quarta-feira, 3 de novembro de 2021

O amigo Tobias


        A manhã estava a começar e aos poucos, a aldeia Xilofrasco despertava.
Com a chegada do outono, as ruas estavam quase vazias e o único barulho que se ouvia era o dos carros.
Na paragem do autocarro, os amigos Anita, Bruno, Catarina e Diogo conversavam felizes.
- Hoje está mais frio do que ontem.
- Pois. O de ontem já passou e como foi domingo, não tivemos que vir para a rua.
- Deixem lá! O frio faz-nos rijos!
- Espero é não congelar.
- Se calhar, o melhor é trazeres um cobertor.
- Ou um edredão de aquecimento.
- Não vale a pena que, já lá vem o autocarro.
Depois de entrarem, os amigos sentaram-se e o autocarro começou a andar.
Minutos depois, saíram e, viram muitos colegas parados ao pé do portão da escola. Aproximaram-se e viram um homem com um chapéu pontiagudo e colorido.
Ainda mais curiosos, aproximaram-se e ouviram:
- Agora, vou tirar do chapéu não uma, mas duas lindas rosas.
  Atentos, os amigos viram então o homem tirar duas lindas rosas brancas do chapéu.
- E, para além destas belas rosas, vejam também estas borboletas.
Foi então que, de dentro do chapéu saíram dezenas de borboletas coloridas.
Sorridentes, os amigos ouviram a campainha da escola tocar e, com pouca vontade, foram para as aulas. Quando estas acabaram e se preparavam para sair da escola, viram que o homem do chapéu pontiagudo ainda lá estava.
- Vamos ver o que ele está a fazer.
- Sim.
Aproximaram-se e viram-no a fazer mais uns truques de magia que, aplaudiram contentes.
Antes de regressarem às suas casas, foram até ao quiosque do Chico Poupanças.
- Boa tarde. Como vão os meus amigos?
- Boa tarde. Vamos bem.
- Não me digam que vieram saber as fofoquices mais recentes dos famosos!?
- Não.
- Para isso, temos a televisão.
- Mas, uma revista ou jornal é diferente.
- Tens razão.
- Chico, podemos fazer-te uma pergunta?
- Já estão a fazer.
- Mas, outra.
- Claro que sim. Se eu não souber, pode ser que as revistas saibam.
- As revistas não sabem o que te vamos perguntar.
- Então, vá. Perguntem.
- Conheces um senhor que sabe fazer magias e que usa um chapéu pontiagudo?
- Conheço. Porquê!?
- Ele esteve hoje ao pé da escola a fazer alguns truques.
- O Eusébio sempre gostou de magia.
- Eu também gosto de magia.
- E eu.
- Eu também.
- Mas, o Eusébio não é um mágico como os outros.
- Porquê!?
- A vida dele é muito difícil.
- Difícil, porquê?
- Ele tem um filho, o Tobias que não anda e que, está sempre em casa.
- Porque é que ele não o leva à rua?
- Como já disse, o filho não consegue andar.
- Então, mas. Porque não usa uma cadeira de rodas?
- O Eusébio é muito pobre e, não tem dinheiro para a comprar.
- Coitado.
- Segundo sei, o Tobias passa os dias na cama e, nunca foi à escola.
- Eu não gosto nada de estar na cama.
- Também não. Para mim, a cama é só para dormir.
- Exato. Mas vocês podem andar por aí.
- Mas, onde é a casa dele?
- É na Rua Panela Furada, ao lado da casa da Ti Josefina.
- Hoje já não dá mas, amanhã só temos aulas até às 13:00 e, pode ser que possamos lá ir.
- Acho que eles iam gostar.
- Então, fica combinado.
- Sim. Às 15:00 encontramos-nos aqui e, depois vamos até lá.
- Ok. Fico então, à vossa espera.
- Já nas suas casa, os amigos fizeram os trabalhos da escola e prepararam tudo para o dia seguinte.
Na manhã seguinte, nos intervalos das aulas os amigos reuniam-se sempre e, quando as aulas acabaram, começaram o caminho para a Rua Panela Furada.
Ao chegarem lá, aproximaram-se da casa da Ti Josefina e pararam em frente a casa do lado. Com algum medo, Diogo bateu à porta e, segundos depois, Eusébio abriu-a.
