sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A Rena Poli

         Pronta para mais um dia, a aldeia dos brinquedos despertava lentamente.
         Na rua Bengala, vários duendes entravam ordenadamente na fábrica dos brinquedos e começavam a trabalhar.
         Divididos por várias bancadas, cada um fazia as suas tarefas e desse modo criavam novos brinquedos.
         Durante a criação de uma boneca, o duende Moncas perguntou ao colega:
         - Zimi, viste os cabelos que eram para esta boneca? À pouco estavam aqui e agora não os encontro.
         Zimi respondeu:
         - Acho que o Rengas precisou deles para fazer uns iguais.
         Moncas disse:
         - Então, daqui a pouco já os tenho.
         Ao acabar de falar, Moncas ouviu um barulho e rapidamente olhou para Songas que dizia:
         - Estou farto disto. Logo agora que estava a acabar a prenda para a pequena Margarida, a rena Poli teve que vir aqui e estragar tudo.
         Rapidamente, o colega Bergas perguntou:
         - Mas, o que aconteceu?
         Songas respondeu:
         - A Poli partiu as peças que estava a utilizar e eram as únicas que tinha.
         Bergas perguntou ainda:
         - Mas porque é que fez isso?
         Songas respondeu:
         - Não faço ideia. Só sei é que agora não posso realizar o desejo da menina.
         Pouco depois, apareceu Dingas que disse:
         - A Poli está insuportável. Acabou de me estragar o carro que estava a fazer.
         Com toda aquela agitação, o pai natal apareceu e perguntou:
         - Que se passa aqui?
         Moncas respondeu:
         - A Poli anda aqui de um lado para o outro e já estragou algumas coisas que precisamos para fazer os presentes.
         Paciente, o pai natal perguntou:
         - Mas, sabem porque está assim?
         Songas respondeu:
         - Ninguém sabe. Ontem ajudou-me a embrulhar umas prendas mas hoje, quando se levantou começou logo a fazer asneiras.
         Querendo saber mais, o pai natal perguntou:
         - O que aconteceu?
         Bergas explicou:
         - Quando estávamos a tomar o pequeno-almoço, ela foi lá e estragou tudo. Entornou o leite em cima das panquecas e deixou cair para o chão o bolo que fizemos ontem.
         Então, o pai natal disse:
         - Vou falar com ela e tentar saber o que aconteceu?
         Saindo da fábrica, o pai natal chamou Poli e perguntou-lhe:
         - Que se passa para andares a impedir que os teus colegas duendes façam as prendas?
         Com algumas lágrimas nos olhos, Poli respondeu:
         - Todos recebem prendas e andam coloridos, menos eu que estou sempre na mesma.
         Percebendo a sua tristeza, o pai natal disse:
         - Vem comigo.
         Depois de andarem alguns metros, chegaram á cabana dos enfeites e o pai natal foi buscar duas caixas.
         Abrindo-as, tirou de lá bolinhas, azevinho e coloridas fitas que colocou em Poli. Agora, já colorida e brilhante, Poli estava muito feliz quando o pai natal lhe perguntou:
         - Gostas dos teus enfeites?
         Com um enorme sorriso, Poli respondeu:
         - Adoro.
         Agora sorridente, Poli sentia-se a mais bonita de todas.
         Pouco depois, Poli aproximou-se dos amigos e com muito cuidado, começou a ajudá-los no fabrico dos brinquedos. 

         Assim, com o trabalho e a ajuda de todos, foi possível realizar os desejos das crianças e espalhar a magia do natal.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A Boneca da Mariana

         Na rua Cambalhota da aldeia Torcida, numa pequena casa morava Mariana de 9 anos e os pais Clara e Samuel. Mariana com o seu cabelo comprido e com uns bonitos olhos castanhos, adorava cantar e brincar com o seu gato Tomi.
         Numa manhã enquanto ia para casa da avó Felícia, Mariana viu no chão uma boneca e correu até ela. Ao apanhá-la, Mariana viu que estava um pouco danificada mas, mesmo assim decidiu levá-la consigo.
         Durante o caminho, Mariana encontrou as amigas Diana e Joana e disse-lhes:
         - Olhem esta boneca. Encontrei-a á bocado.
