quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Diogo e o pinheirinho de natal

         A neve caía e na rua Luminosa, muitas crianças brincavam felizes. Enquanto isso, os adultos começavam a decorar as casas para o natal e, parecia que uma magia pairava no ar.
Numa casa branca com um bonito jardim, morava Diogo de 9 anos, os pais e o gato Pipoca.
Diogo adorava brincar e por isso, sempre que podia, corria para a rua para se encontrar com os amigos Hugo e André.
Naquele dia, Diogo acordou com muita preguiça e ligou a televisão para ver os seus desenhos animados preferidos. Pouco depois, ouviu:
“Levanta-te. Preciso de ajuda.”
Diogo levantou-se rapidamente e foi tomar o pequeno-almoço. De seguida, procurou os pais por toda a casa mas, não os encontrou. Olhou para Pipoca mas, ele dormia todo esticado no sofá.
Sem saber o que fazer, Diogo saiu para a rua e, enquanto atravessava o jardim, viu que a sua casa estava toda enfeitada e colorida. Enquanto observava tudo, olhou para o pinheirinho que lá estava e, viu-o sem nenhum enfeite ou luz.
Então, entrou em casa e foi à arrecadação buscar os enfeites para o pinheirinho. Escolheu bolas brilhantes, fitas coloridas, sinos e laços e correu para o jardim. Aproximou-se do pinheirinho e começou a distribuir os enfeites.
Quase no final, quando Diogo estava a prender a última fita, o pinheirinho abanou durante uns segundos e, todos os enfeites caíram.
Diogo apanhou-os e voltou a enfeitar o pinheirinho mas, ele abanou novamente e mais uma vez, a decoração caiu. Chateado, Diogo olhou para o pinheirinho que agora, estava muito quieto.
- Vou enfeitar-te mais uma vez.
Com cuidado, Diogo voltou a distribuir os enfeites e, quando só faltava uma bola, ouviu:
“Se pendurares essa bola, mando tudo para o chão.”
Assustado, Diogo olhou para todos os lados mas não viu ninguém.
- Quem está aí!?
“ Sou eu, o pinheirinho.”
- Os pinheirinhos não falam.
“Eu falo.”
- Não pode ser.
“Pode, pode. Eu falo e não quero ser enfeitado.”
- Porquê!?
“Porque quando estou enfeitado, todos olham para mim e sorriem mas, depois do natal ninguém se importa comigo nem olha para os meus ramos.”
- Mas, no natal todos os pinheirinhos dos jardins são enfeitados.
  “Eu não.”
- O que é que eu posso fazer?
“Não sei.”
Triste, Diogo regressou a casa e foi para o quarto. Lá, pensou em como podia ajudar o pinheirinho. Depois de muito pensar, encontrou uma solução.
Então, foi ao cesto de costura da mãe e, tirou de lá um grande e bonito laço vermelho.
A correr, regressou ao jardim e aproximou-se do pinheirinho, mostrou-lhe o laço.
- Gostas deste laço?
“É bonito.”
- Este laço é para ti. Vai ficar preso num dos teus ramos e, prometo-te que ninguém te vai cortar.
“Prometes mesmo?”
- Prometo.
“Ainda me queres enfeitar?”
- Sim.
“Então, enfeita. Vou ser um lindo pinheirinho de natal.”
- Vou já começar.
Diogo enfeitou então o pinheirinho que, brilhava feliz.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