- Olá rapaziada. O que se passa?
- Olá. Podemos ver o Tobias?
Surpreendido por os amigos pedirem para ver o Tobias, Eusébio ficou calado durante alguns segundos.
- Porquê!? O que se passa?
- Não se passa nada.
- Gostávamos de o conhecer.
- O Tobias não está habituado a receber visitas.
- Mas, podemos?
- Sim. Venham comigo.
Já dentro de casa, os amigos seguiram Eusébio até um quarto muito pequeno onde Tobias estava deitado.
- Filho. Estão aqui uns meninos que te querem conhecer.
- Está bem.
Então, os amigos entraram no quarto.
- Olá. Sou a Anita.
- Eu, o Bruno.
- Eu, a Catarina.
- E eu, o Diogo.
- Eu sou o Tobias. O que querem?
- Queremos conhecer-te.
- O quê!?
- No outro dia, o teu pai foi fazer magias ao pé da nossa escola e, o Chico Poupanças falou-nos de ti.
- Então, decidimos vir conhecer-te.
- Está bem. Mas, eu não posso sair daqui.
- Mas nós, podemos cá vir mais vezes.
- Queres ser nosso amigo?
- Eu não tenho amigos.
- Então, podemos ser nós os primeiros.
- Está bem.
A conversa continuou durante muitos minutos e, na hora da despedida, Tobias ficou triste.
- Quando voltam a vir ver-me?
- Talvez amanhã.
- Temos que ver por causa da escola.
- Eu nunca fui à escola.
- Nós sabemos.
- Vamos indo. Mas, não te esqueças que voltamos.
- Está bem. Adeus.
- Adeus.
Quando se preparavam para sair, Eusébio aproximou-se.
- Obrigado pela visita. Nunca ninguém fez nada disso e, o Tobias está quase sempre sozinho.
- Nós voltamos quando pudermos.
- Então, adeus.
- Adeus.
- Adeus.
Enquanto andavam, os amigos iam calados e pensativos e, ao chegarem à Praça Corneto, sentaram-se na esplanada do café Pingado.
- Tenho pensado numa maneira de ajudar o Tobias mas, não me consigo lembrar de nenhuma.
- Vamos pensar e amanhã falamos.
- Ok.
- Fica combinado.
- Até amanhã.
- Adeus.
Já nas suas casas, os amigos pensaram muito em como poderiam ajudar Tobias.
No dia seguinte, novamente reunidos na Praça Corneto, Catarina, Diogo e Bruno esperavam por Anita que estava a demorar.
Minutos depois, Anita chegou sorridente.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Já sei como podemos ajudar o Tobias.
- Como!?
- Ontem ao jantar falei aos meus pais no Tobias e contei-lhes que gostávamos de o ajudar.
- E eles disseram alguma coisa?
- Sim.
- O quê!?
- Disseram que a dona Francolina tem uma cadeira de rodas que era da avó dela.
- Vamos falar com ela.
- Não é preciso.
- Então!?
- O meu pai disse que ia falar com ela.
- Era tão bom se conseguíssemos a cadeira.
- Era mesmo.
- Vamos esperar que sim.
Durante o resto do dia, os amigos foram mais uma vez visitar Tobias e Eusébio.
À noite, Anita esperou que o pai chegasse e, logo que ele entrou em casa, ela correu até aos seus braços.
- Pai! Conseguiste?
- Anda comigo.
Ao chegarem à garagem, o pai abriu a mala do carro e, mostrou a cadeira.
- Que bom! Agora o Tobias já pode sair à rua.
- Amanhã vamos levar-lhe a cadeira.
- Claro que vamos.
No dia seguinte, durante o percurso, os amigos sentiam-se muito felizes e, ao chegarem a a casa do amigo, viram Eusébio a estender alguma roupa.
- Bom dia, rapaziada.
- Bom dia, senhor Eusébio.
- Ainda bem que vieram. O Tobias está muito triste hoje.
- Ele já vai ficar feliz quando vir o que lhe trouxemos.
Então, o pai de Anita tirou a cadeira do carro, preparou-a e entregou-a à filha.
- Vão lá.
- Pois vamos.
