sábado, 10 de janeiro de 2015

A Rua Cinzenta

            Com o começo de um novo ano, os habitantes da aldeia Cruzada andavam felizes a fazer planos.
            Numa pequena casa branca, moravam os irmãos Dânia e Rafael de 9 e 11 anos que adoravam ajudar a mãe Solange a preparar os bolos que depois vendia a diversos clientes.
            Enquanto os irmãos decoravam um bolo com coloridas pintarolas, a mãe aproximou-se e disse:
            - Não sei o que fazer. Tenho duas encomendas prontas mas são para entregar em locais tão distantes um do outro e, com tudo o que ainda tenho que fazer, não consigo entrega-los a tempo.
            Percebendo a mãe, Dânia perguntou:
            - E onde são as entregas?
            Solange respondeu:
            - Uma é na rua Filete Queimado e a outra é na praça Chaparro Cansado.
            Pensando um pouco, Rafael perguntou:
            - Onde é essa praça?
            Solange explicou:
            - A praça é aquela onde está a estátua do Cavaleiro Adormecido na rua Cinzenta.
            Sorrindo, Dânia disse:
            - Agora que já sabemos onde é, podemos lá ir entregar os bolos.
            Enquanto distribuía os bolos por sacas, a mãe explicou:
            - Na rua Filete Queimado, é para entregarem à dona do café Serôdio, a senhora Violeta. E o outro, é para a costureira que mora à frente da fonte da rua Cinzenta.
            Felizes, os irmãos saíram de casa e com muito cuidado dirigiram-se á rua Filete Queimado para entregarem o primeiro bolo.
            Ao entrarem no café, a senhora Violeta que estava ao balcão reconheceu-os e sorrindo perguntou:
            - Olá meninos. Então, que andam a fazer?
            Rafael respondeu:
            - Andamos a entregar os bolos da nossa mãe.
            Oferecendo-lhes dois rebuçados, Violeta perguntou:
            - Então, trazem a minha encomenda?
            Dânia respondeu:
            - Sim. É o meu irmão que a traz.
            Depois de entregar o bolo, Rafael guardou o dinheiro do pagamento no bolso e acompanhou a irmã que ia agora entregar o outro.
            Enquanto caminhavam, Rafael disse:
            - Nunca percebi porque é que a rua para onde vamos é chamada de Rua Cinzenta.
Ao chegarem á casa onde iam entregar o bolo, Dânia bateu à porta e a senhora Genoveva abriu-a.
            Rapidamente, Dânia disse:
            - Venho entregar o bolo que a minha mãe fez.
            Simpática, a senhora Genoveva disse:
            - Obrigado, meninos.
            Aproximando-se, Rafael perguntou:
            - Dona Genoveva, porque é que a rua tem este nome?
            Genoveva respondeu.
            - Esta rua tem uma história muito antiga e um segredo que nunca ninguém conseguiu descobrir. Quando esta aldeia nasceu, à muitas décadas atrás, muitas pessoas vieram morar para aqui mas, as casas e os jardins eram muito coloridos.
            Rapidamente, Dânia perguntou:
            - Então, porque é que agora não tem cores?
            Genoveva respondeu:
            - Como estava a dizer, tudo era colorido até ao dia em que apareceu no céu uma nuvem muito escura que largou uma chuva de estrelas cinzentas. A partir desse dia, a rua não voltou a ter cores e, apesar de muitas pessoas tentarem colori-la de várias maneiras, fica sempre tudo cinzento e triste.
            Entusiasmado com a história, Rafael perguntou:
            - Como podemos descobrir o segredo?
            Genoveva explicou:
            - Pelo que se sabe, o segredo está perto da Pedra Brilhante mas, ninguém sabe onde é que essa pedra está.
            Depois de pensarem e repensarem, Dânia disse:
            - Perto do campo de futebol há uma pedra grande que é muito bonita. Parece ter desenhos.
            Rapidamente, Rafael disse:
            - Vamos lá.
            A correr, os irmãos foram até ao campo de futebol e, já perto da pedra viram que tinha inúmeras marcas iguais a estrelas.
            Observando-a com muita atenção, Rafael viu uma estrela que era diferente de todas as outras pois tinha sete pontas. Ao tocar-lhe, sentiu que era macia, o que lhe despertou ainda mais atenção.
            Aproximando-se mais, Dânia perguntou:
            - Encontraste alguma coisa?
            Rafael respondeu:
            - Está aqui uma estrela diferente e muito macia.
            Não acreditando, Dânia olhou-a e ao tocar nas sete pontas, apareceu um pássaro que largou uma pena muito colorida. Apanhando-a, Dânia ficou a observá-la, esquecendo-se de todo o resto.
            Continuando a procurar alguma pista, Rafael viu junto ao chão uma marca em forma também de pena e rapidamente, disse à irmã:
            - Dânia! Traz aqui a pena.
            Dânia aproximou-se e, ao ver a marca encostou lá a pena.
            Nesse instante, a pedra estremeceu e uma cortina de fumo envolveu-a.
            Depois desta desaparecer, os irmãos observaram a pedra que estava agora sem qualquer estrela e que mostrava um brilho belíssimo.
            Algum tempo depois, ao regressarem á rua Cinzenta viram que esta estava agora muito colorida e alegre.
            A partir desse dia, toda a aldeia ficou mais feliz e a velha rua Cinzenta, trocou o nome por rua das Cores.