quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O segredo de Ákila

 

Um novo dia de verão estava a começar e o sol brilhava com toda a sua força e poder.

Na rua Chucha da aldeia Esquinada, moravam os irmãos Inês e Gonçalo de 10 e 12 anos que, adoravam divertir-se com os amigos Cláudia e Diogo.

Nessa manhã, ao acordar, Inês olhou para o relógio e quando viu que já eram 10:00, levantou-se, preparou-se e correu até ao quarto do irmão que, continuava a dormir.

- Gonçalo! Gonçalo! Levanta-te que já estamos atrasados! – exclamou ela.

- Já vou – disse Gonçalo, com muita preguiça.

Depois de tomarem o pequeno-almoço, os irmãos saíram de casa e dirigiram-se para o parque da aldeia onde, os amigos os esperavam.

- Bom dia. Ainda bem que chegaram – disse Diogo.

- Pensei que se tinham esquecido do que combinámos – disse Cláudia.

- Desculpem. Ontem adormecemos tarde – disse Gonçalo.

- Estivemos a ver um filme e acordámos à pouco – disse Inês.

- Sem problema. Vamos então decidir o que fazer – disse Diogo.

- Eu pensei que podíamos ir até ao farol – sugeriu Cláudia.

- Boa ideia. Lá, podemos falar com o faroleiro Gaspar e, talvez consigamos ver golfinhos – disse Gonçalo.

- E também podemos encontrar lá, o pescador Jeremias – disse Inês.

- É isso mesmo – disse Diogo.

Durante o percurso, os amigos encontraram a dona Margarida que feliz, tratava das suas flores.

- Bom dia, meninos – disse ela.

- Bom dia, dona Margarida – disseram os amigos.

- Tudo bem com vocês? – perguntou a dona Margarida.

- Sim – respondeu a Cláudia.

- Então, até logo – disse a dona Margarida, deixando-os continuar o percurso.

Minutos depois, já perto do farol, os amigos começaram a procurar Gaspar com o olhar mas, não o encontraram. Aproximaram-se um pouco mais e então ouviram:

- Ótima pescaria! Hoje deves ter usado magia para pescares assim tanto – disse uma voz.

- Acho que foi mesmo sorte – disse outra.

Curiosos, os amigos aproximaram-se um pouco mais da beira-mar e então, viram Gaspar a conversar com o pescador Jeremias.

- Bom dia – disseram os amigos.

- Bom dia, rapaziada – respondeu o Gaspar.

- Muito bom dia – disse ainda o Jeremias.

- Precisam de alguma coisa? – perguntou o Gaspar.

- Não. Só viemos dar um passeio perto daqui – respondeu a Inês.

- Então vão ter sorte pois já vi um golfinho ainda não muito grande – disse o Jeremias-

- Era bom se o conseguíssemos ver – disse o Gonçalo.

- À pouco, ele estava perto da doca – disse o Jeremias.

 

 

- Então, vamos até lá – disse o Diogo.

Enquanto andavam, uma gaivota voava sobre as suas cabeças e parecia segui-los.

Ao chegarem à doca, os amigos começaram a procurar sinais do golfinho. Pouco depois, viram-no então perto das rochas. Aproximaram-se mais e, de um momento para o outro, viram-no saltar da água e depois de voltar a mergulhar, espreitou à superfície, pertinho dos amigos. Então, no momento em que lhe tocavam, começou a cair do céu uma chuva de bolhas de sabão e ouviram:

“Olá!”

Os amigos olharam para todos os lados mas, não viram ninguém. De seguida, olharam para o golfinho que estava quieto a observá-los.

 - Quem falou? – perguntou a Inês.

 Enquanto esperavam por resposta, o golfinho atirou-lhes água com a sua barbatana.

“ Fui eu, o Ákila” – disse o golfinho.

Surpresos, os amigos olharam para o golfinho.

- É impossível. Os golfinhos não falam – disse o Diogo.

“ Eu falo” – disse Ákila.

- Como é que isso é possível? – perguntou a Cláudia.

“ Eu sou diferente dos outros animais” – respondeu Ákila.

