terça-feira, 31 de julho de 2012

A Noz Mágica



        Com sete anos, Erica adora brincar com os amigos e as suas tardes livres eram ocupadas com brincadeiras e divertimentos.
Numa tarde em que ajudava a mãe em algumas tarefas domésticas, Erica dirigiu-se para a cozinha, preparada para arrumar a bancada. Organizando frascos, talheres e outras coisas, Erica encontrou uma noz que instantaneamente lhe despertou atenção. Pegando-lhe e guardando-a no bolso, Erica continuou as tarefas que estava a realizar.
Ao anoitecer, preparando-se para ir para a cama, colocou a noz em cima da mesa de cabeceira e deitou-se. Pouco depois, uma luz muito brilhante iluminou todo o quarto e uma voz disse:
- Sou a fada Ariana e agora que me libertaste, vou levar-te a um sitio encantado e mágico.
Agitando uma varinha de condão, Erica foi transportada para um lindo jardim, cheio de flores e de diversos animais.
Vendo um bonito malmequer, Erica ouviu:
- Riscas! Vamos ouvir a história que o Cucas vai contar.
Olhando para trás, Erica viu um simpático coelhinho branco com riscas douradas. Não vendo ninguém que pudesse ter falado, Erica olhou para o coelhinho que lhe disse:
- Olá! Vem connosco ouvir uma história.
Aceitando o convite, Erica acompanhou-o até uma gigantesca árvore, onde outros animais se preparavam para escutar a história. Sentando-se numa pedra, Erica ficou à espera do que se iria passar a seguir.
Segundos depois, foi a vez de chegar um grande e sorridente urso que, apontando para uma árvore, disse:
- Hoje vou contar-vos uma história. Quando nasci, todos os dias vinha brincar com esta árvore e com os outros animais. Ficámos amigos e, um dia ela contou-me a história de todo este jardim.
Atenta, Erica permaneceu calada e sentindo uma grande curiosidade, ouviu:
- No início, existia aqui um grande e profundo lago que, quando os animais bebiam da sua água, acabavam por perder a sua voz. Numa manhã em que o Sol tentava furar as nuvens, apareceu aqui uma linda borboleta de diversas cores que, vendo que os animais não conseguiam fazer os seus sons, decidiu procurar uma solução. Tentando resolver aquele problema, foi falar com a Rainha das Fadas que lhe deu uma poção mágica para pôr na água. Ao fazer isso, o lago estremeceu e para além da sua água ter ficado muito mais clara, toda a sua profundidade desapareceu. A partir daí, muitas plantas cresceram e assim originaram este jardim.
Acompanhando o coelhinho, Erica viu outros animais e sorrindo disse:
- Este jardim é muito bonito.
Ao chegar a um espaço verde decorado com papoilas, Erica viu alguns animais reunidos. Aproximando-se, o seu amigo coelho disse:
- Estamos aqui para conheceres alguns dos animais que aqui moram.
Começando a apresentação, o coelho disse:
- Eu sou o Pompom. Ali estão o gato Riscas e o Max, o nosso cão de guarda. Ao meu lado está o Bolas, o amigo veado e o Pepe, o canguru saltitante. Ao lado das papoilas, está o Nali, o nosso amigo koala. Sempre voando de flor em flor, temos a borboleta Fifi sem esquecer o nosso amigo urso, o Pingas.
Apresentando-se, Erica disse:
- Eu sou a Erica.
Pousando nos seus cabelos, Fifi disse:
- Vem comigo que vou-te mostrar o jardim.
Caminhando entre lindos e radiantes girassóis, Erica observou as mais belas flores e os mais bonitos arbustos. Visitando longos jardins floridos e observando belos lagos, Erica e Fifi regressaram para junto de Cucas, encontrando Pompom e Nali. Deslumbrada com toda aquela beleza, Erica escutava os pássaros cantar e observava as borboletas voar.
Ao chegar perto de uma grande e florida amendoeira, Erica e Fifi viram Nali muito atarefado a semear flores e a regar os jardins. Num momento em que Nali caminhava em direção a um pequeno lago, Pepe aproximou-se e disse:
- Amigo! Nos jardins do lado Sudoeste as flores estão tristes e a chorar.
Ouvindo aquilo, Nali olhou Erica e disse-lhe:
- Se quiseres podes vir fazer-me companhia.
Aceitando a ideia, Erica acompanhou-o e atravessando a zona dos plátanos, seguiram-se inúmeros jardins onde as flores lá existentes estavam murchas e tristonhas. Aproximando-se, Nali perguntou:
- Porque estão tristes?
Com uma voz fininha, um malmequer sussurrou:
- Já à muito tempo que não recebemos água e, por isso estamos quase a secar.
Compreendendo o que as flores estavam a sentir, Erica disse:
- Não podemos deixar que as flores sequem e morram. Temos que as ajudar.
Olhando-a, Nali disse:
- Gostava de ajudar mas, não sei como.
Pensando um pouco, Erica olhou para os jardins e perguntou:
- Onde podemos encontrar água?
