segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O Hospital Dos Brinquedos

           Felizes e incansáveis, os irmãos Bruno de 10 anos e Daniela de 9, adoravam brincar.
            Uma manhã enquanto viam televisão, a mãe Clara apareceu.
            - Recebi um convite para irmos visitar o hospital dos brinquedos – disse ela.
            - Onde é isso? – perguntou o Bruno.
            - É na antiga fábrica dos apitos, perto dos baloiços – respondeu a mãe.
            Entusiasmados com a ideia, Bruno e Daniela prepararam-se rapidamente. Já no carro, andaram alguns minutos e chegaram perto dos baloiços. Então, saíram do carro e olharam para todos os lados.
            Viram então a antiga fábrica que parecia mesmo estar em ruínas e aproximaram-se. Lá, Clara bateu à porta e segundos depois, um anão abriu a porta.
            - Bom dia – disse o anão.
            - Bom dia – respondeu Clara.
            - O que se passa? – perguntou o anão.
            - Enviaram-nos este convite – disse Clara, entregando-o.
            - Já sei do que se trata. Entrem – disse o anão.
            Atravessando a porta, viram vários anões que os olhavam, silenciosos.
            - Sou o Pulitos – disse um.
            - Eu sou o Bruno – disse ele.
            - E eu sou a Daniela – disse a irmã.
            Nesse momento, alguns dos outros anões começaram a aproximar-se.
            - Sou o Susto – disse um.
            - Eu sou o Faísca – disse outro.
            - Eu sou o Bongas – disse um outro.
            - E eu, sou o Atchim – disse o último.
            - Vocês moram aqui? – perguntou Daniela.
            - Sim – respondeu Bongas.
            - Porquê!? – perguntou Bruno, espantado.
            - Tem que estar sempre aqui alguém – respondeu Bongas.
            - Mas, porquê!? – perguntou Daniela.
            - Aqui é o hospital dos brinquedos e temos que estar sempre alerta – respondeu Pulitos.
            - Como é que isto é um hospital? – perguntou Bruno.
            - Não são só vocês que têm hospitais. Nós aqui, tratamos de todo o tipo de brinquedos. Podem ser bonecos, carros ou outras coisas – respondeu Faísca.
            - Mas, o que é que vocês fazem? – perguntou Daniela.
            - Fiquem aqui e já vêm o nosso trabalho – respondeu Bongas.
            - Podemos ficar aqui? – perguntaram os irmãos à mãe.
            - Podem. Mas, tenham cuidado – respondeu Clara.
            Depois de se despedirem da mãe, Bruno e Daniela seguiram Bongas até uma sala onde estavam mais anões a trabalhar. Então, aproximaram-se de uma bancada onde viram vários brinquedos.
            - Que estás a fazer, Brocas? – perguntou Bongas.
            - Estou a curar esta Barbie que caiu e, partiu uma unha do pé – respondeu Brocas.
            - E tu, Iacas? – perguntou Bongas.
            - Eu estou a tentar descobrir porque é que este carro não apita – respondeu Iacas.
            Nesse momento, ouviu-se um grande estrondo.
“Trapum!!!”
            - Que barulho foi este? – perguntou Bongas.
            - Foi o Atchim que deixou cair um caixote de bonecas – respondeu Cafum.
            A correr, Bongas foi até ao pé de Atchim que olhava fixamente para as bonecas caídas.
            - O que aconteceu? – perguntou Bongas.
            - O Tolas assustou-me e eu deixei cair as bonecas – respondeu Atchim.
            - As bonecas já estão prontas? – perguntou Bongas.
            - Não. Elas têm problemas difíceis – respondeu Atchim.
            - Quais problemas? – perguntou Iacas que se tinha aproximado.
            - Uma tem a unha do pé encravada, outra tem uma borbulha no joelho que parece uma montanha e outra, perdeu a ponta do nariz – respondeu Atchim.
            Ao ouvirem aquilo, os irmãos aproximaram-se mais.
            - Podemos ajudar? – perguntou Daniela.
            - Sim – respondeu Atchim.
            Olhando para o joelho da boneca, Daniela fez-lhe um pequeno curativo enquanto o irmão, tratava da unha encravada da outra boneca.
            Já com as tarefas terminadas, Bruno e Daniela viram que o nariz da última boneca e ficaram uns segundos a pensar numa solução.
            - Já sei! – exclamou Bruno.
            - Então!? – perguntaram os anões.
            - Podíamos usar uma massa e fazer-lhe uma nova ponta para o nariz – respondeu Bruno.
            - É isso. Vou à despensa, procurar a massa – disse Bongas, afastando-se.
            Minutos depois, Bongas regressou com o creme e com cuidado, moldaram uma nova ponta para o nariz da boneca. Depois de pronta, ajustaram-na e colocaram-na no local. A correr, a boneca aproximou-se do espelho e ao ver que o seu nariz estava perfeito, sorriu feliz.
            - Está perfeito. Nunca esteve tão bonito – disse a boneca.
            Nesse momento, Bongas aproximou-se apressado.
            -Venham comigo! – exclamou ele.
            - Que se passa? – perguntou Faísca.
