O Ursinho da Mariana
A manhã estava a começar
e com preguiça, Mariana de 8 anos, espreguiçava-se.
Segundos depois, a mãe
Leonor entrou no quarto com um embrulho cor de rosa.
- Bom dia, filha – disse ela.
- Bom dia, mãe – respondeu Mariana.
Ao ver que a mãe segurava um embrulho, Mariana não conseguiu
aguentar a curiosidade.
- O que é isso? – perguntou ela.
- O que é, não sei. Mas, é para ti – respondeu a mãe.
- Quem deu? – perguntou Mariana.
- O carteiro é que veio cá entregar – respondeu a mãe.
Pegando no embrulho, Mariana começou a desembrulhá-lo e
pouco depois, viu o lindo peluche em forma de urso que lá estava guardado.
- É lindo – disse Mariana.
- Tens razão. É mesmo lindo – concordou a mãe.
- Vou levá-lo para o meu quarto – disse Mariana, subindo as
escadas.
Ao chegar ao quarto, Mariana colocou algumas almofadas em
cima da cama e deitou lá o urso. Enquanto o observava, alguns pássaros pousaram
no parapeito da janela e começaram a cantar.
No momento em que Mariana se virou para a cama, já não viu
lá o urso. Olhou de seguida para o chão e também não o viu lá caído. Então,
olhou para a janela e viu-o de pé a olhar os pássaros. Sem palavras,
aproximou-se.
- Olá – disse o urso.
- O… O… Olá – respondeu Mariana.
- Como te chamas? – perguntou o urso.
- Chamo-me Mariana. E tu? – perguntou ela.
- Eu sou o Didi – respondeu o urso.
- Mas, os ursos não falam – disse Mariana.
- Eu sou especial – disse Didi.
- Especial, como? – perguntou Mariana.
- Isso é uma coisa que tens que descobrir – respondeu Didi.
- Como? – perguntou Mariana.
- Com o tempo vais descobrir – respondeu Didi.
Sem saber o que dizer, Mariana viu Didi abrir a janela e os
pássaros aproximaram-se ainda mais. Espantada por os pássaros não fugirem,
Mariana continuou a olhá-los fixamente.
- Vem até aqui – disse Didi, virando-se para Mariana.
Mariana aproximou-se lentamente e, quando já estava ao lado
de Didi, dois passarinhos pousaram no seu braço direito.
- Como é que os pássaros não têm medo de mim? – perguntou
Mariana.
- Eles sabem que não lhes fazes mal? – respondeu Didi.
Segundos depois, Leonor entrou no quarto da filha.
- Filha. Não consigo encontrar a tua boneca de pano – disse
ela.
- Ela estava no sofá – disse Mariana.
- Mas, não está. Já procurei em todos os lados e parece que
desapareceu – disse Leonor.
- Eu vou procurá-la – disse Mariana, correndo para o seu
quarto.
Lá, procurou no armário, debaixo da cama, no meio de outros
brinquedos e nada. Tinha mesmo desaparecido.
Triste, Mariana sentou-se na cama muito quieta.
- O que aconteceu? – perguntou-lhe Didi.
- A minha boneca de pano, desapareceu – respondeu Mariana.
- Já a procuraram bem? – perguntou Didi.
- Sim. Já vi em todo o lado – respondeu Mariana.
Depois de alguns segundos em silêncio, Didi aproximou-se da
janela e dos pássaros.
- Viram por aí, a boneca da Mariana? – perguntou ele.
- Não – responderam os pássaros.
Nesse momento, aproximou-se o passarinho vermelho Teté que,
pousou cansado no parapeito da janela.
- Ainda bem que já consegui – disse ele.
- Conseguiste o quê!? – perguntou Didi.
- Consegui fugir do grande pássaro Negro. Ele é assustador –
respondeu Teté.
- Tem calma. Ele não vem aqui – disse Didi.
- Ainda bem – suspirou Teté.
Olhado depois para Mariana, Teté viu-a a chorar.
- Porque estás a chorar? – perguntou Teté.
- A minha boneca de pano, desapareceu – respondeu Mariana.
- Como é a tua boneca? – perguntou Teté.
- É de pano e tem um vestido cor de rosa com bolinhas
amarelas – respondeu Mariana.
- Não chores – disse Didi.
Nesse momento, Teté voou até ao ouvido de Didi e
cochichou-lhe alguma coisa.
