sexta-feira, 10 de abril de 2015

O Canto Da Sereia

   Felizes e divertidas, as irmãs Miriam e Íris de 9 e 10 anos adoravam brincar e imitar as cozinheiras.
   Numa manhã, enquanto apanhavam ervas e flores para os seus cozinhados, a mãe Laura disse:
   - Filhas, vamos ter umas obras cá em casa e por isso, temos que ir uns dias para casa da avó Perpétua.
   - Que bom! Vamos poder correr na praia e apanhar muitas conchas – disse Íris.
   - E podemos ir para o parque andar nos baloiços – disse Miriam.
   Já no quarto, as irmãs escolheram algumas bonecas para levarem e, já com tudo pronto foram para a sala ver televisão.
   - Filhas. Vamos para o carro que já estamos atrasadas – disse Laura minutos mais tarde.
   Ao longo do caminho, as irmãs só conseguiam pensar em como iria ser divertido a estadia em casa da avó.
   - Já sinto o cheiro a mar. Estamos quase – disse Íris.
   Pouco depois chegaram a casa da avó e felizes, correram a abraçá-la.
   - Onde está o avô? – perguntou Miriam.
   - O avô foi à cidade, comprar algumas coisas cá para casa. Vai ter uma surpresa quando vos vir – respondeu Perpétua.
   Depois de mais algumas perguntas, as irmãs foram para o quarto onde iam dormir e aproximaram-se da janela. De lá, viram a praia que com a sua areia cintilante parecia brilhar.
   À noite, enquanto tentavam adormecer, começaram a ouvir um barulho estranho.
   - Parece um barulho de fantasmas – disse Íris.
   - Ou de bebés a chorar – disse Miriam.
   Algum tempo depois, adormeceram e esqueceram o assunto.
   Na manhã seguinte, durante o pequeno almoço, Íris recordou o som que tinham ouvido e começou a pensar.
   - Que se passa? – perguntou Perpétua vendo-a tão pensativa.
   - Durante a noite, ouvimos um barulho esquisito – respondeu Miriam.
   - Pareciam bebés a chorar – disse Íris.
   - À algum tempo, esse barulho aparece todas as noites. Ninguém sabe o que é, nem quem o provoca. Algumas pessoas dizem que são as ondas do mar mas outras, dizem que são as sereias – explicou Perpétua.
   À tarde, as irmãs foram até à praia e enquanto apanhavam conchas, Miriam olhou para umas rochas que formavam uma espécie de esconderijo e, viu lá uma sereia.
   Maravilhadas, as irmãs aproximaram-se e viram como ela era bonita, com o cabelo ruivo enfeitado por várias conchas e um sorriso lindo.
   - Olá – disse Íris.
   - Olá – respondeu a sereia.
   - Sou a Miriam e ela é a minha irmã Íris – apresentou-se Miriam.
   - Eu sou a Ariana – apresentou-se a sereia.
   - Pensava que as sereias só existiam nos filmes – disse Íris.
   - As sereias não gostam de ser vistas e é por isso que as pessoas pensam que não somos verdadeiras – explicou Ariana.
   - Mas, as sereias não vivem só na água? – perguntou Miriam.
   - Sim. Mas, ás vezes também viemos à tona – respondeu Ariana.
   - Ser sereia deve ser muito bom – disse Íris.
   - Ser sereia é bom mas, eu gostava era de ver o vosso mundo – disse Ariana.
   - Isso é impossível – disse Miriam.
   - Pois é – concordou Ariana.
   - Já sei como te posso mostrar algumas coisas do mundo – disse Íris.
   - Como!? – perguntou Ariana.
   - Vou trazer uns jornais e umas revistas para veres – respondeu Íris.
   Depois da despedida, as irmãs regressaram a casa e lá, reuniram alguns jornais e revistas.
   No dia seguinte, voltaram ás rochas e viram Ariana que as esperava ansiosa.
   - Olá Ariana. Trouxemos uns jornais e umas revistas para te mostrar como é o mundo onde vivemos.
   - Obrigado – agradeceu Ariana.
   Enquanto olhava para os jornais, Ariana viu diversas notícias acerca das florestas e uma, despertou-lhe muita atenção.
   A notícia informava que num outro pais, várias pessoas estavam a sofrer com a poluição química e os seus efeitos eram horríveis.
   - Porque é que isto acontece? – perguntou Ariana.
   - Muitas pessoas só gostam de destruir e de magoar as outras – respondeu Miriam.
   - Ás vezes, chegam aos oceanos coisas esquisitas. À uns tempos, encontrei uma embalagem que tinha um creme gordurento e era muito mal cheiroso. Outra vez, uns peixes entraram numa garrafa e ficaram lá presos dentro – contou Ariana.
   - Nós também temos muita poluição e muitas outras coisas más. Tu, podes nadar livremente e não tens que ter medo de ninguém – disse Íris.
   - Agora já percebi que afinal, o vosso mundo não é tão bom como eu pensava – disse Ariana.
   - Temos coisas boas e coisas más – disse Miriam.
   - Vou regressar para o oceano e aproveitar tudo o que ele tem de bom e de bonito.
   A partir desse dia Miriam e Íris quando visitavam a avó, iam á praia ás rochas e lá, partilhavam histórias e momentos bonitos com Ariana que, agora cantava feliz.


