O Palhaço Amigo
Numa tarde de primavera, Tiririca o palhaço brincalhão, foi para o jardim da vila Bomboca animar a festa de aniversário do menino Ricardo.
Durante a festa, Tiririca brincou com todos os meninos mas estava sempre com um ar triste.
Os irmãos Sónia e Diogo de 8 e 9 anos, amigos de Ricardo também estavam na festa e divertidos observavam tudo.
Enquanto as crianças brincavam, Tiririca sentou-se no jardim e pensativo, olhava para os balões e para todas as brincadeiras das crianças.
Com o decorrer da festa, chegou a altura de cantarem os parabéns e felizes, todas as crianças começaram a cantar. Quando chegaram à parte do “…hoje é dia de festa…”, Sónia e Diogo olharam para Tiririca e viram-no a chorar.
Depois de comerem um bocado de bolo, os irmãos aproximaram-se de Tiririca e Diogo disse:
- Olá!
Limpando as lágrimas, Tiririca respondeu:
- Olá.
Tentando saber a causa do choro, Sónia perguntou:
- Porque estava a chorar!?
Sem saber o que responder, Tiririca disse:
- Eu não estava a chorar. Devem ter visto mal.
Olhando para Tiririca, Diogo disse:
- Quando estávamos a cantar os parabéns, vimos que estava a chorar.
Percebendo que não adiantava recusar, Tiririca disse:
- Chorei porque lembrei-me do meu filho Filipe e de como ele gosta das festas de anos.
Querendo saber mais, Sónia perguntou:
- Que aconteceu?
Tiririca explicou:
- No dia em que ele fazia 7 anos, eu e a mãe dele preparámos uma festa com muitas crianças e diversão. Numa altura em que ele andava a brincar com os amigos caiu e já não se conseguiu levantar. Levei-o logo ao hospital e ficámos a saber que ele tinha partido uma perna. Depois de ter sido operado, o médico disse-nos que ele não ia mais andar e que só se ia poder deslocar numa cadeira de rodas. Foi e é muito complicado e, quando vos vi a correr e a saltar lembrei-me dele e de que nunca poderá fazer essas brincadeiras.
Sem saberem ao certo o que dizer, Diogo olhou para a irmã e ficou em silêncio. Alguns minutos depois, Sónia disse:
- Gostava de o conhecer. Podíamos ficar amigos.
Diogo concordou, dizendo:
- Eu também gostava.
Olhando para Sónia e para Diogo, Tiririca disse:
- Ele não tem amigos e tenho a certeza de que também ia gostar de vos conhecer. Quem sabe se não nasce uma grande amizade. Diogo disse:
- Sim. Pode ser que nasça uma grande amizade.
Com um pequeno sorriso, Tiririca disse:
- Amanhã, se quiserem posso trazê-lo até cá e assim já o podem conhecer.
Sónia disse:
- Queremos sim.
No dia seguinte, Sónia e Diogo foram para o parque e alguns minutos depois apareceu Tiririca a empurrar uma cadeira de rodas. Sorrindo, Tiririca olhou para o filho e disse:
- Filho, aqui estão os amigos de que te falei.
Envergonhado, Filipe disse:
- Olá.
Sónia aproximou-se mais e disse:
- Olá. Eu sou a Sónia e tenho 8 anos.
Diogo também se aproximou e disse:
- Olá. Eu sou o Diogo e tenho 9 anos.
Depois de olhar para Tiririca, Filipe disse:
- Eu sou o Filipe e também tenho 9 anos.
Tiririca olhou para o filho e disse:
- Espero que fiquem amigos.
Sónia olhou para Filipe e disse:
- Nós queremos ser teus amigos.
Sem saber o que dizer, Filipe olhou para Piririca. Este, percebendo o que o filho estava a sentir, perguntou-lhe:
- Queres ser amigo da Sónia e do Diogo?
Ainda um pouco envergonhado, Filipe respondeu:
- Quero.
Sorrindo, Sónia disse:
- Então, agora que já somos amigos podemos fazer muitas coisas juntos.
Curioso, Filipe perguntou:
- Que coisas!?
Diogo respondeu:
- Podemos passear pelo parque e pela vila. Podemos ir visitar a quinta da Fumaça e podemos brincar.
Feliz com tudo o que o que estava a acontecer, Filipe disse:
- Desde que comecei a andar de cadeira de rodas, perdi todos os amigos e isso é muito triste.
Sorrindo, Sónia disse:
- Mas agora, nós vamos ser teus amigos e vai ser tudo diferente.
Diogo disse:
- A partir de agora, não vais estar mais sozinho.
Contente com o que estava a ouvir, Tiririca disse:
- Assinalando esta mudança, vou fazer umas palhaçadas.
Enquanto Tiririca fazia as palhaçadas, os três amigos riam muito e divertiam-se imenso.
A partir desse dia Filipe ficou mais feliz e animado, mostrando a todas as pessoas que, apesar dos problemas e diferenças, todos têm o direito de ser felizes.
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