         Vendo o estado da boneca, Joana disse:
         - É feia, velha e está estragada.
         Mariana disse:
         - Mas eu gosto dela à mesma.
         Joana disse então:
         - Eu prefiro as minhas barbies.
         Mariana não valorizou os comentários e continuou o percurso para casa da avó.
         Chegando lá, Mariana mostrou a boneca e disse:
         - Encontrei esta boneca caída no chão e apanhei-a.
         Vendo-a com mais atenção, Felícia disse:
         - Ela está a precisar de muitos cuidados e arranjos.
         Rapidamente, Mariana disse:
         - Eu vou arranjá-la e vai ficar a mais bonita de todas as outras.
         Sorrindo, Felícia disse:
         - Tens que a lavar e pentear.
         Concordando, Mariana disse:
         - Sim. E também tenho que lhe arranjar um vestido.
         Então, Felícia perguntou:
         - Queres que te faça um?
         Mariana respondeu:
         - Sim.
         Felícia disse:
         - Então, fica combinado que a tua boneca vai ter um vestido lindíssimo.
         Feliz, Mariana pousou a boneca e começou a preparar o banho que lhe ia dar. Depois de estar tudo pronto, Mariana começou a lavá-la e com muito cuidado desembaraçou o cabelo que assim, conseguiu ficar num tom castanho muito bonito.
         Terminada essa tarefa, Mariana secou a boneca e segundos depois a avó Felícia apareceu e disse:
         - Estou quase a acabar o vestido mas, quero que escolhas os enfeites que lhe posso pôr.
         Pensando um pouco, Mariana disse:
         - Quero que tenha laços, folhos e uma cauda fofinha.
         Sorrindo, Felícia disse:
         - Muito bem. Vai ficar um vestido maravilhoso, digno de uma princesa.
         Mariana sorriu e esperou ansiosa que a avó terminasse o vestido.
         Enquanto isso, Mariana começou a pentear a boneca e com muito carinho e meiguice conseguiu que o cabelo ficasse brilhante e bonito.
Adorando o resultado, Mariana abraçou a boneca e sorrindo disse:
- Vou-te chamar Rita.
Depois de terminar, Mariana sentou-se no sofá com Rita e com Tomi que, feliz se deitou em cima de uma almofada cor-de-rosa. 
Enquanto esperava pelo vestido, Mariana tentava imaginá-lo e no seu pensamento criava vestidos lindíssimos.
Algum tempo depois, a avó Felícia regressou á sala trazendo nas mãos uma caixa e disse:
- Aqui está o vestido que vai tornar a tua boneca uma princesa.
Rapidamente, Mariana disse:
- A boneca chama-se Rita. A princesa Rita.
Sorrindo, Felícia disse:
- Rita é mesmo um nome de princesa. Escolheste muito bem.
Feliz, Mariana abriu a caixa e cuidadosamente retirou o vestido e ao olhá-lo, viu que era muito bonito e delicado.
Sem pensar muito, Mariana começou a vestir Rita que ficou muito bonita.
Terminada essa tarefa, Mariana olhou para a avó e esta, sorrindo entregou-lhe uma outra caixinha. Abrindo-a, Mariana viu que estavam lá dentro lacinhos e uns sapatinhos também cor-de-rosa.
         Vendo a felicidade da neta, Felícia disse:
         - Para a Rita ficar mesmo uma princesa, aqui está o que falta.
         Abraçando a avó, Mariana disse:
         - Obrigado, avó.
         Depois de enfeitar e calçar Rita, Mariana ficou ainda mais feliz por ver a quão bonita a boneca estava agora.
         Os dias foram passando e, numa manhã em que Mariana brincava com Rita no parque da praça Circular, Diana e Joana apareceram e aproximaram-se.
         Ao verem a boneca tão bonita, perguntaram:
         - Onde conseguiste uma boneca tão linda?
         Mariana respondeu:
         - Esta princesa é a boneca feia que eu tinha no outro dia.
         Surpresa, Joana exclamou:
         - Não é possível!
         Sorrindo, Mariana disse:
         - É sim. Depois de algum tempo e alguns arranjos, ela está muito diferente do que era antes.

