A Carpintaria Do Senhor André
Acabado
mais um dia de escola, Daniel de 8 anos regressou a casa.
Depois de fazer os trabalhos da escola,
Daniel aproximou-se da mãe Margarida e entregando-lhe um envelope, disse:
- Mãe. A professora Sofia mandou entregar-te
isto.
Apanhada de surpresa, Margarida disse:
- Espero que não seja nada de mal.
Ao abrir o envelope, Margarida leu:
Sra. Margarida, venho através desta
carta informá-la de uma situação decorrida hoje na sala de aula, com o seu
filho Daniel e dois colegas.
Durante a realização de uma ficha,
o Daniel pediu para ir à casa de banho e autorizei o pedido.
Aproximadamente 10 minutos depois,
o seu filho regressou à sala e a partir desse momento, o sossego terminou.
Entre risos, todos os alunos ficaram
desatentos e inquietos, o que tornou a aula mais complicada.
Numa ocasião em que percorria a
sala, ouvi o seu filho dizer:
“Cuidado! Não calque os caracóis!”
Como deve imaginar, olhei
instantaneamente para o chão e vi lá dois grandes caracóis. Após esta
situação, pedi à empregada da limpeza para retirar os animais para a rua e
continuei a aula.
Depois de tudo normalizado,
perguntei quem tinha levado os caracóis para a sala e diversos alunos
disseram que tinha sido o seu filho Daniel.
Após uma reflexão, venho pedir-lhe
que repreenda o seu filho e que lhe aplique um castigo.
Assinado:
Professora Sofia
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Surpresa com o que lera, Margarida
olhou para Daniel e perguntou:
- O que é isto!?
Fazendo uma expressão inocente, Daniel respondeu:
- Foi só uma brincadeira.
Agora com uma expressão zangada,
Margarida disse:
- O que fizeste não foi uma brincadeira
e quando o teu pai chegar vamos decidir qual vai ser o teu castigo. Agora, vai
para o teu quarto!
Amuado, Daniel foi para o quarto e
sentou-se no chão a brincar com um carro.
Mais tarde, quando o pai Jaime chegou a
casa, Margarida mostrou-lhe o envelope e disse:
- O nosso filho trouxe esta carta da
escola. Lê-a.
Depois de a ler, Jaime disse:
- Temos mesmo que lhe dar um castigo.
Margarida disse:
- Já pensei em tirar-lhe a televisão do
quarto.
Jaime respondeu:
- Com tanta coisa que ele lá tem, estar
sem televisão não o vai afetar.
Margarida concordou dizendo:
- Sim. Nisso tens razão.
Depois de pensar um bocado, Jaime disse:
- Lembrei-me agora da carpintaria do
André. Vou-lhe ligar e perguntar se o nosso filho o pode ir ajudar lá.
Rapidamente, Margarida disse:
- Era bom se pudesse ir.
Jaime afastou-se e depois de telefonar
para André regressou, dizendo:
- Já está tudo tratado. Falei com o
André e ele disse que é á tarde que fazem os móveis.
Margarida sorriu e disse:
- Espero que tudo corra bem.
Olhando para o filho, Jaime disse:
- De certeza que vai tudo correr bem. O
André é um velho que adora crianças e sei que vai adorar ter o nosso filho como
ajudante.
Na 2ªfeira seguinte, Daniel terminou as
aulas da manhã e durante o caminho para casa, tentou imaginar o que iria fazer.
Quando a mãe o deixou na carpintaria, Daniel olhou para André e tímido, disse:
- Boa tarde.
Sorrindo, André disse:
- Boa tarde e bem- vindo.
Sem saber o que falar, Daniel disse:
- O meu pai disse para eu vir para aqui
de castigo.
André olhou para Daniel e disse:
- Não chames a isto um castigo. Vais
ver que ainda vais gostar.
Um bocado triste, Daniel viu algumas
tábuas de madeira e uma mesa muito bonita e trabalhada.
No momento em que Daniel observava a
mesa, André aproximou-se e perguntou:
- O que achas da mesa?
Daniel respondeu:
- Acho que é muito bonita.
Sorrindo, André disse:
- Se quiseres, posso ensinar-te a fazer
uma igual.
Feliz, Daniel disse:
- Quero.
Terminada a conversa, Daniel ajudou
André a acabar um móvel e depois umas cadeiras.
De regresso a casa, a mãe Margarida
aproximou-se de Daniel e perguntou:
- Então filho, como foi a tua tarde!?
Sorrindo, Daniel respondeu:
- Foi boa. Estive a ajudar a fazer um
móvel e umas cadeiras.
Querendo saber mais, Margarida
perguntou:
- Gostaste?
Feliz, Daniel disse:
- Sim. Quero aprender a fazer coisas
bonitas como o senhor André.
Com um sorriso, Margarida disse:
- Vais continuar a lá ir mas, não podes
esquecer a escola.
Concordando, Daniel disse:
- Vou fazer tudo bem.
Os dias foram passando e Daniel
continuou a ir à escola e à oficina do senhor André.
Um dia, enquanto contava aos pais o que
tinha feito na oficina, Daniel disse:
- Hoje, depois de arranjarmos uns
bancos, o senhor André esteve-me a ensinar a fazer figuras na madeira e é
difícil.
Depois de mostrar um pequeno pedaço de
madeira com uma imagem que tinha conseguido fazer, disse:
- Agora sei que ser carpinteiro não é
fácil e por isso, vou estudar e portar-me bem para um dia ter uma profissão
melhor.
A partir desse dia, Daniel tornou-se um
aluno exemplar que sabia agora dar valor ao estudo e ao trabalho.
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