Então, os amigos levaram a cadeira até à cama de Tobias que, estava com a cara tapada pelo lençol.
- Olá Tobias.
- Olá.
- Destapa a cabeça e vê o que te trouxemos.
Tobias afastou o lençol e viu a cadeira.
- O que é isso?
- Agora é a tua cadeira de rodas.
Sem palavras, Tobias olhou para os amigos e para o pai que, lhe pegou ao colo e o sentou na cadeira. Agora já sorridente, Tobias estava muito feliz.
A partir desse dia, o grupo de amigos aumentou com Tobias que, começou a ir à escola e a conviver com as outras pessoas.
Aproximaram-se e viram-no a fazer mais uns truques de magia que, aplaudiram contentes.
Antes de regressarem às suas casas, foram até ao quiosque do Chico Poupanças.
- Boa tarde. Como vão os meus amigos?
- Boa tarde. Vamos bem.
- Não me digam que vieram saber as fofoquices mais recentes dos famosos!?
- Não.
- Para isso, temos a televisão.
- Mas, uma revista ou jornal é diferente.
- Tens razão.
- Chico, podemos fazer-te uma pergunta?
- Já estão a fazer.
- Mas, outra.
- Claro que sim. Se eu não souber, pode ser que as revistas saibam.
- As revistas não sabem o que te vamos perguntar.
- Então, vá. Perguntem.
- Conheces um senhor que sabe fazer magias e que usa um chapéu pontiagudo?
- Conheço. Porquê!?
- Ele esteve hoje ao pé da escola a fazer alguns truques.
- O Eusébio sempre gostou de magia.
- Eu também gosto de magia.
- E eu.
- Eu também.
- Mas, o Eusébio não é um mágico como os outros.
- Porquê!?
- A vida dele é muito difícil.
- Difícil, porquê?
- Ele tem um filho, o Tobias que não anda e que, está sempre em casa.
- Porque é que ele não o leva à rua?
- Como já disse, o filho não consegue andar.
- Então, mas. Porque não usa uma cadeira de rodas?
- O Eusébio é muito pobre e, não tem dinheiro para a comprar.
- Coitado.
- Segundo sei, o Tobias passa os dias na cama e, nunca foi à escola.
- Eu não gosto nada de estar na cama.
- Também não. Para mim, a cama é só para dormir.
- Exato. Mas vocês podem andar por aí.
- Mas, onde é a casa dele?
- É na Rua Panela Furada, ao lado da casa da Ti Josefina.
- Hoje já não dá mas, amanhã só temos aulas até às 13:00 e, pode ser que possamos lá ir.
- Acho que eles iam gostar.
- Então, fica combinado.
- Sim. Às 15:00 encontramos-nos aqui e, depois vamos até lá.
- Ok. Fico então, à vossa espera.
- Já nas suas casa, os amigos fizeram os trabalhos da escola e prepararam tudo para o dia seguinte.
Na manhã seguinte, nos intervalos das aulas os amigos reuniam-se sempre e, quando as aulas acabaram, começaram o caminho para a Rua Panela Furada.
Ao chegarem lá, aproximaram-se da casa da Ti Josefina e pararam em frente a casa do lado. Com algum medo, Diogo bateu à porta e, segundos depois, Eusébio abriu-a.
- Olá rapaziada. O que se passa?
- Olá. Podemos ver o Tobias?
Surpreendido por os amigos pedirem para ver o Tobias, Eusébio ficou calado durante alguns segundos.
- Porquê!? O que se passa?
- Não se passa nada.
- Gostávamos de o conhecer.
- O Tobias não está habituado a receber visitas.
- Mas, podemos?
- Sim. Venham comigo.
Já dentro de casa, os amigos seguiram Eusébio até um quarto muito pequeno onde Tobias estava deitado.
- Filho. Estão aqui uns meninos que te querem conhecer.
- Está bem.
Então, os amigos entraram no quarto.
- Olá. Sou a Anita.
- Eu, o Bruno.
- Eu, a Catarina.
- E eu, o Diogo.
- Eu sou o Tobias. O que querem?
- Queremos conhecer-te.
- O quê!?
- No outro dia, o teu pai foi fazer magias ao pé da nossa escola e, o Chico Poupanças falou-nos de ti.
