A Quinta da Tia Engrácia
Com
a primavera, toda a natureza estava mais bonita e colorida com diversas flores.
Felizes, os irmãos João e Cláudia de
7 e 9 anos aproveitavam todos os momentos livres para brincar e para se
divertirem.
Numa manhã em que escolhiam os
bonecos com que iriam brincar, a mãe Letícia aproximou-se e disse:
- Tenho que ir á quinta da tia
Engrácia apanhar umas cenouras e umas alfaces.
Cláudia perguntou:
- Podemos ir também?
Letícia respondeu:
- Claro que podem. Assim, ficam a
conhecer a quinta e tenho a certeza que vão adorar tudo. Eu, quando era
pequenina adorava brincar ao pé dos lagos e no meio das papoilas. Todos os
dias, os esquilos que moravam na acácia gigante iam fazer-me companhia. Gostava
muito de lá brincar.
Curioso, João perguntou:
- Será que a tia nos deixa brincar
nos lagos?
Letícia respondeu:
- Claro que deixa. Mas, é melhor
irmos falar com ela e pedir-lhe autorização.
Ao chegarem à quinta, Cláudia e João
encontraram um homem que atarefado, arrancava ervas e flores.
Aproximando-se, Cláudia disse:
-
Olá. Eu sou a Cláudia e este é o meu irmão João.
Sorrindo, o homem disse:
- Olá. Eu sou o Saúl, o empregado da
quinta.
Olhando para as ervas que Saul tinha
arrancado, João perguntou:
- Porque esteve a arrancar as ervas
e as flores?
Saul respondeu:
- Estive a arrancar as ervas porque
elas não estavam a deixar outras flores crescerem. E, arranquei algumas flores
porque já estavam velhas e secas e só assim é que posso semear outras.
Incapaz de estar quieta muito tempo,
Cláudia perguntou:
- Podemos ajudar!?
Saul respondeu:
- Claro que podem. Mas, a jardinagem
dá trabalho.
Feliz, João disse:
- Não faz mal.
Depois de Saul distribuir pequenas
pás, sementes e plantas pelos irmãos eles começaram logo a semeá-las e a
plantá-las. Depois de terminarem, Saul disse-lhes:
- Agora, temos que ir ao lago buscar
água para regar tudo. Venham comigo que vou-vos mostrar o lago da cascata.
Seguindo Saul, os irmãos
atravessaram uma pequena ponte de pedra e metros à frente, viram o lago e a
cascata.
Depois de encherem os regadores, os
irmãos e Saul regressaram ao local onde tinham semeado e plantado as flores e
começaram a regá-las.
Enquanto a água caía nas flores,
soltou um cheiro muito agradável parecido com o perfume das rosas. Sorrindo,
Cláudia exclamou:
- Que cheirinho!
João concordou:
- Sim, é muito bom. Parecem rosas.
Vendo a alegria dos amigos, Saul
disse:
- Agora só temos que esperar que
cresçam e fiquem bonitas.
Nesse momento, Letícia apareceu e
disse:
- Enquanto falava com a tia Engrácia,
contei-lhe que vocês tinham ficado ao pé do empregado a ver as flores e ela,
disse que gostava muito de vos ver. Vamos ter com ela e vão ver que fica toda
contente.
Ao entrarem na casa, João exclamou:
- Tão velha!
Cláudia olhou para o irmão e disse:
- É velha mas é muito bonita.
Entretanto, a tia Engrácia apareceu
e com ela vinha uma outra senhora a empurrar u pequeno carrinho de chá. Depois
de cumprimentar os sobrinhos, Engrácia disse:
- A Genoveva fez este chá e estes
bolinhos para vocês. Espero que gostem.
Aproximando-se, Letícia disse:
- Não era preciso ter tido tanto
trabalho.
A tia Engrácia respondeu:
- Depois de tanto tempo sem vos ver,
tinha que vos receber bem.
Sentados no sofá, os irmãos olharam
para alguns dos quadros pendurados na parede e, ao verem um que mostrava um
lindo baloiço e um belíssimo lago, Cláudia exclamou:
- Que imagem tão bonita! Parece
mesmo verdadeira.
Engrácia aproximou-se e disse:
- Esse baloiço é verdadeiro. Se o
quiserem ver, vão atrás da casa do empregado Saul e o podem ver melhor.
Aceitando a ideia, Cláudia e João
foram até às traseiras da casa de Saul e viram então o baloiço cheio de ervas e
o lago com muitos nenúfares e de ervas.
Triste por não verem as lindas
flores iguais ás do quadro, João disse:
- O que achas de tentarmos arranjar
o baloiço e o lago para ficar igual ao do quadro?
Cláudia sorriu e disse:
- É uma ótima ideia.
Contente, João disse:
- Era muito bonito se conseguíssemos
arranjar tudo e depois mostrássemos à tia o que tínhamos feito.
Cláudia disse:
- Vamos perguntar ao Saul se ele
consegue arranjar-nos umas plantas e umas sementes.
