quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O urso bebé

O sol estava a nascer e a aldeia Pitorras começava a despertar. Na rua Chicla, numa casa branca com um grande jardim, morava o Simão com 9 anos e os pais. Alguns metros depois, moravam também os irmãos André e Inês de 9 e 8 anos. Amigos desde criancinhas, o Simão, o André e a Inês adoravam explorar e, todos os espaços, eram oportunidades para a diversão. Pouco depois de o relógio da igreja bater as 10:00, os amigos encontraram-se na praceta Solidó e, começaram a planear o dia.                               - Podemos ir visitar o moleiro e, divertimo-nos com a Donzela.
- Acho melhor não. Ontem, a Donzela estava chateada e ia-me dando um coice.
- Pois foi. Ela é uma mula com muito trabalho e, não gosta muito de visitas.
- Têm razão.
- E se fossemos à oficina do Custódio ver se ele já fez mais algum carro de madeira?
- No outro dia, quando lá passei, ele estava a começar a fazer um carocha. Vamos ver se já o fez.
- É isso. Vamos lá.
Sorridentes, os amigos começaram a andar e, ao chegarem à oficina do amigo, viram-no a remexer em vários bocados de madeira. 
- Bom dia, Custódio.
- Bom dia, rapaziada.
- O que tens feito?
- A minha vida é fazer carros. Mas, de madeira.
- E são muito bonitos.
- Desde que fiz o primeiro, tenho sempre tentado melhorar.
- E tens melhorado.
- Sim. Só lhes falta o motor para andarem.
- Falta o motor e tamanho. Estes só podiam ser conduzidos por ratos. E, não podiam ser muito grandes.
- Tem razão.
- E, o que andam os meus amigos a fazer?
- Não tínhamos nada para fazer e por isso, decidimos vir aqui ver o teu trabalho.
- E fizeram muito bem em vir.
- Precisas de ajuda em alguma coisa?
- Por acaso, estava à procura de umas tábuas de cerejeira para acabar este trabalho mas, já devo ter usado as que tinha.
- Queres que vamos buscar mais?
- Isso é que era uma boa ação.
- Mostra-nos como são que, nós vamos à procura.
Custódio pegou num bocadinho que tinha e entregou-o aos amigos.
- Aqui está. Se encontrarem algum, tragam-no. Não importa o tamanho.
- Está bem. Vamos já.
- Obrigado amigos.
Já fora da oficina, os amigos sorriam felizes.
- Vamos ver no pinhal atrás da casa da dona Lúcia.
- Ok.
  Durante o caminho, os amigos correram, saltaram e riram felizes. Ao chegarem ao pinhal, começaram a procurar a madeira de cerejeira e, alguns metros depois, em cima de umas folhas secas estava o que procuravam.
Enquanto os apanhavam, começaram a ouvir barulhos parecidos com grunhidos fracos. Curiosos, pararam e ficaram à escuta. Minutos depois, perceberam que os barulhos vinham de uma caverna e, aproximaram-se silenciosamente.
Quando olharam lá para dentro, viram um urso pequenino enroscado noutro que, devia ser a sua mãe.
Segundos depois, a mãe ursa abriu os olhos e olhou para os amigos, grunhindo baixinho.
Sem saberem o que fazer, os amigos afastaram-se a correr e, pegaram nas madeiras, regressando à oficina do amigo Custódio, entregando-a.
- Obrigado amigos. Agora já posso acabar o carocha.
- Não é preciso agradeceres.
- Está na hora de irmos embora.
- Adeus rapaziada.
- Adeus Custódio.
Já na rua, os amigos conversaram.
- Temos que lá voltar.
- Sim.
- Amanhã, levamos uma pilha e voltamos lá.
- Exatamente.
- Então, amanhã encontramos-nos aqui às 14:30.
- Fica combinado.
- Ok.
No dia seguinte, ainda antes da hora marcada, os amigos reuniram-se.
- Vamos lá.
- Eu trouxe uns biscoitos para lhes dar. Espero que gostem.
- Se forem gulosos como eu, de certeza que gostam.
- Vá. Vamos é indo para não perdermos tempo.
Ao longo do caminho, os amigos cantavam e riam felizes.
Chegados ao pinhal, aproximaram-se da caverna e de repente, ouviram umas vozes. Rápidos, esconderam-se atrás da vegetação e ouviram:
“Pelo que o Euclides disse, deve ser aqui perto.”
“Espero que não andemos à procura dos ursos e eles não existam.”
“Para ele já ter um comprador para os bichos, é porque eles existem.”
“Eu só acredito, vendo.”
“És tão desconfiado.”
“Eu é que sei.”
“Está bem. Vamos é continuar a procurar.”
“Só se fores tu. Eu hoje já andei mais do que num ano inteiro. Vou mas é para casa e, amanhã logo se vê.”
“Eu faço como tu. Não vou andar por aqui sozinho.”
“Então, vamos embora. Amanhã voltamos à caça.”
Depois de os homens se irem embora, os amigos saíram do esconderijo.
- Não podemos deixar que eles apanhem os ursos.
- Pois não. Mas, o que pudemos fazer?
Em silêncio, os amigos pensavam numa solução.
- Já sei!
- O quê!?
- Lembram-se do senhor Virgílio da quinta Estrelinha?
- Sim.
- Podemos ir falar com ele e, se lhe contarmos que querem apanhar os ursos, ele de certeza que nos ajuda.
