sábado, 5 de abril de 2014

O País das Alcunhas


            Numa casa da aldeia Redonda, moravam os irmãos Luana de 7 anos e Daniel de 9, juntamente com os pais Ana e Vasco.
            Adorando brincar, os irmãos ocupavam os seus tempos livres a correr e a saltar no jardim da aldeia.
            Numa manhã, enquanto se preparavam para ir para a escola, a mãe Ana disse-lhes:
            - Quando acabar a escola, têm que ir para casa da avó Quitéria pois eu e o pai temos que ir buscar madeiras para fazer umas mesas.
            Durante o dia de escola, Luana e Daniel aprenderam novas coisas e no final, foram para casa da avó. Lá, depois de fazerem os trabalhos da escola a avó aproximou-se, trazendo dois livros e disse:
            - Ontem, fui à feira da vila Quadrada e comprei-vos uns livros de histórias e de jogos.
            Feliz, Daniel disse:
            - Que bom.
            Depois de entregar os livros aos netos, eles foram para a sala e começaram a folheá-los. No primeiro, viram lindos desenhos de fadas e flores. No segundo e terceiro viram lindos contos de fadas e nos dois restantes encontraram alguns jogos.
            No primeiro jogo, Luana e Daniel divertiram-se a imitar sons de animais. No segundo, viram várias imagens de casas e prepararam-se para começar a jogar. Lançando o dado, Daniel conseguiu o número quatro e enquanto movia o seu peão, ele e Luana foram transportados para dentro do jogo onde, uma voz disse:
            “ Bem-vindos ao País das Alcunhas onde nada tem um nome certo!”
            Olhando para todos os lados, Luana viu somente um esquilo e perguntou:
            - Quem falou!?
            Dando um salto, o esquilo respondeu:
            - Fui eu.
            Espantado por ouvir um esquilo falar, Daniel perguntou:
            - Tu falas!?
            Sorrindo, o esquilo respondeu:
            - Falo e faço muitas outras coisas.
            Curiosa, Luana perguntou:
            - Que fazes?
            O esquilo respondeu:
            - Eu sou o chefe deste país. Sou eu que dou as alcunhas a todos os habitantes.
            Querendo saber mais, Daniel perguntou:
            - Quais são as alcunhas?
            O esquilo respondeu:
            - São muitas mas, vou-vos dizer algumas. Eu sou o Castanho, o lenhador é o Bota Abaixo, o padeiro é o Amassa, o mecânico é o Ferrolhos e muitos outros.
            Sorrindo, Daniel disse:
            - Que nomes tão estranhos.
            Feliz, Castanho perguntou:
            - Eu vou dar um passeio. Querem vir?
            Rapidamente os irmãos responderam:
            - Sim.
            Iniciando o passeio, viram um lago onde uma pata andava feliz com os seus filhotes.
Apresentando-os, Castanho disse:
            - A mãe pata é a Brilhante e os filhotes são a Raca, a Reca, a Rica, a Roca e o Ruca.
            Continuando o passeio, encontraram um burro que ocupado, usava as patas traseiras para remexer a terra. Vendo aquilo, Castanho disse:
            - Este é o Arreliado porque está sempre aborrecido e chateado.
Um pouco mais à frente, encontraram uma galinha que feliz disse:
- Olá.
Castanho disse:
- Olá senhora Sombrinha. Quero-lhe apresentar os meus amigos Luana e Daniel.
Sorrindo, Sombrinha disse:
- Espero que gostem de tudo.
Depois de andarem mais um pouco, encontraram uma gatinha branca muito bonita a chorar e, querendo saber o que se passava, Castanho perguntou:
- Porque choras?
A gatinha respondeu:
- Não gosto do meu nome.
Aproximando-se mais, Luana perguntou:
- Qual é o teu nome?
Triste a gatinha respondeu:
- É Sumida e eu não gosto.
Compreendendo, Luana olhou para Castanho e perguntou:
