sábado, 6 de agosto de 2022

O campo de férias

Um novo dia estava a começar e aos poucos, toda a aldeia Pingotas despertava.
Numa pequena casa da rua Chochó, Bruno de 10 anos levantou-se e depois de tomar o pequeno-almoço, foi para a sala jogar computador. Pouco depois, a mãe Ana aproximou-se acompanhada por Miguel, um amigo do filho.
- Está aqui o teu amigo. Divirtam-se.
- Olá Miguel.
- Vim fazer-te um convite.
- Que convite?
- Na próxima semana, vou para um campo de férias e, queria perguntar-te se também queres ir?
- Não quero.
- Mas aquilo é muito divertido. De certeza que ias gostar.
- Acho que não.
Nesse momento, a mãe entrou na sala.
- Então, o que estão a fazer?
- Eu estava a convidar o Bruno para ir comigo ao campo de férias.
- De certeza que ele vai adorar.
- Não vou, não!
- Quantos dias são?
- É uma semana.
- É pouco tempo.
- Não é nada pouco tempo!
- Lá, é tudo tão divertido que, o tempo passa a correr.
- Com tanta diversão, passa a voar.
- Todos os dias são diferentes. As atividades são muito engraçadas e ias adorar.
- Mas, não me apetece.
- Gostava tanto que fosses. Podíamos brincar e fazer muitas coisas.
- Prefiro ficar em casa a jogar computador.
Nesse momento, a mãe que entretanto se tinha afastado, regressou.
- O Bruno vai adorar a experiência.
Em silêncio, Bruno olhou muito sério para a mãe que, desviou o seu olhar.
- Vai ser uma aventura. Quando era nova, adorava esse dias.
- Que bom que o Bruno vai.
Sem falar, Bruno correu para o seu quarto onde fechou a porta com muito estrondo e durante o resto do dia, não saiu do quarto. À hora de jantar, o pai Lucas foi até lá e bateu à porta.
- Bruno. Deixa-me entrar.
Apesar de contrariado, Bruno abriu a porta e deixou o pai entrar.
- Então, filho! O que se passa?
- A mãe quer que eu vá para um campo de férias com o Miguel e outras pessoas mas, eu quero ficar em casa.
- Mas, porque não queres ir?
- Oh! Lá não há televisão nem computador para eu passar o tempo.
- Nisso tens razão. Não há tecnologia mas, tenho a certeza que há atividades muito mais interessantes e divertidas.
- Mas, eu não gosto de atividades.
- Vou-te fazer uma proposta. Vais durante quatro dias experimentar e, depois se quiseres vir para casa, eu vou-te buscar.
Bruno olhou pensativo para o teto.
- Está bem. Mas, tens mesmo que me ir buscar.
- Está bem. Palavra de pai!
Poucos segundos depois, a mãe apareceu.
- Estivemos a conversar e, o nosso filho vai experimentar o campo de férias.
- Mas, se eu não gostar, vocês vão-me buscar.
- Sim. Mas, tenho a certeza que depois, não vais é querer vir para casa.
- Vou já ligar ao Miguel a dizer que também vais e, a perguntar o que precisas levar.
Rapidamente, Ana fez o telefonema e pouco depois voltou ao quarto do filho.
- Já falei com ele e amanhã, vou preparar tudo o que tens que levar.
Depois de jantar, o Bruno deitou-se e adormeceu.
De manhãzinha ao acordar, o Bruno viu uma grande mochila ao lado da sua cama e viu também a mãe a mexer na sua roupa.
- O que estás a fazer?
- Estou a acabar de preparar o que tens de levar para o campo de férias.
- Chegam dois pares de calças e duas t-shirts.
- Nada disso. Levas calções de praia, boina, chinelos, protetor solar, toalha e outras coisas mais.
- Mas, não são precisas tantas coisas.
- Por precaução, também vou buscar uma lanterna.
Durante o resto do dia, o Bruno esteve sempre fechado no quarto, a jogar computador.
Os dias foram passando e, chegou o momento da viagem. A meio da manhã, uma carrinha parou na berma da estrada e apitou. Miguel saiu e foi chamar o amigo.
- Vamos! Traz a mochila e vamos divertir-nos.
