A Rua Cinzenta
Com
o começo de um novo ano, os habitantes da aldeia Cruzada andavam felizes a
fazer planos.
Numa pequena casa branca, moravam os
irmãos Dânia e Rafael de 9 e 11 anos que adoravam ajudar a mãe Solange a
preparar os bolos que depois vendia a diversos clientes.
Enquanto os irmãos decoravam um bolo
com coloridas pintarolas, a mãe aproximou-se e disse:
- Não sei o que fazer. Tenho duas
encomendas prontas mas são para entregar em locais tão distantes um do outro e,
com tudo o que ainda tenho que fazer, não consigo entrega-los a tempo.
Percebendo a mãe, Dânia perguntou:
- E onde são as entregas?
Solange respondeu:
- Uma é na rua Filete Queimado e a
outra é na praça Chaparro Cansado.
Pensando um pouco, Rafael perguntou:
- Onde é essa praça?
Solange explicou:
- A praça é aquela onde está a
estátua do Cavaleiro Adormecido na rua Cinzenta.
Sorrindo, Dânia disse:
- Agora que já sabemos onde é,
podemos lá ir entregar os bolos.
Enquanto distribuía os bolos por
sacas, a mãe explicou:
- Na rua Filete Queimado, é para
entregarem à dona do café Serôdio, a senhora Violeta. E o outro, é para a
costureira que mora à frente da fonte da rua Cinzenta.
Felizes, os irmãos saíram de casa e
com muito cuidado dirigiram-se á rua Filete Queimado para entregarem o primeiro
bolo.
Ao entrarem no café, a senhora
Violeta que estava ao balcão reconheceu-os e sorrindo perguntou:
- Olá meninos. Então, que andam a
fazer?
Rafael respondeu:
- Andamos a entregar os bolos da
nossa mãe.
Oferecendo-lhes dois rebuçados, Violeta
perguntou:
- Então, trazem a minha encomenda?
Dânia respondeu:
- Sim. É o meu irmão que a traz.
Depois de entregar o bolo, Rafael
guardou o dinheiro do pagamento no bolso e acompanhou a irmã que ia agora
entregar o outro.
Enquanto caminhavam, Rafael disse:
- Nunca percebi porque é que a rua
para onde vamos é chamada de Rua Cinzenta.
Ao
chegarem á casa onde iam entregar o bolo, Dânia bateu à porta e a senhora
Genoveva abriu-a.
Rapidamente, Dânia disse:
- Venho entregar o bolo que a minha
mãe fez.
Simpática, a senhora Genoveva disse:
- Obrigado, meninos.
Aproximando-se, Rafael perguntou:
- Dona Genoveva, porque é que a rua
tem este nome?
Genoveva respondeu.
- Esta rua tem uma história muito
antiga e um segredo que nunca ninguém conseguiu descobrir. Quando esta aldeia
nasceu, à muitas décadas atrás, muitas pessoas vieram morar para aqui mas, as
casas e os jardins eram muito coloridos.
Rapidamente, Dânia perguntou:
- Então, porque é que agora não tem
cores?
Genoveva respondeu:
- Como estava a dizer, tudo era
colorido até ao dia em que apareceu no céu uma nuvem muito escura que largou
uma chuva de estrelas cinzentas. A partir desse dia, a rua não voltou a ter
cores e, apesar de muitas pessoas tentarem colori-la de várias maneiras, fica sempre
tudo cinzento e triste.
Entusiasmado
com a história, Rafael perguntou:
- Como podemos descobrir o segredo?
Genoveva explicou:
- Pelo que se sabe, o segredo está
perto da Pedra Brilhante mas, ninguém sabe onde é que essa pedra está.
Depois de pensarem e repensarem,
Dânia disse:
- Perto do campo de futebol há uma
pedra grande que é muito bonita. Parece ter desenhos.
Rapidamente, Rafael disse:
- Vamos lá.
A correr, os irmãos foram até ao
campo de futebol e, já perto da pedra viram que tinha inúmeras marcas iguais a
estrelas.
Observando-a com muita atenção,
Rafael viu uma estrela que era diferente de todas as outras pois tinha sete
pontas. Ao tocar-lhe, sentiu que era macia, o que lhe despertou ainda mais
atenção.
Aproximando-se mais, Dânia perguntou:
- Encontraste alguma coisa?
Rafael respondeu:
- Está aqui uma estrela diferente e
muito macia.
Não acreditando, Dânia olhou-a e ao
tocar nas sete pontas, apareceu um pássaro que largou uma pena muito colorida.
Apanhando-a, Dânia ficou a observá-la, esquecendo-se de todo o resto.
Continuando a procurar alguma pista,
Rafael viu junto ao chão uma marca em forma também de pena e rapidamente, disse
à irmã:
- Dânia! Traz aqui a pena.
Dânia aproximou-se e, ao ver a marca
encostou lá a pena.
Nesse instante, a pedra estremeceu e
uma cortina de fumo envolveu-a.
Depois desta desaparecer, os irmãos
observaram a pedra que estava agora sem qualquer estrela e que mostrava um
brilho belíssimo.
Algum tempo depois, ao regressarem á
rua Cinzenta viram que esta estava agora muito colorida e alegre.
A partir desse dia, toda a aldeia
ficou mais feliz e a velha rua Cinzenta, trocou o nome por rua das Cores.
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