Amigo Fiel

        A chuva caía e aos poucos, o dia começava a nascer.
No momento em que o grande sino da igreja batia as 8:00, quase toda a aldeia Pimpum despertava. Na rua Cambalhota, Carla acordava o filho Pedro.
- Bom dia. Toca a levantar que, temos que fazer.
- Já, mãe!?
- Sim.
- Está bem.
Com muita preguiça, Pedro levantou-se e depois de se preparar, foi para a cozinha. Enquanto tomava o pequeno-almoço, viu que a chuva tinha parado e um bonito arco-íris coloria o céu.
Enquanto isso, Carla regressou à cozinha e segundos depois, ouviram um apito.
- Vamos que já está na hora.
- Onde?
- A casa do tio Casimiro.
- Oh! Fazer o quê!?
- O tio comprou um carro e precisa de arrumar a garagem. Por isso, pediu para irmos ajudar.
- Está bem.
Durante a curta viagem, Pedro pensou numa garagem cheia de lixo e muito desarrumada. Ao chegarem a casa do tio, viu vários caixotes em frente a garagem.
- Tanta caixa.
- Realmente. Parece que vão mudar de casa.
Pouco depois, a tia Dulce apareceu e trazia mais uns caixotes.
- Bom dia.
- Bom dia.
- O Casimiro só sabe dar trabalho.
- Não faz mal. Nós ajudamos.
- Só vos peço é que tenham paciência com ele. Desde o inicio da semana, anda de uma maneira que, não à quem o ature.
- Isso passa-lhe.
- Espero que passe e depressa.
Enquanto isso, Pedro sentou-se num canto e minutos depois, a tia aproximou-se.
- Precisas de alguma coisa?
- Não.
- Se quiseres, podes ir para o jardim e levar alguns dos livros que estão neste caixote.
- Obrigado.
Pedro escolheu três livros e foi sentar-se no jardim. Pouco depois, um cão aproximou-se e ficou a olhá-lo.
- Também queres ler?
O cão abanou o rabo e deitou-se na relva.
- Mas estes livros não estão escritos na tua língua. Só se quiseres que eu leia em voz alta.
Pedro começou a ler em voz alta e o cão, ouvia-o atentamente.
No dia seguinte, foi para a escola e quando regressou a casa, o cão esperava-o em frente à porta. Durante o jantar, Pedro olhou muito sério para o pai Leonel.
- Pai. Posso ficar com o cão que estava à porta quando eu cheguei da escola?
- Os cães são muito desarrumados e, não precisamos que esburaquem o jardim.
- Mas ele é bem comportado.
- Não! Sabes bem que, quando eu digo não, é mesmo não!
Triste, Pedro foi para o seu quarto e esteve lá durante o resto do dia.
Na manhã seguinte, durante um intervalo da escola, Pedro viu o cão à sua espera no exterior da escola. Sorrindo, aproximou-se das grades de segurança e dividiu com ele o lanche que tinha levado de casa.
Ao regressar a casa, aconteceu o mesmo que no dia anterior e por isso, Pedro continuava triste.
No dia seguinte, Pedro não tinha escola e ao acordar, viu que estava sol. Então, depois de tomar o pequeno-almoço foi até à garagem. Lá, o pai arrumava algumas ferramentas e assobiava.
- Olá pai.
- Olá Pedro. Precisas de alguma coisa?
- Vim só buscar uma bola.
- Está bem.
Depois de a encontrar, Pedro saiu para o jardim e lá, o cão esperava-o abanando a cauda.
- Queres brincar?
“Au, au!”
- Então, vamos lá.
No jardim, Pedro atirava a bola e o cão ia buscá-la feliz. Algum tempo depois, já cansados os amigos deitaram-se na relva. Pouco depois, apareceu uma borboleta e silenciosa, voou por cima da cabeça do cão. Este, levantou-se rapidamente e começou a ladrar e a pular.
Rindo, Pedro observava tudo.
Depois da borboleta ir embora, o cão voltou para perto de Pedro.
- Pensavas que a conseguias apanhar?
“Au, au!”
- Elas são muito leves, voam e são rápidas.
“ Au, au!”
Sentado, o cão mexeu uma das patas dianteiras e tocou em Pedro.
Durante o resto do dia, Pedro e o cão brincaram muito.
À noite, antes de dormir, quando já não se ouviam barulhos, Pedro pegou num papel e numa caneta e escreveu:
“O meu novo amigo.”
De seguida, foi até à janela e largou o papel ao vento, desejando que o pai o deixasse ficar com o cão.
No fim de semana seguinte, Pedro acordou com febre e com dores na garganta.
A mãe, foi a uma farmácia e comprou remédios para Pedro tomar.
No entanto, Pedro deixou de ir à escola e passava os dias deitado ou na sua cama, ou no sofá.
Uma semana depois, o avô Serafim foi visitá-lo e, quando se preparava para entrar, olhou para trás.
- Já vens à muito tempo a fazer-me companhia mas, agora não podes entrar.
  Nesse momento, o cão que o seguia ladrou.
“Au, au, au”
Ao ouvir o ladrar, Pedro reconheceu como sendo o do mesmo cão com o qual tinha convivido antes de adoecer.
Então, levantou-se à pressa e correu até à entrada da casa. Lá, viu o avô e confirmou que era o cão que pensava.
Instantaneamente, o cão correu para Pedro e feliz, abanou a cauda. Sem entender o que estava a acontecer, o avô sorriu.
- Estava cheio de saudades.
“Au, au, au!!!”
- Eu sei que tu também.
  “Au, au, au!!!”
Abraçados, Pedro e o cão estiveram vários minutos quietos o que, surpreendeu o avô.
- Já se conhecem?
- Sim. Antes de eu ficar doente, este cão estava sempre à minha espera quando chegava da escola.
- Então, é teu amigo.
- Pois é.
- Agora tens que cuidar dele como amigo.
- Eu gostava mas, o meu pai não me deixa ficar com ele.
- Acho que, quando ele souber o que aconteceu, vai mudar de ideias.
Nesse momento, o pai aproximou-se e abraçou o filho.
- Pedro. Esquece o que disse acerca do cão. Se ainda quiseres, podes ficar com ele.
Feliz, Pedro abraçou o pai, a mãe, o avô e por fim o cão.
- Agora só temos que lhe dar um nome.
- E eu já sei qual vai ser.
- Então!?
- Vai ser Fiel.
- Bonito nome.
- Sim. E, depois do que aconteceu, é perfeito.
- A partir de agora, o Fiel pertence à família e, vai ser sempre nosso companheiro.
  A partir desse dia, Pedro e Fiel estavam quase sempre juntos e eram muito felizes.


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