Ainda admirados com o que estava a acontecer, os amigos ficaram calados.

“ Vou-vos contar a minha história. Eu nasci muito longe daqui e a minha família era muito grande. Mas, uma noite, a água onde vivíamos deixou de ser azul e passou a amarela. Como eu e os meus irmãos estávamos a brincar com as algas, não prestámos atenção e de repente, a minha mãe foi-nos chamar para irmos para casa. Eu demorei um bocado mais e, quando me consegui soltar das algas, já estava sozinho e não sabia para onde tinha que fugir. Nadei, nadei e por fim, cheguei perto de umas rochas. Lá, encontrei um espaço e depois de passar por ele, cheguei a uma praia com água muito clarinha e areia muito fininha. Enquanto eu olhava para todos os lados à procura de alguém, apareceu um caranguejo que quando me viu, mandou-me embora. Eu contei-lhe o que tinha acontecido e ele disse-me que aquele lugar era secreto” – contou Ákila.

- E o que fizeste depois? – perguntou a Inês.

“ Depois, o caranguejo ensinou-me o caminho para sair de lá. Hoje, enquanto brincava com os meus irmãos, nadei até à doca e vi-vos. Como sou muito curioso, decidi tentar ver-vos melhor” – disse Ákila.

- És um golfinho corajoso – disse o Gonçalo.

“ Querem ir até à praia de que vos falei?” – perguntou Ákila.

- Sim – responderam os amigos.

“ Então, vamos. Sigam pelas rochas até encontrarem uma com a forma de uma estrela – disse Ákila.

Os amigos começaram então a andar e passado algum tempo, encontraram a rocha que Ákila tinha indicado.

- A rocha está aqui – disse o Diogo.

- E onde está o Ákila? – perguntou a Inês.

“ Estou aqui” – respondeu Ákila, saltando para fora da água.

- E agora? – perguntou a Cláudia.

 

 

“Agora, procurem a ponta que tem uma risca amarela e passem com cuidado por cima da rocha que está à frente” – explicou Ákila.

Depois de procurarem a risca amarela, os amigos encontraram-na e, ao passarem pela rocha indicada por Ákila, viram uma outra rocha que parecia ter uma boca e por onde entrava um pequeno curso de água.

“A entrada é por aí” – disse Ákila.

Os amigos aproximaram-se e com cuidado, passaram um a um por aquela passagem esquisita. Lá dentro, estava tudo muito escuro e, era impossível ver alguma coisa.

- Não se vê nada – disse Diogo.

“Deixem-me ir chamar os pirilampos” – disse Ákila.

Pouco depois, Ákila regressou iluminado por muitos, muitos pirilampos.

“Já podemos continuar” – disse ele.

Os amigos avançaram e alguns metros depois, viram novamente céu azul. Viram também que estavam a pisar areia muito brilhante.

- Onde estamos? – perguntou a Inês.

“Estamos na praia de que vos falei” – respondeu Ákila, saltando na água.

- É muito bonita – disse o Gonçalo.

“Andem até á água” – disse-lhes Ákila.

Os amigos andaram e, quando chegaram á água, viram muitos peixes das mais variadas cores e feitios.

“Estes são os meus amigos que moram nesta praia secreta” – disse Ákila.

- É uma praia fantástica – disse a Cláudia.

Nesse instante, apareceu um caranguejo com cara de zangado.

“Quem são vocês!? O que estão aqui a fazer? – perguntou ele.

“Tem calma, Zuca! Eles são meus amigos e eu vim mostrar-lhes a nossa praia secreta – explicou Ákila.

“Pois. E a partir de agora, todas as pessoas vão começar a vir incomodar-nos – ralhou o Zuca.

“Nada disso. Estás-te a esquecer que nós é que decidimos quem cá pode vir – disse Ákila.

“Tens razão. Estava-me a esquecer – respondeu Zuca.

“Então, sempre que os meus amigos quiserem, podem vir aqui? – perguntou Ákila.

“Sim” – respondeu Zuca.

A partir desse dia, sempre que queriam e podiam, os amigos iam visitar a praia secreta e todos os seus habitantes.