- Boa ideia.
- Vamos lá já, para não perdermos tempo.
Ao chegarem à quinta Estrelinha, o senhor Virgílio recebeu-os muito contente.
- Olá a todos!
- Olá senhor Virgílio. Podemos falar consigo?
- Claro que sim. Vamos até à cozinha que, a minha Dores deve lá ter bolachas.
Ao chegarem à cozinha, foram recebidos com abraços e beijos.
- Logo hoje que não fiz nenhum bolo é que recebemos visitas. Mas, o que me vale é que eu tenho sempre umas bolachas escondidas para o Virgílio não as comer.
- Sorte a delas!
- Sorte a delas!?
- Sim. Sorte das bolachas porque se eu as encontro, não deixo nenhuma para amostra.
- Pois, pois!
- Mas, agora vamos ao que interessa. O que me queriam contar?
- Senhor Virgílio, no outro dia fomos ao pinhal buscar madeira para o Custódio e, vimos um urso grande e um pequeno. Desde então, temos lá ido todos os dias mas, hoje vimos dois homens que, andam à procura deles para os venderem.
- Eles não podem fazer isso!
- Mas fazem se não forem impedidos.
- Vou falar com alguns amigos e, depois digo-vos algo.
- Ficamos à espera.
- Não se preocupem que, vou já falar com eles.
- Amanhã, viemos cá para saber o que fazer.
- Fica combinado. Até amanhã.
- Até amanhã.
De regresso às suas casa, os amigos esperaram ansiosos pelo dia seguinte e, pensaram no que poderiam fazer para afastar os homens.
Na manhã do dia seguinte, ainda antes das 9:30, os amigos encontraram-se e, foram até à quinta do amigo.
- Durante a noite, fartei-me de pensar em alguma coisa que pudéssemos fazer mas, não consegui.
- Eu pensei que podíamos abrir um grande buraco à frente da caverna e, tapá-lo depois com ramos para que, quando eles os calcassem, caíssem lá dentro.
- Essa ideia não é má de todo mas, é impossível.
- Porquê!?
- Tinha que ser um buraco muito grande e fundo e, nós não o conseguíamos abrir a tempo.
- Tens razão.
- Então!? Pensaram em mais alguma coisa?
- Não.
- Não.
- Vamos esperar pelo senhor Virgílio para sabermos se ele pensou em algum plano.
- Olhem! Ele vem ali com outros senhores.
Segundos depois, já ao pé dos amigos, Virgílio sorriu.
- Olá amigos.
- Olá.
- Como vos tinha dito, falei com estes comparsas e, pensámos numa maneira de proteger os ursos dos homens.
- Como!?
- É fácil. Eu e os meus comparsas vamos lá para dentro com umas cordas e escondemos-nos. Vocês ficam cá fora escondidos e, quando os virem chegar, imitam os sons das corujas. Lá dentro, nós vamos estar à escuta e, quando vos ouvir-mos, vamos usar as cordas e algumas pedras para os apanharmos. Enquanto isso, vocês correm até ao café do Fininho e chamam a policia.
- Boa ideia!
- Sim. Mas, temos que ser rápidos.
- Vamos quando?
- Assim que o Bartolomeu e o Zacarias chegarem com as cordas, vamos logo.
- Está bem.
Algum tempo depois, os amigos do senhor Virgílio chegaram e, depois de todos se +prepararem, entraram na caverna. Rapidamente, André, Inês e Simão foram esconder-se atrás de umas ervas altas e, ficaram de vigia.
Os minutos foram passando e, num momento em que os amigos já duvidavam se os homens apareceriam, ouviram.
“Vamos lá buscar o animal.”
“Sim. Vamos depressa.”
“Eu levo a lanterna e tu, as cordas.”
“Pois. O trabalho complicado fica sempre para mim.”
“Deixa-te de reclamar. Vamos é despachar isto.”
“Vá, então.”
Ao ouvirem aquilo, os amigos começaram a imitar as corujas.
“Uuh uuh, uuh uuh,uuh uuh.”
Atentos Custódio, Bartolomeu e Zacarias ouviram os sons e prepararam-se.
Quando viram os homens entrar na caverna, os amigos afastaram-se a correr o mais depressa que conseguiam até que, chegaram ao café do Fininho.
- Senhor Fininho! Podemos usar o seu telefone!?
- Claro que sim. Mas, o que aconteceu para virem a correr tanto!?
- Depois contamos-lhe.
- Estejam à vontade com o telefone.
- Obrigado.
Simão pegou no telefone e, depois de ver o número da policia, marcou-o e, esperou que atendessem a chamada.
“Quartel da policia da Pitorras, bom dia. Em que posso ajudar?”
- Bom dia. Eu sou o Simão e estou a telefonar-vos porque estão uns homens no pinhal a tentar apanhar o urso bebé que lá está.
Depois de acabar o telefonema, os amigos aproximaram-se da policia. No momento em que todos se preparavam para entrar, ouviram:
“Agora já não podem levar o urso.”
Nesse momento, Custódio, Bartolomeu e Zacarias saíram da caverna e, traziam consigo, três homens presos pelas cordas.
“Aqui estão os caçadores.”
“Os caçadores, caçados.”
“Vamos já levá-los para o quartel. Têm muito que contar.”
- Podemos ir lá dentro?
- Claro que sim.
Felizes, os amigos entraram na caverna e viram o urso bebé e a sua mãe ursa.

