A Boneca de Trapos
Numa manhã de outono, enquanto o sol
tentava furar as nuvens, Dânia de 8 anos observava a rua coberta de folhas
secas.
Segundos depois, a mãe Anabela entrou
no quarto e disse:
- Filha, a avó Vitória telefonou e
disse que tem lá uma prenda para ti. Como tenho que lá ir, queres ir comigo?

- Sim, quero.
Durante o caminho, Dânia corria e
pulava em cima das folhas secas caídas e divertida escutava o seu estalar.
Ao chegar a casa da avó, Dânia
abraçou-a e esperou ansiosa pela prenda. Minutos depois, a avó Vitória abriu um
armário e tirou de lá um saco que lhe entregou.
Curiosa, Dânia abriu-o rapidamente e ao
ver uma boneca de trapos, pegou-lhe e agradeceu:
- Obrigado avó.
De regresso a casa, Dânia levou a
boneca para o quarto e depois de ver o seu estado, disse-lhe:
- Estás um bocado estragado.
Instantaneamente, a boneca mexeu-se e
começou a falar contando:
- Os meus antigos donos não gostavam de
mim e não me tratavam bem. Só me atiravam ao chão, algumas noites deixavam-me
na rua e por isso, agora estou estragada e feia.
Atenta ao que a boneca lhe estava a
contar, Dânia disse:
- Eu vou-te tratar bem.
Sem imaginar o que Dânia estava a
pensar fazer-lhe a boneca perguntou:
- Que me vais fazer?
Dânia olhou-a e disse:
- Vou fazer-te umas roupas novas e
pôr-te bonita.
Assim que acabou de falar, Dânia saiu a
correr do quarto e pouco depois regressou com uns panos e com ferramentas de
costura.
Depois de vários cortes e recortes,
Dânia cozeu e preparou um lindo vestido para a boneca.
No dia seguinte, Dânia lavou a boneca
com muito carinho e secou-a com o secador. No fim de tudo isto, olhou-a e
disse-lhe:
- Vou a casa da minha avó pedir-lhe
para te fazer um chapéu.
Em casa da avó, Dânia ajudou-a a fazer
o chapéu e cantarolando regressou a casa.
Já no quarto, pegou na boneca e depois
de mais uns ajustes na roupa, colocou-lhe o chapéu.
De seguida, pegou nela e levou-a ao
espelho. Lá, quando se viu toda bonita e bem cuidada, a boneca exclamou:
- Estou tão bonita!

-
Sim. Pareces uma princesa!
Felizes, Dânia e a boneca ficaram muito
unidas e companheiras.
Os dias foram passando e, numa tarde
chuvosa em que só podiam estar em casa, Dânia olhou para a boneca e vendo-a
triste, perguntou:
- Que se passa!?
A boneca olhou para Dânia e respondeu:
- Sei que agora estou muito bonita mas,
sinto que ainda me falta alguma coisa.
Sem saber o que a boneca estava a
sentir, Dânia perguntou:
- O que é!?
A boneca olhou para Dânia e com um
olhar triste disse:
- Todas as bonecas que conheci tinham
um nome, menos eu.
Sorrindo, Dânia perguntou:
- De que nome gostas?
Depois de uns segundos de silêncio, a
boneca respondeu:
- Eu não sei nomes.
Olhando para a boneca, Dânia disse:
- Desde pequenina que adoro o nome
Mara.
A boneca olhou para Dânia que
perguntou:
- Gostas!?
Sorrindo, a boneca respondeu:
- Gosto. É um nome muito bonito.
Feliz por a amiga boneca gostar do
nome, Dânia disse:
- Então, a partir de agora és a minha
boneca Mara.
A partir desse dia, em todos os
momentos livres, Dânia brincava com Mara e assim percebeu que, mesmo as coisas
de menos valor merecem ser tratadas e cuidadas com muito respeito.
Fim
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