A amiga Zefa

        Um novo dia estava a começar e, o sol tentava furar as nuvens que, não queriam deixá-lo brilhar.
A pequena aldeia Chêpa também começava a despertar e aos poucos, as ruas começavam a ganhar algum movimento e animação.
Na rua Pimponeta, os irmãos Diogo e Lara de 9 e 7 anos levantaram-se com muita preguiça e foram até à cozinha. Lá, a mãe Dalila preparava o pequeno-almoço e ralhava com o gato Panças.
- Não te podias lembrar de mais nada! Tinhas logo que ir mexer na caixa de costura.
- Bom dia, mãe.
- Bom dia.
- O que aconteceu!?
- Esta noite, o Panças esteve a aprender costura e, como devem imaginar, fez asneiras.
- Ele é assim.
- Pois. Mas o pior é que espalhou tudo e não encontro a maior parte das coisas.
- De certeza que queria fazer um casaco.
- Ou uns calções para usar no verão.
- O que ele queria fazer não sei. Mas, vou atrasar os trabalhos de costura e fico com o tempo apertado para acabar no tempo combinado.
- Queres ajuda?
- Não. Vou buscar o material que tenho guardado para emergências e tentar acabar os trabalhos.
- Nós vamos para o largo Pirisca, brincar.
- Primeiro tomam o pequeno almoço.
- Está bem.
Depois de tomarem o pequeno almoço, os irmãos foram para o largo. Lá, encontraram o amigo Edgar que estava a andar de bicicleta.
- Amigos! Vejam este pião!
Edgar fez o pião com a bicicleta e os amigos bateram palmas.
- Muito bem.
- Foi mesmo bom.
- Obrigado. Mas, se quero que seja mesmo bom, tenho que continuar a praticar.
- Isso é verdade.
- Lara. Vamos buscar as nossas bicicletas e assim podemos andar todos. 
- Vamos lá.
A correr, os irmãos foram até casa, pegaram nas bicicletas e regressaram ao largo. Lá, Edgar esperava sentado na beira do repuxo.
- Fiquei aqui a pensar e, lembrei-me que podíamos ir até ao Cabeço Achatado.
- Para quê!? Lá só há caracóis e não temos nenhum amigo que lá more.
- Pode ser que os novos moradores tenham algum filho ou filha.
- Novos moradores!?
- Sim. A casa do Sebastião foi vendida e quem a comprou pode ter filhos que, queiram brincar connosco.
- Boa ideia. Vamos lá!
Felizes, cada um subiu para a sua bicicleta e, entre risadas e apitos, chegaram.
Então, viram a casa pintada de novo e o jardim todo bonito.
- Será que está alguém em casa a esta hora?
- Não sei. Vamos ver.
Depois de arrumarem as bicicletas num canto, começaram a andar à volta da casa. No momento em que passavam perto da garagem, um cão começou a ladrar. Assustados, os amigos saíram do local a correr, só parando alguns metros à frente.
- Que susto! Não volto lá.
Nesse momento, ouviram uma voz.
- Calma Fufias. Não está cá ninguém.
No entanto, o cão continuava a ladrar.
- Acalma-te.
Nesse momento, os três amigos apareceram.
- Olá.
- Olá.
- Desculpa por termos assustado o teu cão.
- Não faz mal. Ele ladra por tudo e por nada. É um cão de guarda e por isso, pensa sempre que são ladrões.
- Então, vou-lhe dizer que não sou ladrão.
Edgar aproximou-se do cão e esticou o braço.
- Muito prazer. Eu sou o Edgar e eu e os meus amigos não somos ladrões.
Rindo, também os amigos esticaram os braços.
- Prazer. Sou a Lara.
- Muito gosto. Sou o Diogo.
Então, a rapariga esticou também o seu braço na direção dos amigos.
- Muito gosto. Eu sou a Josefa mas, odeio o meu nome.
- Se quiseres, chamamos-te pelo segundo nome.
- Alexandrina também é horrível.
- Então o teu nome é Josefa Alexandrina?
- É. Mas quando me chamam por esses nomes, eu nunca respondo.
- Mas, como te chamamos?
- Não sei. Desenrasquem-se.
- Vai ser difícil mas, havemos de arranjar solução.
Segundos depois, Edgar olhou para o seu relógio.
- Tenho que ir para casa. Prometi à minha mãe que a ajudava a limpar o alpendre e se não for, ela corta-me logo a semanada.
- Ok.
- Então, vamos pensar numa maneira de ajudar a Josefa.
- Eu também vou pensar.
- Até amanhã.
- Até amanhã.
Edgar afastou-se e os irmãos ficaram a pensar.
- Como a podemos ajudar?
- Não faço ideia.
- Às vezes, as pessoas fazem os nomes mais pequenos como o José que, é chamado de Zé.
  - É verdade. 
- Vamos pensar em alguns e amanhã, dizemos-lhe.
Diogo e Lara começaram então a pensar.
- Alexia.
- Zeca.
- Zefa.
- Pode ser que ela goste de algum.
No dia seguinte, Diogo e Lara foram à procura de Edgar que, estava no largo ao pé do repuxo. 
- Bom dia.
- Bom dia, amigos.
- Vamos ter com a Josefa. Queres vir?
- Sim. Deixem-me só arrumar a bicicleta ali ao pé da mercearia.
Edgar foi então arrumar a bicicleta e regressou para junto dos amigos.
- Já está. Podemos ir.
Ao chegarem ao Cabeço Achatado, viram Josefa sentada na relva.
- Olá.
- Olá amigos.
- Estivemos a pensar numa maneira de te ajudar com o nome.
- Sim. Pensámos numas alcunhas e queremos saber se gostas de alguma.
- Digam.
- Alexia.
- Não! Parece nome de marca de lixívia.
- Zeca.
- Também não. É nome de rapaz.
- E Zefa?
- Esse é giro. Gosto.
- Então está resolvido. Agora és a Zefa.
- Está ótimo.
- A nossa amiga Zefa.
Podem chamar as vezes que quiserem. Vou já para casa dizer a todos que agora, sou a Zefa.
- Então, adeus.
- Adeus.
- Adeus.
A partir desse dia, Zefa estava sempre feliz e sorridente e, juntamente com Diogo, Lara e Edgar, divertia-se e aproveitava a vida ao máximo.

