quinta-feira, 16 de maio de 2013

Igualdade


 

Numa antiga casa da aldeia Pula Pula, morava um menino chamado Miguel, os pais e o seu cão Fifas.

Com 6 anos, Miguel não tinha amigos e os seus tempos livres eram passados a brincar com barcos de papel e com as caricas que encontrava na rua.

Uma tarde em que brincava com as caricas, a mãe disse-lhe:

- Miguel, amanhã é o teu primeiro dia de escola. Vem para dentro arranjar as coisas.

Miguel guardou um lápis, uma borracha, uma caneta e um caderno num pequeno saco de plástico e, ansioso esperou pelo próximo dia.

No dia seguinte, Miguel Chegou à escola e envergonhado observou todos os outros meninos e meninas que vaidosos, mostravam as suas mochilas.

Sentindo-se envergonhado por não ter uma mochila, Miguel sentou-se numa mesa ao fundo da sala e ficou calado a olhar para o professor que se apresentou:

- O meu nome é Serafim e vou ser o vosso professor. Espero que aprendam muito e que sejam bem comportados. Como hoje é o primeiro dia, vão apresentar-se uns aos outros.

Um bocado envergonhados, os alunos foram-se apresentando até que chegou a vez de Miguel.

- Eu sou o Miguel e tenho 6 anos.

Acabadas as apresentações, todos os meninos foram para as suas casas prontos para o que iria acontecer.

Na manhã seguinte, Miguel foi para o seu lugar e atento, ouviu tudo o que o professor ensinava. No intervalo, enquanto os colegas lanchavam e brincavam, Miguel comia o seu pão encostado a um canto.

Os dias foram passando e continuava tudo igual. Sozinho no seu canto, Miguel via os colegas jogarem à bola e fazerem outras brincadeiras.

Uma tarde, quando chegava da escola, Miguel vinha muito triste. Preocupada, a mãe perguntou-lhe:

- Que aconteceu!? Porque vens a chorar!?

Miguel respondeu:

- Na escola, ninguém brinca comigo. Estou sempre sozinho num canto e só o professor é que fala para mim.

Abraçando o filho, Marta disse-lhe:

- Vais ver que, daqui a uns tempos vão ser tantos amigos que nem vais poder brincar com todos.

No dia seguinte durante o intervalo, Miguel estava sossegado no seu canto quando viu o seu colega Pedro cair. Depois de os pais o irem buscar, o dia de escola correu como o habitual.

Dois meses depois, Pedro regressou à escola numa cadeira de rodas e Miguel aproximou-se dele. Conversaram um bocado e depois regressaram ás aulas.

Nos dias que se seguiram, Miguel e Pedro ficaram amigos e companheiros de brincadeiras.

Numa tarde em que esperavam pelo transporte, o professor Serafim recebeu um telefonema da mãe de Pedro, a avisar que ia chegar um bocado mais tarde. Depois de contar a Pedro que a mãe se ia atrasar, Miguel disse:

- Eu fico contigo à espera.

Adorando a ação de Miguel, o professor disse:

- Em certos momentos é que percebemos quem são mesmo os nossos amigos.

Na manhã seguinte, Miguel esteve sempre perto de Pedro e, durante o intervalo os colegas Bruno e David também foram brincar com eles.

Alguns dias mais tarde, a amizade entre todos era grande e, companheiros partilhavam todos os momentos, mostrando que todos merecemos um amigo.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Clube de Dança


                 Com oito anos, Liliana é uma menina que adora música e que gosta muito de dançar.

                 Num tarde em que estava a acabar os trabalhos da escola, o pai Vítor aproximou-se e disse:

                 - Quando acabares os TPC’s, vai à sala.

                 Liliana acabou os trabalhos e, sem saber o que ia acontecer foi ter com o pai à sala. Sentado no sofá, Vítor lia o jornal e fazia festas ao gato. Ao ver a filha, disse-lhe:

                 - Ontem, estive a falar com a tua mãe e como sabemos que gostas muito de dançar, decidimos inscrever-te numa academia de dança.

                 Feliz, Liliana disse:

                 - Que bom! Vou adorar!

                 A mãe Matilde disse:

                 - Amanhã vamos lá conhecer o professor.

                 No dia seguinte, Matilde e Vítor levaram a filha à academia, onde foi muito bem recebida. Enquanto via as outras meninas e alguns meninos, o professor aproximou-se e falou:

                 - Olá meninos e meninas! O meu nome é Rafael e vou ser o vosso novo professor.

