sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O Cavalinho Mágico


   A manhã começava com o sol a tentar furar as nuvens e toda a aldeia Pirraça despertava.
   Numa pequena casa da rua Rodinhas, Daniel de 9 anos acordou e, preparou-se para ir para a escola. Um pouco mais à frente, encontrou o amigo João e foram juntos, o resto do caminho.
   Durante as aulas, Daniel esteve o mais atento que conseguiu.
   Ao regressar a casa, a mãe Letícia e o pai Gustavo aproximaram-se com um saco azul, decorado com um bonito laço vermelho.
   - O que é isso? – perguntou Daniel.
   - É uma prenda que a tia Clarabela enviou para ti – respondeu Letícia.
   Feliz, Daniel abriu rapidamente a prenda e viu um bonito cavalinho de baloiço branco com algumas estrelas douradas. Maravilhado, Daniel sentou-se e começou a baloiçar-se. Segundos depois, apareceu uma nuvem muito bonita e brilhante.
   Instantaneamente, Daniel esfregou os olhos e quando os voltou a abrir, viu o cavalinho de baloiço em pé e de carne e osso.
   - Olá Daniel – disse o cavalinho.
   - Olá – disse Daniel.
   - Queres vir comigo ao Mundo Encantado? – perguntou o cavalinho.
   - Eu não posso. Tenho que fazer os trabalhos da escola – respondeu Daniel.
   - Então, vai fazê-los depressa – disse o cavalinho.
   - Vou já – disse Daniel, correndo para casa.
   Algum tempo depois, Daniel regressou para ao pé do cavalinho.
   - Já fiz tudo – disse Daniel.
   - Então, podemos ir – disse o cavalinho.
   Nesse momento, a nuvem brilhante voltou a aparecer e envolveu Daniel e o cavalo, transportando-os para a margem de um lago.
   Depois de olhar para os arredores, Daniel viu o cavalinho caído no chão e a correr, aproximou-se.
   - Estás bem? – perguntou ele.
   - Sim – respondeu o cavalinho.
   - Onde estamos? – perguntou Daniel.
   - Estamos no mundo encantado. Aqui, a magia anda no ar e a alegria está sempre presente – respondeu o cavalinho.
   - Quem é que aqui vive? – perguntou Daniel.
   - Aqui, vivem todas as personagens das histórias encantadas – respondeu o cavalinho.
   - As personagens das histórias!? – perguntou Daniel.
   - Sim. Se olhares para o lago, vês ali ao fundo o patinho feio e, atrás daquele monte estão as casas dos três porquinhos – respondeu o cavalinho.
   - Posso ir ver? – perguntou Daniel.
   - Claro que sim. Vamos – respondeu o cavalinho.
   Começaram então a andar e enquanto subiam o monte, viram cinco anões a apanhar flores.
   - Olá amigos – disse o cavalinho.
   - Olá – responderam todos em coro.
   - Este é o Daniel e estou-lhe a mostrar o nosso mundo encantado – disse o cavalinho.
   - Nós somos os sete anões, o Zangado, o Mestre, o Feliz, o Atchim, o Dunga, o Dengoso e eu e estamos a apanhar flores para a Branca de Neve – disse Soneca.
   - Onde está a Branca de Neve? – perguntou o Daniel.
   - Está em casa a preparar um bolo para o aniversário do Atchim – respondeu o Soneca.
   - Quantos anos é que ele faz? – perguntou o Daniel.
   - Não sabemos ao certo. Acho que faz cento e muitos – respondeu o Dunga.
   - Já é muito velho – disse Daniel.
   - Neste mundo, a idade não tem importância – disse o Mestre.
   - O Capuchinho Vermelho continua a ser uma criança mas, já deve ter quase 100 anos – disse o Atchim.
   - E o lobo mau!? – perguntou o Daniel.
   - Esse nunca nos diz a idade mas, já é tão velho que não tem dentes – respondeu o Soneca.                                                                                               
   - Este mundo é fantástico. Ninguém fica velho – disse o Daniel.
   - Pois não – concordou o Soneca.
  Nesse momento, uma menina aproximou-se a correr.
   - O meu irmão está com muitas dores de barriga – disse ela.
   - Onde é que ele está, Gretel? – perguntou o Dunga.
   - O Hansel está atrás do Grande Plátano – respondeu Gretel.
   - Vamos lá – disse Soneca.
   Alguns minutos depois, ao chegarem ao Grande Plátano, viram Hansel a chorar.
   - Como estás? – perguntou o Dunga.
   - Estou com muitas dores de barriga – respondeu o Hansel.
   - O que comeste? – perguntou o Soneca.
   - Comi um bocado da casa de chocolate – respondeu Hansel.
   - A casa de chocolate já é muito velha e por isso, faz mal à barriga – disse o Mestre.
   - Tens que ser menos guloso – disse Gretel.
   - Vou tentar – disse Hansel.
   Enquanto isso, viram homem a fugir de uma multidão de homens. Assustado, Daniel olhou para o amigo cavalinho.                 
   - O que se passa? – perguntou ele.
   - É o Ali-Babá que está a fugir dos 40 ladrões – respondeu o cavalinho.
   Felizes, andaram mais um pouco e viram em cima de umas ervas, um bonito e brilhante sapato. 
   - Algo me diz que o sapato é da Cinderela – disse o cavalinho.
   - Como é que ela o perdeu? - perguntou Daniel.
   - Ela é muito distraída e deve ter estado aqui a brincar no lago até que, deve ter ido com tanta pressa para casa que, se esqueceu – respondeu Soneca.
   - Por sorte não passou aqui o Gato das Botas senão, já o tinha roubado – disse o cavalinho.
   Depois de andarem mais uns metros, viram uma grande caixa de vidro vazia, rodeada de flores.
   - O que é isto? – perguntou o Daniel.
   - Foi aqui que a Bela Adormecida esteve deitada antes do príncipe a acordar – respondeu Feliz.
   Enquanto olhavam para a caixa, ouviram:
   “ Pára!!! Pára!!!”
   Poucos segundos depois, ouviram também:                                      
   “ Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?”
   - A Carochinha continua à espera do noivo – disse o Atchim.
   - Todos os dias são a mesma coisa. Ela chama, chama mas, põe defeitos em tudo e por isso, não arranja noivo – disse o Dengoso.
   - Qualquer dia encontra alguém – disse Daniel.
   - Ela queria o Patinho Feio que agora está muito bonito mas, ele não quer nada com ela – disse o Dengoso.
   Feliz, Daniel viu que se tinha formado um arco-íris.
  - Tão bonito – disse ele.
  - Está na hora de regressarmos a casa – disse o cavalinho.
  Instantaneamente, a nuvem brilhante reapareceu e, depois de envolver os amigos, levou-os para o quarto de Daniel, largando-os lá.
   Ao abrir os olhos e vendo que já estava no seu quarto, Daniel olhou para o cavalinho de madeira que lhe piscou o olho enquanto ainda baloiçava.