sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Sonho da Tartaruga


O Sonho da Tartaruga

 

            Entre os arbustos e ervas do bosque Galheta, a tartaruga Becas passeava e conversava com as flores.

            Num dia em que se aproximava do lago Profundo, o coelho Pipas passou por ela e disse:

            -És tão lenta!

            Becas continuou o seu caminho, relembrando várias vezes as palavras de Pipas.

            No dia seguinte, enquanto passeava pela planície Torrada, Becas parou perto da Pedra Quadrada e sem esquecer o que tinha acontecido no dia anterior, começou a chorar.

            Pouco tempo depois, Fifas o esquilo risonho aproximou-se e perguntou:

            - Porque choras?

            Sem conseguir parar o choro, Becas respondeu:

            - Ninguém quer ser meu amigo. Sou muito lenta e, os outros animais não têm tempo para mim.

            Olhando-a, Fifas disse:

            - Eu quero ser teu amigo e, tenho a certeza de que outros animais também querem.

            Acalmando um bocado, Becas disse:

            - Só dizes isso para eu parar de chorar.

            Sorrindo, Fifas disse:

            - Vem comigo que vou-te mostrar que é verdade e que, todos os animais têm alguma coisa de que não gostam.

            Depois de andarem um bocado, chegaram à Planície Florida onde estavam outros animais. Aproximando-se, Fifas disse:

            - A Becas pensa que não queremos ser seus amigos e que, não gostamos dela por ser lenta.

            Levantando-se, o urso Rufus disse:

            - Eu, posso andar mais depressa mas, não gosto de ser tão grande e de ter tanto pêlo.

            Com a sua voz fininha, o caracol Licas disse:

            - Eu, ainda sou mais lento do que tu e, não gosto de ser tão pequeno.

            Depois de um pequeno voo, o pato Trincas disse:

            - Eu odeio a minha voz.

            Com um pequeno salto também o Pulas, o amigo gafanhoto se aproximou e disse:

            - Eu, passo o tempo todo aos saltos e, às vezes é muito cansativo.

            Por último, também o esquilo Fifas disse:

            - Como sabem, eu passo o tempo a saltar de árvore em árvore e, às vezes já lá estão outros esquilos que, me mandam embora. Às vezes é muito difícil.

            Um bocado mais animada, Becas disse:

            - Vocês já imaginaram se, não tivéssemos essas coisas a chatear? Era muito melhor.

            Feliz por Becas estar mais contente, Fifas disse:

            - Apesar de tudo isto menos bons, todos são capazes de fazer coisas únicas.

            Curiosa, Becas perguntou:

            - Que queres dizer?

            Calmamente, Fifas respondeu:

            - O Pulas consegue dar grandes saltos. O Licas consegue andar sempre com a casa. O Rufus anda sempre quente com o pêlo que tem. O Trincas, consegue andar na terra e na água e eu posso subir as árvores que quiser.

            Interrompendo a explicação, Becas disse:

            - Vocês fazem essas coisas, mas eu não consigo fazer nada.

            Sorrindo, Rufus disse:

            - Tu, consegues esconder-te na carapaça e assim confundem-te facilmente com uma rocha.

            Mostrando um pequeno sorriso, Becas disse:

            -É a única coisa que posso fazer.

            Depois de algum silêncio, Licas sorriu e disse:

            - Já que estamos tristes, podemos fazer umas brincadeiras para ficarmos alegres.

            Ao jogarem às escondidas, Becas escondeu-se na sua carapaça e foi a vencedora do jogo.

            A partir desse dia, Becas aprendeu a valorizar o seu aspeto e aprendeu também que cada um é especial em alguma coisa.

 

 

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