segunda-feira, 8 de abril de 2019

A Escolha De Simão


         Um novo dia estava a começar e, numa pequena casa de pedra e telhado de palha, morava Simão de 9 anos e os pais Luísa e Gustavo.
         Simão era muito feliz e adorava correr pela natureza e divertir-se com os animais.
         Depois de tomar o pequeno - almoço, Simão pegou numa pequena sacola de pano e na companhia do seu Fugas, saiu para a rua. Andou durante algum tempo e por fim, chegou à margem do lago Zipas e ficou parado a ver os peixes que por vezes saltavam.
         Feliz, Simão correu atrás de algumas borboletas e subiu a um pequeno monte coberto de flores. Enquanto observava a natureza, viu um carro parar ao pé da rocha azul. Viu também sair um homem e um rapaz que, parecia ser da sua idade.
         Curioso, Simão desceu o monte e tentando não fazer barulho, foi-se aproximando. Escondido atrás de um pinheirinho, ouviu:
         - Estás a ver!? Aqui só vemos árvores e ervas – disse o homem.
         - Onde estão os carros e os prédios? – perguntou o rapaz.
         - Filho. Aqui não há carros nem casas – respondeu o pai.
         Nesse momento, Simão que continuava atrás do pinheirinho, calcou uns galhos secos e eles partiram-se, provocando uns estalidos. Ouvindo aquilo, o rapaz escondeu-se atrás do pai.
         - O que foi este barulho? – perguntou o rapaz.
         - Não sei. Mas, não deve ser nada de mau – respondeu o pai.
         - E se for algum bicho? – perguntou o rapaz.
         - Pedro. De certeza que foi só o vento a agitar os ramos das árvores – respondeu o pai, aproximando-se do pinheirinho.
         Foi então que viu Simão que, não se mexeu nem um palmo.
         - Olá – disse o homem.
         - O… O… Olá – disse Simão.
         - Olá – disse Pedro.
         - Como te chamas? – perguntou o homem.
         - Chamo-me Simão – respondeu ele.
         - Eu sou o Edgar e ele é o meu filho Pedro – apresentou-se Edgar.
         - Como se chama este sitio? – perguntou Pedro.
         - Aqui é o Monte Naturalmente – respondeu Simão.
         - Moras aqui? – perguntou Edgar.
         - Moro perto da nascente deste riacho – respondeu Simão.
         - E os teus pais? – perguntou Edgar.
         - Também cá moram – respondeu Simão.
         - Como é que podes viver aqui, no meio da floresta? – perguntou Pedro.
         - Sempre aqui vivi e gosto muito – respondeu Simão.
         - Vês muita televisão? – perguntou Pedro.
         - O que é isso? – perguntou Simão.
         - Não sabes o que é uma televisão? – perguntou Edgar.
         - Não – respondeu Simão.
         - A televisão é um aparelho onde vemos o que se passa no mundo e outras coisas – explicou Edgar.
         - Ahhh! – exclamou Simão..
         Enquanto isso, começou a soar do bolso de Pedro, uma música.
         - Que barulho é este? – perguntou Simão, olhando para todos os lados.
         - É o meu telemóvel – respondeu Pedro, atendendo a chamada.
         Terminado o telefonema, Simão continuou com o olhar fixo no telemóvel.
         - O que é isso? – perguntou ele.
         - É o meu telemóvel. É novo e é espetacular – respondeu Pedro.
         - Para que serve? – perguntou Simão.
         - Serve para falar com outras pessoas, para tirar fotos, jogar jogos e ir à internet – respondeu Pedro.
         - Onde é a internet? – perguntou Simão.
         - A internet não é nenhum sítio – respondeu Pedro.
         Confuso, Simão ficou calado.
         Pouco depois, Edgar chamou o filho e segredou-lhe algo.
         Ao regressar para perto de Simão, Pedro sorriu-lhe.
         - Simão! Queres vir comigo, conhecer a cidade? – perguntou ele.
         - Eu gostava – respondeu Simão.
         - Então, anda – disse Edgar.
         - Primeiro, tenho que pedir à minha mãe – disse Simão.
         - Então, vai – disse Pedro.
         A correr, Simão chegou à sua casa e aproximou-se da mãe Luísa.