                 Todos se apresentaram e pouco tempo depois, Liliana já estava ansiosa pela primeira aula de dança. Quando Rafael ligou a música, disse:

                 - Vamos começar por ouvir a 9ªSinfonia de Beethoven e, aos pares vamos dançar.

                 Liliana e uma colega começaram a dançar mas, apesar de todo o esforço a concentração era impossível. Com o final da música, seguiu-se a 5ªSinfonia de Beethoven e tudo continuou igual. Depois de as repetirem algumas vezes, a aula terminou e Liliana regressou a casa.

                 Enquanto pensava no que tinha acontecido durante o dia, Matilde aproximou-se e perguntou:

                 - Então filha!? Como foi a primeira aula?

                 Triste, Liliana respondeu:

                 - Correu bem.

                 Percebendo que a filha não estava a dizer a verdade, Matilde disse:

                 - Não é isso que parece. Estás tão triste e calada.

                 Não conseguindo esconder mais o que sentia, disse:

                 - Eu não gosto de dançar aquelas músicas.

                 Espantada, a mãe perguntou:

                 - Mas porque não gostas?

                 Liliana respondeu:

                 - Aquelas músicas são esquisitas e a dança é aos pares.

                 Olhando para a filha, Matilde perguntou:

                 - Queres sair de lá?

                 Liliana respondeu:

                 - Quero.

 Entretanto, Vítor chegou a casa e percebendo que se estava a passar alguma coisa, foi para a cozinha falar com Matilde.

                 - Que se passa?

                 Matilde respondeu:

                 - A nossa filha não gosta das danças da academia. Diz que são muito esquisitas e que não gosta de dançar aos pares.

                 Vítor disse:

                 - Ela deve gostar mais de dançar aquele estilo, o hip hop. Se calhar, temos que ir procurar um sítio onde dancem dessa maneira.

                 Matilde disse:

                 - Vou à internet ver o que encontro.

                 No dia seguinte, enquanto tomavam o pequeno-almoço, Matilde disse:

                 - Hoje à tarde, vou ver se encontro outro sitio onde haja dança.

                 Durante o dia, Liliana esteve sempre muito ansiosa e à tarde, quando regressou a casa foi ao pé da mãe e perguntou:

                 - Então, mãe!? Encontraste alguma coisa?

                 Matilde respondeu:

                 - Encontrei. Na vila, há o clube Corpo Dançante onde dançam hip hop, sapateado e flamenco. Já telefonei para lá e ficou combinado que amanhã à tarde vamos lá conhecer o sítio.

                 Liliana disse:

                 - Espero que seja dança da que eu gosto.

                 No dia seguinte, Matilde levou a filha a conhecer o clube e Liliana estava muito ansiosa. Ao chegarem ao local, entraram e foram recebidas pela professora que começou a apresentar o clube.

                 - Eu sou a Joana e vou ser a vossa professora de hip hop e de sapateado. Às 2ª, 5ªfeiras, e em alguns sábados temos o hip hop. Ás 3ª e 4ªfeiras temos o sapateado e ás 6ªfeiras vem cá o professor Filipe ensinar o flamenco.

                 Liliana disse:

                 - Que bom.

                 Joana olhou para Liliana e disse:

                 - Naquele salão, estão outras meninas que vão ser vossas colegas. Vamos lá, saber o que querem dançar.

                 Liliana acompanhou a professora até à sala e viu lá muitas colegas à espera de começarem a dançar. Joana olhou para todas e perguntou:

                 - Querem dançar flamenco ou hip hop?

                 Rapidamente, as meninas responderam:

                 - Hip hop!

                 Joana disse:

                 - Estou a ver que todas gostam de hip hop e, têm muito bom gosto.

                 Já com a aparelhagem ligada, todas as meninas começaram a dançar. No fim da música, Joana disse:

                 - Agora que já fizemos dança livre, vamos ensaiar uma coreografia para a música Mamma Mia dos Abba.

                 Depois de ensaiarem algumas vezes, a aula terminou e Liliana regressou feliz a casa. Lá, a mãe perguntou-lhe:

                 - Então!? O que achaste da aula?

                 Liliana respondeu:

                 - Adorei! A professora é boa e as outras meninas são muito simpáticas.

                 Matilde perguntou:

                 - E como são as danças?

                 Liliana sorriu e disse:

                 - As danças são óptimas. Em primeiro, dançámos uma música como quisemos e depois estivemos a ensaiar uma coreografia para a canção Mamma Mia. Foi muito giro e bonito.

