O mocho bisbilhoteiro
Um novo dia começava e aos poucos, todo o bosque Farripa despertava lentamente. Os pássaros já cantavam e, até as preguiçosas das corujas já arrumavam os seus ninhos.
Farripa era um bosque especial onde, todos eram essenciais e, a amizade era muito importante. Lá, todos os animais tinham os seus nomes e, eram muito felizes.
Já reunidos na margem do lago Aspas, a coruja Tieta confirmava se os animais estavam todos.
- Alfa – chamou ela.
- Presente – respondeu o veado.
- Eureca – chamou ela.
- Presente – respondeu a lebre.
- Picasso – chamou ela.
- Presente – respondeu o ouriço.
- Chuvisco – chamou ela.
- Presente – respondeu o pirilampo.
- Panqueca – chamou ela.
- Também estou presente – respondeu o castor.
- Cuca – chamou ela.
- Presente – respondeu o esquilo.
- Monalisa – chamou ela.
- Presente – respondeu a raposa.
- Guga – chamou ela.
Sem ouvir resposta, Tieta repetiu:
- Guga – chamou ela.
- O Guga não está – disse o Picasso.
- Como já é hábito, deve andar por ai a ouvir as conversas – disse a Eureca.
- O que acham de, todos juntos, lhe darmos uma lição por ele ser sempre tão bisbilhoteiro? – perguntou a Monalisa.
- Acho muito bem – respondeu o Alfa.
- Então, se todos concordam, vamos pensar num plano – disse a Monalisa.
Nos minutos que se seguiram, todos pensaram numa maneira de acabar com o hábito de Guga. Foi então que a Panqueca se levantou.
- Já sei! – exclamou ela.
- Então!? – perguntou o Picasso.
- O Guga é muito bisbilhoteiro e não sabe guardar segredos. Por isso, vamos inventar um e, depois de ele o espalhar, só temos que o envergonhar – respondeu a Panqueca.
- É isso mesmo – disse a Eureca.
Em silêncio, os amigos começaram a pensar na mentira que tinham que inventar mas, não conseguiam encontrar o ideal. Depois de mais algum tempo, o Chuvisco acendeu a sua luz.
- Já sei! – exclamou ele.
- Então!? – perguntaram os amigos.
- Vamos dizer-lhe que amanhã o Cuca faz anos e que, de manhã, nós vamos fazer-lhe uma festa surpresa na colina. De certeza que ele vai espalhar a notícia e, quando os animais lá chegarem e virem que é tudo mentira, vão deixar de acreditar nele – explicou o Chuvisco.
- Boa! – exclamou a Panqueca.
- Eu vou-lhe dizer – disse o Alfa, afastando-se.
- Então, fica combinado que amanhã, vamos cedinho esconder-nos atrás dos arbustos e, depois de o Guga e os amigos chegarem, aparecemos – disse o Chuvisco.
- Tens a certeza de que ele, vai deixar de ser bisbilhoteiro? – perguntou a Eureca.
- Certeza não tenho. Mas, pode ser que resulte – respondeu o Chuvisco.
- Vamos para casa, antes que ele desconfie – disse o Cuca.
Depois de se despedirem, cada um foi para a sua casa e Alfa foi até à árvore onde Guga morava e começou a pular.
- Guga! Guga! – chamou ele.
- Que aconteceu!? – perguntou o Guga.
- Amanhã o Cuca faz anos e o nosso grupo de amigos vai fazer-lhe uma festa surpresa na colina. É segredo porque não queremos que vão muitos animais – disse o Alfa.
- Eu não digo a ninguém – disse o Guga.
- Então, até amanhã – despediu-se Alfa, indo para casa.
Já em casa, Alfa pensou no que todos tinham planeado e adormeceu com a certeza de que, ia ser uma boa lição.
Na manhã seguinte, os amigos foram para a colina e esconderam-se à espera de Guga.
Alguns minutos depois chegou a tartaruga Nini, o coelho Tonga, a doninha Fifi com os seus filhotes Dó, Ré, Mi, Fá, Sol e Lá e ainda Guga.
Guga, olhou para todos os lados mas, não viu qualquer sinal de festa de aniversário. Pouco depois, Tonga aproximou-se e olhou-o, muito sério.
- Onde está a festa? – perguntou ele.
- Não sei – respondeu Guga, olhando para os lados.
- Só cá estamos nós. À festa ou não!? – perguntou a Nini.
- Eles devem estar atrasados – respondeu Guga.
Segundos depois, os amigos saíram das ervas onde estavam escondidos e aproximaram-se.
- Está tudo pronto para a festa? – perguntou o Guga.
- Não. Não vai haver festa nenhuma – respondeu a Panqueca.
- Então!? Mas, ontem o Alfa disse-me que vocês iam fazer uma festa surpresa para o aniversário do Cuca – disse o Guga.
- Pois. Mas, também te disse que era só para o nosso grupo de amigos e não, para todos os animais do bosque – disse o Alfa.
- Vocês não queriam era que eu viesse – disse o Guga.
- Nada disso. Isto foi tudo planeado para tu perceberes que, um segredo é um segredo e não deve ser falado – disse a Monalisa.
Ao ouvirem aquilo, os outros animais afastaram-se, regressando para as suas casas.
A partir desse dia, o Guga deixou de andar sempre à escuta e, começou a respeitar as conversas dos outros.
Comentários
Postar um comentário