            - O Rodinhas só consegue andar de marcha atrás – respondeu Bongas.
            - Então, é melhor chamar o mecânico para resolver o problema – disse Faísca, afastando-se.
            Minutos depois, Faísca regressou e com ele vinha o mecânico, o anão Buzinas.
            - Aqui está o Rodinhas à espera que o ajudes – disse Faísca.
            - Qual é o problema? – perguntou Buzinas.
            - Só ando de marcha atrás e não consigo descobrir qual é o problema – respondeu Rodinhas.
            - Levanta o capot que, eu vejo já isso – disse Buzinas.
            Segundos depois, Buzinas começou a mexer em algumas peças.
            - Ai! Ai! – queixou-se Rodinhas.
            - Desculpa. Tinhas uns cabos trocados e eram tantas teias de aranha que parecia uma casa abandonada – disse Buzinas.
            - Já está pronto? – perguntou Rodinhas.
            - Sim. Podes ir – respondeu Buzinas.
            Pronto, Rodinhas começou a andar bem e deu uma apitadela, agradecendo a Buzinas e, ao regressar para junto dos amigos, a sua cor brilhava como as estrelas.
            - Agora já estou bem – disse ele.
            - Isto é mesmo como um hospital – disse Bruno.
            Pouco depois, um barulho parecido com o de uma sirene, tocou e rapidamente, Bongas e Atchim abriram a porta. Então, viram uma carrinha de onde saíram dois enfermeiros também anões.
            - O que se passa? – perguntou Atchim.
            - Temos aqui um bebé careca que quer ter cabelo como os nenucos – respondeu um dos enfermeiros.
            - Levem-no para o consultório do psicólogo Tolas – disse Bongas.
            Atentos, Bruno e Daniela observavam todos os passos dos anões.
            Minutos depois, o bebé careca saiu do consultório.
            - Então!? O que é que o psicólogo te disse? – perguntou Atchim.
            - Disse-me que eu nasci bebé careca e que por isso, não posso ter cabelo como os nenucos – respondeu o bebé.
            - Pois é. Já imaginaste que, se fosses igual aos nenucos não podias ser o nosso bebé careca? – perguntou Bongas.
            - Tens razão. Assim, sou diferente deles – respondeu o bebé careca.
            - Exatamente – disse Atchim.
            Um pouco depois, Daniela olhou para um canto da fábrica e viu lá, um pequeno boneco a chorar. Com muito cuidado, aproximou-se dele e tocou-lhe calmamente.
            - Porque choras? – perguntou ela.
            - Sou o Malicas, um velho e feio boneco de madeira e por isso, sinto-me muito triste – respondeu o boneco.
            Entretanto, Bruno aproximou-se.
            - O que estás a fazer? – perguntou ele.
            - Estou a conversar com o Malicas – respondeu Daniela.
            - Olá – disse Bruno.
            - Olá – respondeu Malicas em voz baixa.
            - Ele estava-me a contar que se sente triste – disse Daniela.
            - Porquê!? – perguntou Bruno.
            - Sou feio e já estou velho – respondeu Malicas.
            Enquanto o irmão conversava com o boneco, Daniela estava muito pensativa.
            - Já sei! – exclamou ela.
            - Já sabes o quê!? – perguntou Bruno.
            - Já sei como o ajudar – respondeu Daniela, pegando no boneco.
            - Como!? – perguntou Bruno.
            - Em primeiro lugar, temos que lhe arranjar a madeira. Podes ir ao pé do Faísca buscar verniz e eu, vou arranjar-lhe umas roupas – respondeu Daniela.
            Segundos depois, Bruno começou a envernizar Malicas com muito cuidado.
            Minutos depois, quando o verniz já estava seco, Daniela apareceu com algumas roupas.
            - Agora já o podemos acabar de preparar – disse Daniela.
            Depois de estar vestido e calçado, Malicas ficou muito bonito.
            - Estou lindo! – exclamou ele.
            - Pois estás – concordaram os amigos.
            Nesse momento, Pulitos aproximou-se.
            - Quem és tu? – perguntou-lhe.
            - Sou o Malicas – respondeu ele.
            - Estás muito diferente. Já não pareces aquele velho e triste boneco – disse Pulitos.
            - O Bruno e a Daniela é que me ajudaram – disse Malicas.
            - Então, vem para ao pé de nós – disse Pulitos.
            Segundos depois, já todos reunidos, sentaram-se no chão.
            - Este hospital é fantástico – disse Daniela.
            - Eu, que não gosto nada de hospitais, adorei estar aqui – disse Bruno.
            - Aqui é diferente – disse Brocas.
            - Pois é – concordaram os irmãos.
            - Como vocês, os brinquedos também precisam de cuidados e nós estamos aqui para os ajudar – disse Cafum.
            - Este hospital é muito divertido – disse Bruno.
            - Quando quiserem, podem vir ajudar-nos – disse Atchim, soltando um espirro.
            - Nós voltamos – disse Daniela.

            De regresso a casa, os irmãos contaram tudo o que tinham feito e sempre que queriam e podiam, regressavam ao hospital dos brinquedos onde se divertiam, ajudando os anões.