domingo, 7 de janeiro de 2024

A rainha Chicholina

Um novo dia esta a começar e aos poucos, o reino Fantasia começava a despertar.          No cimo do monte Carrapito, as nuvens desapareciam lentamente e, já se começava a ver o grande castelo azul onde morava o rei Ernestino e a sua esposa, a rainha Chicholina.     
Enquanto se preparava, Chicholina viu-se ao espelho e reparou numa ruga que lhe marcava o queixo.
- Ernestino!!! Ernestino!!!
Ensonado, o rei Ernestino levantou-se e aproximou-se da rainha.
- O que aconteceu!?
- Olha para aqui! Ontem não tinha nada e hoje acordei assim. De certeza que a bruxa Zazá é a culpada.
- Isso passa.
- Tragam-me essa bruxa que, quero falar com ela!
Não querendo contrariar a rainha, o rei chamou o aprendiz Fungas que se aproximou a correr.
- Diga sua alteza.
- Vai rápido buscar a Zazá.
- A bruxa!?
- Sim. Ela que venha depressa pois é urgente!
Fungas saiu a correr do castelo e entrou no bosque. Andou um bocado e, ao chegar perto da gruta onde Zazá costumava estar, começou a ouvir vozes.
Misturei cascas de amendoim, caroço de banana, gotas de orvalho e, fiz este bolo que trouxe para provarmos.”
“Eu vou fazer um chá de fagulhas para acompanhar.”
“Então, vamo-nos despachar que daqui a pouco, tenho que ir à oficina do Garibaldo fazer a revisão à minha vassoura.”
Enquanto isso, Fungas entrou na gruta com medo e chamou:
- Bruxa Zazá! Bruxa Zazá!
Rapidamente, Zazá apareceu e olhou muito séria para Fungas.
- Quem me chama!?
- Sou eu, o Fungas.
- O que queres!?
- A rainha Chicholina quer falar consigo.
- Espero que seja muito importante para me fazer interromper o encontro com as minhas amigas.
- Acho que é muito.
- Vamos lá ver qual é o problema.
Zazá pegou na sua vassoura e, quando se preparava para levantar voo, olhou para Fungas.
- Sobe. Vais ver como é andar de vassoura.
Fungas subiu para a franja da vassoura e segurou-se com todas as suas forças.
Pouco depois, chegaram ao castelo e a correr, foram até ao quarto onde Chicholina continuava a olhar-se ao espelho.
- Que vida a minha! Agora está tudo estragado!
Zazá aproximou-se e olhou para a rainha.
- Tanto barulho por causa de uma ruga. Até parece o fim do mundo.
- E é quase!
- Tem que misturar 10 patas de formigas, 5 línguas de abelhas, 7 unhas de burro e 3 orelhas de pernilongo amarelo. Depois de estar tudo bem mexido, junta-se gelo derretido e 1 pétala de papoila. Quando começar tudo a ferver, ainda tem que se juntar 2 pingas de chuva seca e 1 pitada de musgo azul.
- Mas, o que faço com essas coisas horríveis?
- Coza e triture tudo. Misture bem e depois espalhe pela cara. Vai ver que a ruga desaparece.
- Obrigada Zazá. Vou já mandar o Fungas comprar tudo isso.
- Então, está certo. Adeus.
- Adeus.
Zazá saiu pela janela e Chicholina, chamou Fungas.
- Vai comprar tudo o que a Zazá disse. Rápido.
Fungas saiu a correr e foi até à loja o senhor Gilberto.
- Senhor Gilberto, bom dia. A rainha Chicholina precisa de 10 patas de formiga, 5 línguas de abelha, 7 unhas de burro, 3 orelhas de pernilongo amarelo, gelo derretido, 1 pétala de papoila, 2 pingas de chuva seca e 1 pitada de musgo azul.