quinta-feira, 2 de abril de 2015

As Gémeas E O Duende

       Com o inicio de mais um dia, as gémeas Núria e Nádia de 9 anos brincavam felizes com as suas bonecas. Enquanto as penteavam, a mãe Cremilde aproximou-se e disse:
        - Filhas. A mãe da Jéssica ligou a convidar-vos para irem fazer um piquenique com a filha no parque Escarlate.
        Felizes, as gémeas responderam:
        - Claro que vamos.
Então, Cremilde foi à cozinha e minutos depois regressou com um bolo de chocolate, decorado com coloridas pintarolas e bonitos lacinhos de chocolate branco.
Algum tempo depois, as irmãs foram para o parque e viram lá, os amigos Daniela, Pedro, Leonor, Rafael e Jéssica que, riam felizes.
Já junto dos amigos, Núria e Nádia divertiram-se com algumas piadas e brincadeiras e, minutos depois viram perto de um arbusto flores muito bonitas. Então, decididas a apanhar algumas, aproximaram-se e enquanto as observavam melhor, sentiram uma aragem que agitou os malmequeres.
Quando se preparavam para regressar para junto dos amigos, viram caído no chão um bonito e brilhante laço vermelho que apanharam, pensando que fosse de algum amigo.
De regresso a junto dos amigos, Núria mostrou o laço e perguntou:
- Este laço é vosso?
Todos responderam:
- Não.
Terminado o piquenique, as gémeas regressaram a casa e no quarto, ficaram a observar o laço. Então, Nádia disse:
- O laço é muito bonito. Parece que tem um brilho mágico como os das histórias de fadas.
Durante a noite, o laço brilhava como uma estrela o que, deixou as irmãs cheias de curiosidade e de vontade de perceber qual a causa para ele ser assim.
Dias depois, Núria disse:
- Vamos ao local onde encontrámos o laço. Pode ser que lá esteja mais alguma coisa.
Já no parque Escarlate, Núria e Nádia foram ao local onde tinham apanhado as flores e lá, viram um duende ocupado a remexer no arbustos e a dizer:
- Onde é que estará. Já procurei em todo o lado e tenho quase a certeza de que o perdi aqui no parque.
Lembrando-se do laço que tinham encontrado, Núria disse:
- No dia do piquenique, encontrámos no chão um laço vermelho.
Rapidamente, Nádia disse:
- Sim. E o laço está sempre a brilhar como uma estrela.
Interrompendo, o duende disse:
- É o meu laço.
Então, Nádia perguntou:
- Como te chamas?
O duende respondeu:
- Sou o Orelhudo. O duende do parque.
Núria disse:
- Nós somos as gémeas Núria e Nádia.
Percebendo a felicidade do duende, Núria disse:
- Amanhã trazemo-lo para te entregar.
Sorrindo de felicidade, o duende disse:
- Vai ser muito bom. Eu e o laço somos muito amigos.
No dia seguinte logo de manhãzinha, as irmãs pegaram no laço e viram que ele estava com uma cor mais apagada e triste.
A correr, as irmãs chegaram ao local combinado e Orelhudo já as esperava. Ao vê-las com o seu laço, disse:
- Que bom. Estava cheio de medo de o ter perdido para sempre.
No momento em que Orelhudo pegou no laço, este voltou a ter a sua cor viva e brilhante. Então, ele disse:
- Obrigado. Para vos agradecer, convido a irem comigo visitar o meu mundo.
Sorrindo, as irmãs disseram:
- Está bem.
Rapidamente, uma nuvem envolveu todos e, transportou-os para um outro jardim onde vários duendes cantavam:
“Com orelhas longas e curtas, todos temos que viver.
Redondas e pontiagudas o importante é entender.”
Terminada a música, Orelhudo aproximou-se dos outros duendes e apresentou-os:
- Estes são os meus amigos. O Orelhinhas, o Orelhão, a Orelhacas e a Orelhitas.
Então, Orelhacas perguntou:
- E as tuas amigas, como se chamam?
Cada uma se apresentou:
- Eu sou a Nádia.
- E eu a Núria.
Orelhão olhou para as gémeas e perguntou:
- Como é que conseguem ser iguais?
Núria respondeu:
- Nós já nascemos iguais. Por isso, somos irmãs gémeas.
Sorrindo, Orelhitas disse:
- Que engraçado. Nunca pensei que isso fosse possível.
Orelhudo disse:
- O mundo é cheio de diferenças e a mãe natureza é que cria tudo. Nós, somos diferentes das outras pessoas por causa das orelhas mas, não podemos mudar isso.
Nádia disse:
- Nós, ao inicio não gostávamos de ser gémeas mas, depois percebemos que até é engraçado.
Núria disse:
- Ás vezes as pessoas confundem-nos.
Então, Orelhudo disse:
- Temos que aprender que, somos Todos Diferentes, Todos Iguais.
Nesse instante, surgiu a nuvem e transportou as irmãs para casa.

A partir desse dia, em todos os momentos livres, as gémeas iam ao parque e lá conversavam com Orelhudo e ouviam histórias fantásticas.