domingo, 29 de janeiro de 2023

Um Cão Especial

Rodeada por longos campos de papoilas, a aldeia Pingada era a mais bonita dos arredores. Felizes, os seus habitantes adoravam cuidar dos seus jardins e mostrá-los com orgulho a todos os visitantes. Perto do repuxo da praça Plim Plim, o quiosque Pinguinhas mostrava os jornais que revelavam as noticias mais recentes e o vendedor Ambrósio, sorria e saudava quem passava perto. 
- Bom dia, dona Filó. Bom dia, Ambrósio. Temos noticias frescas?
- Frescas não, fresquíssimas!
- Tem que ser.
- Exatamente.
- Tenho que ir. Adeus.
- Adeus.
Segundos depois, um cão aproximou-se e parou a olhar para Ambrósio.
- Também queres ler um jornal? Tenho o Futebolas ou, preferes outro?
“Au!! Au!!”
- Estou a ver que não é o teu género. Se preferes de fofocas, tenho aqui tantas revistas que, nem sei o nome de todas.
“Au!!Au!!”
- Também não. Então, só resta política.
Nesse momento, a dona Marieta aproximou-se.
- Olá Ambrósio. Já falas com o cão?
- Olá. Estava a perguntar-lhe o que é que ele queria ler mas, parece-me que ele é sempre do contra.
- Em vez de ler, ele deve querer é comer. Já são 12:30 e, ele ainda não deve ter comido nada hoje.
- Por falar em comer, é o que vou fazer.
- Tem que ser. Bom almoço.
- Adeus.
Segundos depois, Ambrósio pegou na sua sandes de presunto e começou a comê-la. Enquanto isso, o cão continuava sentado à frente do quiosque. Então, Ambrósio tirou um bocado da sua sandes deu-o ao cão que o comeu rapidamente.
- Estou a ver que o que querias era comida.
“Au!!Au!!”
Minutos depois, a dona Ernestina aproximou-se.
- Boa tarde, Ambrósio.
- Boa tarde. Precisa de alguma coisa?
- Precisar até preciso.
- Então diga. Talvez a possa ajudar.
- A minha netinha vai hoje lá a casa e, queria dar-lhe uma prenda. Mas, não sei o quê.
- Que idade é que ela tem?
- Tem 2 anos e meio.
- Com essa idade, as crianças gostam de coisas coloridas. Acho que tenho ali um livro indicado para ela.
- Mostre-me.
Ambrósio virou-se e alguns segundos depois, mostrou à dona Ernestina um livro com capa fofa e colorida onde, as personagens podiam ser mudadas de lugar.
- Neste livro, para além das cores garridas, ela pode mexer em tudo sem qualquer perigo.
- É o que vou levar. Obrigado.
Depois da venda, Ambrósio voltou a ficar sozinho com o cão.
Minutos depois, chegaram à praça duas crianças que a correr, subiram para a borda do repuxo. Pouco tempo depois, ouviu-se um “splash”, seguido do barulho de algo a bater na água “tchap!tchap!” Nesse momento, o cão começou a correr e a ladrar e, ao chegar ao repuxo, saltou lá para dentro. Então, mordeu o carapuço da criança e puxou-lhe a cabeça para fora de água.
Ambrósio aproximou-se a correr e pegou na criança, tirando-a para fora.
Nesse momento, a mãe das crianças aproximou-se a correr.
- João!!! João!!!
- O seu filho está aqui. Molhado e assustado mas, bem.
- Oh! Obrigado. Muito obrigado.
- O agradecimento não é para mim mas sim, para este cão.
- Como!?
- Isso mesmo. Este rafeiro foi a primeira ajuda que o seu filho teve.
- Isso é impossível.
- Não é não. Ele, assim que percebeu que o seu filho precisava de ajuda, correu para cá e saltou lá para dentro onde, pelo carapuço , puxou a cabeça do menino para fora de água. Eu, apenas o tirei para fora.
- O meu João, foi salvo por um cão. Parece uma história.
Já mais calmo, João abraçou o cão.
- Mãe, podemos ficar com ele?
- Se o dono deixar.
- Ele não tem dono. Só costuma estar aqui a fazer-me companhia.
- Então, podemos?
- Claro que sim.
- Boa!!
- Que nome lhe vão dar?
- Já sei!
- Então?
- O quiosque é o Pinguinhas e ele, vai ser o Pingas.
- Boa ideia.
- Só quero pedir uma coisa.
- O quê!?
- De vez em quando, venham cá com ele para que fique a saber as noticias do mundo.
Todos se riram felizes e assim, o Pingas encontrou uma família que o passeava e levava ao quiosque onde Ambrósio o recebia muito feliz.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O Cavalinho Mágico