- Para que é tanta coisa esquisita?
- É para a rainha pôr na cara.
- Que coisa estranha e esquisita. Com esses nomes, parece bruxaria.
- É quase.
Gilberto começou a procurar os produtos nas prateleiras.
- As patas de formigas estão aqui. Levas duas caixas pois, cada uma tem só tem 5.
- Está bem.
- As línguas de abelha…
- Sim!?
- Estão neste caixote ao pé dos bicos de papagaio. E, as unhas de burro estão aqui ao lado das ratoeiras. As orelhas de pernilongo amarelo estão nesta caixa mas, tem cuidado para elas não caírem pois, podem-se partir. O gelo derretido está nesta garrafa. A pétala de papoila tens que a ir apanhar ao jardim e, se procurares bem, deves encontrar as pingas de chuva seca e o musgo azul.
- Obrigado, senhor Gilberto. Vou já ao jardim buscar o que falta.
- Consegues levar tudo?
- Levo umas coisas agora e depois, volto cá.
- Não precisas de voltar. Eu ajudo-te.
- Obrigado.
Pouco depois, Fungas e Gilberto saíram da loja e foram em direção ao castelo.
Ao chegarem, entraram e foram até ao salão onde estava Chicholina.
- Alteza, aqui está o que pediu.
- Então, vá. Começa a preparar tudo. Rápido.
Fungas juntou as patas de formigas, as línguas de abelhas, as unhas de burro, as orelhas de pernilongo num caldeirão e mexeu tudo. Depois, acrescentou o gelo derretido, a pétala de papoila e por fim, a chuva seca e a pitada de musgo azul. Então, começou a aparecer um fumo roxo, acompanhado por um cheiro horrível.
Um pouco afastado, Gilberto via tudo o que estava a acontecer, silencioso.
Segundos depois, o fumo começou a ficar verde e, o cheiro ainda piorou.
- Será que já está pronto?
- Não sei, realeza.
- Não posso esperar mais. Vou experimentar.
- A realeza é que sabe.
- Podes começar por espalhar nesta ruga.
Fungas fez o que a rainha disse e, terminado, ficaram à espera de resultados.
Passou uma, duas, três, quatro horas e a rainha começou a ficar impaciente.
- Fungas. Vem tirar isto da minha cara que, já passou muito tempo.
Calado, Fungas fez o que a rainha lhe ordenou e, aos poucos, limpou-lhe a cara.
Rapidamente, Chicholina olhou-se ao espelho e viu que estava exatamente igual.
- Não acredito! Estou igual.
- Pois está.
- A culpa é da Zazá!!!
Aproximando-se, Gilberto olhou para a rainha.
- Alteza. Sei qual é a solução que procura.
- Então qual é!?
- A solução é ser feliz com a vida. Rir até doer a barriga, divertir-se e ajudar os outros.
- E fico mais nova?
- Mais nova não fica mas, de certeza que vai perceber que as pessoas podem e devem ser felizes em todas as idades.
- Vou já começar a fazer isso.
A partir desse dia, Chicholina começou a sorrir mais, a aproveitar o sol para passear nos jardins do castelo e a conviver mais.
Foi então que percebeu que, tudo tem um tempo e que devemos aproveitá-lo ao máximo.


O Mundo dos Animais

 Numa pequena casa da aldeia Tartaga, Rita de 9 anos estava pronta para ir dormir. Poucos segundos após fechar os olhos, ouviu algo a bate...