         Depois de brincarem um pouco, todas se divertiram e perceberam que a vontade e o carinho conseguem transformar tudo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Princesa Carlota

No alto do monte Fugido, existia o castelo Florido que, com as suas altas torres parecia tocar o céu.
         Lá, morava o rei Zerpelino, a rainha Georgina e a princesa Carlota que adorava sentar-se na beira do lago Azul e ver os peixinhos que pareciam dançar.
         Numa tarde de Outono enquanto brincava com o seu gato Pipas, Carlota olhou para os seus pés e viu que os dedos tinham formas esquisitas e estavam cheios de borbulhas. Triste, disse:
         - Os meus pés são horríveis. Parecem dois lagartos velhos cheios de escamas e marcas.
         Ao acabar de dizer isto, Carlota olhou novamente para os pés e disse:
         - Parecem os dedos das bruxas.
         Abraçada a Pipas, Carlota pensava numa solução para o seu problema e viu um fumo esquisito no meio da floresta.
         Subindo até á torre de vigia, viu a casa de onde o fumo saia e estranhando nunca a ter visto, foi ter com a mãe e perguntou-lhe:
         - Mãe!? Quem mora na casa da floresta?
         Georgina respondeu:
         - Nessa casa mora a bruxa Gabriela e o seu ajudante Supimpas.
         Sem pensar duas vezes, Carlota saiu a correr e foi para a floresta decidida a falar com Gabriela.
         Ao chegar perto da casa, Carlota viu várias vassouras e também alguns chapéus pontiagudos pendurados num cordel.
         Abraçada a Pipas, Carlota sentia uma mistura de curiosidade e medo mas, decidiu não desistir e cautelosa, tocou á campainha. Pouco depois, a porta abriu-se e Carlota viu um anão que vestia umas roupas muito coloridas e brilhantes. Este, ao vê-la perguntou:
         - Quem és tu e o que queres?
         Carlota respondeu:
         - Eu sou a princesa Carlota e queria falar com a bruxa Gabriela.
         Rapidamente, Supimpas perguntou:
         - Mas, que queres falar?
         Carlota respondeu:
         - Quero perguntar se tem alguma poção que me faça ter uns pés bonitos.
         Compreensivo, Supimpas disse:
         - Eu vou falar com ela e pergunto-lhe.
         A correr, Supimpas afastou-se e alguns minutos depois regressou dizendo:
         - A Gabriela diz que tem a solução. Anda comigo.
         Sentindo um arrepio, Carlota foi atrás de Supimpas e por fim, chegaram ao pé de Gabriela que, com um vestido negro agitava alguns frascos e dizia:
         - Catati, catatá fica pronta já.
Interrompendo-a, Supimpas disse:
         - Está aqui a Carlota.
         Pousando os frascos, Gabriela disse:
         - Vou fazer-te uma poção que vai tornar os teus pés mais bonitos do que os da Cinderela.
         Depois de pegar em alguns pós, Gabriela começou a preparar a poção.
         - Ratati, Ratatá
           Rinhonhi, Rinhonhela
           Que os pés da princesa Carlota
           Fiquem melhores que os da Cinderela.
         Acabadas as palavras, uma grande nuvem de pós envolveu os pés de Carlota e ela começou a sentir um calor esquisito.
         Quando a nuvem desapareceu, Carlota olhou para os pés e viu que estavam iguais.
         Triste, perguntou:
         - Porque é que estão iguais?
         Gabriela explicou:
         - A magia demora a fazer efeito e, só amanhã é que eles ficam bem.
         Acreditando na explicação, Carlota despediu-se e disse:
         - Até amanhã. Vou-me embora esperar que a magia resulte.
         Ao regressar ao castelo, Carlota não contou a ninguém o que tinha feito e ansiosa esperava que a magia acontecesse.
         No dia seguinte ao acordar, Carlota olhou logo para os seus pés e viu que estavam iguais. Triste, olhou para Pipas e disse:
         - Está tudo igual. Continuo com os pés horríveis.
         Não conseguindo evitar o choro, Carlota sentia-se horrível e só tinha vontade de desaparecer. Abraçada a Pipas, Carlota foi para o jardim e continuando a chorar, sentou-se a observar as flores.