- Então, decidimos vir conhecer-te.
- Está bem. Mas, eu não posso sair daqui.
- Mas nós, podemos cá vir mais vezes.
- Queres ser nosso amigo?
- Eu não tenho amigos.
- Então, podemos ser nós os primeiros.
- Está bem.
A conversa continuou durante muitos minutos e, na hora da despedida, Tobias ficou triste.
- Quando voltam a vir ver-me?
- Talvez amanhã.
- Temos que ver por causa da escola.
- Eu nunca fui à escola.
- Nós sabemos.
- Vamos indo. Mas, não te esqueças que voltamos.
- Está bem. Adeus.
- Adeus.
Quando se preparavam para sair, Eusébio aproximou-se.
- Obrigado pela visita. Nunca ninguém fez nada disso e, o Tobias está quase sempre sozinho.
- Nós voltamos quando pudermos.
- Então, adeus.
- Adeus.
- Adeus.
Enquanto andavam, os amigos iam calados e pensativos e, ao chegarem à Praça Corneto, sentaram-se na esplanada do café Pingado.
- Tenho pensado numa maneira de ajudar o Tobias mas, não me consigo lembrar de nenhuma.
- Vamos pensar e amanhã falamos.
- Ok.
- Fica combinado.
- Até amanhã.
- Adeus.
Já nas suas casas, os amigos pensaram muito em como poderiam ajudar Tobias.
No dia seguinte, novamente reunidos na Praça Corneto, Catarina, Diogo e Bruno esperavam por Anita que estava a demorar.
Minutos depois, Anita chegou sorridente.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Já sei como podemos ajudar o Tobias.
- Como!?
- Ontem ao jantar falei aos meus pais no Tobias e contei-lhes que gostávamos de o ajudar.
- E eles disseram alguma coisa?
- Sim.
- O quê!?
- Disseram que a dona Francolina tem uma cadeira de rodas que era da avó dela.
- Vamos falar com ela.
- Não é preciso.
- Então!?
- O meu pai disse que ia falar com ela.
- Era tão bom se conseguíssemos a cadeira.
- Era mesmo.
- Vamos esperar que sim.
Durante o resto do dia, os amigos foram mais uma vez visitar Tobias e Eusébio.
À noite, Anita esperou que o pai chegasse e, logo que ele entrou em casa, ela correu até aos seus braços.
- Pai! Conseguiste?
- Anda comigo.
Ao chegarem à garagem, o pai abriu a mala do carro e, mostrou a cadeira.
- Que bom! Agora o Tobias já pode sair à rua.
- Amanhã vamos levar-lhe a cadeira.
- Claro que vamos.
No dia seguinte, durante o percurso, os amigos sentiam-se muito felizes e, ao chegarem a a casa do amigo, viram Eusébio a estender alguma roupa.
- Bom dia, rapaziada.
- Bom dia, senhor Eusébio.
- Ainda bem que vieram. O Tobias está muito triste hoje.
- Ele já vai ficar feliz quando vir o que lhe trouxemos.
Então, o pai de Anita tirou a cadeira do carro, preparou-a e entregou-a à filha.
- Vão lá.
- Pois vamos.
Então, os amigos levaram a cadeira até à cama de Tobias que, estava com a cara tapada pelo lençol.
- Olá Tobias.
- Olá.
- Destapa a cabeça e vê o que te trouxemos.
Tobias afastou o lençol e viu a cadeira.
- O que é isso?
- Agora é a tua cadeira de rodas.
Sem palavras, Tobias olhou para os amigos e para o pai que, lhe pegou ao colo e o sentou na cadeira. Agora já sorridente, Tobias estava muito feliz.
A partir desse dia, o grupo de amigos aumentou com Tobias que, começou a ir à escola e a conviver com as outras pessoas.da do outono, as ruas estavam quase vazias e o único barulho que se ouvia era o dos carros.
Na paragem do autocarro, os amigos Anita, Bruno, Catarina e Diogo conversavam felizes.
- Hoje está mais frio do que ontem.
- Pois. O de ontem já passou e como foi domingo, não tivemos que vir para a rua.
- Deixem lá! O frio faz-nos rijos!
- Espero é não congelar.