A partir desse dia, sempre que tinham tempo livre, os amigos iam à caverna ver o urso que chamaram de Kiko e brincavam com ele.

domingo, 9 de outubro de 2022

Uma doce corrida

        O sol furava lentamente as nuvens e aos poucos, um novo dia começava.
Também a pequena aldeia Cochichos começava a despertar e, alguns dos seus moradores já passeavam pelas ruas.
Na praceta Fanico, o senhor Zacarias abria o seu quiosque e, distribuía os jornais0 enquanto assobiava feliz.
Numa casa da rua Chiclas, os irmãos Liliana e Simão de 9 e 11 anos tomavam o pequeno almoço e conversavam acerca do que iriam fazer durante o dia.
- Podíamos ir ao parque ver os gansos.
- Ainda ontem os vimos. De certeza que eles não mudaram de ontem para hoje.
- Tens razão. E se, fôssemos ao armazém do Dani ver o que é que ele tem andado a inventar?
- Vamos. Mas primeiro, passamos por casa da Mariana e do André e perguntamos se querem ir connosco.
- Boa ideia.
Depois de saírem de casa, os irmãos andaram um bocado e, ao chegarem a casa dos amigos, tocaram à campainha. Segundos depois, a dona Dalila abriu a porta, sorridente.
- Bom dia. Tudo bem?
- Bom dia, dona Dalila. Sim, está tudo bem.
- Precisam de alguma coisa?
- Podemos falar com o André e com a Mariana?
- Claro que sim. Eles estão na sala a ver televisão.
- Obrigada.
- Não fui obrigada a nada. Vão até lá.
Simão e Liliana foram então até à sala.
- Olá pessoal. Bom dia.
- Bom dia.
- O que estão a ver?
- Estamos a ver uma corrida onde, os participantes têm que correr e levar um bolo nas mãos.
- É muito giro pois, os participantes quase sempre os deixam cair logo ao principio.
- Deve ser engraçado.
- E é. Sentem-se e vamos continuar a ver.
Os amigos então sentaram-se e juntos, viram o resto do programa. No final, enquanto todos comentavam o que tinham visto, Liliana estava calada e pensativa.
- Então e tu, Liliana. Gostaste?
- Gostei e, acho que sei o que podemos fazer para animar a aldeia.
- O quê!?
- O que acham de uma corrida como esta?
- Ia ser fixe!
- Eu gosto da ideia.
- Sim. Já estou a imaginar bolos a voar e chantilly a escorregar.
- Exatamente. Vamos falar com o senhor Filipe o presidente do clube desportivo para ele autorizar.
- Quando formos para casa, eu e a Liliana vamos até à casa dele e, conversamos.
- Mas, depois telefonem para nos dar a resposta.
- Está bem.
- Então, vá. Vamos andando para não demorarmos muito.
Simão e Liliana saíram e, ao chegarem a casa do presidente, viram-no sentado no alpendre.
- Bom dia sr. Filipe.
- Bom dia, pessoal. Tudo bem?
- Sim, tudo.
- O que fazem?
- Podemos falar consigo?
- Claro que sim. Entrem.
Felizes, os irmãos foram até ao alpendre e começaram a conversar.
- À pouco, quando fomos a casa dos nossos amigos, vimos um programa na televisão que, nos deu uma ideia para fazermos aqui na aldeia.
- Qual foi a ideia?
- É muito fácil. A ideia é, uma corrida onde todos os participantes levem um bolo e, não o podem deixar cair.
- Isso é uma ótima ideia.
- Sim. E ganhava quem chegasse ao fim com o bolo nas mãos e inteiro.
- Adorei e, acho que vai ser um sucesso.
- Podemos avançar com a ideia?
- Podem. E, têm todo o meu apoio.
- Vamos já começar a pensar no que temos que fazer.
- Estejam à vontade. Se precisarem de fazer cartazes, vão ao clube pois, à lá muito material que podem utilizar.
- Muito obrigado. Vamos já começar.
De regresso a casa, Liliana telefonou logo para os amigos.
- Estou!? Já falámos com o presidente e ele, adorou a ideia. Podemos avançar e, se quisermos fazer alguns cartazes, só temos que ir ao clube e, utilizar o material que lá está. Amanhã, venham cá a casa para planearmos tudo.
Ansiosos pelo dia seguinte, os amigos dormiram felizes.
De manhãzinha, os amigos reuniram-se  e, depois de irem ao clube recreativo buscar cartolinas, papel cenário e outros materiais, começaram a trabalhar.
- A corrida pode começar na praça Esfregada, passar pela rua Come e Dorme e acabar na praceta Fanico.
- Esse percurso é bom mas, qual vai ser o prémio?
- Com tanta doçura, o prémio pode ser um piquenique com os bolos restantes para toda a aldeia.
- É mesmo isso. Vamos começar.
Depois de fazerem diversos cartazes a anunciar a corrida, foram distribui-los pela aldeia.
Nos dias que se seguiram, o tema principal de conversa na aldeia era a corrida e, os amigos estavam mais que ansiosos.
Chegado o tão esperado dia, a praça Esfregada estava cheia de pessoas. Depois de alinharem todos os concorrentes, a corrida começou assim como a diversão.
Poucos metros depois, os amigos Joana e Sebastião corriam lado a lado e, aproveitavam para fazer caretas um ao outro. No momento em que o Sebastião se preparava para passar à frente da amiga, ela passou-lhe uma rasteira e, ele caiu em cima do bolo de laranja que levava.
Um pouco mais à frente, Benjamim corria com o seu bolo de ananás decorado com coloridas pintarolas e diversas bandeiras de chocolate que, sem olhar para o chão escorregou numa folha de palmeira e, mesmo depois de se ter tentado equilibrar, caiu em cima do bolo.
Cuidadosa, Luísa levava um bolo de maçã e, tentava desviar-se dos outros corredores. Mas, ao descer o passeio, calcou uma pedra que rebolou e a desequilibrou, deixando cair o bolo.
Já com a meta à vista, Vicente com o seu bolo de chocolate sorria feliz e contente. Mas, de um momento para o outro, o amigo Daniel aproximou-se e deu-lhe um encontrão. Vicente inclinou-se para o lado e, no momento em que estava quase a recuperar o equilíbrio, o bolo escorregou-lhe das mãos e caiu. 
Ao longo do percurso, vários outros concorrentes deixaram cair os seus bolos mas, continuaram a correr, felizes.
Na praceta Fanico, várias pessoas esperavam pelo vencedor e, quem atravessou a meta primeiro e com o bolo ainda perfeito foi o concorrente Gonçalo.
Depois de uma grande salva de palmas, o sr. Filipe pegou no microfone.
- Amigos! Terminada esta doce corrida, convido-vos a festejar este momento aqui, num piquenique.
Muito felizes, os amigos participaram no piquenique e, festejaram com todos os habitantes da aldeia.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

