O Hospital Dos Brinquedos
Felizes e incansáveis, os irmãos Bruno de 10 anos e Daniela de 9, adoravam
brincar.
Uma manhã enquanto viam
televisão, a mãe Clara apareceu.
- Recebi um convite para
irmos visitar o hospital dos brinquedos – disse ela.
- Onde é isso? –
perguntou o Bruno.
- É na antiga fábrica dos
apitos, perto dos baloiços – respondeu a mãe.
Entusiasmados com a
ideia, Bruno e Daniela prepararam-se rapidamente. Já no carro, andaram alguns
minutos e chegaram perto dos baloiços. Então, saíram do carro e olharam para
todos os lados.
Viram então a antiga
fábrica que parecia mesmo estar em ruínas e aproximaram-se. Lá, Clara bateu à
porta e segundos depois, um anão abriu a porta.
- Bom dia – disse o anão.
- Bom dia – respondeu
Clara.
- O que se passa? –
perguntou o anão.
- Enviaram-nos este
convite – disse Clara, entregando-o.
-
Já sei do que se trata. Entrem – disse o anão.
Atravessando a porta,
viram vários anões que os olhavam, silenciosos.
- Sou o Pulitos – disse
um.
- Eu sou o Bruno – disse
ele.
- E eu sou a Daniela –
disse a irmã.
Nesse momento, alguns dos
outros anões começaram a aproximar-se.
- Sou o Susto – disse um.
- Eu sou o Faísca – disse
outro.
- Eu sou o Bongas – disse
um outro.
- E eu, sou o Atchim –
disse o último.
- Vocês moram aqui? –
perguntou Daniela.
- Sim – respondeu Bongas.
- Porquê!? – perguntou
Bruno, espantado.
- Tem que estar sempre
aqui alguém – respondeu Bongas.
- Mas, porquê!? –
perguntou Daniela.
- Aqui é o hospital dos
brinquedos e temos que estar sempre alerta – respondeu Pulitos.
- Como é que isto é um
hospital? – perguntou Bruno.
- Não são só vocês que
têm hospitais. Nós aqui, tratamos de todo o tipo de brinquedos. Podem ser
bonecos, carros ou outras coisas – respondeu Faísca.
- Mas, o que é que vocês
fazem? – perguntou Daniela.
- Fiquem aqui e já vêm o
nosso trabalho – respondeu Bongas.
- Podemos ficar aqui? –
perguntaram os irmãos à mãe.
- Podem. Mas, tenham
cuidado – respondeu Clara.
Depois de se despedirem
da mãe, Bruno e Daniela seguiram Bongas até uma sala onde estavam mais anões a
trabalhar. Então, aproximaram-se de uma bancada onde viram vários brinquedos.
- Que estás a fazer,
Brocas? – perguntou Bongas.
- Estou a curar esta
Barbie que caiu e, partiu uma unha do pé – respondeu Brocas.
- E tu, Iacas? –
perguntou Bongas.
- Eu estou a tentar
descobrir porque é que este carro não apita – respondeu Iacas.
Nesse momento, ouviu-se
um grande estrondo.
“Trapum!!!”
- Que barulho foi este? –
perguntou Bongas.
- Foi o Atchim que deixou
cair um caixote de bonecas – respondeu Cafum.
A correr, Bongas foi até
ao pé de Atchim que olhava fixamente para as bonecas caídas.
- O que aconteceu? –
perguntou Bongas.
- O Tolas assustou-me e
eu deixei cair as bonecas – respondeu Atchim.
- As bonecas já estão
prontas? – perguntou Bongas.
- Não. Elas têm problemas
difíceis – respondeu Atchim.
- Quais problemas? –
perguntou Iacas que se tinha aproximado.
- Uma tem a unha do pé encravada,
outra tem uma borbulha no joelho que parece uma montanha e outra, perdeu a
ponta do nariz – respondeu Atchim.
Ao ouvirem aquilo, os
irmãos aproximaram-se mais.
- Podemos ajudar? – perguntou
Daniela.
- Sim – respondeu Atchim.
Olhando para o joelho da
boneca, Daniela fez-lhe um pequeno curativo enquanto o irmão, tratava da unha
encravada da outra boneca.
Já com as tarefas terminadas,
Bruno e Daniela viram que o nariz da última boneca e ficaram uns segundos a
pensar numa solução.
- Já sei! – exclamou
Bruno.
- Então!? – perguntaram
os anões.
- Podíamos usar uma massa
e fazer-lhe uma nova ponta para o nariz – respondeu Bruno.
- É isso. Vou à despensa,
procurar a massa – disse Bongas, afastando-se.
Minutos depois, Bongas
regressou com o creme e com cuidado, moldaram uma nova ponta para o nariz da
boneca. Depois de pronta, ajustaram-na e colocaram-na no local. A correr, a
boneca aproximou-se do espelho e ao ver que o seu nariz estava perfeito, sorriu
feliz.
- Está perfeito. Nunca
esteve tão bonito – disse a boneca.
Nesse momento, Bongas
aproximou-se apressado.
-Venham comigo! –
exclamou ele.
- Que se passa? –
perguntou Faísca.
