:
-
Olá.
Sem
se conseguir conter, Vânia perguntou:
-
Quem são estas crianças?
Iva
respondeu:
-
São os meus irmãos.
Observando
as crianças, Sílvia segredou a Gabriel:
-
Percebe-se mesmo que são ciganos. Com aquelas roupas e pelo jeito, não à como
duvidar.
Gabriel
concordou:
-
Tens razão.
Aproximando-se,
Vânia disse:
-
A Iva ficou muito triste por eu não ter estado mais nenhuma vez com ela.
Acabada
a frase, Vânia percebeu que os pais queriam continuar a falar e afastou-se.
Um
pouco pensativa, Sílvia disse:
-
Ao ver as crianças, lembrei-me dos nossos antigos vizinhos e das más condições
em que viviam.
Gabriel
disse:
-
Realmente. Mas, os nossos vizinhos eram só 3 pessoas e estes são mais.
Segundos
depois, Sílvia disse:
-
Quando chegar a casa, vou ver se arranjo algumas roupas para lhes oferecer. De
todas as que foram da nossa filha, pode ser que encontre algumas.
Gabriel
disse:
-
De certeza que encontras.
Enquanto
isso, Vânia aproximou-se acompanhada por Iva e disse:
-
Vou mostrar-vos o que a Iva me ensinou.
Rapidamente,
Vânia começou a dançar e juntamente com Iva deram o seu melhor.
Terminada
a dança, Sílvia disse:
-
Muito bem.
Pouco
depois, Gabriel disse:
-
Já sei como os podemos ajudar. Se formos á liga regional e lhes contarmos tudo,
pode ser que arranjem ajudas.
Sílvia
disse:
-
Vamos lá agora, antes que fechem.
Depois
da despedida, os pais de Vânia foram à liga e lá, Sílvia contou ao presidente
Raimundo:
-
A minha filha ficou amiga de umas pessoas ciganas que vivem numa roulotte que
não tem quaisquer tipos de condições. Não têm roupas decentes e vivem com
dificuldades.
Interrompendo,
Raimundo perguntou:
-
E onde estão?
Gabriel
respondeu:
-
Estão no parque de estacionamento do centro comercial.
Querendo
saber mais, Raimundo perguntou:
-
E são quantas pessoas?
Sílvia
respondeu:
-
Ao certo não sei mas, ainda devem ser algumas.
Raimundo
disse:
-
Vou ver o que posso fazer.
A
semana terminou e, quando Vânia pensava que o problema já tinha sido esquecido,
Sílvia chegou a casa e disse:
-
Acabaram de me telefonar a dizer que já arranjaram uma casa para a Iva e
família.
Rapidamente,
Vânia sorriu e disse:
-
Ainda bem.
No
dia seguinte, Vânia foi ao parque e vendo Iva divertida a saltar à corda e
aproximando-se e perguntou:
-
Olá Iva. Tudo bem?
Sorrindo,
Iva respondeu:
-
Sim. Adoro a casa onde estou a morar.
Feliz,
Vânia perguntou:
-
Mesmo!?
Iva
respondeu:
-
Sim. Lá, durmo com a minha irmã num quarto e não precisamos de estar todos
apertados.
Vânia
disse:
-
Ainda bem que gostas.
Sorrindo,
Iva disse:
-
Eu que sempre vivi numa roulotte, agora parece que vivo num castelo. Nunca
pensei que fosse tão bom.
Vendo
a alegria e a felicidade da amiga, Vânia disse:
-
Agora que já tens uma casa, podemos ser amigas.
Iva
concordou:
-
Sim. E se quiseres posso ensinar-te as danças ciganas.
Dias
depois, a mãe Sílvia chegou a casa trazendo vários sacos e curiosa, Vânia
perguntou:
-
Que é isso?
Sílvia
respondeu:
-
São sacos com roupas e sapatos para dar.
Vânia
perguntou:
-
Para dar a quem?
Sílvia
respondeu:
-
Para a Iva e família.
Contente, Vânia ajudou a mãe a arrumar os
sacos no carro e assim foram à casa onde os ciganos moravam agora. Ao chegarem
à casa, Iva recebeu-as e levou-as até à sala. Lá, Sílvia disse:
-
Consegui reunir algumas roupas e calçado e, venho entregar-vos tudo.
Sorrindo,
Iva viu um vestido cor-de-rosa com lacinhos e disse:
-
Obrigado. Este vestido é muito bonito.
No
momento em que Iva acabava de falar, aproximou-se uma senhora que disse:
-
Boa tarde. Sou a avó da Iva e a senhora deve ser a mãe da amiga da minha neta.
Sílvia
disse:
-
Sim. Sou a mãe da Vânia e venho deixar uns sacos com roupas para todos.
Agradecendo,
a avó de Iva disse:
-
Muito obrigado.
De
regresso a casa, Vânia sentia-se muito feliz e só conseguia pensar e desejar um
mundo onde todos tivessem casa e fossem felizes.
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