                 Feliz por ver a filha contente, Matilde disse:

                 - Daqui a uns tempos vais ficar a ser uma boa bailarina.

                 Algumas aulas depois, Joana disse:

                 - Ontem recebemos um convite que vão adorar. Como vão fazer uma festa cá na vila, convidaram-nos para lá irmos mostrar algumas danças. Esta atuação, pode ser um grande passo para o clube e para vocês bailarinas. Espero que possam ir.

                 Depois de distribuir um papel com a informação e o pedido de autorização para a festa, Liliana regressou a casa preparada para contar tudo à mãe.

                 Lá, depois de entregar a papel, disse:

                 - Gostava muito de ir.

                 Ao ver o olhar da filha, Matilde disse:

                 - Claro que vais. E depois, eu e o teu pai queremos ir ver. Não podemos perder o primeiro espectáculo que vais fazer.

                 Alegre com tudo o que estava a viver, Liliana esperou ansiosa o dia da festa.

                 Nesse dia, reunida com as outras bailarinas, Joana fez uma atuação excelente e viveu um dia de alegria e de muita felicidade.

 

 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A costureira


 




A Costureira




 

            Numa tarde de primavera, as amigas Inês e Miriam de oito anos passeavam pelo parque Preguiça, espantados com tanta beleza.

            No caminho de regresso, as amigas passaram pela praça Codorniz e ao olharem para uma casa antiga, viram alguns vestidos atrás de uma janela. Curiosas, foram até lá e espreitaram para dentro da casa.

            Lá, viram uma senhora sentada ao pé de uma máquina de costura e muitos tecidos espalhados pelo chão. Com uma grande vontade de visitar tudo aquilo, Inês disse:

            - Podíamos lá ir e pedir para ver os vestidos.

            Miriam olhou para a amiga e disse:

            - Será que a senhora não se importa? Os vestidos parecem de princesas.

            Sem esperar mais, Inês bateu à porta e alguns segundos depois a senhora abriu-a e disse:

            - Olá!

            Inês respondeu:

            - Olá!

            Envergonhada, Miriam disse:

            - Estávamos a passar aqui e vimos que, ao pé da janela estão uns vestidos muito bonitos.

            A senhora sorriu e disse:

            - Eu sou a costureira Cremilde e aqueles são os vestidos que faço. Entrem e venham vê-los!

            Felizes pelo convite, Inês e Miriam entraram e viram vestidos parecidos com os de princesa.

            No dia seguinte, as amigas foram novamente a casa de Cremilde que, andava muito inquieta a procurar uns botões cor-de-rosa. Querendo ajudar, Miriam disse:

            - Vamos procurar também.

            Depois de procurarem em vários sítios, Inês disse:

            - Miriam! Vamos ver debaixo destes tecidos.

            Começaram a levantá-los e ao verem um baú, Miriam disse:

            - Não estarão aqui dentro!? Se calhar estão cá guardados.

            Vendo que as amigas talvez tivessem razão, Cremilde disse:

            - Podem abri-lo.

            Miriam e Inês abriram-na e espantadas, viram lá dentro frascos cheios de uns pós de várias cores. Curiosas, perguntaram:

            - Que pós são estes!?

            Cremilde respondeu:

            - Estes pós são aquilo que faz os vestidos tão brilhantes e bonitos. São pós mágicos.

            Depois de algum tempo, Miriam disse:

            - Estão aqui uns botões cor-de-rosa.

            Vendo-os, Cremilde disse:

            - Eram mesmo estes que andava à procura. Pensei que eles tinham mesmo desaparecido e que não podia acabar o vestido da bebé.

            Outro dia, enquanto as amigas ajudavam Cremilde a medir um tecido, uma menina com um vestido muito sujo e roto passou na rua e ficou quase hipnotizada a olhar os vestidos. Inês viu-a e disse para Cremilde:

            -Aquela menina tem as roupas tão estragadas.

            Bondosa, Cremilde disse:

            - Chamem-na. Pode ser que lhe arranje um vestido melhor.

            Miriam e Inês chamaram-na e mesmo envergonhada, a menina entrou.

Cremilde aproximou-se e disse:

            - Olá!

            Com uma voz muito baixa, a menina disse:

            - Olá.

            Miriam perguntou-lhe:

            - Como te chamas?

            Ainda envergonhada, a menina respondeu:

            - Eu sou a Tânia.