Felizes, os irmãos foram ter com
Saul e João perguntou-lhe:
- Pode dar-nos umas sementes e umas
plantas para fazermos um jardim?
Pegando em várias, Saul respondeu:
- Claro que sim. Levem estes pés de
roseiras, estas sementes de cravos e ainda sementes de violetas. Neste pequeno
saco, vai um bocado de fertilizante biológico para distribuírem por todas as
sementes e plantas.
Agradecendo, Cláudia disse:
- Muito obrigado. Vamos já começar a
preparar o jardim.
De regresso ao baloiço e ao lago,
Cláudia e João semearam e plantaram tudo, terminando com uma rega.
Quando Letícia se aproximou dos
filhos, perguntou:
- Então!? Que estiveram a fazer?
João respondeu:
- Estivemos a ajudar o Saul e a
semear flores.
Letícia sorriu e disse:
- A tia disse-me que se vocês
quiserem, podem vir cá mais vezes brincar.
Felizes, João e Cláudia exclamaram:
- Boa!
Nos dias que se seguiram, Cláudia e
João aproveitavam todos os momentos livres para irem tratar das plantas e,
sempre com muita dedicação e carinho começaram a tirar os nenúfares do lago e a
ver as plantas e flores crescer.
Cada vez mais felizes, Cláudia e
João conduziam as roseiras ao baloiço e delicadamente enrolavam as suas hastes
nas correntes que suportavam o baloiço.
Semanas depois, numa tarde em que
observavam o belíssimo jardim e o baloiço, Cláudia perguntou:
- O que achas de irmos buscar a tia
e mostrar-lhe o baloiço?
João respondeu:
- É uma boa ideia e tenho a certeza
de que a tia vai adorar.
Ao entrarem em casa, os irmãos foram
ao pé da tia e João disse-lhe:
- Tia, gostávamos que fosse lá fora
ver o que temos feito.
Paciente, Engrácia acompanhou os
sobrinhos e quando já estava perto da casa de Saul, Cláudia disse:
- O que lhe queremos mostrar está
atrás desta casa.
Sorrindo, Engrácia perguntou:
- Qual será a surpresa!? Não me
querem dar nenhumas pistas?
Com um olhar misterioso, João
respondeu:
- Como vai ser uma surpresa, não
podemos dar pistas.
No momento em que chegaram às
traseiras da casa, Engrácia olhou para o baloiço e quase sem palavras,
exclamou:
- Está lindo!!!
Cláudia disse:
- Foi isto o que andámos a fazer.
Com algumas lágrimas nos olhos,
Engrácia disse:
- Está igual ao quadro. Quando era
pequenina, adorava o baloiço e todos os dias vinha para aqui ver as flores e o
lago. Ainda me lembro de quando me sentava naquela pedra e tentava fazer uns
ramos de flores para levar para casa.
Olhando para a tia, João disse:
- Espero que a tia tenha gostado da
surpresa.
Sorrindo, Engrácia disse:
- Nunca pensei voltar a ver o
baloiço e o lago tão bonitos. Foi mesmo uma grande surpresa.
Cláudia disse:
- Agora a tia já pode vir para aqui
andar no baloiço e ver o lago.
Olhando para os sobrinhos, Engrácia
riu e disse:
- Eu já sou muito velha para andar
de baloiço mas, vou adorar olhar o lago.
Nesse momento, Saul aproximou-se e
disse:
- Não sei como é possível mas, o
baloiço e o lago estão tão bonitos como antigamente. Parecem mágicos.
Engrácia sorriu e disse:
- Sim. Quando era pequena e ouvia um
raspanete, vinha para aqui e parecia que tudo se resolvia.
Saul sorriu e disse:
- Ainda me lembro de a encontrar
várias vezes aqui com cara de choro e com os olhos mais vermelhos que uma
malagueta.
Engrácia concordou dizendo:
- É verdade. O Saul fazia sempre o
que podia para me alegrar. Desde brincadeiras a ir apanhar lindas flores para
me dar, o Saul estava sempre pronto para me ouvir e ajudar.
Um pouco envergonhado, Saul disse:
- Eu só não a queria ver triste e
tentava que tudo ficasse melhor.
João
olhou para a tia e disse:
- O Saul devia ser muito seu amigo.
Engrácia olhou para Saul e disse:
- Ele não era meu amigo, ainda o é.
Em silêncio, Saul olhava para Engrácia
sentindo-se envergonhado.
Engrácia, não conseguindo esquecer a
alegria que sentia, olhou para Cláudia e para João e disse-lhes:
- Depois de tudo o fizeram e de como
me conseguiram fazer sentir, estão convidados a vir passear pelo jardim ou
brincar no lago.
Não conseguindo esconder a alegria,
Cláudia disse:
- Obrigado tia.
A partir desse dia, Cláudia e João
aproveitavam todos os momentos para irem ao jardim e assim, para além de se
divertirem, ajudavam Saul a cuidar do jardim e a tornar o espaço ainda mais
bonito.
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