A Escolha De Simão
Um novo dia estava a
começar e, numa pequena casa de pedra e telhado de palha, morava Simão de 9
anos e os pais Luísa e Gustavo.
Simão era muito feliz e adorava correr pela natureza e
divertir-se com os animais.
Depois de tomar o pequeno - almoço, Simão pegou numa pequena
sacola de pano e na companhia do seu Fugas, saiu para a rua. Andou durante
algum tempo e por fim, chegou à margem do lago Zipas e ficou parado a ver os
peixes que por vezes saltavam.
Feliz, Simão correu atrás de algumas borboletas e subiu a um
pequeno monte coberto de flores. Enquanto observava a natureza, viu um carro
parar ao pé da rocha azul. Viu também sair um homem e um rapaz que, parecia ser
da sua idade.
Curioso, Simão desceu o monte e tentando não fazer barulho,
foi-se aproximando. Escondido atrás de um pinheirinho, ouviu:
- Estás a ver!? Aqui só vemos árvores e ervas – disse o
homem.
- Onde estão os carros e os prédios? – perguntou o rapaz.
- Filho. Aqui não há carros nem casas – respondeu o pai.
Nesse momento, Simão que continuava atrás do pinheirinho,
calcou uns galhos secos e eles partiram-se, provocando uns estalidos. Ouvindo
aquilo, o rapaz escondeu-se atrás do pai.
- O que foi este barulho? – perguntou o rapaz.
- Não sei. Mas, não deve ser nada de mau – respondeu o pai.
- E se for algum bicho? – perguntou o rapaz.
- Pedro. De certeza que foi só o vento a agitar os ramos das
árvores – respondeu o pai, aproximando-se do pinheirinho.
Foi então que viu Simão que, não se mexeu nem um palmo.
- Olá – disse o homem.
- O… O… Olá – disse Simão.
- Olá – disse Pedro.
- Como te chamas? – perguntou o homem.
- Chamo-me Simão – respondeu ele.
- Eu sou o Edgar e ele é o meu filho Pedro – apresentou-se Edgar.
- Como se chama este sitio? – perguntou Pedro.
- Aqui é o Monte Naturalmente – respondeu Simão.
- Moras aqui? – perguntou Edgar.
- Moro perto da nascente deste riacho – respondeu Simão.
- E os teus pais? – perguntou Edgar.
- Também cá moram – respondeu Simão.
- Como é que podes viver aqui, no meio da floresta? –
perguntou Pedro.
- Sempre aqui vivi e gosto muito – respondeu Simão.
- Vês muita televisão? – perguntou Pedro.
- O que é isso? – perguntou Simão.
- Não sabes o que é uma televisão? – perguntou Edgar.
- Não – respondeu Simão.
- A televisão é um aparelho onde vemos o que se passa no
mundo e outras coisas – explicou Edgar.
- Ahhh! – exclamou Simão..
Enquanto isso, começou a soar do bolso de Pedro, uma música.
- Que barulho é este? – perguntou Simão, olhando para todos
os lados.
- É o meu telemóvel – respondeu Pedro, atendendo a chamada.
Terminado o telefonema, Simão continuou com o olhar fixo no
telemóvel.
- O que é isso? – perguntou ele.
- É o meu telemóvel. É novo e é espetacular – respondeu
Pedro.
- Para que serve? – perguntou Simão.
- Serve para falar com outras pessoas, para tirar fotos,
jogar jogos e ir à internet – respondeu Pedro.
- Onde é a internet? – perguntou Simão.
- A internet não é nenhum sítio – respondeu Pedro.
Confuso, Simão ficou calado.
Pouco depois, Edgar chamou o filho e segredou-lhe algo.
Ao regressar para perto de Simão, Pedro sorriu-lhe.
- Simão! Queres vir comigo, conhecer a cidade? – perguntou
ele.
- Eu gostava – respondeu Simão.
- Então, anda – disse Edgar.
- Primeiro, tenho que pedir à minha mãe – disse Simão.
- Então, vai – disse Pedro.
A correr, Simão chegou à sua casa e aproximou-se da mãe
Luísa.
- Mãe! Posso ir à cidade? – perguntou ele.
