Lá, morava o rei Zerpelino, a rainha Georgina e a princesa Carlota que, adorava sentar-se na beira do lago Azul e ver os peixinhos que pareciam dançar.
Numa tarde de outono, enquanto brincava com o seu gato Pipas, Carlota olhou para os seus pés e viu que os dedos tinham formas esquisitas e estavam cheios de borbulhas.
- Os meus pés são horríveis. Parecem dois lagartos velhos, cheios de escamas e marcas – disse ela.
Ao acabar de dizer isto, Carlota olhou novamente para os pés.
- Parecem os dedos das bruxas.
Abraçada a Pipas, Carlota pensava numa solução para o seu problema e viu um fumo esquisito no meio da floresta.
Subindo até à torre de vigia, viu a casa de onde o fumo saia e, estranhando nunca a ter visto, foi ter com a mãe.
- Mãe!? Quem mora na casa da floresta? - perguntou ela.
- Nessa casa. Mora a bruxa Gabriela e o seu ajudante Supimpas – respondeu a mãe.
Sem pensar duas vezes, Carlota saiu a correr e foi para a floresta, decidida a falar com a bruxa.
Ao chegar perto da casa, Carlota viu várias vassouras e também alguns chapéus pontiagudos pendurados num cordel.
Abraçada a Pipas, Carlota sentia uma mistura de curiosidade e medo mas, decidiu não desistir e cautelosa, tocou à campainha. Pouco depois, a porta abriu-se e Carlota viu um anão que vestia roupas muito coloridas e brilhantes.
- Quem és tu e o que queres? - perguntou Supimpas.
- Eu sou a princesa Carlota e queria falar com a bruxa Gabriela – respondeu ela.
- Mas, que queres falar? - perguntou Supimpas.
- Quero-lhe perguntar se tem alguma poção que, me faça ter uns pés bonitos – respondeu Carlota.
- Eu vou falar com ela e pergunto-lhe – disse Supimpas.
A correr, Supimpas afastou-se e alguns minutos depois, regressou.
- A Gabriela diz que tem a solução. Anda comigo – disse Supimpas.
Sentindo um arrepio, Carlota foi atrás de Supimpas e por fim, chegaram ao pé de Gabriela que, com um vestido negro, agitava alguns frascos.
- Está aqui a Carlota.
Gabriela pousou os frascos e olhou muito séria para Carlota.
- Vou fazer-te uma poção que, vai tornar os teus pés mais bonitos que os da Cinderela – disse ela.
Depois de pegar em alguns pós, Gabriela começou a preparar a poção.
- Ratati, Ratatá
Rinhonhi, Rinhonhela
Que os pés da princesa Carlota
Fiquem melhores que os da Cinderela.
Acabadas as palavras, uma grande nuvem de pós envolveu os pés de Carlota e ela, começou a sentir um calor esquisito neles.
Quando a nuvem desapareceu, Carlota olhou para os pés e viu que estavam iguais.
- Porque é que estão iguais? - perguntou ela, triste.
- A magia demora a fazer efeito e, só amanhã é que eles ficam bem – respondeu Gabriela.
Acreditando na explicação, Carlota despediu-se.
- Até amanhã. Vou-me embora esperar que a magia aconteça – disse Carlota.
Ao regressar ao castelo, Carlota não contou a ninguém o que tinha feito e, esperava ansiosa pelos resultados.
No dia seguinte, ao acordar, Carlota olhou para os pés e viu que, continuavam iguais.
- Está tudo igual. Continuo com os pés horríveis – disse ela.
Não conseguindo evitar o choro, Carlota sentia-se horrível e só tinha vontade de desaparecer. Abraçada a Pipas, ela foi para o jardim e continuando a chorar, sentou-se a observar as flores.
Alguns minutos depois, apareceu uma nuvem brilhante que pousou na margem do repuxo. Ao olhá-la mais atentamente, Carlota viu surgir uma fada ainda mais brilhante e com um lindo vestido.
Sem conseguir falar, Carlota ouviu a fada dizer:
- Não chores.
- Choro porque tenho os pés mais feios de sempre – disse Carlota.
- Eu sou a fada Aliane e vou-te ajudar – disse ela.
- Ninguém me pode ajudar. Já fui à bruxa Gabriela mas, nem ela conseguiu que ficassem bem – disse Carlota.
Interrompendo-a, Aliane sorriu.
- Vai ter comigo à estátua redonda e, vou-te provar que consigo o que desejas – disse Aliane.
No momento em que Carlota se preparava para fazer mais uma pergunta, Aliane sorriu-lhe.
- Espero lá por ti.
Confusa com o que tinha acontecido, Carlota pegou em Pipas e foi até à beira da estátua redonda. Lá, começou a aparecer uma luz muito brilhante e segundos depois, apareceu Aliane.
- Já está tudo preparado.
Nesse momento, apareceram várias borboletas que rodearam Carlota e então, Aliane abriu e fechou as mãos.
- Patati, pataté. Rinhonhi, rinhonhé. Transforma estes pés.
Rapidamente, Carlota sentiu um frio gelado nos pés e, num piscar de olhos as borboletas desapareceram.
Ao olhar para os seus pés, Carlota viu-os bonitos e brilhante e sem qualquer marca do que eram antes.
Sorrindo, Carlota olhou para a estátua redonda e, onde estava Aliane, estava agora uma bonita coroa de flores.
Pegando-lhe, Carlota colocou-a na cabeça e, a partir desse dia, esqueceu a tristeza e tudo a deixava feliz e contente.
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