         - Mãe! Posso ir à cidade? – perguntou ele.
         - Ir onde!? – perguntou a mãe.
         - À cidade – respondeu Simão.
         - Como é que vais à cidade? – perguntou a mãe.
         - Vou com o Pedro e com o pai – respondeu Simão.
         - Quem são? – perguntou a mãe.
         - O Pedro é um menino que conheci perto do lago – respondeu Simão.
         - E porque queres ir à cidade? – perguntou a mãe.
         - Quero ver como é – respondeu Simão.
         - Então, está bem. Podes ir mas, tem cuidado – disse a mãe.
         De regresso à margem do lago, Simão estava muito sorridente.
         - A minha mãe deixa-me ir – disse ele.
         - Então, vamos – disse Pedro.
         Já dentro do carro, Simão ia muito calado a olhar para o exterior.
         Ao chegarem à cidade, Simão começou a ver muitas pessoas e carros que, ao apitarem, faziam muito barulho. Um pouco mais à frente, Edgar parou o carro perto de um grande edifício.
         - Chegámos – disse Pedro.
         - Onde? - perguntou Simão.
         - Eu moro neste prédio – respondeu Pedro, aproximando-se da entrada.
         - É uma casa muito grande – disse Simão.
         - Eu não moro no prédio todo. Aqui moram também outras famílias – tentou explicar Pedro.
         Confuso, Simão ficou calado.
         - Vamos entrar – disse Pedro.
         Já lá dentro, Pedro aproximou-se do elevador e carregou no botão para o chamar. Segundos depois, a porta abriu.
         - Entra e vamos subir até ao oitavo andar – disse Pedro.
         Com algum medo, Simão entrou no elevador que, começou a subir os andares.
         Chegado ao oitavo andar, o elevador parou e logo que a porta abriu, Simão saiu a correr.
         - Onde estamos? – perguntou ele.
         - Estamos ao pé da minha casa – respondeu Pedro.
         Continuando confuso, Simão seguiu Pedro que entrou em casa e o levou até ao seu quarto.
         - Aqui é o meu quarto onde, tenho as minhas coisas – disse Pedro.
         Simão olhou para todo o quarto com muita atenção e, ao olhar para umas réplicas de carros antigos que estavam numa prateleira, aproximou-se.
         - Tão bonitos! – exclamou ele.
         Nesse momento, o telemóvel de Pedro tocou e ele afastou-se para atender. Ao regressar para perto do amigo, viu-o à janela a olhar para a rua onde os carros apitavam e circulavam.
         - Tu moras num sítio muito barulhento. Em minha casa, o único barulho que ouvimos é o cantar dos pássaros – disse Simão.
         - Mas, não queres ficar uns dias em minha casa e viver na cidade? – perguntou Pedro.
         - Não. Eu quero voltar para minha casa e viver com a natureza – respondeu Simão.
         - Está bem. Vou dizer ao meu pai para te levar – disse Pedro.
         Afastando-se, Pedro foi falar com o pai que, pouco depois se aproximou de Simão.
         - Queres ir para casa? – perguntou Edgar.
         - Sim. A cidade é muito diferente do Monte Naturalmente – respondeu Simão.
         - Então. Entra no carro que, vamos-te levar – disse Edgar.
Ao longo do percurso, Simão ia sorridente.
- Não gostaste da cidade? – perguntou Edgar.
- Não. É muito diferente de onde vivo e, tem muita confusão – respondeu Simão.
Algum tempo depois, chegaram ao Monte e, depois de sair do carro, Simão despediu-se.
- Adeus. Quando quiseres, podes vir visitar-me – disse Simão.
- Adeus – despediu-se Pedro.
Ao chegar a casa, a mãe Luísa abraçou o filho.
- Então filho! Como é a cidade? – perguntou a mãe.
- É esquisita. Tem muito barulho e não tem natureza. Não quero lá voltar – disse Simão.
- O mundo não é todo igual e, as pessoas também não. Umas preferem a cidade e outras, a natureza – disse a mãe.
- Eu quero viver aqui e poder ser livre – disse Simão.
A partir daí, Simão sentia-se sempre ainda mais feliz por viver no Monte e por ser livre na natureza.