- Se calhar, o melhor é trazeres um cobertor.
- Ou um edredão de aquecimento.
- Não vale a pena que, já lá vem o autocarro.
Depois de entrarem, os amigos sentaram-se e o autocarro começou a andar.
Minutos depois, saíram e, viram muitos colegas parados ao pé do portão da escola. Aproximaram-se e viram um homem com um chapéu pontiagudo e colorido.
Ainda mais curiosos, aproximaram-se e ouviram:
- Agora, vou tirar do chapéu não uma, mas duas lindas rosas.
  Atentos, os amigos viram então o homem tirar duas lindas rosas brancas do chapéu.
- E, para além destas belas rosas, vejam também estas borboletas.
Foi então que, de dentro do chapéu saíram dezenas de borboletas coloridas.
Sorridentes, os amigos ouviram a campainha da escola tocar e, com pouca vontade, foram para as aulas. Quando estas acabaram e se preparavam para sair da escola, viram que o homem do chapéu pontiagudo ainda lá estava.
- Vamos ver o que ele está a fazer.
- Sim.
Aproximaram-se e viram-no a fazer mais uns truques de magia que, aplaudiram contentes.
Antes de regressarem às suas casas, foram até ao quiosque do Chico Poupanças.
- Boa tarde. Como vão os meus amigos?
- Boa tarde. Vamos bem.
- Não me digam que vieram saber as fofoquices mais recentes dos famosos!?
- Não.
- Para isso, temos a televisão.
- Mas, uma revista ou jornal é diferente.
- Tens razão.
- Chico, podemos fazer-te uma pergunta?
- Já estão a fazer.
- Mas, outra.
- Claro que sim. Se eu não souber, pode ser que as revistas saibam.
- As revistas não sabem o que te vamos perguntar.
- Então, vá. Perguntem.
- Conheces um senhor que sabe fazer magias e que usa um chapéu pontiagudo?
- Conheço. Porquê!?
- Ele esteve hoje ao pé da escola a fazer alguns truques.
- O Eusébio sempre gostou de magia.
- Eu também gosto de magia.
- E eu.
- Eu também.
- Mas, o Eusébio não é um mágico como os outros.
- Porquê!?
- A vida dele é muito difícil.
- Difícil, porquê?
- Ele tem um filho, o Tobias que não anda e que, está sempre em casa.
- Porque é que ele não o leva à rua?
- Como já disse, o filho não consegue andar.
- Então, mas. Porque não usa uma cadeira de rodas?
- O Eusébio é muito pobre e, não tem dinheiro para a comprar.
- Coitado.
- Segundo sei, o Tobias passa os dias na cama e, nunca foi à escola.
- Eu não gosto nada de estar na cama.
- Também não. Para mim, a cama é só para dormir.
- Exato. Mas vocês podem andar por aí.
- Mas, onde é a casa dele?
- É na Rua Panela Furada, ao lado da casa da Ti Josefina.
- Hoje já não dá mas, amanhã só temos aulas até às 13:00 e, pode ser que possamos lá ir.
- Acho que eles iam gostar.
- Então, fica combinado.
- Sim. Às 15:00 encontramos-nos aqui e, depois vamos até lá.
- Ok. Fico então, à vossa espera.
- Já nas suas casa, os amigos fizeram os trabalhos da escola e prepararam tudo para o dia seguinte.
Na manhã seguinte, nos intervalos das aulas os amigos reuniam-se sempre e, quando as aulas acabaram, começaram o caminho para a Rua Panela Furada.
Ao chegarem lá, aproximaram-se da casa da Ti Josefina e pararam em frente a casa do lado. Com algum medo, Diogo bateu à porta e, segundos depois, Eusébio abriu-a.
- Olá rapaziada. O que se passa?
- Olá. Podemos ver o Tobias?
Surpreendido por os amigos pedirem para ver o Tobias, Eusébio ficou calado durante alguns segundos.
- Porquê!? O que se passa?
- Não se passa nada.
- Gostávamos de o conhecer.
- O Tobias não está habituado a receber visitas.
- Mas, podemos?
- Sim. Venham comigo.
Já dentro de casa, os amigos seguiram Eusébio até um quarto muito pequeno onde Tobias estava deitado.