- Ir onde!? – perguntou a mãe.
- À cidade – respondeu Simão.
- Como é que vais à cidade? – perguntou a mãe.
- Vou com o Pedro e com o pai – respondeu Simão.
- Quem são? – perguntou a mãe.
- O Pedro é um menino que conheci perto do lago – respondeu
Simão.
- E porque queres ir à cidade? – perguntou a mãe.
- Quero ver como é – respondeu Simão.
- Então, está bem. Podes ir mas, tem cuidado – disse a mãe.
De regresso à margem do lago, Simão estava muito sorridente.
- A minha mãe deixa-me ir – disse ele.
- Então, vamos – disse Pedro.
Já dentro do carro, Simão ia muito calado a olhar para o
exterior.
Ao chegarem à cidade, Simão começou a ver muitas pessoas e
carros que, ao apitarem, faziam muito barulho. Um pouco mais à frente, Edgar
parou o carro perto de um grande edifício.
- Chegámos – disse Pedro.
- Onde? - perguntou Simão.
- Eu moro neste prédio – respondeu Pedro, aproximando-se da
entrada.
- É uma casa muito grande – disse Simão.
- Eu não moro no prédio todo. Aqui moram também outras
famílias – tentou explicar Pedro.
Confuso, Simão ficou calado.
- Vamos entrar – disse Pedro.
Já lá dentro, Pedro aproximou-se do elevador e carregou no
botão para o chamar. Segundos depois, a porta abriu.
- Entra e vamos subir até ao oitavo andar – disse Pedro.
Com algum medo, Simão entrou no elevador que, começou a
subir os andares.
Chegado ao oitavo andar, o elevador parou e logo que a porta
abriu, Simão saiu a correr.
- Onde estamos? – perguntou ele.
- Estamos ao pé da minha casa – respondeu Pedro.
Continuando confuso, Simão seguiu Pedro que entrou em casa e
o levou até ao seu quarto.
- Aqui é o meu quarto onde, tenho as minhas coisas – disse
Pedro.
Simão olhou para todo o quarto com muita atenção e, ao olhar
para umas réplicas de carros antigos que estavam numa prateleira, aproximou-se.
- Tão bonitos! – exclamou ele.
Nesse momento, o telemóvel de Pedro tocou e ele afastou-se
para atender. Ao regressar para perto do amigo, viu-o à janela a olhar para a
rua onde os carros apitavam e circulavam.
- Tu moras num sítio muito barulhento. Em minha casa, o
único barulho que ouvimos é o cantar dos pássaros – disse Simão.
- Mas, não queres ficar uns dias em minha casa e viver na
cidade? – perguntou Pedro.
- Não. Eu quero voltar para minha casa e viver com a
natureza – respondeu Simão.
- Está bem. Vou dizer ao meu pai para te levar – disse
Pedro.
Afastando-se, Pedro foi falar com o pai que, pouco depois se
aproximou de Simão.
- Queres ir para casa? – perguntou Edgar.
- Sim. A cidade é muito diferente do Monte Naturalmente –
respondeu Simão.
- Então. Entra no carro que, vamos-te levar – disse Edgar.
Ao longo do percurso,
Simão ia sorridente.
- Não gostaste da
cidade? – perguntou Edgar.
- Não. É muito diferente
de onde vivo e, tem muita confusão – respondeu Simão.
Algum tempo depois,
chegaram ao Monte e, depois de sair do carro, Simão despediu-se.
- Adeus. Quando
quiseres, podes vir visitar-me – disse Simão.
- Adeus – despediu-se
Pedro.
Ao chegar a casa, a mãe
Luísa abraçou o filho.
- Então filho! Como é a
cidade? – perguntou a mãe.
- É esquisita. Tem muito
barulho e não tem natureza. Não quero lá voltar – disse Simão.
- O mundo não é todo
igual e, as pessoas também não. Umas preferem a cidade e outras, a natureza –
disse a mãe.
- Eu quero viver aqui e
poder ser livre – disse Simão.
A partir daí, Simão
sentia-se sempre ainda mais feliz por viver no Monte e por ser livre na
natureza.
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