sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A Boneca da Mariana

         Na rua Cambalhota da aldeia Torcida, numa pequena casa morava Mariana de 9 anos e os pais Clara e Samuel. Mariana com o seu cabelo comprido e com uns bonitos olhos castanhos, adorava cantar e brincar com o seu gato Tomi.
         Numa manhã enquanto ia para casa da avó Felícia, Mariana viu no chão uma boneca e correu até ela. Ao apanhá-la, Mariana viu que estava um pouco danificada mas, mesmo assim decidiu levá-la consigo.
         Durante o caminho, Mariana encontrou as amigas Diana e Joana e disse-lhes:
         - Olhem esta boneca. Encontrei-a á bocado.
         Vendo o estado da boneca, Joana disse:
         - É feia, velha e está estragada.
         Mariana disse:
         - Mas eu gosto dela à mesma.
         Joana disse então:
         - Eu prefiro as minhas barbies.
         Mariana não valorizou os comentários e continuou o percurso para casa da avó.
         Chegando lá, Mariana mostrou a boneca e disse:
         - Encontrei esta boneca caída no chão e apanhei-a.
         Vendo-a com mais atenção, Felícia disse:
         - Ela está a precisar de muitos cuidados e arranjos.
         Rapidamente, Mariana disse:
         - Eu vou arranjá-la e vai ficar a mais bonita de todas as outras.
         Sorrindo, Felícia disse:
         - Tens que a lavar e pentear.
         Concordando, Mariana disse:
         - Sim. E também tenho que lhe arranjar um vestido.
         Então, Felícia perguntou:
         - Queres que te faça um?
         Mariana respondeu:
         - Sim.
         Felícia disse:
         - Então, fica combinado que a tua boneca vai ter um vestido lindíssimo.
         Feliz, Mariana pousou a boneca e começou a preparar o banho que lhe ia dar. Depois de estar tudo pronto, Mariana começou a lavá-la e com muito cuidado desembaraçou o cabelo que assim, conseguiu ficar num tom castanho muito bonito.
         Terminada essa tarefa, Mariana secou a boneca e segundos depois a avó Felícia apareceu e disse:
         - Estou quase a acabar o vestido mas, quero que escolhas os enfeites que lhe posso pôr.
         Pensando um pouco, Mariana disse:
         - Quero que tenha laços, folhos e uma cauda fofinha.
         Sorrindo, Felícia disse:
         - Muito bem. Vai ficar um vestido maravilhoso, digno de uma princesa.
         Mariana sorriu e esperou ansiosa que a avó terminasse o vestido.
         Enquanto isso, Mariana começou a pentear a boneca e com muito carinho e meiguice conseguiu que o cabelo ficasse brilhante e bonito.
Adorando o resultado, Mariana abraçou a boneca e sorrindo disse:
- Vou-te chamar Rita.
Depois de terminar, Mariana sentou-se no sofá com Rita e com Tomi que, feliz se deitou em cima de uma almofada cor-de-rosa. 
Enquanto esperava pelo vestido, Mariana tentava imaginá-lo e no seu pensamento criava vestidos lindíssimos.
Algum tempo depois, a avó Felícia regressou á sala trazendo nas mãos uma caixa e disse:
- Aqui está o vestido que vai tornar a tua boneca uma princesa.
Rapidamente, Mariana disse:
- A boneca chama-se Rita. A princesa Rita.
Sorrindo, Felícia disse:
- Rita é mesmo um nome de princesa. Escolheste muito bem.
Feliz, Mariana abriu a caixa e cuidadosamente retirou o vestido e ao olhá-lo, viu que era muito bonito e delicado.
Sem pensar muito, Mariana começou a vestir Rita que ficou muito bonita.
Terminada essa tarefa, Mariana olhou para a avó e esta, sorrindo entregou-lhe uma outra caixinha. Abrindo-a, Mariana viu que estavam lá dentro lacinhos e uns sapatinhos também cor-de-rosa.
         Vendo a felicidade da neta, Felícia disse:
         - Para a Rita ficar mesmo uma princesa, aqui está o que falta.
         Abraçando a avó, Mariana disse:
         - Obrigado, avó.
         Depois de enfeitar e calçar Rita, Mariana ficou ainda mais feliz por ver a quão bonita a boneca estava agora.
         Os dias foram passando e, numa manhã em que Mariana brincava com Rita no parque da praça Circular, Diana e Joana apareceram e aproximaram-se.
         Ao verem a boneca tão bonita, perguntaram:
         - Onde conseguiste uma boneca tão linda?
         Mariana respondeu:
         - Esta princesa é a boneca feia que eu tinha no outro dia.
         Surpresa, Joana exclamou:
         - Não é possível!
         Sorrindo, Mariana disse:
         - É sim. Depois de algum tempo e alguns arranjos, ela está muito diferente do que era antes.