A estufa fantástica

Uma tarde, durante o regresso da escola, Núria de 8 anos e a irmã Linda de 7, saltavam felizes. Ao chegarem à rua Pepita, viram caídas no chão algumas flores muito bonitas.                                - Tão bonitas! – exclamou Núria, apanhando duas.                                                                                - Pois são – concordou Linda, apanhando também duas.                                                                      - Parecem flores de princesa – disse Núria.                                                                                   Segundos depois, um senhor aproximou-se.                                                                                           - Eu sabia que tinham de estar por aqui – disse o senhor.                                                                    - São muito bonitas – disse Núria.                                                                                                   Vendo que as meninas seguravam em duas, sorriu.                                                                              - Olá. Gostam de flores? – perguntou o senhor.                                                                                    - Sim – respondeu Linda.                                                                                                                          - Eu também gosto muito delas. Trato-as o melhor que posso e consigo – disse o senhor.                - É você que cuida delas? – perguntou Núria.                                                                                        - Sim. Sou o jardineiro que as ajuda a crescer – disse o senhor.                                                            - Adoro mexer em flores – disse Linda.                                                                                                  - Em primeiro lugar, como se chamam? – perguntou o jardineiro.                                                       - Eu sou a Núria – apresentou-se ela.                                                                                                       - E eu sou a Linda – apresentou-se a irmã.                                                                                               - E eu, sou o Tomé – disse o jardineiro.                                                                                                  - Ser jardineiro é difícil? – perguntou Linda.                                                                                           - Não. Trabalhar com plantas é muito bom para a nossa cabeça – respondeu Tomé.                        - Bom, como? – perguntou Núria.                                                                                                          - As plantas têm o poder de nos animar e de nos fazer sentir melhor. Mas, é também graças a elas que o ar que respiramos é renovado e purificado – respondeu Tomé.                                                   - Eu pensava que as plantas só serviam para enfeitar – disse Linda.                                                    - Servem para o que vos disse e para muitas outras coisas – disse Tomé.                                            - Também há plantas más? – perguntou Núria.                                                                                    - Não há plantas más. Há é algumas com que temos que ter mais cuidado – respondeu Tomé.      - Pois- disseram as irmãs.                                                                                                                        - Querem visitar a estufa onde tenho as minhas flores? – perguntou Tomé.                                      - Sim!!! – exclamaram as irmãs.                                                                                                                Alguns metros á frente, viram uma grande estufa e aproximaram-se. Lá dentro, viram as mais variadas flores e plantas lindíssimas. Aproximando-se de uma, Linda parou a observá-la.               - Essa camélia é uma das mais bonitas – disse Tomé.                                                                            - É mesmo muito bonita – concordou Linda.                                                                                        - Neste vaso, está uma erva medicinal. O boldo ajuda a tratar gastrites e é fácil de tomar. Pode ser usada para fazer chá e é ótima – disse Tomé.                                                                                           - Eu não gosto de chá – disse Núria.                                                                                                        - Eu também não – disse Linda.                                                                                                              - Eu também não gosto muito mas, ás vezes tem que ser – disse Tomé.                                              - Como sabe isso tudo sobre as plantas? – perguntou Núria.                                                              - A cultura das pessoas e os livros ajudam muito – respondeu Tomé.                                                  - Quando crescer também quero trabalhar com as plantas – disse Linda.                                          - E o que fazem as outras plantas? – perguntou Núria.                                                                          - Venham comigo – disse Tomé.                                                                                                    Seguindo por um corredor, Tomé mostrava as plantas.                                                                        - Esta não é muito conhecida. É uma planta que não gosta muito do nosso clima e precisa de muitos cuidados. É o bonsai – disse Tomé.                                                                                              - É muito bonito – disse Núria.                                                                                                                - Pois é – concordou Linda.                                                                                                    Continuando a andar, chegaram perto de outros vasos.                                                                      - Estas flores cor de rosa, são as minhas preferidas. Chamam-se coroas de rei e, quando juntamos várias de cores diferentes, fica um efeito maravilhoso – disse Tomé.                                                   Um pouco mais á frente, viram umas que pareciam bicos de animais.                                              - E estas? Como se chamam? – perguntou Núria.                                                                                  - Chamam-se estrelícias – respondeu Tomé.                                                                                          - Também são muito bonitas – disse Linda.                                                                                           Percebendo o quanto as irmãs tinham gostado das flores, Tomé apanhou algumas.                        - Estas flores são para vocês. Cuidem delas com carinho – disse Tomé entregando-lhes as flores.  - Vamos trata-las o melhor que conseguirmos – disse Núria.                                                                De regresso a casa, as irmãs estavam muito felizes.                                                                               Nos dias que se seguiram, Núria e Linda cuidaram das plantas e viram-nas crescer e florescer.       Semanas depois, durante um passeio, as irmãs voltaram a passar em frente à estufa e Tomé, ao vê-las, aproximou-se.                                                                                                                                    - Olá meninas – disse ele.                                                                                                                        - Olá – responderam as irmãs.                                                                                                              - Que andam a fazer? – perguntou Tomé.                                                                                                - Andamos a passear – respondeu Linda.                                                                                                - Tenho novas flores na estufa – disse Tomé.                                                                                         Já lá dentro, as irmãs viram as flores e começaram a ajudar Tomé.                                                       A partir daí, Núria e Linda ocupavam todos os seus tempos livres com visitas à estufa e a ajudar Tomé o que, tornou a estufa e as suas plantas ainda mais bonitas.