    A manhã começou com o sol a tentar furar as nuvens e, toda a aldeia Pirraça despertava.
Numa pequena casa da rua Rodinhas, Daniel de 9 anos acordou e, preparou-se para ir para a escola.  No percurso, encontrou o amigo João e foram juntos o resto do caminho.
Durante as aulas, Daniel esteve o mais atento que conseguiu.
Ao regressar a casa, a mãe Leticia e o pai Gustavo aproximaram-se com um saco azul decorado com um grande laço vermelho.
- O que é isso? - perguntou o Daniel.
- É uma prenda que a tia Clarabela enviou para ti – respondeu a mãe.
Feliz, Daniel abriu-a rapidamente e viu um bonito cavalo de baloiço branco com, algumas estrelas douradas. Maravilhado, Daniel sentou-se e começou a baloiçar.
Segundos depois, apareceu uma nuvem muito brilhante e bonita.
Instantaneamente, Daniel esfregou os olhos e quando os voltou a abrir, viu o cavalinho a sorrir.
- Olá Daniel – disse o cavalinho.
- Olá – respondeu o Daniel.
- Queres ir comigo ao Mundo Encantado? - perguntou o cavalinho.
- Eu não posso. Tenho que fazer os trabalhos da escola – respondeu o Daniel.
- Então, vai fazê-los depressa para irmos – disse o cavalinho.
- Vou já – disse o Daniel.
Algum tempo depois, Daniel regressou para ao pé do cavalinho.
- Já fiz tudo – disse ele.
- Então, podemos ir – disse o cavalinho.
Nesse momento, a nuvem brilhante voltou a aparecer e, envolveu Daniel e o cavalinho, transportando-os para a beira de um lago.
Depois de olhar para todos os lados, Daniel viu o cavalinho caído no chão e aproximou-se.
- Estás bem? - perguntou ele.
- Sim – respondeu o cavalinho.
- Onde estamos? - perguntou o Daniel.
- Estamos no Mundo Encantado. Aqui, a magia anda no ar e a alegria está sempre presente- respondeu o cavalinho.
- Quem mora aqui? - perguntou o Daniel.
- Aqui vivem todas as personagens das histórias encantadas – respondeu o cavalinho.
- As personagens das histórias? - perguntou o Daniel.
- Sim. Se olhares para o lago, vês ali ao fundo o patinho feio e, atrás daquele monte estão as casas dos três porquinhos – explicou o cavalinho.
- Posso ir ver? - perguntou o Daniel.
- Claro que sim. Vamos – disse o cavalinho.
Começaram a andar e enquanto subiam o monte viram sete anões a apanhar flores.
- Olá amigos – disse o cavalinho.
- Olá – responderam todos em coro.
- Este é o Daniel e estou-lhe a mostrar o nosso mundo encantado – disse o cavalinho.
- Nós somos o Dunga, o Zangado, o Mestre, o Dengoso, o Soneca, o Atchim e o Feliz e, estamos a apanhar flores para a Branca de Neve – disse o Dunga.
- Onde está a Branca de Neve? - perguntou o Daniel.
- Está em casa a preparar um bolo para os anos do Atchim– respondeu o Soneca.
- Quantos anos é que ele faz? - perguntou o Daniel.
- Não sabemos ao certo. Acho que faz cento e muitos – respondeu o Mestre.
- Já é muito velho – disse o Daniel.
- Aqui, a idade não tem importância – disse o Mestre.
- A Capuchinho Vermelho, continua a ser uma criança mas, já deve ter quase 100 anos – disse o Feliz.
- E o lobo mau? - perguntou o Daniel.
- Esse, nunca nos diz a idade mas, já deve ter quase 100 anos – respondeu o Zangado.
- Este mundo é fantástico. Ninguém fica velho – disse o Daniel.
- Pois não – disse o Soneca.
Nesse momento, uma menina aproximou-se a correr.
- O meu irmão está com muitas dores de barriga – disse ela.
- Onde é que ele está? - perguntou o Dunga.
- O Hansel está atrás do Grande Plátano – respondeu a Gretel.
- Vamos lá – disse o Mestre.
Alguns minutos depois, ao chegarem ao Grande Plátano, viram então Hansel a chorar.
- Como estás? - perguntou o Dunga.
- Estou com muitas dores de barriga – respondeu Hansel.
- O que comeste? - perguntou o Mestre.
- Comi um bocado da casa de chocolate – respondeu Hansel.
- A casa de chocolate já é muito velha e por isso, faz mal à barriga – disse o Mestre.
- Tens que ser menos guloso – disse a Gretel.
- Vou tentar – disse Hansel.
Enquanto isso, viram alguém a fugir de uma multidão de homens. Assustado, Daniel olhou para o cavalinho.
- O que se passa? - perguntou o Daniel.
- É o Ali-Babá que está a fugir dos 40 ladrões – respondeu o cavalinho.
Felizes, Daniel e o cavalinho andaram um pouco e, viram em cima de umas ervas um lindo brilhante sapato.
- Algo me diz que o sapato é da Cinderela – disse o cavalinho.
- Como é que ela o perdeu? - perguntou o Daniel.
- Ela é muito distraída e, deve ter estado até tarde a brincar no lago e depois, deve ter ido com tanta pressa para casa que, se esqueceu – disse o Soneca.
- Por sorte não passou aqui o Gato das Botas senão, já o tinha roubado – disse o cavalinho.
Depois de andarem alguns metros, viram uma grande caixa de vidro vazia, rodeada de flores.
- O que é isto? - perguntou o Daniel.
- Foi aqui que a Bela Adormecida esteve a dormir, antes de o príncipe a acordar – respondeu o Feliz.
Enquanto olhavam para a caixa, ouviram:
“Pára! Pára!”
Segundos depois, ouviram ainda:
“Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha!?”
- A Carochinha continua à espera do noivo – disse o Atchim.
- Todos os dias são iguais. Ela chama, chama mas, põe defeitos em tudo e por isso, não encontra noivo – disse o Dengoso.
- Qualquer dia encontra alguém – disse o Daniel.
- Ela queria o patinho feio que agora está muito bonito mas, ele não quer nada com ela – disse o Soneca.
Feliz, Daniel viu que se tinha formado um arco-íris. 
-Tão bonito – disse ele.
- Está na hora de regressarmos a casa – disse o cavalinho.
Instantaneamente, a nuvem brilhante apareceu e, depois de envolver Daniel e o cavalo, levou-os para o quarto onde os deixou.
Ao abrir os olhos e vendo que já estava no seu quarto, Daniel olhou para o cavalo de madeira que, lhe piscou o olho enquanto baloiçava.
Feliz, Daniel sorriu e nunca esqueceu a viagem onde, a fantasia e a imaginação estavam bem presentes.