- Está bem.
Pouco animado, o Bruno entrou na carrinha e sentou-se no último banco que, era o único que estava livre.
Depois de alguns quilómetros, chegaram a um local onde existia um lago, árvores e ainda, uma rocha que parecia um cão sentado. Nesse momento, um rapaz e uma rapariga mais velhos aproximaram-se.
- Muito bom dia a todos!
“Bom dia!”
- Eu sou a Joana a vossa monitora e nestes dias, vou tentar divertir-vos ao máximo.
- E eu sou o monitor João que vos informa que, a partir de hoje, só é permitida diversão.
- Neste primeiro dia, vamos instalar-nos e aproveitar o lago.
Então, cada um escolheu uma tenda e, depois de lá guardarem as mochilas, reuniram-se com os monitores.
- Agora que já estão instalados, vamos fazer o batismo no lago.
“O que é isso!?”
- O batismo no lago é uma espécie de ritual onde, todos temos que entrar na água e lá, à vez, molharmos a cabeça de um colega.
- Vão então às tendas vestir os equipamentos de banho.
Desanimado, o Bruno foi à tenda preparar-se e ao regressar para perto dos monitores, viu que os colegas já estavam na água.
- Vá Bruno! Só faltas tu.
Então, o Bruno entrou no lago e a atividade de batismo começou.
À vez, cada um dos participantes escolheu um colega e foi molhar-lhe a cabeça até que, o Bruno era o único que ainda não tinha sido batizado nem batizado ninguém. Por essa razão, Joana aproximou-se silenciosamente e, molhou a cabeça do Bruno, batizando-o.
- Agora que já terminámos, vamos divertir-nos.
Foi então buscar uma bola insuflável e atirou-a a Bruno que, aos poucos e poucos começou a participar na brincadeira.
Terminada a atividade, começaram a ouvir um barulho parecido com o de um galo a cantar.
- Rapaziada, agora temos que ir comer alguma coisa. Vamos ver se o João já preparou o almoço ou, se ainda o temos que arranjar.
Já fora de água, viram uma toalha de piquenique estendida e em cima dela, umas belas sandes de atum.
- Vamos comer que, ainda temos muito que fazer.
Bruno comeu a sua sandes sem falar com ninguém e, ficou a olhar para um pássaro de bico vermelho que, muito ocupado fazia o seu ninho.
- Esse bico-de-lacre é muito bonito.
- Pois é.
- Sou o Pedro e, adoro pássaros.
- Eu sou o Bruno mas, não percebo nada do assunto.
- Se quiseres, eu posso dizer-te algumas coisas.
- Está bem.
Enquanto isso, Joana e João aproximaram-se.
- Vamos agora fazer uma caminhada. Depois deste almoço, temos que perder as calorias que comemos.
- Vamos lá.
Ao longo da caminhada, Bruno ia conversando com com o amigo e, aos poucos, começou a sentir-se mais à vontade.
Os dias foram passando e, ocupado com corridas, exploração de grutas, mergulhos e brincadeiras no lago, o campo de férias estava a acabar.
- Amigos e amigas, chegou o momento em que temos que nos despedir do campo de férias.
- Foram uns dias cheios de aventura e adrenalina que, não vão ser esquecidos por nenhum de nós.
- Vamos tirar uma foto de grupo e, ficam já convidados para participarem no próximo campo de férias. Certo!?
“Certo!!!”
Depois da despedida, foram levados para as suas casas e, ao chegar à sua, Bruno abraçou os pais muito sorridente.
- Olá filho. Como estás?
- Olá. Estou ótimo.
- Estamos a ver que sim.
- Pois.
- Gostaste da experiência?
- Ao principio não estava a gostar muito mas, depois fiz lá um amigo e foi muito bom.
- Ainda bem. Estamos muito orgulhosos de ti.
- Porquê!?
- Porque nunca pensámos que conseguisses estar lá até ao fim.
- A partir de hoje, vou ser diferente.
- Mesmo!?
- Sim. E, quero ir no próximo campo de férias.
- Nunca pensámos ouvir-te a dizer isso.
- Mas é verdade.
A partir desse dia, o Bruno começou a ir todos os dias reunir-se com a rapaziada e a ser feliz.