O segredo de Ákila
Um
novo dia de verão estava a começar e o sol brilhava com toda a sua força e
poder.
Na
rua Chucha da aldeia Esquinada, moravam os irmãos Inês e Gonçalo de 10 e 12 anos
que, adoravam divertir-se com os amigos Cláudia e Diogo.
Nessa
manhã, ao acordar, Inês olhou para o relógio e quando viu que já eram 10:00,
levantou-se, preparou-se e correu até ao quarto do irmão que, continuava a
dormir.
-
Gonçalo! Gonçalo! Levanta-te que já estamos atrasados! – exclamou ela.
-
Já vou – disse Gonçalo, com muita preguiça.
Depois
de tomarem o pequeno-almoço, os irmãos saíram de casa e dirigiram-se para o
parque da aldeia onde, os amigos os esperavam.
-
Bom dia. Ainda bem que chegaram – disse Diogo.
-
Pensei que se tinham esquecido do que combinámos – disse Cláudia.
-
Desculpem. Ontem adormecemos tarde – disse Gonçalo.
-
Estivemos a ver um filme e acordámos à pouco – disse Inês.
-
Sem problema. Vamos então decidir o que fazer – disse Diogo.
-
Eu pensei que podíamos ir até ao farol – sugeriu Cláudia.
-
Boa ideia. Lá, podemos falar com o faroleiro Gaspar e, talvez consigamos ver
golfinhos – disse Gonçalo.
-
E também podemos encontrar lá, o pescador Jeremias – disse Inês.
-
É isso mesmo – disse Diogo.
Durante
o percurso, os amigos encontraram a dona Margarida que feliz, tratava das suas
flores.
-
Bom dia, meninos – disse ela.
-
Bom dia, dona Margarida – disseram os amigos.
-
Tudo bem com vocês? – perguntou a dona Margarida.
-
Sim – respondeu a Cláudia.
-
Então, até logo – disse a dona Margarida, deixando-os continuar o percurso.
Minutos
depois, já perto do farol, os amigos começaram a procurar Gaspar com o olhar
mas, não o encontraram. Aproximaram-se um pouco mais e então ouviram:
-
Ótima pescaria! Hoje deves ter usado magia para pescares assim tanto – disse
uma voz.
-
Acho que foi mesmo sorte – disse outra.
Curiosos,
os amigos aproximaram-se um pouco mais da beira-mar e então, viram Gaspar a
conversar com o pescador Jeremias.
-
Bom dia – disseram os amigos.
-
Bom dia, rapaziada – respondeu o Gaspar.
-
Muito bom dia – disse ainda o Jeremias.
-
Precisam de alguma coisa? – perguntou o Gaspar.
-
Não. Só viemos dar um passeio perto daqui – respondeu a Inês.
-
Então vão ter sorte pois já vi um golfinho ainda não muito grande – disse o Jeremias-
-
Era bom se o conseguíssemos ver – disse o Gonçalo.
-
À pouco, ele estava perto da doca – disse o Jeremias.
-
Então, vamos até lá – disse o Diogo.
Enquanto
andavam, uma gaivota voava sobre as suas cabeças e parecia segui-los.
Ao
chegarem à doca, os amigos começaram a procurar sinais do golfinho. Pouco
depois, viram-no então perto das rochas. Aproximaram-se mais e, de um momento
para o outro, viram-no saltar da água e depois de voltar a mergulhar, espreitou
à superfície, pertinho dos amigos. Então, no momento em que lhe tocavam,
começou a cair do céu uma chuva de bolhas de sabão e ouviram:
“Olá!”
Os
amigos olharam para todos os lados mas, não viram ninguém. De seguida, olharam
para o golfinho que estava quieto a observá-los.
- Quem falou? – perguntou a Inês.
Enquanto esperavam por resposta, o golfinho
atirou-lhes água com a sua barbatana.
“
Fui eu, o Ákila” – disse o golfinho.
Surpresos,
os amigos olharam para o golfinho.
-
É impossível. Os golfinhos não falam – disse o Diogo.
“
Eu falo” – disse Ákila.
-
Como é que isso é possível? – perguntou a Cláudia.
“
Eu sou diferente dos outros animais” – respondeu Ákila.