         Alguns minutos depois, apareceu uma nuvem brilhante que pousou na margem do repuxo. Ao olhá-la mais atentamente, Carlota viu surgir uma fada ainda mais brilhante e com um lindo vestido cor de rosa.
         Sem conseguir falar, Carlota ouviu a fada dizer:
         - Não chores.
Carlota disse:
- Choro porque tenho os pés mais feios de sempre.
A fada disse:
- Eu sou a fada Aliane e vou-te ajudar.
Rapidamente, Carlota disse:
- Ninguém me pode ajudar. Já fui à bruxa Gabriela mas, nem ela conseguiu que eles ficassem bem.
Interrompendo-a, Aliane disse:
- Vai ter comigo á estátua redonda e vou-te provar que consigo o que desejas.
No momento em que Carlota se preparava para fazer mais uma pergunta, Aliane disse:
- Espero lá por ti.
Confusa com o que tinha acontecido, Carlota pegou em Pipas e foi até á beira da estátua redonda. Lá, começou a surgir uma luz muito brilhante e segundos depois apareceu a Aliane que disse:
- Já está tudo preparado.
Nesse momento, apareceram várias borboletas que rodearam Carlota e então, Aliane disse:
- Patati, pataté. Rinhonhi, rinhonhés. Transforma estes pés.
Rapidamente, Carlota sentiu um frio gelado nos pés e, num piscar de olhos as borboletas desapareceram. Ao olhar para os pés, Carlota viu-os bonitos e brilhantes sem qualquer marca do que eram antes.
Sorrindo, Carlota olhou para a estátua redonda e, onde estava Aliane, estava agora uma bonita coroa de flores.

Pegando-lhe, Carlota colocou-a na cabeça e a partir desse dia, esqueceu a tristeza e tudo a deixava feliz e contente.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Caça Ao Tesouro

 Sentados no parque da aldeia Pintinha, os irmãos Dânia de 8 anos e David de 10 brincavam com os seus bonecos preferidos. Enquanto se divertiam, o jardineiro Rodolfo aproximou-se e sorridente, perguntou:
- Já estão à procura do tesouro?
Sem saberem do que Rodolfo estava a falar, David perguntou:
- Que tesouro?
Rodolfo respondeu:
- A associação recreativa organizou uma caça ao tesouro aqui na aldeia e por isso, pensei que estavam a participar.
Curiosa, Dânia perguntou:
- Como é isso?
Rodolfo explicou:
- Pelo que tenho ouvido, acho que estão várias pistas espalhadas pela aldeia e quem as encontrar e seguir, vai ter um prémio.
Rapidamente, David perguntou:
- E o que é o prémio?
Rodolfo respondeu:
- Isso não sei.
Depois de se despedirem, os irmãos regressaram a casa e lá, Dânia contou á mãe Benedita:
- O jardineiro Rodolfo disse-nos que vai haver uma casa ao tesouro aqui na aldeia.
Sorrindo, Benedita disse:
- Já ouvi falarem nisso mas, não liguei ao assunto.
Rapidamente, David perguntou:
- Podemos participar?
Benedita respondeu:
- Se ainda forem a tempo, claro que podem.
No dia seguinte, logo de manhãzinha Dânia e David foram para o parque e, ao encontrarem Rodolfo perguntaram-lhe:
  - Como podemos participar na caça ao tesouro?
Rodolfo explicou:
- Só têm que ir ao pavilhão de desporto buscar a primeira pista.
Despedindo-se, os irmãos foram ao pavilhão e de lá tiraram a pista onde leram:
       Imóvel e sereno, segura a sua obra.

     Rodeado de malmequeres protege o que sobra.
Ao lerem a pista, David perguntou:
- O que quererá isto dizer?
Dânia pensou um pouco e disse:
- Imóvel e sereno só pode ser uma estátua e como diz que segura a sua obra, só pode ser a que está na praça Escrita.
Concordando, David disse:
- Tens razão. Só pode ser isso.
A correr, os irmãos chegaram á praça e lá, aproximaram-se da estátua. Olhando-a atentamente, viram diversos malmequeres e escondido no meio estavam uns papéis. Pegando num, leram:
       No pé do vaso colorido está outra solução.
     Seguindo-a vais descobrir a próxima questão.