sábado, 6 de agosto de 2022

O campo de férias

Um novo dia estava a começar e aos poucos, toda a aldeia Pingotas despertava.
Numa pequena casa da rua Chochó, Bruno de 10 anos levantou-se e depois de tomar o pequeno-almoço, foi para a sala jogar computador. Pouco depois, a mãe Ana aproximou-se acompanhada por Miguel, um amigo do filho.
- Está aqui o teu amigo. Divirtam-se.
- Olá Miguel.
- Vim fazer-te um convite.
- Que convite?
- Na próxima semana, vou para um campo de férias e, queria perguntar-te se também queres ir?
- Não quero.
- Mas aquilo é muito divertido. De certeza que ias gostar.
- Acho que não.
Nesse momento, a mãe entrou na sala.
- Então, o que estão a fazer?
- Eu estava a convidar o Bruno para ir comigo ao campo de férias.
- De certeza que ele vai adorar.
- Não vou, não!
- Quantos dias são?
- É uma semana.
- É pouco tempo.
- Não é nada pouco tempo!
- Lá, é tudo tão divertido que, o tempo passa a correr.
- Com tanta diversão, passa a voar.
- Todos os dias são diferentes. As atividades são muito engraçadas e ias adorar.
- Mas, não me apetece.
- Gostava tanto que fosses. Podíamos brincar e fazer muitas coisas.
- Prefiro ficar em casa a jogar computador.
Nesse momento, a mãe que entretanto se tinha afastado, regressou.
- O Bruno vai adorar a experiência.
Em silêncio, Bruno olhou muito sério para a mãe que, desviou o seu olhar.
- Vai ser uma aventura. Quando era nova, adorava esse dias.
- Que bom que o Bruno vai.
Sem falar, Bruno correu para o seu quarto onde fechou a porta com muito estrondo e durante o resto do dia, não saiu do quarto. À hora de jantar, o pai Lucas foi até lá e bateu à porta.
- Bruno. Deixa-me entrar.
Apesar de contrariado, Bruno abriu a porta e deixou o pai entrar.
- Então, filho! O que se passa?
- A mãe quer que eu vá para um campo de férias com o Miguel e outras pessoas mas, eu quero ficar em casa.
- Mas, porque não queres ir?
- Oh! Lá não há televisão nem computador para eu passar o tempo.
- Nisso tens razão. Não há tecnologia mas, tenho a certeza que há atividades muito mais interessantes e divertidas.
- Mas, eu não gosto de atividades.
- Vou-te fazer uma proposta. Vais durante quatro dias experimentar e, depois se quiseres vir para casa, eu vou-te buscar.
Bruno olhou pensativo para o teto.
- Está bem. Mas, tens mesmo que me ir buscar.
- Está bem. Palavra de pai!
Poucos segundos depois, a mãe apareceu.
- Estivemos a conversar e, o nosso filho vai experimentar o campo de férias.
- Mas, se eu não gostar, vocês vão-me buscar.
- Sim. Mas, tenho a certeza que depois, não vais é querer vir para casa.
- Vou já ligar ao Miguel a dizer que também vais e, a perguntar o que precisas levar.
Rapidamente, Ana fez o telefonema e pouco depois voltou ao quarto do filho.
- Já falei com ele e amanhã, vou preparar tudo o que tens que levar.
Depois de jantar, o Bruno deitou-se e adormeceu.
De manhãzinha ao acordar, o Bruno viu uma grande mochila ao lado da sua cama e viu também a mãe a mexer na sua roupa.
- O que estás a fazer?
- Estou a acabar de preparar o que tens de levar para o campo de férias.
- Chegam dois pares de calças e duas t-shirts.
- Nada disso. Levas calções de praia, boina, chinelos, protetor solar, toalha e outras coisas mais.
- Mas, não são precisas tantas coisas.
- Por precaução, também vou buscar uma lanterna.
Durante o resto do dia, o Bruno esteve sempre fechado no quarto, a jogar computador.
Os dias foram passando e, chegou o momento da viagem. A meio da manhã, uma carrinha parou na berma da estrada e apitou. Miguel saiu e foi chamar o amigo.
- Vamos! Traz a mochila e vamos divertir-nos.
- Está bem.
