sábado, 17 de dezembro de 2016

Um Natal Diferente

Numa manhã de céu muito nublado, as gémeas Rita e Cátia de 10 anos viam televisão e brincavam com o gato Tomi.
Algum tempo depois, a campainha de casa tocou e a mãe Carmem foi abri-la. Lá, o carteiro entregou-lhe uma encomenda e algumas cartas, uma delas, vinda de uma prima que morava na Austrália.
Curiosas, as irmãs apressaram-se a abri-la e leram:
“ Olá primas. Estou a escrever-vos esta carta pois recebi no meu aniversário uma viagem a Portugal e espero ir visitar-vos. Chego aí no próximo sábado.   Obrigado              Beijinhos da Noah”
Felizes, as irmãs mostraram a carta à mãe que, sorriu feliz.
- Vai ser muito divertido – disse Carmem.
- Mas, mãe!? Como é que a vamos entender? – perguntou Rita.
- Ela sabe falar português. Os vossos tios ensinaram-lhe e por isso, vai ser fácil – respondeu Carmem.
Durante o resto do dia, Rita e Cátia enfeitaram a árvore de natal e sorriam felizes.
Os dias foram passando e o fim de semana chegou. A meio da manhã, alguém tocou à campainha e Carmem abriu a porta, encontrando Noah.
Já no interior de casa, Carmem chamou as filhas.
- Rita! Cátia! A vossa prima chegou – disse ela.
Estas, ao verem Noah, abraçaram-na.
- Olá – disseram as irmãs.
- Olá – respondeu Noah.
- A Rita e a Cátia vão mostrar-te o quarto onde vais dormir e, podes deixar lá a mala de viagem – disse Carmem.
- Está bem – disse Noah.
Sorridentes, as gémeas levaram Noah ao quarto e ajudaram-na a desfazer a mala. Terminada essa tarefa, foram para a sala de estar onde, Tomi as esperava feliz.
Ao ver a árvore de natal e o presépio, Noah ficou parada a observar.
- Gostas do natal? – perguntou Cátia.
- Eu gosto. Adoro quando vamos para a praia fazer piqueniques – respondeu Noah.
- Fazer um piquenique!? Na praia!? – perguntou Rita, espantada.
- Sim. Nós fazemos sempre isso – respondeu Noah.
- E não têm frio? – perguntou Cátia.
- Claro que não. Lá é verão– respondeu Noah.
- O nosso natal é frio e, em muitos sítios cai neve – disse Rita.
- O que é isso? – perguntou Noah.
- A neve são bocadinhos de gelo branco que, quando caem cobrem tudo – respondeu Cátia.
- Isso é mau? – perguntou Noah.
- Normalmente não. Com ela, podemos fazer bonecos de neve, bolas e até, batalhas com as bolas de neve – explicou Rita.
- O que gostas mais no natal? – perguntou Cátia.
- Eu adoro quando nos juntamos com outras pessoas e cantamos e acendemos velas – respondeu Noah.
- Cá em Portugal, o natal é um momento em que reunimos a família e a noite da consoada é muito importante – disse Rita.
- Pois é. Nessa noite, faz parte da tradição comermos bacalhau – disse Cátia.
- Nós, preferimos o peru – disse Noah.
- Eu gosto mais é das sobremesas. O bolo-rei, as rabanadas, as filhós e o arroz-doce – disse Rita.
- Vocês também recebem prendas? – perguntou Noah.
- Sim. Na noite da consoada, depois de tudo, fazemos a troca das prendas. E eu, adoro – respondeu Cátia, sorrindo.
- E depois, ainda temos o Pai Natal que, com as suas longas barbas brancas é indispensável – disse Rita, mostrando uma imagem do velho das barbas.
- É muito diferente. O nosso, não veste roupas muito quentes e é normal, chegar ás praias numa prancha de surf ou num barco salva vidas – disse Cátia.
- Na Austrália, só abrimos as prendas no dia 26 – disse Noah.
- Nós, abrimos na noite do dia 24 e durante o dia 25 – disse Rita.
- O natal é muito bonito – disse Cátia.
- É mágico – disse Noah.
Os dias foram passando e, chegou o dia de Noah regressar ao seu país.
Depois de algumas fotografias de despedida, as gémeas entregaram uma recordação a Noah e viram-na entrar no autocarro.