Pensativos, os irmãos olharam para todos os lados mas não viram nenhum vaso quebrado e tristes, sentaram-se na berma do lago. Enquanto pensavam, David disse:
 - Aqui há muito vasos e acho que não é para andarmos a ver um a um qual é.
Dânia perguntou:
- Então, qual pode ser?
David respondeu:
- Não sei. Mas, não deve ser um vaso normal como os que aqui estão.
Algum tempo depois, Dânia disse:
- Não me consigo lembrar de nenhum vaso diferente.
Interrompendo o pensamento, David exclamou:
- Já sei!
Rapidamente, Dânia perguntou:
- O quê!?
David respondeu:
- Na praça Corneta, há o vaso das Cores. Só pode ser ele.
Felizes, os irmãos foram para a praça Corneta e vendo o vaso, correram até ele. Olhando-o atentamente, viram as suas diversas cores e ao observarem a sua base, encontraram uns papéis. Retirando um, leram:
        Entre penas e sementes encontras a explicação 
        que te vai conduzir a mais uma questão.
Sem entenderem a mensagem, os irmãos sentaram-se na berma do lago e, depois de pensarem um bocado, Dânia disse:
- Só podemos encontrar as penas dos pássaros que aqui voam. Mas, não sei que sementes podem ser.
Pensativo, David disse:
- Só se forem as sementes que os pássaros comem.
Sorrindo, Dânia disse:
- Vamos ao pé das gaiolas ver se encontramos alguma coisa.
A correr, foram às gaiolas e lá começaram a procurar a pista. Enquanto observavam as cascas das sementes, David viu um pequeno papel atrás do ninho e disse:
- Está aqui outro papel.
Feliz, Dânia aproximou-se do irmão e leu:
           Perto da grande oliveira observa com atenção,
         Num ramo escondido estará a informação.                     
Rapidamente, David disse:
- A grande oliveira só pode ser a que está perto do repuxo.
Correndo, os irmãos chegaram ao repuxo e aproximaram-se da grande oliveira, observando-a. Desejosa de encontrar alguma coisa, Dânia deu uma volta ao redor da árvore e ao olhar para o tronco, viu um pequeno ramo muito discreto e camuflado pelo musgo. Tocando-lhe, Dânia encontrou outro papel onde estava escrito:
         Envolto em plástico cinzento, escondido no grande chorão

         alcanças a diversão de te tornares valentão.
Ao lerem a mensagem, o desejo de terminar o enigma aumentou e rapidamente, Dânia disse:
- O chorão só pode ser o que está perto da estátua sisuda.
A correr, os irmãos foram até á estátua e aproximaram-se do chorão. Lá, ao observarem os seus ramos e folhagem, viram um saco cinzento pendurado.
Instantaneamente, começaram a saltar tentando alcançá-lo. Vários saltos depois, David conseguiu alcançá-lo e puxou-o, fazendo com que caísse e desse modo, espalhou pelo chão diversas e variadas guloseimas.
Felizes, os irmãos guardaram tudo e regressaram a casa, felizes com o resultado daquele desafio.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Pequena Cigana

         Numa manhã de sol brilhante, Vânia de 9 anos divertia-se a brincar com o seu gato Romi, no jardim da sua casa e a fazer ramos de malmequeres.
         Enquanto observava uma borboleta a voar de flor em flor, Vânia sorria feliz e tentava imaginar qual seria a sensação de voar.
         Minutos depois, Vânia olhou para a rua e viu lá uma menina com umas roupas feias e com o cabelo muito despenteado. Sentindo, um pouco de medo, Vânia baixou o olhar tentando não ser notada mas, Romi saiu do jardim e começou a miar.
         Ouvindo os mios, a menina olhou para Romi e perguntou-lhe?
         - Que se passa? Tens fome?
         Com medo do que poderia acontecer ao gato, Vânia chamou-o:
         - Romi, anda cá.
         Nesse instante, a menina viu-a e tímida disse:
         - Olá.
         Sem prestar grande atenção, Vânia respondeu:
         - Olá.
         Olhando para Romi, a menina disse:
         - É um gato muito bonito.
         Gostando do elogio, Vânia disse:
         - O Romi é o gato mais bonito que existe.