Ainda
admirados com o que estava a acontecer, os amigos ficaram calados.
“
Vou-vos contar a minha história. Eu nasci muito longe daqui e a minha família era
muito grande. Mas, uma noite, a água onde vivíamos deixou de ser azul e passou
a amarela. Como eu e os meus irmãos estávamos a brincar com as algas, não
prestámos atenção e de repente, a minha mãe foi-nos chamar para irmos para
casa. Eu demorei um bocado mais e, quando me consegui soltar das algas, já
estava sozinho e não sabia para onde tinha que fugir. Nadei, nadei e por fim,
cheguei perto de umas rochas. Lá, encontrei um espaço e depois de passar por
ele, cheguei a uma praia com água muito clarinha e areia muito fininha.
Enquanto eu olhava para todos os lados à procura de alguém, apareceu um
caranguejo que quando me viu, mandou-me embora. Eu contei-lhe o que tinha
acontecido e ele disse-me que aquele lugar era secreto” – contou Ákila.
-
E o que fizeste depois? – perguntou a Inês.
“
Depois, o caranguejo ensinou-me o caminho para sair de lá. Hoje, enquanto
brincava com os meus irmãos, nadei até à doca e vi-vos. Como sou muito curioso,
decidi tentar ver-vos melhor” – disse Ákila.
-
És um golfinho corajoso – disse o Gonçalo.
“
Querem ir até à praia de que vos falei?” – perguntou Ákila.
-
Sim – responderam os amigos.
“
Então, vamos. Sigam pelas rochas até encontrarem uma com a forma de uma estrela
– disse Ákila.
Os
amigos começaram então a andar e passado algum tempo, encontraram a rocha que
Ákila tinha indicado.
-
A rocha está aqui – disse o Diogo.
-
E onde está o Ákila? – perguntou a Inês.
“
Estou aqui” – respondeu Ákila, saltando para fora da água.
-
E agora? – perguntou a Cláudia.
“Agora,
procurem a ponta que tem uma risca amarela e passem com cuidado por cima da
rocha que está à frente” – explicou Ákila.
Depois
de procurarem a risca amarela, os amigos encontraram-na e, ao passarem pela
rocha indicada por Ákila, viram uma outra rocha que parecia ter uma boca e por
onde entrava um pequeno curso de água.
“A
entrada é por aí” – disse Ákila.
Os
amigos aproximaram-se e com cuidado, passaram um a um por aquela passagem
esquisita. Lá dentro, estava tudo muito escuro e, era impossível ver alguma
coisa.
-
Não se vê nada – disse Diogo.
“Deixem-me
ir chamar os pirilampos” – disse Ákila.
Pouco
depois, Ákila regressou iluminado por muitos, muitos pirilampos.
“Já
podemos continuar” – disse ele.
Os
amigos avançaram e alguns metros depois, viram novamente céu azul. Viram também
que estavam a pisar areia muito brilhante.
-
Onde estamos? – perguntou a Inês.
“Estamos
na praia de que vos falei” – respondeu Ákila, saltando na água.
-
É muito bonita – disse o Gonçalo.
“Andem
até á água” – disse-lhes Ákila.
Os
amigos andaram e, quando chegaram á água, viram muitos peixes das mais variadas
cores e feitios.
“Estes
são os meus amigos que moram nesta praia secreta” – disse Ákila.
-
É uma praia fantástica – disse a Cláudia.
Nesse
instante, apareceu um caranguejo com cara de zangado.
“Quem
são vocês!? O que estão aqui a fazer? – perguntou ele.
“Tem
calma, Zuca! Eles são meus amigos e eu vim mostrar-lhes a nossa praia secreta –
explicou Ákila.
“Pois.
E a partir de agora, todas as pessoas vão começar a vir incomodar-nos – ralhou o
Zuca.
“Nada
disso. Estás-te a esquecer que nós é que decidimos quem cá pode vir – disse Ákila.
“Tens
razão. Estava-me a esquecer – respondeu Zuca.
“Então,
sempre que os meus amigos quiserem, podem vir aqui? – perguntou Ákila.
“Sim”
– respondeu Zuca.
A
partir desse dia, sempre que queriam e podiam, os amigos iam visitar a praia
secreta e todos os seus habitantes.
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