- O Rodinhas só consegue andar
de marcha atrás – respondeu Bongas.
- Então, é melhor chamar
o mecânico para resolver o problema – disse Faísca, afastando-se.
Minutos depois, Faísca
regressou e com ele vinha o mecânico, o anão Buzinas.
- Aqui está o Rodinhas à
espera que o ajudes – disse Faísca.
- Qual é o problema? –
perguntou Buzinas.
- Só ando de marcha atrás
e não consigo descobrir qual é o problema – respondeu Rodinhas.
- Levanta o capot que, eu
vejo já isso – disse Buzinas.
Segundos
depois, Buzinas começou a mexer em algumas peças.
- Ai! Ai! – queixou-se
Rodinhas.
- Desculpa. Tinhas uns
cabos trocados e eram tantas teias de aranha que parecia uma casa abandonada –
disse Buzinas.
- Já está pronto? –
perguntou Rodinhas.
- Sim. Podes ir – respondeu
Buzinas.
Pronto, Rodinhas começou
a andar bem e deu uma apitadela, agradecendo a Buzinas e, ao regressar para
junto dos amigos, a sua cor brilhava como as estrelas.
- Agora já estou bem –
disse ele.
- Isto é mesmo como um
hospital – disse Bruno.
Pouco depois, um barulho
parecido com o de uma sirene, tocou e rapidamente, Bongas e Atchim abriram a
porta. Então, viram uma carrinha de onde saíram dois enfermeiros também anões.
- O que se passa? –
perguntou Atchim.
- Temos aqui um bebé
careca que quer ter cabelo como os nenucos – respondeu um dos enfermeiros.
- Levem-no para o consultório
do psicólogo Tolas – disse Bongas.
Atentos, Bruno e Daniela
observavam todos os passos dos anões.
Minutos depois, o bebé
careca saiu do consultório.
- Então!? O que é que o
psicólogo te disse? – perguntou Atchim.
- Disse-me que eu nasci
bebé careca e que por isso, não posso ter cabelo como os nenucos – respondeu o
bebé.
- Pois é. Já imaginaste
que, se fosses igual aos nenucos não podias ser o nosso bebé careca? –
perguntou Bongas.
-
Tens razão. Assim, sou diferente deles – respondeu o bebé careca.
- Exatamente – disse
Atchim.
Um pouco depois, Daniela
olhou para um canto da fábrica e viu lá, um pequeno boneco a chorar. Com muito
cuidado, aproximou-se dele e tocou-lhe calmamente.
- Porque choras? –
perguntou ela.
- Sou o Malicas, um velho
e feio boneco de madeira e por isso, sinto-me muito triste – respondeu o
boneco.
Entretanto, Bruno
aproximou-se.
- O que estás a fazer? –
perguntou ele.
- Estou a conversar com o
Malicas – respondeu Daniela.
- Olá – disse Bruno.
- Olá – respondeu Malicas
em voz baixa.
- Ele estava-me a contar
que se sente triste – disse Daniela.
- Porquê!? – perguntou
Bruno.
- Sou feio e já estou
velho – respondeu Malicas.
Enquanto o irmão
conversava com o boneco, Daniela estava muito pensativa.
- Já sei! – exclamou ela.
- Já sabes o quê!? –
perguntou Bruno.
- Já sei como o ajudar –
respondeu Daniela, pegando no boneco.
- Como!? – perguntou
Bruno.
- Em primeiro lugar,
temos que lhe arranjar a madeira. Podes ir ao pé do Faísca buscar verniz e eu,
vou arranjar-lhe umas roupas – respondeu Daniela.
Segundos depois, Bruno
começou a envernizar Malicas com muito cuidado.
Minutos depois, quando o
verniz já estava seco, Daniela apareceu com algumas roupas.
- Agora já o podemos
acabar de preparar – disse Daniela.
Depois de estar vestido e
calçado, Malicas ficou muito bonito.
- Estou lindo! – exclamou
ele.
- Pois estás –
concordaram os amigos.
Nesse momento, Pulitos
aproximou-se.
- Quem és tu? –
perguntou-lhe.
- Sou o Malicas –
respondeu ele.
- Estás muito diferente.
Já não pareces aquele velho e triste boneco – disse Pulitos.
- O Bruno e a Daniela é
que me ajudaram – disse Malicas.
- Então, vem para ao pé
de nós – disse Pulitos.
Segundos depois, já todos
reunidos, sentaram-se no chão.
- Este hospital é
fantástico – disse Daniela.
- Eu, que não gosto nada
de hospitais, adorei estar aqui – disse Bruno.
- Aqui é diferente –
disse Brocas.
- Pois é – concordaram os
irmãos.
- Como vocês, os
brinquedos também precisam de cuidados e nós estamos aqui para os ajudar –
disse Cafum.
- Este hospital é muito
divertido – disse Bruno.
- Quando quiserem, podem
vir ajudar-nos – disse Atchim, soltando um espirro.
- Nós voltamos – disse
Daniela.
De regresso a casa, os
irmãos contaram tudo o que tinham feito e sempre que queriam e podiam,
regressavam ao hospital dos brinquedos onde se divertiam, ajudando os anões.
Comentários
Postar um comentário