            Inês perguntou:

            - Quantos anos tens?

            Tânia respondeu:

            - Tenho oito.

            Sorrindo, Miriam disse:

            - Eu sou a Miriam e também tenho oito anos.

            Inês disse:

            - E eu sou a Inês e também tenho oito anos.

            Cremilde tirou um vestido cor-de-rosa de um cabide e levou-o à máquina de costura. Lá, fez alguns ajustes e cozeu um lindo e brilhante laço.

            Enquanto isso, Miriam, Inês e Tânia viam as outras roupas.

            Quando Cremilde acabou de preparar o vestido, chamou Tânia e disse-lhe:

            - Tânia, veste este vestido e diz se gostas.

            Tânia experimentou o vestido e, ao ver-se ao espelho disse:

            - Que bonito!

            Miriam disse:

            - Pareces uma princesa.

            Inês aproximou-se e disse:

            - Uma princesa de encantar.

            Sorrindo, Tânia só conseguiu dizer:

            - Obrigado!

            Feliz por ver Tânia contente, Cremilde olhou para Miriam e para Inês e disse:

            - Venham comigo! Também tenho ali uns vestidos que vos vão transformar numas princesas.

            Contentes, as amigas seguiram-na e numa grande sala, viram muitas roupas bonitas. Depois de vestirem os vestidos, as amigas ficaram ainda mais felizes.

            A partir daí, Miriam e Inês ficaram amigas de Tânia e, sempre que podiam iam visitar Cremilde, ajudando-a a criar vestidos ainda mais fascinantes.

           

sábado, 4 de maio de 2013

O Concurso de Pizzas



Atarefados com a preparação do concurso de pizzas, todos os habitantes da vila Murteiro tentavam ajudar. Enquanto uns enfeitavam a vila, outros preparavam e organizavam o pavilhão onde ia ser o concurso.

Ao passarem perto de toda aquela confusão, os amigos Ruben, Mariana, Sofia e Diogo aproximaram--se. Ao verem o anúncio do concurso, Mariana disse:

- Gostava de participar.

Diogo disse:

- Eu também gostava.

Sorrindo, Sofia disse:

- Podíamos lá ir e ver se podemos participar.

Gostando da ideia, Ruben disse:

- Vamos!

Nas inscrições, Mariana perguntou:

- Eu e os meus amigos podemos participar?

Olhando para os amigos, o senhor das inscrições disse:

- Apesar de ainda serem muito novos, o concurso não diz qual a idade necessária para participar, por isso podem.

Depois de preencherem a inscrição, os amigos sentaram-se no jardim a pensar no que teriam que fazer. Alguns segundos depois, Diogo disse:

- Lembrei-me agora que não sabemos fazer as pizzas, por isso temos que ir arranjar a receita.

Na biblioteca, os amigos começaram a folhear os livros de culinária e, depois de algum tempo encontraram a receita. Copiaram-na e felizes foram para casa de Joana.

Lá, depois de verem quais os ingredientes necessários, foram às compras com a mãe da Joana.~

De regresso a casa, os amigos seguiram os passos da receita e cozinharam uma bonita e deliciosa pizza.

No dia do concurso, os amigos chegaram ao pavilhão do concurso e viram muitos participantes dispostos a ganhar.

Equipados com avental e touca, os amigos foram para uma bancada e começaram por pôr as mãos à obra.

Enquanto Ruben e Mariana preparavam a massa da base, Sofia e Diogo cortavam e preparavam os outros ingredientes. Depois de barrarem a massa com polpa de tomate, Sofia começou a cortar bocados de presunto e de chouriço em forma de flores. De seguida, os amigos levaram a pizza ao forno e ansiosos, esperaram que ficasse pronta.

45 minutos depois, tiraram-na do forno e colocaram-na em cima da bancada, ao lado de algumas dos outros participantes.

Algum tempo depois, os júris começaram a ver e a provar as pizzas. Quando chegaram à dos amigos, provaram-na e fizeram expressões de contentamento.

Depois de conversarem um bocado, os júris regressaram ao local onde estavam os participantes e um deles disse:

- Depois de provarmos e analisarmos cada uma das pizzas, já decidimos qual é a vencedora.

Outro membro do júri disse:

- Analisando a preparação e a originalidade, decidimos que a vencedora é a pizza dos amigos Ruben, Mariana, Sofia e Diogo.

