O Lago Brilhante
Com
a chegada do verão, todos os habitantes da aldeia Reflexo estavam felizes e
animados.
Entre
passeios e outras actividades, os irmãos Luís de 8 anos e Luísa de 7 adoravam
brincar com o seu cão Toni e assim a diversão era muita.
Numa manhã em que brincavam na sala, a mãe
Dulce aproximou-se e disse:
-
Filhos! Esta semana, tenho que fazer uma limpeza quase profunda à casa e por
isso, quero pedir-vos para irem brincar para o parque.
Sorrindo,
Luís disse:
- Boa! Assim podemos correr e brincar
nos baloiços e no lago.
Luísa
disse:
-
Sim. E pode ser que lá estejam mais meninos para brincarmos.
Percebendo
que os filhos já tinham planos para o parque, o pai Carlos disse:
-
Se quiserem, hoje à tarde levo-vos lá.
Feliz,
Luísa disse:
-
Vou já buscar a minha bóia da Barbie.
Levantando-se,
Luís disse:
-
Eu vou buscar os meus óculos de mergulho e a minha barbatana do Homem Aranha.
Depois
de prepararem tudo, os irmãos entraram no carro do pai e felizes foram para o
parque.
Já
fora do carro, aproximaram-se do lago e viram-no com uma cor um bocado
esquisita mas, pensando que era o efeito da luz do sol, Luísa disse:
-
Vou já para a água.
Rapidamente
entrou na água e sentindo-a estranha, disse:
-
A água está estranha.
Luís
entrou de seguida no lago e, sentindo a mesma coisa disse:
-
Está estranha, tem um cheiro esquisito e não se vê nenhum peixe.
Curiosa,
Luísa disse:
-
Temos que tentar descobrir o que se passa.
Depois
de pensar uns segundos, Luís disse:
-
Podemos ir perguntar a outras pessoas se sabem alguma coisa.
Luísa
olhou para o lago, depois para o irmão e disse:
-
Sim. Podemos ir ao café do Patrício e perguntar se sabem alguma coisa.
Luís
disse:
-
Como ele tem sempre muitos clientes, pode ser que alguém saiba.
Apressados,
Luís e Luísa foram ao café e ao entrarem, viram que estava quase cheio. Ao
balcão, Patrício perguntou:
-
Querem alguma coisa?
Luísa
respondeu:
-Queríamos
perguntar-lhe se sabe o que é que o lago tem.
Sem
entender o que Luísa queria saber, Patrício perguntou:
-
Mas que se passa com o lago?
Luís
respondeu:
-
À bocado, quando lá estivemos notámos que a água estava com uma cor e um cheiro
esquisito.
Patrício
escutou tudo e, depois de pensar um pouco entregou-lhes uma garrafa de plástico
e disse:
-
Vão ao lago e encham esta garrafa com água.
Sem
saber qual a razão para a recolha da água, Luís perguntou:
-
Para que quer aquela água suja?
Patrício
respondeu:
-
Se me trouxerem a água, eu envio-a para um laboratório e lá, pode ser que a
analisem e nos digam porque é que ela está assim.
A
correr, Luís e Luísa foram ao lago encher a garrafa e pouco depois
entregaram-na a Patrício.
No
dia seguinte, ao entrarem no café e ao verem Patrício, Luísa perguntou:
-
Já sabe de alguma coisa?
Patrício
respondeu:
-
Sim. À bocado, ligaram-me do laboratório e disseram que a água está infectada
com produtos tóxicos.
Surpreso,
Luís perguntou:
-
Como é que isso pode ser?
Patrício
respondeu:
-
Muitas pessoas não respeitam o ambiente em que vivemos e por isso poluem-no com
esses produtos.
Luísa
perguntou:
-
Mas como é que os produtos tóxicos foram para o rio?
Patrício
respondeu:
-
Isso não sei mas, temos que descobrir quem o fez, como e porquê.
Pensado
um pouco, Luís perguntou:
-
Como vamos fazer isso?
Patrício
respondeu:
-
Quem larga esses produtos no rio, de certeza que o faz à noite quando não está
ninguém a ver. Por isso, a nossa única solução é fazermos uma vigília.
Não
sabendo o que era uma vigília, Luísa perguntou:
-
O que é isso?
Patrício
explicou:
-
Uma vigília é quando as pessoas se juntam e ficam a vigiar alguma coisa.
Sorrindo,
Luís disse:
-
Temos que avisar toda a aldeia.
Patrício
disse:
-
Sim. O melhor é irmos falar com as pessoas da aldeia e pedir-lhes para
participarem e estarem ás 20:30 perto do porto dos pescadores.
Prontos
para avisar as pessoas do que ia acontecer nessa noite, Luís e Luísa foram à
loja da Berta, à da Claudete e à do senhor Bartolomeu, contar tudo.
Com
o passar das horas, Luís e Luísa iam ficando ansiosos mas, à hora marcada
chegaram ao porto dos pescadores onde já estavam várias pessoas.
Perto
das 21:45, quando as pessoas estavam prestes a regressar às suas casas, Luísa
olhou para uma estrada lá perto e ao ver luzes, disse:
-
Vem ali qualquer coisa.
Todos
apagaram as suas lanternas e em silêncio esperaram para ver o que ia acontecer.
Alguns
minutos depois, o carro parou na beira do lago e um homem saiu, trazendo vários
garrafões.
No
momento em que se preparavam para os despejar, todos acenderam as lanternas e
começaram a aproximar-se do homem.
Ele,
assustado ficou quieto e Patrício perguntou:
-
Porque é que está a despejar toda essa porcaria no nosso lago?
O
homem respondeu:
-
Só estou a fazer o que me mandaram.
Patrício
perguntou:
-
Quem lhe mandou fazer isso?
Agora
já um pouco atrapalhado, o homem respondeu:
-
Foi o senhor Vitorino da fábrica de adubos.
Patrício
olhou fixamente para o homem e com uma voz grossa disse:
-
Agora que já sabemos o que queríamos, leve esses garrafões e vá entregá-los ao
seu patrão, dizendo que o lago não precisa dessas porcarias.
O
homem foi embora e todas as outras pessoas também.
No
dia seguinte, Patrício, Luísa e Luís foram à polícia. Lá, quando estavam ao pé
do sargento Xavier, Patrício disse:
- Ontem à noite descobrimos porque é que o
nosso lago está tão esquisito.
Xavier
perguntou:
-
Porquê?
Patrício
explicou:
-
A fábrica de adubos vai lá todas as noites despejar resíduos tóxicos.
Surpreso
com o que estava a ouvir, Xavier disse:
-
Vou já mandar a fiscalização fazer uma inspecção à fábrica e proibi-los de
fazerem mais descargas para o lago.
Os
dias foram passando e algumas semanas depois, Luís e Luísa regressaram ao lago
para ver como estava.
Ao
chegarem à margem, viram várias plantas a crescer e a água estava de novo com o
seu brilho natural.
A
partir desse dia, o lago conseguiu atrair ainda mais visitantes e Luís e Luísa
entenderam que a natureza é muito bela e que todos a devem respeitar e
preservar.
Coitado do empregado! Ele é que as pagou!
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