É Natal, É Natal
Um novo dia começava e
Cláudia acordou desejosa de começar a preparar a árvore de natal e o presépio.
A correr, subiu até ao sótão e levou para a sala todo o
material que ia utilizar.
Depois de preparar o presépio, começou a espalhar as bolas e
as fitas pela árvore. No momento em que pendurava a última estrela, a mãe
Sílvia aproximou-se.
- Filha, podes ir á loja do senhor João comprar o que está
escrito nesta lista? – perguntou ela, entregando-lhe um papel.
- Sim, posso – respondeu Cláudia.
Durante o trajeto, Cláudia olhava sorridente para todas as
montras que, enfeitadas com motivos natalícios, pareciam espalhar magia no ar.
Ao chegar à frente da loja, Cláudia viu uma menina que tinha
vestidas umas roupas muito velhas e, com algum medo, parou a observá-la. Pouco
depois, o senhor João apareceu à porta.
- Bom dia – disse ele.
- Bom dia – disse Cláudia.
- Então, o que se passa? – perguntou o senhor João.
- A minha mãe mandou-me vir fazer umas compras – respondeu
Cláudia.
- Vamos então tratar disso – disse o senhor João.
No interior da loja, Cláudia estava muito pensativa e olhava
várias vezes pelo vidro da montra.
- O que se passa? – perguntou o senhor João.
- Quem é aquela menina que está ali fora? – perguntou
Cláudia.
- É a Ana – respondeu o senhor João.
- Onde é que ela mora? – perguntou Cláudia.
- Mora na casa ao lado da oficina do Zeferino – respondeu o
senhor João.
- Mas, essa casa é tão velha – disse Cláudia.
- Pois é. Mas, ela e os pais são muito pobres e não têm outro
sitio onde viver – explicou o senhor João.
No momento em que João acabou de falar, a porta abriu-se e
Ana entrou a tremer de frio.
- Olá, Ana. O que andas a fazer na rua com este frio? –
perguntou o senhor João.
- Olá. A minha mãe pediu-me para vir aqui, ver se tem pão de
ontem – respondeu Ana.
- Para que queres o pão de ontem que já está rijo? –
perguntou o senhor João.
- É para comermos – respondeu Ana.
- Não queres antes, pão de hoje? – perguntou o senhor João.
- Nós não temos dinheiro para pagar – respondeu Ana.
- Isso não é problema. Leva estes que, eu é que os dou –
disse o senhor João.
- Muito obrigado – agradeceu Ana, saindo da loja.
Em silêncio, Cláudia observava tudo com muita atenção e
segundos depois, aproximou-se do senhor João.
- Porque é que ela queria o pão duro? – perguntou Cláudia.
- Eu, quando tenho pão duro, não o vendo, dou-o. E, como ela
e os pais não têm dinheiro, só pedem desse – respondeu João.
Sem saber o que pensar,
Cláudia comprou o que era preciso e regressou a casa. Enquanto entregava as
compras à mãe, Cláudia lembrou-se de tudo o que tinha acontecido na loja.
- Mãe. Apareceu na loja
uma menina com as roupas muito velhas e que pediu ao senhor João, pão duro –
contou Cláudia.
- Devia ser a filha dos
novos moradores da rua Oralilas – disse Sílvia.
Nesse momento, o pai
Filipe entrou em casa.
- Acabei de passar na
oficina do Zeferino e contaram-me que, durante a noite, algumas telhas da casa
lá do lado, caíram – contou ele.
- Se vierem ventos mais
fortes, aquela casa vai acabar por cair – disse Sílvia.
- Ainda á tão pouco
tempo foram para lá uns moradores novos – disse Filipe.
Ao ouvir aquilo, Cláudia
aproximou-se.
- De que casa estão a
falar? – perguntou ela.
- Estamos a falar da
casa ao lado da oficina – respondeu Filipe.
- Da casa velha? –
perguntou Cláudia.
- Sim - respondeu o pai.
- O maior problema não é
a casa cair. O pior é que, quem lá está a morar pode aleijar-se e fica sem ter
onde viver – disse Sílvia.
- Eu não conheço os
moradores – disse Filipe.
- Eu conheço a menina –
disse Cláudia.
- Conheces!? – perguntou
Filipe.
- Sim. Hoje, quando fui
à loja do senhor João, ela foi lá pedir pão duro porque não podia comprar do
mole – respondeu Cláudia.
- Segundo me contaram,
eles são mesmo muito pobres – disse Sílvia.
A correr, Cláudia foi ao
seu quarto e guardou num saco, algumas camisolas, algumas calças e regressou
para perto da mãe.
- Mãe. Eu vou dar estas
roupas à Ana – disse Cláudia.
Saindo de casa, Cláudia
foi até á loja do senhor João.
- Senhor João, tenho
aqui roupas para dar á Ana. Quando ela cá vier, pode dar-lhas? – perguntou
Cláudia.
- Claro que sim –
respondeu o senhor João.
De regresso a casa,
Cláudia sentia-se muito feliz.
Na manhã seguinte, um
novo pensamento ocupava a cabeça de Cláudia e, enquanto tomava o pequeno
almoço, contou aos pais.
- Já é quase natal.
Posso convidar a Ana para vir cá nesse dia? – perguntou ela.
Surpresos pela
iniciativa da filha, Sílvia e Filipe sorriram.
- Podes convidar a Ana e
os pais – disse Filipe.
Com muita alegria,
Cláudia saiu de casa e foi á casa da amiga. Lá, bateu à porta que foi aberta
segundos depois pela mãe.
- Bom dia – disse
Cláudia.
- Bom dia - respondeu a
senhora.
- A Ana está em casa? –
perguntou Cláudia.
- Sim. Está na sala –
respondeu a senhora.
- Posso falar com ela? –
pediu Cláudia.
- Vou chamá-la – disse a
senhora, afastando-se.
Pouco depois, Ana
apareceu.
- Olá – disse Cláudia.
- Olá – respondeu Ana.
- Queres ir com os teus
pais, passar o natal a minha casa? – perguntou Cláudia.
Depois de olhar para a
mãe, Ana olhou novamente para Cláudia.
- Nunca festejei o natal
– disse Ana.
- Então, este ano podes
festejar – disse Cláudia, olhando para a mãe da amiga.
- Vamos mãe!’ –
perguntou Ana.
- Se quiseres, sim –
respondeu a mãe.
- Eu quero – disse Ana.
- Então, fia combinado –
disse Cláudia.
Depois de se despedirem,
Cláudia regressou muito feliz a casa.
- Mãe! Ela aceitou! –
exclamou Cláudia.
- Ainda bem. Então,
temos que começar a preparar as coisas para que tudo seja perfeito – disse a
mãe.
O tempo foi passando e o
dia de natal chegou finalmente.
Feliz, Cláudia foi até á
casa da amiga e levou-os até à sua.
Lá, Ana ficou maravilhada com a árvore de
natal e com o presépio e adorou ver um filme de natal.
O final do dia chegou e,
quando Ana e a mãe se preparavam para regressar a a casa, Sílvia e Filipe
aproximaram-se.
- Como o natal é uma
época de ajuda e amizade, queremos convidar-vos a partilhar esta casa – disse
Filipe.
Com lágrimas nos olhos,
Joana olhou para o marido Daniel.
- Obrigado – disse ela.
Deste modo, Ana viveu o
primeiro natal onde sentiu mesmo o que ele significa.
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