Felizes por terem vencido o concurso, os amigos agradeceram o prémio e entusiasmados, festejaram alegremente a vitória.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Mendigo Amigo


Na rua Pompom da aldeia Piririca, encostado a um velho muro de pedra estava o mendigo Pepe a olhar para as pessoas que passavam na rua.

Pepe era um homem que raramente se aproximava das outras pessoas e a sua única companhia era o cão Rufas.

Uma tarde, enquanto fazia festas a Rufas, Pepe viu os três amigos Gonçalo, Tiago e André a brincar nos baloiços. Gostando das crianças, aproximou-se e continuou a observá-las.

Alguns minutos depois, as crianças viram-no e sorriram. Sentindo que já lhes tinha mostrado que era amigo, Pepe aproximou-se um pouco mais e disse:

- Olá meninos!

Os amigos responderam:

- Olá!

Pepe sorriu e disse:

- Que bom que não têm medo de mim. São os únicos, porque as outras pessoas nem me dizem um olá. Eu sou o Pepe e moro neste jardim.

Espantado, Gonçalo apresentou-se e perguntou:

- Eu sou o Gonçalo. Como é que mora no jardim!?

Explicando a sua história, Pepe contou:

- Quando era pequeno, andava sempre a ajudar nas terras e por isso não andei na escola. Comecei a trabalhar muito cedo e era muito difícil. Quando fiquei sem pais, tive que vir viver para as ruas pedir esmolas.

Querendo saber mais, Tiago perguntou:

- Mas, como dorme na rua?

Pepe explicou:

- Nas noites de calor, durmo ou na relva ou nos bancos do jardim e quando chove, vou dormir para a cabana velha que está ao pé dos pescadores.

André perguntou:

- Não tem medo?

Pepe respondeu:

- Já perdi o medo.

Rindo, Gonçalo perguntou:

- Como é que se perde o medo?

Pepe explicou:

- Quando crescemos e vivemos muitas coisas, deixamos de ter medos e por isso, dizemos que o perdemos. Eu, como já tenho alguns anos, não tenho medo de quase nada.

Sorrindo, Tiago disse:

- Eu também gostava de não ter medos.

Olhando para os meninos, Pepe disse:

- Vamos para ao pé do lago que, vou-vos contar umas coisas.

Sentados na beira do lago, Pepe começou a falar:

- Uma vez, estava ao pé da estufa aberta e chegaram lá umas pessoas com uns penteados despenteados e com umas roupas muito esquisitas. Quando estavam a sair, ouvi-os dizer que nunca tinham visto frutos assim.

Rindo, Gonçalo disse:

- Na estufa não há frutos!

Pepe disse:

- Pois não. Mas eles viram as flores e pensaram que eram frutos.

Os amigos riram-se e Pepe disse:

- Há pessoas que não sabem distinguir flores e frutos. Outra vez, veio cá um homem que começou a cortar flores porque, a mulher fazia anos e ele não tinha dinheiro para lhe comprar uma prenda. O problema, foi que o segurança viu e obrigou-o a semear e cuidar do jardim até nascerem outras flores. Mas, o pior foi uma vez que um menino caiu ao lago e os patos não o largavam.

André disse:

- Pensava que o jardim era mais calmo.

Pepe disse:

- O jardim também nos ensina muitas coisas. Ensina-nos a importância da natureza, o valor da sua beleza e como ela nos faz bem.

André sorriu e disse:

- Nunca pensei que ela nos pudesse ensinar tanta coisa.

Pepe respondeu:

- A natureza ensina-nos muita coisa e algumas, nem notamos. Eu, como vivo aqui sinto que a natureza é a minha mãe. É a ela que conto algumas coisas e é com ela que percebo outras.

Olhando para uma borboleta, Tiago disse:

-Vou começar a espeitar a natureza e a trata-la como merece.

Gostando do que ouvira, Pepe disse:

- A natureza merece o nosso respeito e o nosso carinho. Sem ela, não conseguíamos viver e o nosso planeta não podia ter ninguém. Se não existisse natureza, não tínhamos nada que renovasse o ar que respiramos, nem tínhamos a água de precisamos para viver.

Sorrindo, Gonçalo disse:

- A natureza é mesmo muito importante.

Pepe olhou para o chão e disse:

- O problema é que as pessoas estão a acabar com a natureza.

Curioso, Tiago perguntou:

- Como?

Pepe explicou:

- Para além de cortarem as florestas e não as plantarem, cada vez inventam mais coisas para fazer mal ao planeta. Um dia destes, ouvi duas senhoras comentarem que o buraco da camada de ozono é cada vez maior e que não conseguem evitar que ele aumente. Também disseram que num pais qualquer, inventaram um produto que misturado com a água, consegue matar os animais que lá moram.