Pouco animado, o Bruno entrou na carrinha e sentou-se no último banco que, era o único que estava livre.
Depois de alguns quilómetros, chegaram a um local onde existia um lago, árvores e ainda, uma rocha que parecia um cão sentado. Nesse momento, um rapaz e uma rapariga mais velhos aproximaram-se.
- Muito bom dia a todos!
“Bom dia!”
- Eu sou a Joana a vossa monitora e nestes dias, vou tentar divertir-vos ao máximo.
- E eu sou o monitor João que vos informa que, a partir de hoje, só é permitida diversão.
- Neste primeiro dia, vamos instalar-nos e aproveitar o lago.
Então, cada um escolheu uma tenda e, depois de lá guardarem as mochilas, reuniram-se com os monitores.
- Agora que já estão instalados, vamos fazer o batismo no lago.
“O que é isso!?”
- O batismo no lago é uma espécie de ritual onde, todos temos que entrar na água e lá, à vez, molharmos a cabeça de um colega.
- Vão então às tendas vestir os equipamentos de banho.
Desanimado, o Bruno foi à tenda preparar-se e ao regressar para perto dos monitores, viu que os colegas já estavam na água.
- Vá Bruno! Só faltas tu.
Então, o Bruno entrou no lago e a atividade de batismo começou.
À vez, cada um dos participantes escolheu um colega e foi molhar-lhe a cabeça até que, o Bruno era o único que ainda não tinha sido batizado nem batizado ninguém. Por essa razão, Joana aproximou-se silenciosamente e, molhou a cabeça do Bruno, batizando-o.
- Agora que já terminámos, vamos divertir-nos.
Foi então buscar uma bola insuflável e atirou-a a Bruno que, aos poucos e poucos começou a participar na brincadeira.
Terminada a atividade, começaram a ouvir um barulho parecido com o de um galo a cantar.
- Rapaziada, agora temos que ir comer alguma coisa. Vamos ver se o João já preparou o almoço ou, se ainda o temos que arranjar.
Já fora de água, viram uma toalha de piquenique estendida e em cima dela, umas belas sandes de atum.
- Vamos comer que, ainda temos muito que fazer.
Bruno comeu a sua sandes sem falar com ninguém e, ficou a olhar para um pássaro de bico vermelho que, muito ocupado fazia o seu ninho.
- Esse bico-de-lacre é muito bonito.
- Pois é.
- Sou o Pedro e, adoro pássaros.
- Eu sou o Bruno mas, não percebo nada do assunto.
- Se quiseres, eu posso dizer-te algumas coisas.
- Está bem.
Enquanto isso, Joana e João aproximaram-se.
- Vamos agora fazer uma caminhada. Depois deste almoço, temos que perder as calorias que comemos.
- Vamos lá.
Ao longo da caminhada, Bruno ia conversando com com o amigo e, aos poucos, começou a sentir-se mais à vontade.
Os dias foram passando e, ocupado com corridas, exploração de grutas, mergulhos e brincadeiras no lago, o campo de férias estava a acabar.
- Amigos e amigas, chegou o momento em que temos que nos despedir do campo de férias.
- Foram uns dias cheios de aventura e adrenalina que, não vão ser esquecidos por nenhum de nós.
- Vamos tirar uma foto de grupo e, ficam já convidados para participarem no próximo campo de férias. Certo!?
“Certo!!!”
Depois da despedida, foram levados para as suas casas e, ao chegar à sua, Bruno abraçou os pais muito sorridente.
- Olá filho. Como estás?
- Olá. Estou ótimo.
- Estamos a ver que sim.
- Pois.
- Gostaste da experiência?
- Ao principio não estava a gostar muito mas, depois fiz lá um amigo e foi muito bom.
- Ainda bem. Estamos muito orgulhosos de ti.
- Porquê!?
- Porque nunca pensámos que conseguisses estar lá até ao fim.
- A partir de hoje, vou ser diferente.
- Mesmo!?
- Sim. E, quero ir no próximo campo de férias.
- Nunca pensámos ouvir-te a dizer isso.
- Mas é verdade.
A partir desse dia, o Bruno começou a ir todos os dias reunir-se com a rapaziada e a ser feliz. 

