quinta-feira, 26 de junho de 2025

O quarto trancado

O sol espreitava por entre as nuvens e aos poucos, os irmãos Diogo e Simão de 10 e 11 anos acordavam com muita preguiça. Minutos depois, levantaram-se e o gato deu um mio. 
 - Bom dia Ginjas. 
Depois de se prepararem, foram até à cozinha onde a mãe Matilde preparava o pequeno-almoço. 
 - Bom dia rapaziada. 
 - Bom dia, mãe. 
 - Tomem o pequeno almoço que, eu tenho que ir a casa da tia Julieta. 
 - Para quê!? 
 - Vocês sabem que a tia às vezes tem ideias malucas e hoje, às 6:00 da manhã telefonou a dizer que tinha que limpar e arrumar os armários da sala.
 - Mas, porquê!? 
 - O porquê não sei. Mas, sei que ela, quando mete uma ideia na cabeça, não à quem lha tire. 
 - Podemos ir e ficar no pátio a brincar com as engenhocas do tio Bartolomeu? 
 - Claro que podem. Mas, têm que se despachar. 
 - Eu já acabei. 
 - Eu também. 
 - Então, vamos. 
Alguns minutos depois, ao chegarem perto da casa, viram o tio Bartolomeu a mexer num velho guarda-chuva enferrujado. 
 - Olá tio. 
 - Olá sobrinhos. 
 - O que está a fazer? 
 - Estou a tentar arranjar uma armadilha para afastar uns cães que à noite, vêm cá e espalham as minhas ferramentas. 
 - Não era mais fácil se o tio as arrumasse dentro da oficina. 
 - Até podia ser mas, eu já estou tão habituado a não ter nada arrumado que, depois ainda ia ser mais difícil lembrar-me dos sítios onde estavam. 
 - Está bem. O tio é que sabe. 
 Entrando em casa, Diogo e Simão aproximaram-se da tia. 
 -Olá sobrinhos. 
 - Olá tia. 
 -Tenho na cozinha um bolo acabado de sair do forno e que vos está a chamar. Vão até lá e provem-no.
 - Obrigado. 
Enquanto iam para a cozinha, ouviram um estrondo parecido com o de vidros a partir. Olharam para todos os lados mas, só viram uma grande cortina encostada à parede. Curiosos, arredaram-na e viram uma porta de madeira preta. Tentaram abri-la mas, a maçaneta não rodou nem um milímetro. Pouco depois, a mãe e a tia aproximaram-se. 
 - O que se passa? 
 - Ouvimos um barulho parecido com o de vidros a partir mas, só aqui está esta porta trancada. 
 - Não deve ter sido nada de importante. 
 - Tia, mas o barulho veio mesmo daqui. 
 - Então, não vamos mesmo saber o que foi. 
 - Porquê!? 
 - Desde que me lembro de ser gente, esta porta nunca foi aberta. Quando era mais nova, procurei a chave mas, nunca a encontrei. 
 - Oh! 
 - Pois é. 
 - Podemos procurar a chave? 
 - Poder podem. Mas, não se entusiasmem muito pois, cá para mim, a chave não existe. 
 - Que estranho. 
 - É mesmo.
 Depois de a tia se afastar, os irmãos começaram a procurá-la. Viram nos armários, nas louças, nas estantes de livros e até abanaram as almofadas, não estivesse a chave lá dentro mas, nada. Já um pouco desanimados, os irmãos sentaram-se. 
 - Será que a porta não tem mesmo chave? 
 - Para que queriam uma porta se não a abriam!? 
 -Vamos ao pé dela. 
 - Sim. Pode ser que as chaves apareçam por magia. 
 - Já agora, caíam do teto. 
 - Não gozes. 
 - Era uma ideia. 
 - Ok. Vamos lá. 
 Ao chegarem à porta, olharam para todos os cantos, recantos mas, nada. Com o desânimo a aumentar, Simão encostou-se à parede e sem querer, tocou num quadros de madeira que, caiu. No momento em que se baixavam para o apanhar, viram que preso à moldura, estava uma chave de ferro. Sorridente, Diogo apanhou-a e experimentou abrir a porta com ela. Depois de rodar a chave, a fechadura fez um “click” e abriu-se. Os irmãos entraram no espaço e, com a ajuda da luz dos telemóveis, viram vários vestidos muito bonitos. Saíram do espaço e foram ter com a tia Julieta. -Tia! Conseguimos abrir a porta! - Abriram a porta!? 
 - Sim. 
 - Vamos lá. 
 - É melhor levarmos uma lanterna. 
 - Tenho ali uma. Vou buscá-la.
 Entraram e, com a luz da lanterna, viram os vestidos maravilhosos e, vidros no chão. 
 - Olhem os vidros que ouvimos partir. Parece que foi um candeeiro. 
 - Sim. E olhem também para estes vestidos que parecem de princesas. 
 - Estou agora a lembrar-me de uma conversa que ouvi em pequena. 
 - Que conversa!? 
 - Um dia, os meus pais contaram-me uma história onde havia uma princesa que não era vaidosa e que, deu os seus melhores vestidos à sua melhor amiga, como agradecimento pela amizade. 
 - Quem era a melhor amiga? 
 - Pelo que estou a perceber agora, a melhor amiga era a minha avó, vossa bisavó. 
 - Como é que ela se chamava? 
 - Ela era a Bernardina e, sempre me disse que ter amigos é uma das maiores riquezas do mundo. 
 - E é mesmo. 
 - Não ter amigos é muito triste. 
 - Por essa razão, não os abandonem nem afastem pois, os amigos são aqueles que confiam em nós e, em quem podemos confiar os nossos maiores segredos.

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