André olhou muito sério para Pepe e disse:

- Há pessoas muito más.

Pepe disse:

- Elas não percebem é que também estão a fazer mal a elas mesmas.

Concordando, Gonçalo disse:

- Pois não.

Olhando para uma grande árvore, Pepe disse:

- Aquela árvore, entende quando as pessoas são más.

André perguntou:

- Como é que ela faz isso!?

Pepe respondeu:

- Às vezes, quando cá vêm algumas pessoas e ela percebe que são más, deixa cair algumas folhas e fica com o tronco mais escuro.

Rindo, Tiago disse:

- Ah! Ah! Ah! Que mentira tão esquisita.

Muito sério, Pepe disse:

- Isto não é mentira. Mas, só acreditam se quiserem.

Gonçalo olhou para Tiago e disse:

- Tiago, está calado e não digas mais nada disso.

Vendo que estava a ficar tarde, André disse:

- Está na hora de irmos embora. Gostámos muito de falar com o Pepe, pode ser que voltemos cá outro dia.

Pepe disse:

-Também gostei muito de falar com vocês. Espero que voltemos a falar.

Os amigos despediram-se e foram-se embora.

No fim de semana seguinte, os amigos foram ao jardim ao pé de Pepe e quando o encontraram, viram-no muito triste. Foram ao pé dele e ele contou-lhes:

- Ontem, veio aqui um homem e esteve-me a dizer que eu tinha que sair do jardim. Agora, não sei onde hei-de viver.

Pensativos, os amigos começaram a pensar numa solução para aquele problema. Alguns minutos depois, André disse:

- O Pepe sabe muita coisa do jardim. Vamos ao clube União Natural e pode ser que eles nos ajudem.

Correndo para o clube, os amigos foram falar com o director Germano e Gonçalo contou-lhe:

- No jardim da rua Pompom, mora um homem que não tem casa nem nada.

Germano interrompeu e disse:

- Quando eu era pequeno, já o velho homem lá morava.

Tiago olhou para Germano e disse:

- As pessoas têm medo dele e pensam que ele lhes quer fazer mal.

Rapidamente, André disse:

- O Pepe não faz mal a ninguém. Ontem, estivemos a falar com ele e ele não se cansou de falar do parque e da natureza. Ele sabe muitas coisas.

Germano disse:

- Como vocês são crianças, ele deve ter gostado da vossa companhia.

Gonçalo olhou melhor para Germano e disse:

- Ele sabe tanta coisa, que era bonito se as contasse às crianças.

André interrompeu o amigo e disse:

- Podia ensinar a trabalhar com a natureza e a cuidar dela.

Achando uma ideia bonita, Germano disse:

- Como estamos na primavera, vou ver o que posso fazer.

De regresso ao jardim, os amigos encontraram Pepe e disseram-lhe:

- Falámos com o presidente Germano e pode ser que ele arranje alguma coisa gira aqui para o parque.

Sem saber o que os amigos tinham falado, Pepe ficou calado a observá-los.

Alguns dias depois, os amigos regressaram ao jardim e, no coreto viram muitas cadeiras. Nesse momento, apareceu Germano e disse:

- Está tudo preparado para que o Pepe possa falar com as crianças.

Pouco depois, apareceu Pepe que ao olhar para o coreto, perguntou:

- Que vai acontecer ali?

Germano respondeu:

- Preparámos aquilo, para o Pepe falar do jardim e da natureza para quem quiser ouvir. Daqui a pouco, os meninos da escola primária da freguesia, vêm cá.

Sem saber o que dizer, Pepe ficou calado a olhar para os amigos.

Entretanto, chegaram os meninos e envergonhado, Pepe falou-lhes da importância da natureza e de todos os cuidados que ela merece.~

No fim, depois de um grande aplauso, Germano levou Pepe até uma pequena casa, dizendo-lhe:

- Esta é a sua nova casa. A partir de agora, vai deixar de dormir no jardim e aqui terá tudo o que necessita.

Com lágrimas nos olhos, Pepe só conseguiu dizer:

- Obrigado.

Os amigos aproximaram-se e felizes disseram:

- Bem-vindo.

A partir desse dia, Pepe começou a partilhar as suas histórias com todos os habitantes de Piririca, sendo respeitado por toda a aldeia.