terça-feira, 21 de junho de 2022

Um cão especial


Rodeada por longos campos de papoilas, a aldeia Pingada era a mais bonita dos arredores. Felizes, os seus habitantes adoravam cuidar dos seus jardins e mostrá-los com orgulho a todos os visitantes. Perto do repuxo da praça Plim Plim, o quiosque Pinguinhas mostrava os jornais que revelavam as noticias mais recentes e o vendedor Ambrósio, sorria e saudava quem passava perto.
- Bom dia, dona Filó. 
- Bom dia, Ambrósio. Temos noticias frescas? 
- Frescas não, fresquíssimas! 
- Tem que ser. 
- Exatamente. 
- Tenho que ir. Adeus.
-  Adeus.
 Segundos depois, um cão aproximou-se e parou a olhar para Ambrósio.
- Também queres ler um jornal? Tenho o Futebolas ou, preferes outro?
 “Au!! Au!!” 
- Estou a ver que não é o teu género. Se preferes de fofocas, tenho aqui tantas revistas que, nem sei o nome de todas. 
“Au!!Au!!”
- Também não. Então, só resta política.
Nesse momento, a dona Marieta aproximou-se.
- Olá Ambrósio. Já falas com o cão? 
- Olá. Estava a perguntar-lhe o que é que ele queria ler mas, parece-me que ele é sempre do contra.
- Em vez de ler, ele deve querer é comer. Já são 12:30 e, ele ainda não deve ter comido nada hoje. 
- Por falar em comer, é o que vou fazer. 
- Tem que ser. Bom almoço. 
- Adeus. 
Segundos depois, Ambrósio pegou na sua sandes de presunto e começou a comê-la. Enquanto isso, o cão continuava sentado à frente do quiosque. Então, Ambrósio tirou um bocado da sua sandes deu-o ao cão que o comeu rapidamente.
- Estou a ver que o que querias era comida.
“Au!!Au!!”
Minutos depois, a dona Ernestina aproximou-se.
- Boa tarde, Ambrósio.
- Boa tarde. Precisa de alguma coisa?
- Precisar até preciso.
- Então diga. Talvez a possa ajudar.
- A minha netinha vai hoje lá a casa e, queria dar-lhe uma prenda. Mas, não sei o quê.
- Que idade é que ela tem?
- Tem 2 anos e meio.
- Com essa idade, as crianças gostam de coisas coloridas. Acho que tenho ali um livro indicado para ela.
- Mostre-me.
Ambrósio virou-se e alguns segundos depois, mostrou à dona Ernestina um livro com capa fofa e colorida onde, as personagens podiam ser mudadas de lugar.
- Neste livro, para além das cores garridas, ela pode mexer em tudo sem qualquer perigo.
- É o que vou levar. Obrigado.
Depois da venda, Ambrósio voltou a ficar sozinho com o cão.
Minutos depois, chegaram à praça duas crianças que a correr, subiram para a borda do repuxo. Pouco tempo depois, ouviu-se um “splash”, seguido do barulho de algo a bater na água “tchap!tchap!” Nesse momento, o cão começou a correr e a ladrar e, ao chegar ao repuxo, saltou lá para dentro. Então, mordeu o carapuço da criança e puxou-lhe a cabeça para fora de água. Ambrósio aproximou-se a correr e pegou na criança, tirando-a para fora.
Nesse momento, a mãe das crianças aproximou-se a correr.
- João!!! João!!!
- O seu filho está aqui. Molhado e assustado mas, bem.
- Oh! Obrigado. Muito obrigado.
- O agradecimento não é para mim mas sim, para este cão.
- Como!?
- Isso mesmo. Este rafeiro foi a primeira ajuda que o seu filho teve.
- Isso é impossível.
- Não é não. Ele, assim que percebeu que o seu filho precisava de ajuda, correu para cá e saltou lá para dentro onde, pelo carapuço , puxou a cabeça do menino para fora de água. Eu, apenas o tirei para fora.
- O meu João, foi salvo por um cão. Parece uma história.
Já mais calmo, João abraçou o cão.
- Mãe, podemos ficar com ele?
- Se o dono deixar.
- Ele não tem dono. Só costuma estar aqui a fazer-me companhia.
- Então, podemos?
- Claro que sim.
- Boa!!
- Que nome lhe vão dar?
- Já sei!
- Então?
- O quiosque é o Pinguinhas e ele, vai ser o Pingas.
- Boa ideia.
- Só quero pedir uma coisa.
- O quê!?
- De vez em quando, venham cá com ele para que fique a saber as noticias do mundo.
Todos se riram felizes e assim, o Pingas encontrou uma família que o passeava e levava ao quiosque onde Ambrósio o recebia muito feliz.

