quarta-feira, 6 de abril de 2016

O Veado Bebé

         Numa manhã de sol, os irmãos Dânia de 8 anos e João de 10 brincavam felizes. Enquanto se divertiam, a mãe Rute aproximou-se.
         - Filhos. A avó Zezinha ligou a convidar-vos para irem passar uns dias com ela – disse Rute.
         - Eu vou. Adoro a avó Zezinha – disse Dânia.
         - Eu também – disse João.
         - Então, vamos preparar tudo o que têm que levar – disse Rute.
         Enquanto arrumavam as mochilas, os irmãos estavam muito felizes e animados.
         - Adoro ir para casa da avó. Lá, podemos correr, saltar e muitas outras coisas - disse João.
         - Eu também. Adoro os passeios no monte entre as flores e as árvores – disse Dânia.
         Depois de estar tudo pronto, Rute levou os filhos até casa da avó e deixou-os muito felizes.
         - Olá netos – disse a avó Zezinha.
         - Olá avó – disseram os netos ao abraçá-la.
         - Como a primavera chegou e sei que, adoram brincar no monte, decidi convidar-vos para passarem cá uns dias – disse Zezinha.
         - Obrigado, avó – disse João.
         Durante o resto do dia, Dânia e João divertiram-se muito e à noite, não conseguiam esconder a felicidade que sentiam.
         - Então, netinhos. O que fizeram? – perguntou Zezinha.
         - Corremos, saltámos e apanhámos estas flores – disse Dânia, mostrando dois malmequeres e uma papoila.
         - São muito bonitas – elogiou Zezinha.
         - Pois são – concordou João.
         Com a chegada da noite, os irmãos foram para o quarto e prepararam-se para dormir. A meio da noite, ambos acordaram com um barulho esquisito parecido com choro.
         Assustados, levantaram-se e a correr foram até ao quarto da avó.
         - Avó!!! Que barulho é aquele!? – perguntou Dânia.
         - Já à algumas noites que se ouve esse barulho mas, não sei de onde vem nem o que é que o provoca – respondeu Zezinha.
         - Podemos dormir contigo? – perguntou João.
         - Claro que sim – respondeu Zezinha.
         Agora já deitados perto da avó, Dânia e João adormeceram sem medo.
         Na manhã seguinte ao acordarem, os irmãos lembraram-se do que tinha acontecido durante a noite e foram para o alpendre da casa, brincar.
         À tarde, brincaram perto de um grande castanheiro e viram algumas borboletas coloridas que pareciam dançar.
         Durante a noite, o barulho repetiu-se e foi tudo igual à anterior.
         De manhãzinha ao acordarem, os irmãos foram prá cozinha e viram a avó a regar as flores.
         - Avó. Nós vamos tentar saber o que faz os barulhos que ouvimos à noite – disse João.
         - Vão. Mas, tenham cuidado para não caírem – disse Zezinha.
         Depois de darem algumas voltas à casa sem encontrarem nada que pudesse provocar o barulho, decidiram ir ao monte. Ao chegarem lá, recomeçaram a ouvir o barulho.
         Guiados pelo som, chegaram a um amontoado de flores e viram que um veado bebé estava lá deitado. Pegando-lhe cuidadosamente, os irmãos observaram-no atentamente e viram que uma das patas estava bastante ferida.
         A correr, Dânia regressou a casa e encontrou a avó sentada num cadeirão.
         - Avó! Encontrámos um veado bebé que está doente – disse Dânia.
         - Doente, como!? – perguntou Zezinha.
         - Tem uma pata cheia de feridas e não consegue andar – respondeu João.
         - Vamos até lá – disse Zezinha.
         Já ao pé do veado, Zezinha observou a pata com muita atenção.
         - Temos que levar o veado para casa. Ele precisa de alguns curativos e lá, podemos ajudá-lo – disse Zezinha.
         Pegando-lhe cuidadosamente, Zezinha regressou a casa com os netos. Lá, começaram por limpar e desinfetar as feridas que estavam cheias de musgo e de outras ervas. Terminada essa primeira parte, fizeram os curativos o melhor que sabiam e deitaram o veado numa cesta de palha.
         Os dias foram passando e numa manhã, João e Dânia viram que as feridas do veado estavam curadas.
         Recomeçando aos poucos a andar, o veado estava muito feliz e contente.
         Uma tarde, a avó Zezinha aproximou-se.
         - Netos. Como sabem, o veado já está bom e precisa voltar para o seu habitat natural – disse Zezinha.
         - Ohhhhhhhh! – exclamaram os netos.
         - Tem que ser – disse Zezinha.
         - Mas ele está tão feliz aqui – disse Dânia.
         - Pois está. Mas, precisa de algumas coisas que não tem aqui em casa – disse Zezinha.
         - O quê!? – perguntou João.
         - Precisa de espaço para correr e saltar, de natureza e o mais importante de tudo é a companhia dos outros animais – respondeu Zezinha.
         Nesse momento, Dânia foi até à caixa de costura da avó e tirou de lá um bonito laço vermelho que pôs no pescoço do veado.
         - Antes de nos despedirmos, temos que lhe dar um nome – disse Zezinha.
         - O nome é Bani – disse Dânia.
         - Sim – concordou João.
         No caminho para o monte, os irmãos tocaram várias vezes em Bani e, chegaram ao local onde o tinham encontrado. Lá, soltaram-no e ficaram a vê-lo afastar-se livre e feliz.
         De regresso a casa, Dânia e João sentiam-se tristes por Bani por Bani ter ido embora.
         - Foi tão bom ter tomado conta do Bani – disse João.
         - Pois foi. Já estou com muitas saudades – disse Dânia.
         No dia do regresso a casa, os irmãos estavam muito tristonhos.
         - Que se passa? Porque estão tão tristonhos? – perguntou Rute.
         - Nunca mais vamos ver o Bani, o veado – respondeu Dânia.
         - Pode ser que sim – disse Rute.
         Alguns dias depois, Rute foi ao correio e tirou de lá um envelope grande. Abrindo-o, tirou de lá uma foto de Bani onde estava escrito:
                  “O Bani está feliz, a crescer e a tornar-se um veado cada vez mais bonito.”

         Felizes, os irmãos levaram a fotografia para o quarto e penduraram-na parede onde a viam todos os dias e recordavam Bani.