sábado, 3 de agosto de 2013

O Lago Brilhante

 
Com a chegada do verão, todos os habitantes da aldeia Reflexo estavam felizes e animados.

Entre passeios e outras actividades, os irmãos Luís de 8 anos e Luísa de 7 adoravam brincar com o seu cão Toni e assim a diversão era muita.

 Numa manhã em que brincavam na sala, a mãe Dulce aproximou-se e disse:

- Filhos! Esta semana, tenho que fazer uma limpeza quase profunda à casa e por isso, quero pedir-vos para irem brincar para o parque.

Sorrindo, Luís disse:

         - Boa! Assim podemos correr e brincar nos baloiços e no lago.

Luísa disse:

- Sim. E pode ser que lá estejam mais meninos para brincarmos.

Percebendo que os filhos já tinham planos para o parque, o pai Carlos disse:

- Se quiserem, hoje à tarde levo-vos lá.

Feliz, Luísa disse:

- Vou já buscar a minha bóia da Barbie.

Levantando-se, Luís disse:

- Eu vou buscar os meus óculos de mergulho e a minha barbatana do Homem Aranha.

Depois de prepararem tudo, os irmãos entraram no carro do pai e felizes foram para o parque.

Já fora do carro, aproximaram-se do lago e viram-no com uma cor um bocado esquisita mas, pensando que era o efeito da luz do sol, Luísa disse:

- Vou já para a água.

Rapidamente entrou na água e sentindo-a estranha, disse:

- A água está estranha.

Luís entrou de seguida no lago e, sentindo a mesma coisa disse:

- Está estranha, tem um cheiro esquisito e não se vê nenhum peixe.

Curiosa, Luísa disse:

- Temos que tentar descobrir o que se passa.

Depois de pensar uns segundos, Luís disse:

- Podemos ir perguntar a outras pessoas se sabem alguma coisa.

Luísa olhou para o lago, depois para o irmão e disse:

- Sim. Podemos ir ao café do Patrício e perguntar se sabem alguma coisa.

Luís disse:

- Como ele tem sempre muitos clientes, pode ser que alguém saiba.

Apressados, Luís e Luísa foram ao café e ao entrarem, viram que estava quase cheio. Ao balcão, Patrício perguntou:

- Querem alguma coisa?

Luísa respondeu:

-Queríamos perguntar-lhe se sabe o que é que o lago tem.

Sem entender o que Luísa queria saber, Patrício perguntou:

- Mas que se passa com o lago?

Luís respondeu:

- À bocado, quando lá estivemos notámos que a água estava com uma cor e um cheiro esquisito.

Patrício escutou tudo e, depois de pensar um pouco entregou-lhes uma garrafa de plástico e disse:

- Vão ao lago e encham esta garrafa com água.

Sem saber qual a razão para a recolha da água, Luís perguntou:

- Para que quer aquela água suja?

Patrício respondeu:

- Se me trouxerem a água, eu envio-a para um laboratório e lá, pode ser que a analisem e nos digam porque é que ela está assim.

A correr, Luís e Luísa foram ao lago encher a garrafa e pouco depois entregaram-na a Patrício.

No dia seguinte, ao entrarem no café e ao verem Patrício, Luísa perguntou:

- Já sabe de alguma coisa?

Patrício respondeu:

- Sim. À bocado, ligaram-me do laboratório e disseram que a água está infectada com produtos tóxicos.

Surpreso, Luís perguntou:

- Como é que isso pode ser?

Patrício respondeu:

- Muitas pessoas não respeitam o ambiente em que vivemos e por isso poluem-no com esses produtos.

Luísa perguntou:

- Mas como é que os produtos tóxicos foram para o rio?

Patrício respondeu:

- Isso não sei mas, temos que descobrir quem o fez, como e porquê.

Pensado um pouco, Luís perguntou:

- Como vamos fazer isso?

Patrício respondeu:

- Quem larga esses produtos no rio, de certeza que o faz à noite quando não está ninguém a ver. Por isso, a nossa única solução é fazermos uma vigília.

Não sabendo o que era uma vigília, Luísa perguntou:

- O que é isso?

Patrício explicou:

- Uma vigília é quando as pessoas se juntam e ficam a vigiar alguma coisa.

Sorrindo, Luís disse:

- Temos que avisar toda a aldeia.

Patrício disse:

- Sim. O melhor é irmos falar com as pessoas da aldeia e pedir-lhes para participarem e estarem ás 20:30 perto do porto dos pescadores.

Prontos para avisar as pessoas do que ia acontecer nessa noite, Luís e Luísa foram à loja da Berta, à da Claudete e à do senhor Bartolomeu, contar tudo.

Com o passar das horas, Luís e Luísa iam ficando ansiosos mas, à hora marcada chegaram ao porto dos pescadores onde já estavam várias pessoas.

Perto das 21:45, quando as pessoas estavam prestes a regressar às suas casas, Luísa olhou para uma estrada lá perto e ao ver luzes, disse:

- Vem ali qualquer coisa.

Todos apagaram as suas lanternas e em silêncio esperaram para ver o que ia acontecer.

Alguns minutos depois, o carro parou na beira do lago e um homem saiu, trazendo vários garrafões.

No momento em que se preparavam para os despejar, todos acenderam as lanternas e começaram a aproximar-se do homem.

Ele, assustado ficou quieto e Patrício perguntou:

- Porque é que está a despejar toda essa porcaria no nosso lago?

O homem respondeu:

- Só estou a fazer o que me mandaram.

Patrício perguntou:

- Quem lhe mandou fazer isso?

Agora já um pouco atrapalhado, o homem respondeu:

- Foi o senhor Vitorino da fábrica de adubos.

Patrício olhou fixamente para o homem e com uma voz grossa disse:

- Agora que já sabemos o que queríamos, leve esses garrafões e vá entregá-los ao seu patrão, dizendo que o lago não precisa dessas porcarias.

O homem foi embora e todas as outras pessoas também.

No dia seguinte, Patrício, Luísa e Luís foram à polícia. Lá, quando estavam ao pé do sargento Xavier, Patrício disse:

  - Ontem à noite descobrimos porque é que o nosso lago está tão esquisito.

Xavier perguntou:

- Porquê?

Patrício explicou:

- A fábrica de adubos vai lá todas as noites despejar resíduos tóxicos.

Surpreso com o que estava a ouvir, Xavier disse:

- Vou já mandar a fiscalização fazer uma inspecção à fábrica e proibi-los de fazerem mais descargas para o lago.

Os dias foram passando e algumas semanas depois, Luís e Luísa regressaram ao lago para ver como estava.

Ao chegarem à margem, viram várias plantas a crescer e a água estava de novo com o seu brilho natural.

A partir desse dia, o lago conseguiu atrair ainda mais visitantes e Luís e Luísa entenderam que a natureza é muito bela e que todos a devem respeitar e preservar.

 

 

        

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