O segredo do quarto trancado
O sol espreitava por entre as nuvens e aos poucos, os irmãos Diogo e Simão de 10 e 11 anos acordavam com muita preguiça. Minutos depois, levantaram-se e o gato deu um mio. - Bom dia Ginjas. Depois de se prepararem, foram até à cozinha onde a mãe Matilde preparava o pequeno-almoço. - Bom dia rapaziada. - Bom dia, mãe. - Tomem o pequeno almoço que, eu tenho que ir a casa da tia Julieta. - Para quê!? - Vocês sabem que a tia às vezes tem ideias malucas e hoje, às 6:00 da manhã telefonou a dizer que tinha que limpar e arrumar os armários da sala. - Mas, porquê!? - O porquê não sei. Mas, sei que ela, quando mete uma ideia na cabeça, não à quem lha tire. - Podemos ir e ficar no pátio a brincar com as engenhocas do tio Bartolomeu? - Claro que podem. Mas, têm que se despachar. - Eu já acabei. - Eu também. - Então, vamos. Alguns minutos depois, ao chegarem perto da casa, viram o tio Bartolomeu a mexer num velho guarda--chuva enferrujado. - Olá tio. - Olá sobrinhos. - O que está a fazer? - Estou a tentar arranjar uma armadilha para afastar uns cães que à noite, vêm cá e espalham as minhas ferramentas. - Não era mais fácil se o tio as arrumasse dentro da oficina. - Até podia ser mas, eu já estou tão habituado a não ter nada arrumado que, depois ainda ia ser mais difícil lembrar-me dos sítios onde estavam. - Está bem. O tio é que sabe. Entrando em casa, Diogo e Simão aproximaram-se da tia. - Olá sobrinhos. - Olá tia. - Tenho na cozinha um bolo acabado de sair do forno e que vos está a chamar. Vão até lá e provem-no. - Obrigado. Enquanto iam para a cozinha, ouviram um estrondo parecido com o de vidros a partir. Olharam para todos os lados mas, só viram uma grande cortina encostada à parede. Curiosos, arredaram-na e viram uma porta de madeira preta. Tentaram abri-la mas, a maçaneta não rodou nem um milímetro. Pouco depois, a mãe e a tia aproximaram-se. - O que se passa? - Ouvimos um barulho parecido com o de vidros a partir mas, só aqui está esta porta trancada. - Não deve ter sido nada de importante. - Tia, mas o barulho veio mesmo daqui. - Então, não vamos mesmo saber o que foi. - Porquê!? - Desde que me lembro de ser gente, esta porta nunca foi aberta. Quando era mais nova, procurei a chave mas, nunca a encontrei. - Oh! - Pois é. - Podemos procurar a chave? - Poder podem. Mas, não se entusiasmem muito pois, cá para mim, a chave não existe. - Que estranho. - É mesmo. Depois da tia se afastar, os irmãos começaram a procurá-la. Viram nos armários, nas louças, nas estantes de livros e até abanaram as almofadas, não estivesse a chave lá dentro mas, nada. Já um pouco desanimados, os irmãos sentaram-se. - Será que a porta não tem mesmo chave? - Para que queriam uma porta se não a abriam!? - Vamos ao pé dela. - Sim. Pode ser que as chaves apareçam por magia. - Já agora, caíam do tecto. - Não gozes. - Era uma ideia. - Ok. Vamos lá. Ao chegarem à porta, olharam para todos os cantos, recantos mas, nada. Com o desânimo a aumentar, Simão encostou-se à parede e sem querer, tocou num quadros de madeira que, caiu. No momento em que se baixavam para o apanhar, viram que preso à moldura, estava uma chave de ferro. Sorridente, Diogo apanhou-a e experimentou abrir a porta com ela. Depois de rodar a chave, a fechadura fez um “click” e abriu-se. Os irmãos entraram no espaço e, com a ajuda da luz dos telemóveis, viram vários vestidos muito bonitos. Saíram do espaço e foram ter com a tia Julieta. - Tia! Conseguimos abrir a porta! - Abriram a porta!? - Sim. Vamos lá. - É melhor levarmos uma lanterna. - Tenho ali uma. Vou buscá-la. Entraram e, com a luz da lanterna, viram vestidos maravilhosos e, vidros no chão. - Olhem os vidros que ouvimos partir. Parece que foi um candeeiro. - Sim. E olhem também pare estes vestidos que parecem de princesas. - Estou agora a lembrar-me de uma conversa que ouvi em pequena. - Que conversa!? - Um dia, os meus pais contaram-me uma história onde havia uma princesa que não era vaidosa e que, deu os seus melhores vestidos à sua melhor amiga, como agradecimento pela amizade. - Quem era a melhor amiga? - Pelo que estou a perceber agora, a melhor amiga era a minha avó, vossa bisavó. - Como é que ela se chamava? - Ela era a Bernardina e, sempre me disse que ter amigos é uma das maiores riquezas do mundo. - E é mesmo. - Não ter amigos é muito triste. - Por essa razão, não os abandonem nem afastem pois, os amigos são aqueles que confiam em nós e, em quem podemos confiar os nossos maiores segredos.
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