O Clube Dos Tempos Livres
Na rua Carreiro da
aldeia Pinote, morava um menino chamado Gonçalo de 10 anos que, ao estar de
férias adorava brincar com os seus bonecos e com o seu gato Mimo.
Uma noite enquanto jantava, a mãe Elisa
disse:
- Filho, nestas próximas semanas eu e o
pai temos que ir fazer umas entregas de roupa da fábrica e por isso, só vamos
estar em casa à noite.
Olhando para a mãe, Gonçalo disse:
- Não faz mal. Eu fico sozinho.
Aproximando-se, o pai Raul disse:
- Nada disso. À bocado, quando passámos
ao pé do centro recreativo vimos que estavam lá a fazer inscrições para o clube
de tempos livres e por isso, inscrevemos-te.
Fazendo uma cara triste, Gonçalo disse:
- Eu não gosto disso. Prefiro ficar
sozinho.
Sério, Raul disse:
- Vais lá duas semanas experimentar e
depois decidimos se continuas ou não.
Tentando animar o filho, Elisa disse:
- Amanhã é o primeiro dia e acho que
vão dar um passeio e fazer umas atividades.
Desanimado, Gonçalo foi para o seu
quarto odiando as previsões para o dia que aí vinha.
De manhã, quando Elisa foi acordar
Gonçalo, disse-lhe:
- Vá filho! Levanta-te e prepara-te que
vamos levar-te ao clube.
Triste, Gonçalo preparou-se e depois de
tomar o pequeno-almoço foi com os pais até ao clube.
Lá, viu outras crianças e depois de
olhar para o espaço, foi sentar-se num banco isolado ao fundo da sala.
Minutos depois, um rapaz e uma rapariga
mais velhos entraram na sala e o rapaz disse:
- Olá a todos! Eu sou o Joel e esta é a
minha colega Sandra. Juntos vamos ser os vossos monitores de atividades e
espero que gostem e se divirtam muito.
Depois de todos os meninos e meninas se
apresentarem, chegou a vez de Gonçalo, que disse:
- Eu sou o Gonçalo e tenho 10 anos.
Terminadas as apresentações, Sandra
disse:
- Agora que já nos conhecemos, podemos
começar com umas atividades que todos gostam. Vamos todos jogar à macaca e ver
quem será o vencedor.
O jogo começou mas Gonçalo não se
conseguia divertir, nem tão pouco sorrir. Depois da macaca, jogaram às
escondidas, à apanhada, à tunda e ao salto à corda mas, Gonçalo continuava
igual.
Ao final da tarde, Raul foi buscar
Gonçalo e durante o caminho perguntou-lhe:
- Então filho! Foi bom o teu primeiro
dia no clube?
Com uma expressão triste, Gonçalo
respondeu:
- Mais ou menos.
Querendo saber mais coisas, Raul
perguntou:
- O que fizeste?
Olhando para o chão, Gonçalo respondeu:
- Jogámos a algumas coisas.
Percebendo que o filho não queria falar
muito, Raul perguntou:
- Fizeste amigos?
Rapidamente Gonçalo respondeu:
- Não.
Sorrindo, Raul disse:
- Daqui a uns tempos vai ser mais fácil
fazeres amigos. Hoje, foi só para todos se conhecerem.
Nos dias que se seguiram, tudo
continuou igual e Gonçalo não mostrava qualquer tipo de alegria.
Numa manhã, ao chegar ao clube, Joel
disse:
- Hoje vamos dar um passeio até ao lago
Enxuto e vamos também fazer um piquenique.
Aproximando-se, Sandra disse:
- O trajeto é muito bonito e todos vão
gostar. Peço-vos que vão à carrinha buscar uma mochila e que se reúnam dois a
dois para começarmos o passeio.
Enquanto os colegas se reuniam, Gonçalo
ficou quieto a observar os outros. Minutos depois, o colega Duarte aproximou-se
e perguntou:
- Queres fazer grupo comigo?
Envergonhado, Gonçalo respondeu:
- Posso fazer.
Com o início do passeio, os
companheiros andaram alguns metros em silêncio até que Duarte disse:
-
O caminho é difícil mas é muito bonito.
Sem saber ao certo o que dizer, Gonçalo
disse:
- Pois é.
Alguns minutos depois, chegaram ao lago
e Duarte disse:
- O lago é muito bonito.
Continuando em silêncio, Gonçalo viu a
monitora Sandra aproximar-se e já perto disse:
- Foram os primeiros a chegar. Venham
ver melhor o lago e o que existe atrás daquelas árvores.
Já
perto, Duarte e Gonçalo viram uma cria de veado presa nuns ramos de árvore que,
aflita se tentava libertar.
Aproximando-se
mais, Duarte e Gonçalo soltaram a cria e felizes regressaram ao lago. Lá,
contaram aos monitores o que tinham feito e Joel disse:
-
Afinal temos aqui dois amigos aventureiros e, depois de uma ação tão bonita,
não podemos deixar de vos agradecer.
Durante
o piquenique, Gonçalo começou a ficar mais alegre e a largar alguns sorrisos
para os colegas e monitores.
De regresso a casa, Gonçalo
aproximou-se dos pais e disse-lhes:
-
Hoje, eu e o Duarte soltámos uma cria de veado que estava presa nums ramos.
Sorrindo,
Elisa disse:
-
Foi um ato muito bonito.
Raul concordou, dizendo:
- Sim. Bonito e corajoso.
No dia seguinte, quando Gonçalo chegou
ao clube, Duarte aproximou-se e perguntou:
- Queres vir jogar ao berlinde?
Gonçalo respondeu:
- Eu não sei jogar ao berlinde.
Duarte disse:
- Eu posso ensinar-te.
Aceitando, Gonçalo disse:
- Está bem. Mas, eu não tenho
berlindes.
Duarte disse:
- Eu tenho muitos e empresto-te.
Sorrindo, Gonçalo ajudou Duarte a fazer
uns pequenos buracos e depois ouviu atentamente a explicação do jogo do
berlinde.
Ao longo de alguns minutos, Gonçalo
praticou o lançamento do berlinde e já com alguma agilidade, começou a jogar
com o amigo Duarte.
Os dias foram passando e Gonçalo e
Duarte aproveitavam todos os momentos para se divertirem e, a partir daí nasceu
uma bela amizade.
Com aquela amizade, Gonçalo aprendeu
que a solidão pode ser evitada com a vontade e a disponibilidade de todos.
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