Terminados os adeus, as gémeas regressaram a casa e recordaram o que tinham vivido e aprenderam que, apesar das diferenças, natal é sempre natal.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Oficina Dos Brinquedos



          Com o natal a aproximar-se rapidamente, o Pai Natal e os duendes Madeirinha, Despistado, Brincalhão, Rebelde, Resmungão e Rezinga não paravam de receber cartas.
          Pacientes, cada um lia uma e anotava no grande quadro as prendas pedidas. Enquanto lia uma, o duende Rezinga aproximou-se dos colegas.
          - Lá vou eu ter que fazer mais uma pista de carros – disse Rezinga, começando a trabalhar.
          - Pois eu, vou fazer um castelo de princesas – disse Brincalhão.
          - Eu, não sei o que está escrito nesta carta – disse Despistado.
          - Porquê!? – perguntou Madeirinha.
          - As letras são tão tortas que não consigo perceber a maioria das palavras – respondeu Despistado.
          Olhando para a carta, Rebelde sorriu.
          - As letras estão perfeitas – disse Rebelde.
          - Não estão nada – disse Despistado.
          - Experimenta pôr os óculos e vais ver como tudo melhora – disse Rebelde.
          Atrapalhado, Despistado pôs os óculos.
          - Tens razão, Afinal, as letras são até muito bonitas – disse Despistado.
          - Tu és mesmo um despistado que anda sempre com a cabeça na lua – disse Rebelde.
          - Muito bem. Esta menina pede uma Barbie e um cavalo de baloiço – leu Despistado, começando a trabalhar.
          - Eu vou fazer um carro de corrida – disse Brincalhão.
          - E eu, tenho que ir fazer uma fábrica de pipocas – disse Resmungão.
          - A fábrica de pipocas é fácil de fazer. Só tens de ir ao armazém buscar as peças – disse Brincalhão.
          Apressado, Resmungão foi para o armazém e alguns minutos depois, ouviu-se um grande estrondo parecido com uma explosão.
          Percebendo que alguma coisa tinha acontecido, os restantes duendes correram até lá. Ao entrarem, viram espalhados pelo chão, vários caixotes e Resmungão olhava para a confusão com cara de poucos amigos.
          - Só a mim é que isto acontece – disse Resmungão.
          - Que aconteceu? – perguntou Madeirinha.
          - Ando á procura de uma peça e caiu tudo – respondeu Resmungão.
          - Que peça? – perguntou Rezinga.
          - Falta-me o parafuso torcido para o depósito – respondeu Resmungão.
          - Já viste na gaveta do material com defeitos? – perguntou Brincalhão.
          - Acho que vi em todos os sítios, menos aí – respondeu Resmungão.
          Apressado, Resmungão abriu a gaveta e começou a procurar o parafuso que lhe faltava. Alguns minutos depois, ainda sem encontrar o que procurava, Resmungão fechou a gaveta com violência e alguns parafusos caíram, entre eles um dos que eram procurados.
          Feliz, Resmungão apanhou-o e regressou à construção da fábrica de pipocas.
          Segundos depois, Crucas o pombo mensageiro entrou na oficina muito apressado.
          - Rápido! Rápido! – berrava ele.
          - Que aconteceu? – perguntou Madeirinha.
          - Encontrei várias cartas de pedidos que, deviam ter aqui chegado mas, ficaram caídas perto do marco do correio – respondeu Crucas.
          - Vamos lê-las e tratar dos pedidos – disse Brincalhão.
          Depois de distribuídas, cada um leu a sua e recomeçou o trabalho. Concentrados, os duendes não viram a pequena rena Sóri entrar e, só quando esta se aproximou mais é que perceberam a sua presença.
          - Olá – disse Madeirinha.
          - Olá – respondeu Sóri.
          - Estás preparada para o natal? - perguntou Despistado.
          - Estou – respondeu Sóri, desanimada.
          - Nós não paramos de fazer prendas – disse Rebelde.
          - Eu nunca recebi nenhuma prenda – disse Sóri.
          Ao ouvirem as palavras de Sóri, os duendes olharam uns para os outros e tiveram uma ideia.
          No dia seguinte, encontrando-se na oficina, os duendes reuniram folhas de azevinho, pinhas, bolotas e pequenos ramos de pinheirinhos e fizeram uma linda coroa de natal. Felizes, embrulharam-na num papel muito colorido e alegre e guardaram-na muito bem escondida.
Alguns dias depois, Sóri entrou na oficina e não viu nenhum dos duendes.
          De um momento para o outro, todas as luzes se apagaram.
          Então, uma árvore de natal iluminou-se e, à suas volta os duendes cantavam:
“Para a Sóri é esta prenda, para que não se arrependa.”
          Emocionada, Sóri correu até aos duendes e abraçou-os cheia de felicidade.
          Segurando a coroa, Madeirinha e Rezinga colocaram-na no pescoço de Sóri que sorriu feliz.
          No fim, todos de mãos dadas, cantaram ao redor de Sóri.
                                       “A Todos Um Bom Natal”