         Sorrindo, a menina perguntou:
         - Posso pegar-lhe?
         Fazendo um esforço, Vânia respondeu:
         - Podes.
         Feliz, a menina pegou-lhe e disse:
         - Olá Romi. Eu sou a Iva.
         Em silêncio, Vânia observava tudo e sentindo um pouco de curiosidade, perguntou:
         - Nunca te vi aqui na aldeia. Onde moras?
         Iva respondeu:
         - Eu moro numa caravana e nunca estou no mesmo sítio.
         Admirada, Vânia perguntou:
         - Porquê!? Porque não moras numa casa como as outras pessoas?
         Iva respondeu:
         - A minha família é cigana e por isso, estamos sempre a viajar e não temos casa certa.
         Querendo saber mais, Vânia perguntou:
         - E, gostas de ser cigana?
         Iva respondeu:
         - Gosto. Adoro quando fazemos festas e dançamos.
         Vânia sorriu e disse:
         - Eu também gosto de ir a festas e dançar com as minhas amigas.
         Iva sorriu e disse:
         - As nossas festas têm muita alegria e com as nossas danças, ninguém consegue ficar parado.
         Curiosa, Vânia perguntou:
         - Como são as vossas danças?
         Iva explicou:
         - As danças ciganas são muito mexidas e animadas.
         Sorrindo, Vânia disse:
         - Às vezes, vejo na televisão mas nunca vi ao vivo.
         Segundos depois, Iva disse:
         - Eu posso mostrar-te.
         Ao acabar a frase, Iva começou a dançar e a mostrar o que sabia fazer.
         Maravilhada, Vânia não desviava o olhar e observava atentamente a dança. Terminada a demonstração, Iva perguntou:
         - Gostaste?
         Vânia respondeu:
         - Adorei.
         Feliz, Iva perguntou:
         - Queres que te ensine?
         Vânia respondeu:
         - Sim.
         Preparada, Iva começou a fazer os movimentos e Vânia imitava-a corretamente.
         Ao regressar a casa, Vânia aproximou-se da mãe Sílvia e disse:
         - Mãe. Quando estava no parque conheci uma menina cigana que me esteve a ensinar a dançar.
         Rapidamente, Sílvia disse:
         - Não quero que andes com essa gente.
         Vânia perguntou:
         - Porquê!?
         Sílvia respondeu:
         - Os ciganos são muito diferentes de nós e, têm hábitos e atitudes esquisitas.
         Vânia disse:
         - Mas a Iva não me pareceu esquisita.
         Elevando um pouco a voz, Sílvia disse:
         - Já disse! Não te quero com essa gente.
         Triste, Vânia foi para o quarto e durante a noite só conseguiu pensar no que a mãe lhe tinha dito.
         Dias mais tarde, enquanto Vânia conversava com o jornaleiro Rui, Iva aproximou-se e disse:
         - Olá Vânia.
         Ao vê-la, Vânia só conseguiu dizer:
         - Olá.
Iniciando a conversa, Iva perguntou:
- Porque nunca mais foste ter comigo?
Vânia respondeu:
- Os meus pais não me deixam ser tua amiga.
Triste, Iva perguntou:
- Porquê!?
Vânia respondeu:
- Não sei.
Quase a chorar, Iva disse:
- Então, adeus.
Depois da despedida, cada uma foi para a sua casa e durante semanas não se viram nem conversaram.
Num domingo, enquanto passeava com os pais pela praça da aldeia, Vânia viu Iva acompanhada por mais 4 crianças e disse aos pais:
- A Iva vem ali.
Olhando-a, Sílvia disse:
- Vamos ver o que acontece.
Ao passar por Vânia, Iva disse:
- Olá.
Sem se conseguir conter, Vânia perguntou:
- Quem são estas crianças?
Iva respondeu:
- São os meus irmãos.
Observando as crianças, Sílvia segredou a Gabriel:
- Percebe-se mesmo que são ciganos. Com aquelas roupas e pelo jeito, não à como duvidar.
Gabriel concordou:
- Tens razão.
Aproximando-se, Vânia disse:
- A Iva ficou muito triste por eu não ter estado mais nenhuma vez com ela.