         Depois de brincarem um pouco, todas se divertiram e perceberam que a vontade e o carinho conseguem transformar tudo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Princesa Carlota

No alto do monte Fugido, existia o castelo Florido que, com as suas altas torres parecia tocar o céu.
         Lá, morava o rei Zerpelino, a rainha Georgina e a princesa Carlota que adorava sentar-se na beira do lago Azul e ver os peixinhos que pareciam dançar.
         Numa tarde de Outono enquanto brincava com o seu gato Pipas, Carlota olhou para os seus pés e viu que os dedos tinham formas esquisitas e estavam cheios de borbulhas. Triste, disse:
         - Os meus pés são horríveis. Parecem dois lagartos velhos cheios de escamas e marcas.
         Ao acabar de dizer isto, Carlota olhou novamente para os pés e disse:
         - Parecem os dedos das bruxas.
         Abraçada a Pipas, Carlota pensava numa solução para o seu problema e viu um fumo esquisito no meio da floresta.
         Subindo até á torre de vigia, viu a casa de onde o fumo saia e estranhando nunca a ter visto, foi ter com a mãe e perguntou-lhe:
         - Mãe!? Quem mora na casa da floresta?
         Georgina respondeu:
         - Nessa casa mora a bruxa Gabriela e o seu ajudante Supimpas.
         Sem pensar duas vezes, Carlota saiu a correr e foi para a floresta decidida a falar com Gabriela.
         Ao chegar perto da casa, Carlota viu várias vassouras e também alguns chapéus pontiagudos pendurados num cordel.
         Abraçada a Pipas, Carlota sentia uma mistura de curiosidade e medo mas, decidiu não desistir e cautelosa, tocou á campainha. Pouco depois, a porta abriu-se e Carlota viu um anão que vestia umas roupas muito coloridas e brilhantes. Este, ao vê-la perguntou:
         - Quem és tu e o que queres?
         Carlota respondeu:
         - Eu sou a princesa Carlota e queria falar com a bruxa Gabriela.
         Rapidamente, Supimpas perguntou:
         - Mas, que queres falar?
         Carlota respondeu:
         - Quero perguntar se tem alguma poção que me faça ter uns pés bonitos.
         Compreensivo, Supimpas disse:
         - Eu vou falar com ela e pergunto-lhe.
         A correr, Supimpas afastou-se e alguns minutos depois regressou dizendo:
         - A Gabriela diz que tem a solução. Anda comigo.
         Sentindo um arrepio, Carlota foi atrás de Supimpas e por fim, chegaram ao pé de Gabriela que, com um vestido negro agitava alguns frascos e dizia:
         - Catati, catatá fica pronta já.
Interrompendo-a, Supimpas disse:
         - Está aqui a Carlota.
         Pousando os frascos, Gabriela disse:
         - Vou fazer-te uma poção que vai tornar os teus pés mais bonitos do que os da Cinderela.
         Depois de pegar em alguns pós, Gabriela começou a preparar a poção.
         - Ratati, Ratatá
           Rinhonhi, Rinhonhela
           Que os pés da princesa Carlota
           Fiquem melhores que os da Cinderela.
         Acabadas as palavras, uma grande nuvem de pós envolveu os pés de Carlota e ela começou a sentir um calor esquisito.
         Quando a nuvem desapareceu, Carlota olhou para os pés e viu que estavam iguais.
         Triste, perguntou:
         - Porque é que estão iguais?
         Gabriela explicou:
         - A magia demora a fazer efeito e, só amanhã é que eles ficam bem.
         Acreditando na explicação, Carlota despediu-se e disse:
         - Até amanhã. Vou-me embora esperar que a magia resulte.
         Ao regressar ao castelo, Carlota não contou a ninguém o que tinha feito e ansiosa esperava que a magia acontecesse.
         No dia seguinte ao acordar, Carlota olhou logo para os seus pés e viu que estavam iguais. Triste, olhou para Pipas e disse:
         - Está tudo igual. Continuo com os pés horríveis.
         Não conseguindo evitar o choro, Carlota sentia-se horrível e só tinha vontade de desaparecer. Abraçada a Pipas, Carlota foi para o jardim e continuando a chorar, sentou-se a observar as flores.
         Alguns minutos depois, apareceu uma nuvem brilhante que pousou na margem do repuxo. Ao olhá-la mais atentamente, Carlota viu surgir uma fada ainda mais brilhante e com um lindo vestido cor de rosa.
         Sem conseguir falar, Carlota ouviu a fada dizer:
         - Não chores.
Carlota disse:
- Choro porque tenho os pés mais feios de sempre.
A fada disse:
- Eu sou a fada Aliane e vou-te ajudar.
Rapidamente, Carlota disse:
- Ninguém me pode ajudar. Já fui à bruxa Gabriela mas, nem ela conseguiu que eles ficassem bem.
Interrompendo-a, Aliane disse:
- Vai ter comigo á estátua redonda e vou-te provar que consigo o que desejas.
No momento em que Carlota se preparava para fazer mais uma pergunta, Aliane disse:
- Espero lá por ti.
Confusa com o que tinha acontecido, Carlota pegou em Pipas e foi até á beira da estátua redonda. Lá, começou a surgir uma luz muito brilhante e segundos depois apareceu a Aliane que disse:
- Já está tudo preparado.
Nesse momento, apareceram várias borboletas que rodearam Carlota e então, Aliane disse:
- Patati, pataté. Rinhonhi, rinhonhés. Transforma estes pés.
Rapidamente, Carlota sentiu um frio gelado nos pés e, num piscar de olhos as borboletas desapareceram. Ao olhar para os pés, Carlota viu-os bonitos e brilhantes sem qualquer marca do que eram antes.
Sorrindo, Carlota olhou para a estátua redonda e, onde estava Aliane, estava agora uma bonita coroa de flores.

Pegando-lhe, Carlota colocou-a na cabeça e a partir desse dia, esqueceu a tristeza e tudo a deixava feliz e contente.