- É uma ótima ideia – disse Didi.
A sorrir, Teté voou até uma rosa e regressou depois,
segurando algumas pétalas com o bico. De seguida, voou por cima da cabeça de
Mariana e largou as pétalas.
Nesse momento, apareceu uma nuvem cor-de-rosa que os
envolveu. Segundos depois, Mariana abriu os olhos e viu muitas flores e muitos
animais.
- Mariana. Aqui é o Sitio das Cores – disse Teté.
- Aqui, todos os sonhos são possíveis – disse Didi.
Sem saber o que dizer, Mariana olhou para todos os lados e
viu que, todos os espaços eram muito coloridos.
- Vamos dar um passeio – disse Didi.
- Boa ideia – disse Teté.
Felizes, começaram a andar e passados alguns minutos,
chegaram à beira de um lago onde nadavam dois lindos patos amarelos.
- Olá Juju. Olá Nini – disse Teté sorrindo.
- Olá amigos – disseram os patos.
- Querem vir passear connosco? – perguntou Didi.
- Sim – respondeu Juju.
- Então, vamos lá – disse Teté.
Enquanto andavam, Juju e Nini iam sempre calados e pareciam
estar com o pensamento noutro sítio. Percebendo que se passava alguma coisa,
Teté parou.
- O que se passa? Vão os dois tão distraídos, porquê!’ –
perguntou Ele.
- Quando íamos de manhã para o lago, encontrámos uma boneca
a chorar – respondeu Nini.
- Como era a boneca? – perguntou Mariana, pensando logo na
sua.
- Era muito bonita. Tinha um vestido cor-de-rosa com
pintinhas amarelas – respondeu Juju.
- Onde a encontraram? – perguntou Didi.
- Ela estava sentada ao pé da árvore Roliça – respondeu
Nini.
- Vamos até lá! De certeza que é a minha boneca e só pode
estar cheia de medo – disse Mariana.
Andaram durante algum tempo e de repente, viram um grande
pássaro negro levantar voo e largar algumas das suas feias asas pretas no ar.
- Foi ali que vimos a boneca – disse Juju ao chegarem perto
da grande árvore.
- De certeza que foi o grande pássaro negro que a levou
para ali – disse Didi.
- Vamos até lá. Mas, não façam barulho – disse Teté.
Em completo silêncio, todos se aproximaram. Lá, atrás de
uma grande erva roxa, viram a boneca que se tentava esconder.
- A minha boneca! – exclamou Mariana, pegando-lhe ao colo.
- Ainda bem que me encontraram. O pássaro Negro trouxe-me
para aqui e eu estava com muito medo – disse a boneca.
- Temos que lhe dar uma lição – disse Teté.
- O que podemos fazer? – perguntou Juju.
- Já sei! Vamos preparar-lhe uma armadilha – respondeu
Teté.
- Como? – perguntou Mariana.
- Vou chamar mais alguns animais e já sei o que vamos fazer
– respondeu Didi.
A correr, Didi afastou-se a pouco tempo depois, regressou
acompanhado por mais animais.
- O que vão fazer? – perguntou Mariana.
- Já vais ver – respondeu Teté.
Instantaneamente, alguns animais começaram a escavar um buraco
enquanto outros, reuniam paus e construíam uma jaula.
Depois de estar tudo pronto, cobriram a jaula com folhas
verdes e deixaram-na num local estratégico para apanhar o pássaro. Pouco
depois, de se esconderem, o pássaro negro pousou e rapidamente os outros
animais empurraram a jaula, prendendo-o lá dentro.
Nesse momento, apareceram no céu muitos pássaros a cantar e
uma nuvem cor-de-rosa pousou em cima da jaula. Segundos depois, a nuvem
desfez-se e apareceu a boneca da Mariana.
- Pensei que te tinha perdido para sempre – disse Mariana,
abraçando com muita força a boneca.
- Quando o pássaro negro me levou, eu tive mesmo muito medo
– disse a boneca.
Surpresa por ouvir a boneca falar, Mariana olhou para Didi.
- Vês!? Quando te disse que aqui, todos os sonhos eram
possíveis, estava a dizer a verdade – disse Didi.
- Obrigado – agradeceu Mariana.
De regresso a casa, Mariana aprendeu que os sonhos podem ser
mesmo possíveis.
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