O Sapateiro Pobre
Durante
as férias, numa manhã de sol os amigos João, Lara, Filipe e Joana de 8 anos
passeavam divertidos pela praça Rebola da aldeia Segredo.
Ao chegarem à beira do lago do
parque Suspiro, Lara viu uns patos recém nascidos e disse:
- Que bonitos! Tão fofinhos e
amorosos.
Concordando, Filipe disse:
- Sim. Só apetece pegar-lhes e fazer
festinhas.
Minutos depois, os amigos
sentaram-se num banco de jardim e felizes, riam-se.
Algum tempo depois, Joana olhou para
um grande e velho plátano e viu lá perto um sapateiro que concentrado cozia um
sapato. Curiosos, os amigos aproximaram-se e João perguntou:
- Que está a fazer?
Olhando para os amigos, o sapateiro
respondeu:
- Estou a arranjar sapatos.
Querendo saber mais, Joana
perguntou:
- Mas, porque está a arranjar os
sapatos que as outras pessoas estragaram?
O sapateiro respondeu:
- Muitas vezes, as coisas estragadas
podem ser arranjadas e é isso que eu faço.
Sem entender o que o sapateiro tinha
dito, Filipe disse:
- Não percebi nada mas, deve ser uma
profissão chata.
Depois de pousar o que tinha nas
mãos, o sapateiro olhou para Filipe e disse:
- Não é uma profissão fácil mas,
como tenho que trabalhar já aprendi a não reclamar. Aqui na aldeia, já todos me
conhecem como o Chico sapateiro.
Sorrindo, os amigos apresentaram-se:
- Eu sou o João.
- Eu sou a Lara.
- Eu sou o João.
- E eu sou a Joana.
Depois da apresentação, os amigos
olharam para o sapato que Chico estava a arranjar e Joana perguntou:
- Como é que arranja os sapatos? Lá
em casa, quando se estragam não os arranjamos.
Chico sorriu e respondeu:
- Um sapato pode-se estragar de
várias maneiras mas, em muitos casos os problemas são fáceis de resolver.
Tirando um sapato de uma saca e
mostrando-o aos amigos, Chico disse:
- Este, só precisa de ser cozido
para ficar bom mas, à outros que precisam de cola e de outras coisas. No outro
dia, tive que cozer uns que pareciam ter sido mordidos por um cão. Tive que os
cozer e colar em vários sítios.
Olhando fixamente para Chico, João
perguntou:
- Porque escolheu ser sapateiro?
Chico respondeu:
- Eu não escolhi ser sapateiro mas,
como a vida está difícil e o dinheiro não nasce das árvores tive que começar a
trabalhar assim.
Sorrindo, Joana perguntou:
- Já é sapateiro á muito tempo?
Mostrando agora uma expressão séria,
Chico respondeu:
- Já sou sapateiro á 5 meses, desde
que descobriram a doença da minha filha Anabela.
Querendo saber mais, Lara perguntou:
- O que tem a sua filha?
Com os olhos cheios de lágrimas,
Chico respondeu:
- A minha filha tem uma doença grave
e os tratamentos são caros. Por isso é que tive que começar a trabalhar como
sapateiro.
Sensibilizados com o problema, os
amigos perguntaram:
- Como podemos ajudar?
Chico respondeu:
- Como o problema é a falta de
dinheiro, vocês não podem ajudar mas, agradeço a vontade.
Sem saberem o que fazer, os amigos
afastaram-se e sentaram-se na beira do lago. Depois de pensarem um bocado, Lara
disse:
- Lembrei-me que a minha avó Dolores
sabe fazer uns bolos muito bons. Se calhar, podíamos vendê-los e assim sempre
íamos conseguindo algum dinheiro.
Rapidamente os amigos exclamaram:
- Boa ideia!
Preparados para começar, os amigos a
casa da avó Dolores e Lara explicou:
- Avó, conhecemos o sapateiro que
está no parque e ele contou-nos que a filha está doente e que não tem dinheiro
para a tratar. Por isso, eu e os meus amigos queríamos ajudá-lo e pensámos em
vender do bolo que fazes muito bem.
Feliz por a neta querer ajudar,
Dolores foi á cozinha e pouco depois entregou-lhes um saco com bombons e
rebuçados, dizendo:
- Podem levar isto e mais logo
venham cá que eu vou fazer o bolo.
Animados, os amigos dividiram-se
pela aldeia e a pouco e pouco começaram a vender as guloseimas.
Algum tempo depois, Lara foi a casa
da avó buscar o bolo e feliz vendeu-o rapidamente, conseguindo obter 5 euros.
Mais tarde, quando os amigos se
reuniram, foram para casa de Filipe prontos para contar o dinheiro que tinham
conseguido amealhar. Depois de o contar e recontar, Joana disse:
- Neste primeiro dia conseguimos
13,50 euros.
Contente, Filipe disse:
- Se continuarmos assim, vai ser
fácil.
Nos dias seguintes, os amigos
continuaram a vender as guloseimas e assim iam conseguindo juntar algum
dinheiro.
Numa manhã, os amigos reuniram-se e
começaram a contar o dinheiro que tinham conseguido ao longo dos dias e
atingiram os 44,75 euros.
Felizes, fecharam o dinheiro num
envelope e dirigiram-se ao parque. Quando lhe entregaram o envelope, Chico
disse:
- Muito obrigado. Com este dinheiro
e algum que aqui tenho já dá para a minha filha fazer uma sessão de
tratamentos.
Os dias foram passando e numa tarde
em que os amigos passeavam pelo parque, passaram pelo local onde Chico
costumava estar e não o viram.
Ao se aproximarem do quiosque
Farripa, Lara perguntou ao vendedor Carlos:
- Onde está o senhor Chico?
Carlos respondeu:
- O Chico foi com a filha fazer uns
tratamentos.
Curioso,
João perguntou:
-
E sabe se está tudo bem?
Carlos respondeu:
- Pelo que sei, os tratamentos estão
a ter resultados muito bons. Acho até que a filha dele já está mais livre de
perigo.
Não conseguindo esconder a
felicidade, os amigos sentiam-se muito bem pois tinham ajudado alguém a viver.
Fim
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