terça-feira, 26 de abril de 2022

O segredo do quarto trancado

O sol espreitava por entre as nuvens e aos poucos, os irmãos Diogo e Simão de 10 e 11 anos acordavam com muita preguiça. Minutos depois, levantaram-se e o gato deu um mio.                    - Bom dia Ginjas.                                                                                                                               Depois de se prepararem, foram até à cozinha onde a mãe Matilde preparava o pequeno-almoço.  - Bom dia rapaziada.                                                                                                                  Bom dia, mãe.                                                                                                                                    - Tomem o pequeno almoço que, eu tenho que ir a casa da tia Julieta.                                             - Para quê!?                                                                                                                                          - Vocês sabem que a tia às vezes tem ideias malucas e hoje, às 6:00 da manhã telefonou a dizer que tinha que limpar e arrumar os armários da sala.                                                                           - Mas, porquê!?                                                                                                                                   - O porquê não sei. Mas, sei que ela, quando mete uma ideia na cabeça, não à quem lha tire.          - Podemos ir e ficar no pátio a brincar com as engenhocas do tio Bartolomeu?                                - Claro que podem. Mas, têm que se despachar.                                                                                - Eu já acabei.                                                                                                                                     - Eu também.                                                                                                                                       - Então, vamos.                                                                                                                                    Alguns minutos depois, ao chegarem perto da casa, viram o tio Bartolomeu a mexer num velho guarda--chuva enferrujado.                                                                                                                 - Olá tio.                                                                                                                                               - Olá sobrinhos.                                                                                                                                   - O que está a fazer?                                                                                                                           - Estou a tentar arranjar uma armadilha para afastar uns cães que à noite, vêm cá e espalham as minhas ferramentas.                                                                                                                             - Não era mais fácil se o tio as arrumasse dentro da oficina.                                                               - Até podia ser mas, eu já estou tão habituado a não ter nada arrumado que, depois ainda ia ser mais difícil lembrar-me dos sítios onde estavam.                                                                               - Está bem. O tio é que sabe.                                                                                                            Entrando em casa, Diogo e Simão aproximaram-se da tia.                                                                - Olá sobrinhos.                                                                                                                                    - Olá tia.                                                                                                                                            - Tenho na cozinha um bolo acabado de sair do forno e que vos está a chamar. Vão até lá e provem-no.                                                                                                                                          - Obrigado.                                                                                                                                           Enquanto iam para a cozinha, ouviram um estrondo parecido com o de vidros a partir. Olharam para todos os lados mas, só viram uma grande cortina encostada à parede.                                       Curiosos, arredaram-na e viram uma porta de madeira preta. Tentaram abri-la mas, a maçaneta não rodou nem um milímetro. Pouco depois, a mãe e a tia aproximaram-se.                                     - O que se passa?                                                                                                                              - Ouvimos um barulho parecido com o de vidros a partir mas, só aqui está esta porta trancada.       - Não deve ter sido nada de importante.                                                                                              - Tia, mas o barulho veio mesmo daqui.                                                                                           - Então, não vamos mesmo saber o que foi.                                                                                       - Porquê!?                                                                                                                                           - Desde que me lembro de ser gente, esta porta nunca foi aberta. Quando era mais nova, procurei a chave mas, nunca a encontrei.                                                                                                           - Oh!                                                                                                                                                   - Pois é.                                                                                                                                               - Podemos procurar a chave?                                                                                                                                    - Poder podem. Mas, não se entusiasmem muito pois, cá para mim, a chave não existe.                  - Que estranho.                                                                                                                                     - É mesmo.                                                                                                                                           Depois da tia se afastar, os irmãos começaram a procurá-la. Viram nos armários, nas louças, nas estantes de livros e até abanaram as almofadas, não estivesse a chave lá dentro mas, nada. Já um pouco desanimados, os irmãos sentaram-se.                                                                                       - Será que a porta não tem mesmo chave?                                                                                           - Para que queriam uma porta se não a abriam!?                                                                                 - Vamos ao pé dela.                                                                                                                           - Sim. Pode ser que as chaves apareçam por magia.                                                                          - Já agora, caíam do tecto.                                                                                                                  - Não gozes.                                                                                                                                         - Era uma ideia.                                                                                                                                   - Ok. Vamos lá.                                                                                                                                   Ao chegarem à porta, olharam para todos os cantos, recantos mas, nada. Com o desânimo a aumentar, Simão encostou-se à parede e sem querer, tocou num quadros de madeira que, caiu.       No momento em que se baixavam para o apanhar, viram que preso à moldura, estava uma chave de ferro. Sorridente, Diogo apanhou-a e experimentou abrir a porta com ela. Depois de rodar a chave, a fechadura fez um “click” e abriu-se.                                                                                   Os irmãos entraram no espaço e, com a ajuda da luz dos telemóveis, viram vários vestidos muito bonitos.                                                                                                                                              Saíram do espaço e foram ter com a tia Julieta.                                                                                - Tia! Conseguimos abrir a porta!                                                                                                       - Abriram a porta!? - Sim. Vamos lá.                                                                                                   - É melhor levarmos uma lanterna.                                                                                                     - Tenho ali uma. Vou buscá-la.                                                                                                        Entraram e, com a luz da lanterna, viram vestidos maravilhosos e, vidros no chão.                         - Olhem os vidros que ouvimos partir. Parece que foi um candeeiro.                                                 -  Sim. E olhem também pare estes vestidos que parecem de princesas.                                           - Estou agora a lembrar-me de uma conversa que ouvi em pequena.                                                 - Que conversa!?                                                                                                                                  - Um dia, os meus pais contaram-me uma história onde havia uma princesa que não era vaidosa e que, deu os seus melhores vestidos à sua melhor amiga, como agradecimento pela amizade.            - Quem era a melhor amiga?                                                                                                                - Pelo que estou a perceber agora, a melhor amiga era a minha avó, vossa bisavó.                            - Como é que ela se chamava?                                                                                                            Ela era a Bernardina e, sempre me disse que ter amigos é uma das maiores riquezas do mundo.   - E é mesmo.                                                                                                                                    - Não ter amigos é muito triste.                                                                                                           - Por essa razão, não os abandonem nem afastem pois, os amigos são aqueles que confiam em nós e, em quem podemos confiar os nossos maiores segredos.