- Ela é tão bonita. Porque lhe deram um nome feio?
Castanho respondeu:
- O livro Começo é que escolhe.
Ouvindo aquilo, Daniel perguntou:
- Como podemos fazer para ela ter outro nome?
Castanho respondeu:
- Para isso, têm que ir ao livro Começo e perguntar-lhe se pode arranjar outro nome.
Rapidamente, Luana perguntou:
- Onde está o livro Começo?
Castanho respondeu:
- Ele está guardado na árvore Risonha.
Instantaneamente, Daniel perguntou:
- Onde está a árvore Risonha?
Castanho indicou um caminho e disse:
- Seguem este caminho e quando encontrarem uma pedra roxa triangular, andem 10 passos para a direita e vão encontrar a Risonha que deve estar a conversar com os passarinhos.
Preparados, os irmãos seguiram as indicações de Castanho e assim, encontraram Risonha que, ao vê-los disse:
- Já sei o que querem e vou-vos ajudar.
Surpresa por Risonha já saber o que queria, Luana perguntou:
- Como já sabes!?
Risonha explicou:
- O nosso amigo vento contou-me tudo e adorei a vossa vontade de ajudar.
Sorrindo, Daniel perguntou:
- Podemos então falar com o livro dos nomes?
Risonha respondeu:
- Claro que podem. Vou só acordá-lo pois ainda está a dormir.
Nos segundos que se seguiram, Risonha agitou os ramos e Começo caiu. Zangado, perguntou:
- Que foi isto!?
Risonha explicou:
- Estão aqui dois amigos que querem falar contigo.
Vendo os irmãos, Começo perguntou:
- Que querem?
           Luana respondeu:
- Viemos pedir para mudares o nome da gatinha Sumida.
Começo perguntou:
- Porque é que a Sumida quer mudar de nome?
Daniel explicou:
- Ela não gosta do nome.
Já simpático, Começo disse:
- Para fazer essa mudança, preciso estar concentrado e falar com ela.
Rapidamente, Luana disse:
- Eu vou já busca-la.
A correr, Luana afastou-se e momentos depois regressou com a gatinha que, ao ver Começo disse:
- Olá.
Sorrindo, Começo perguntou:
- É verdade que não gostas do teu nome?
Sumida respondeu:
- É. Acho que não tem nada a ver comigo.
Querendo saber mais, Começo perguntou:
- Porque dizes isso?
Sumida respondeu:
- Eu sou tão branquinha e como a sombra é tão escura e ela é que deixa as coisas sumidas, não somos nada parecidas.
Concordando, Começo perguntou:
- Tens razão. E que nome é que gostavas de ter?
Sumida respondeu:
- Desde pequenina que gosto muito do nome Branquinha.
Depois de uns segundos de silêncio, Começo disse:
- Então, como gostas muito desse nome, vais ser a Branquinha do País das Alcunhas.
Agradecendo, Branquinha disse:
- Obrigado.
Contente por ver Branquinha feliz, Começo disse:
- Agora que já estás feliz, vou-te dizer só mais uma coisa.
Sorrindo, Branquinha disse:
- Sou toda ouvidos.
Então, Começo disse:
- Muitas vezes não gostamos de alguma coisa, o que nos deixa tristes e aborrecidos. Mas, aqui no País das Alcunhas tudo é possível. Se um elefante pode ter o nome de um fruto, também tu podes ter um de que gostes.
Feliz, Branquinha olhou para os irmãos e disse:
- Sem vocês, nunca tinha tido coragem para mudar de nome mas, com a vossa ajuda foi tudo mais fácil.
Contentes, os irmãos disseram:
- Não precisas agradecer.
Aproximando-se mais um pouco, Começo disse:
- Com a ajuda e amizade de todos, tudo fica mais fácil. Os sonhos tornam-se realidade, os sentimentos crescem e, o melhor é que tudo ganha força.
Quando Começo acabou de falar, começou uma chuva de flores e apareceu uma luz muito clara.
Pouco depois, os irmãos viram que estavam de regresso à sala de sua casa e assim perceberam que os amigos são indispensáveis e que são eles que dão sentido à vida.

 

 

           

        

 

 

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