Acabada a frase, Vânia percebeu que os pais queriam continuar a falar e afastou-se.
Um pouco pensativa, Sílvia disse:
- Ao ver as crianças, lembrei-me dos nossos antigos vizinhos e das más condições em que viviam.
Gabriel disse:
- Realmente. Mas, os nossos vizinhos eram só 3 pessoas e estes são mais.
Segundos depois, Sílvia disse:
- Quando chegar a casa, vou ver se arranjo algumas roupas para lhes oferecer. De todas as que foram da nossa filha, pode ser que encontre algumas.
Gabriel disse:
- De certeza que encontras.
Enquanto isso, Vânia aproximou-se acompanhada por Iva e disse:
- Vou mostrar-vos o que a Iva me ensinou.
Rapidamente, Vânia começou a dançar e juntamente com Iva deram o seu melhor.
Terminada a dança, Sílvia disse:
- Muito bem.
Pouco depois, Gabriel disse:
- Já sei como os podemos ajudar. Se formos á liga regional e lhes contarmos tudo, pode ser que arranjem ajudas.
Sílvia disse:
- Vamos lá agora, antes que fechem.
Depois da despedida, os pais de Vânia foram à liga e lá, Sílvia contou ao presidente Raimundo:
- A minha filha ficou amiga de umas pessoas ciganas que vivem numa roulotte que não tem quaisquer tipos de condições. Não têm roupas decentes e vivem com dificuldades.
Interrompendo, Raimundo perguntou:
- E onde estão?
Gabriel respondeu:
- Estão no parque de estacionamento do centro comercial.
Querendo saber mais, Raimundo perguntou:
- E são quantas pessoas?
Sílvia respondeu:
- Ao certo não sei mas, ainda devem ser algumas.
Raimundo disse:
- Vou ver o que posso fazer.
A semana terminou e, quando Vânia pensava que o problema já tinha sido esquecido, Sílvia chegou a casa e disse:
- Acabaram de me telefonar a dizer que já arranjaram uma casa para a Iva e família.
Rapidamente, Vânia sorriu e disse:
- Ainda bem.
No dia seguinte, Vânia foi ao parque e vendo Iva divertida a saltar à corda e aproximando-se e perguntou:
- Olá Iva. Tudo bem?
Sorrindo, Iva respondeu:
- Sim. Adoro a casa onde estou a morar.
Feliz, Vânia perguntou:
- Mesmo!?
Iva respondeu:
- Sim. Lá, durmo com a minha irmã num quarto e não precisamos de estar todos apertados.
Vânia disse:
- Ainda bem que gostas.
Sorrindo, Iva disse:
- Eu que sempre vivi numa roulotte, agora parece que vivo num castelo. Nunca pensei que fosse tão bom.
Vendo a alegria e a felicidade da amiga, Vânia disse:
- Agora que já tens uma casa, podemos ser amigas.
Iva concordou:
- Sim. E se quiseres posso ensinar-te as danças ciganas.
Dias depois, a mãe Sílvia chegou a casa trazendo vários sacos e curiosa, Vânia perguntou:
- Que é isso?
Sílvia respondeu:
- São sacos com roupas e sapatos para dar.
Vânia perguntou:
- Para dar a quem?
Sílvia respondeu:
- Para a Iva e família.
 Contente, Vânia ajudou a mãe a arrumar os sacos no carro e assim foram à casa onde os ciganos moravam agora. Ao chegarem à casa, Iva recebeu-as e levou-as até à sala. Lá, Sílvia disse:
- Consegui reunir algumas roupas e calçado e, venho entregar-vos tudo.
Sorrindo, Iva viu um vestido cor-de-rosa com lacinhos e disse:
- Obrigado. Este vestido é muito bonito.
No momento em que Iva acabava de falar, aproximou-se uma senhora que disse:
- Boa tarde. Sou a avó da Iva e a senhora deve ser a mãe da amiga da minha neta.
Sílvia disse:
- Sim. Sou a mãe da Vânia e venho deixar uns sacos com roupas para todos.
Agradecendo, a avó de Iva disse:
- Muito obrigado.

De regresso a casa, Vânia sentia-se muito feliz e só conseguia pensar e desejar um mundo onde todos tivessem casa e fossem felizes.