- Filho. Estão aqui uns meninos que te querem conhecer.
- Está bem.
Então, os amigos entraram no quarto.
- Olá. Sou a Anita.
- Eu, o Bruno.
- Eu, a Catarina.
- E eu, o Diogo.
- Eu sou o Tobias. O que querem?
- Queremos conhecer-te.
- O quê!?
- No outro dia, o teu pai foi fazer magias ao pé da nossa escola e, o Chico Poupanças falou-nos de ti.
- Então, decidimos vir conhecer-te.
- Está bem. Mas, eu não posso sair daqui.
- Mas nós, podemos cá vir mais vezes.
- Queres ser nosso amigo?
- Eu não tenho amigos.
- Então, podemos ser nós os primeiros.
- Está bem.
A conversa continuou durante muitos minutos e, na hora da despedida, Tobias ficou triste.
- Quando voltam a vir ver-me?
- Talvez amanhã.
- Temos que ver por causa da escola.
- Eu nunca fui à escola.
- Nós sabemos.
- Vamos indo. Mas, não te esqueças que voltamos.
- Está bem. Adeus.
- Adeus.
Quando se preparavam para sair, Eusébio aproximou-se.
- Obrigado pela visita. Nunca ninguém fez nada disso e, o Tobias está quase sempre sozinho.
- Nós voltamos quando pudermos.
- Então, adeus.
- Adeus.
- Adeus.
Enquanto andavam, os amigos iam calados e pensativos e, ao chegarem à Praça Corneto, sentaram-se na esplanada do café Pingado.
- Tenho pensado numa maneira de ajudar o Tobias mas, não me consigo lembrar de nenhuma.
- Vamos pensar e amanhã falamos.
- Ok.
- Fica combinado.
- Até amanhã.
- Adeus.
Já nas suas casas, os amigos pensaram muito em como poderiam ajudar Tobias.
No dia seguinte, novamente reunidos na Praça Corneto, Catarina, Diogo e Bruno esperavam por Anita que estava a demorar.
Minutos depois, Anita chegou sorridente.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Já sei como podemos ajudar o Tobias.
- Como!?
- Ontem ao jantar falei aos meus pais no Tobias e contei-lhes que gostávamos de o ajudar.
- E eles disseram alguma coisa?
- Sim.
- O quê!?
- Disseram que a dona Francolina tem uma cadeira de rodas que era da avó dela.
- Vamos falar com ela.
- Não é preciso.
- Então!?
- O meu pai disse que ia falar com ela.
- Era tão bom se conseguíssemos a cadeira.
- Era mesmo.
- Vamos esperar que sim.
Durante o resto do dia, os amigos foram mais uma vez visitar Tobias e Eusébio.
À noite, Anita esperou que o pai chegasse e, logo que ele entrou em casa, ela correu até aos seus braços.
- Pai! Conseguiste?
- Anda comigo.
Ao chegarem à garagem, o pai abriu a mala do carro e, mostrou a cadeira.
- Que bom! Agora o Tobias já pode sair à rua.
- Amanhã vamos levar-lhe a cadeira.
- Claro que vamos.
No dia seguinte, durante o percurso, os amigos sentiam-se muito felizes e, ao chegarem a a casa do amigo, viram Eusébio a estender alguma roupa.
- Bom dia, rapaziada.
- Bom dia, senhor Eusébio.
- Ainda bem que vieram. O Tobias está muito triste hoje.
- Ele já vai ficar feliz quando vir o que lhe trouxemos.
Então, o pai de Anita tirou a cadeira do carro, preparou-a e entregou-a à filha.
- Vão lá.
- Pois vamos.
Então, os amigos levaram a cadeira até à cama de Tobias que, estava com a cara tapada pelo lençol.
- Olá Tobias.
- Olá.
- Destapa a cabeça e vê o que te trouxemos.
Tobias afastou o lençol e viu a cadeira.
- O que é isso?
- Agora é a tua cadeira de rodas.
Sem palavras, Tobias olhou para os amigos e para o pai que, lhe pegou ao colo e o sentou na cadeira. Agora já sorridente, Tobias estava muito feliz.
A partir desse dia, o grupo de amigos aumentou com Tobias que, começou a ir à escola e a conviver com as outras pessoas.