Começando a andar, Nali disse:
- Vem comigo que eu vou-te levar até ao Lago Cintilante.
Aproximando-se Pompom decidiu fazer-lhes companhia e assim, começaram a andar. Depois de atravessarem longos campos de flores e de arbustos, Erica olhou para o céu e viu inúmeros pássaros a voar.
Ao fim de mais alguns metros, escondido atrás do junco estava o Lago Cintilante.
Começando a falar, Erica perguntou:
- Lago Cintilante!? Porque estás a deixar as flores secar?
Olhando-a, Cintilante respondeu:
- Todos me usam e não me dão o valor que mereço. Por isso, decidi castigá-los.
Escutando atentamente, Erica disse:
- Percebo o que estás a sentir e por isso, vou ajudar para que tudo volte ao normal.
Regressando para ao pé de Cucas, Erica contou-lhe tudo. Ele, depois de pensar um bocado, Cucas disse:
- Sabes que não posso sair daqui para te ajudar. Tudo o que posso fazer é falar com os amigos pássaros e pedir-lhes ajuda.
Aceitando a ajuda, Erica foi ter com os amigos veados e aproximando-se de Bolas contou-lhe como tinha sido a conversa com Cintilante. Querendo ajudar, Bolas disse:
- Vou falar com todos os meus amigos e vamos ajudar.
Desejosa de ajudar, Erica disse:
- Temos que ser rápidos.
Concordando, Bolas perguntou:
- Como vamos fazer para falar com os outros animais?
Depois de pensar um bocado, Erica disse:
- A melhor solução é fazermos uma reunião com todos os animais e assim contamos-lhes tudo.
Com grande vontade de ajudar, Cucas disse:
- Podemos pedir ao senhor Vento para dizer a todos os animais que vamos fazer esta reunião. Ele que é rápido consegue fazer isso melhor.
Concordando, Erica disse:
- Temos que falar com ele o mais rápido possível.
Enquanto pensavam, Fifi aproximou-se e perguntou:
- Que se passa!? Porque estão tão preocupados?
Contando-lhe tudo o que estava a acontecer, Erica olhou Fifi que agora mostrava umas cores escuras e apagadas. Prontificando-se para ajudar, Fifi disse:
- Vou já falar com o senhor Vento.
Desaparecendo no céu, Fifi voou até ele e depois de contar tudo o que estava a acontecer, regressou para junto dos amigos.
Pouco depois, após algumas rajadas de vento os animais começaram a chegar ao pé de Cucas. Depois de falarem acerca de Cintilante e te tentarem encontrar uma solução para o seu problema, Erica perguntou:
- O que acham de fazermos uma festa e então, mostramos-lhe que vamos começar a respeitá-lo e a ajudá-lo?
Ao ouvirem a ideia, os amigos disseram:
- Vamos!
Iniciando os preparativos Pingas, Nali e Pepe começaram a recolher flores e ervas bem cheirosas. Bolas, Riscas e Pompom prepararam os amigos grilos e cigarras para cantarem, enquanto Max ajudava Erica a ensinar as flores a dançar.
Atarefados com os preparativos os animais sorriam e de repente, o Sol radioso que iluminava o dia, desapareceu.
Erica, olhando para o amigo Sol viu-o muito triste com os seus raios tão apagados que perguntou:
- Porque estás triste?
Sem conseguir sorrir, o Sol respondeu:
- Vocês vão ter uma festa e eu, vou ficar aqui sozinho e triste.
Olhando-o, Erica disse:
- Não vais ficar sozinho e, precisamos de ti para iluminar tudo. Sem a tua luz e o teu calor não podemos viver. És essencial na festa.
Sorrindo, o amigo Sol disse:
- Vou fazer o possível para que seja uma festa maravilhosa.
Enquanto continuavam os preparativos, Fifi que esvoaçava levemente, disse:
- Erica, as minhas amigas flores estão a preparar-nos uma surpresa.
Os preparativos foram continuando e todos os animais estavam felizes e contentes.
Ao fim da tarde quando já estava tudo preparado, os animais começaram a chegar e as flores ofereciam de surpresa, lindas coroas floridas feitas por elas mesmas.
Com os grilos a cantar, as flores a dançar e todos os animais e plantas felizes, a alegria era muita. Enquanto Erica se divertia, o lago Cintilante mostrava a sua alegria com suaves e meigas ondas suaves.
Toda aquela animação parecia não ter fim e a alegria era cada vez maior.
Enquanto observava as flores a dançar, Erica sorria feliz e animada. No momento, em que Max e Pompom brincavam com alguns balões, um rebentou provocando um grande estrondo.
Com esse barulho, Erica viu-se sentada na sua cama. Confusa com tudo aquilo levantou-se e, ao olhar para a sua mesa de cabeceira, viu a noz aberta e completamente vazia.
Preparando-se e indo ter com a mãe, Erica encontrou no centro da mesa uma bonita coroa de flores, igual às utilizadas na festa. Sem conseguir perceber se tudo tinha sido real ou um sonho, Erica decidiu não contar a ninguém e assim, guardar aquele momento só para si.