segunda-feira, 29 de junho de 2015

O Farol Misterioso

Numa manhã de sol brilhante, toda a aldeia Sapegato despertava para mais um dia de verão.
         Na rua Balelas, moravam os irmãos Mili de 10 anos e Edu de 11 que, enquanto ajudavam a mãe Tânia, viram o pai Gustavo aproximar-se.
         - A tia Laura acabou de nos convidar para irmos duas semanas para casa dela. Como sabe que vocês adoram praia, lembrou-se que iam adorar – disse Gustavo.
         - Boa!!! – exclamaram os irmãos.
         - Então, temos que preparar os sacos para levar-mos – disse Tânia.
         Depois de estar tudo pronto, Mili e Edu ficaram muito ansiosos com a viagem e com tudo o que podia acontecer.
         Na manhã seguinte durante a viagem, Mili adorou as paisagens que viu e algum tempo depois, chegaram a casa da tia Laura.
         - Olá sobrinhos. Como estão? – perguntou Laura.
         - Estamos bem – respondeu Mili.
         - Espero que gostem e que se divirtam. Já preparei os quartos e os meus sobrinhos preferidos vão ficar no quarto perto do farol abandonado e que tem o beliche – disse Laura.
         - Que bom. Nunca dormimos num beliche – disse Edu.
         Então, Laura mostrou-lhes o quarto que, para além de grande, era também muito colorido.
         - Como sei que a cama de cima é sempre a preferida, vão lá dormir á vez – disse Laura.
         Depois de prepararem tudo, Mili e Edu foram à praia que era muito pertinho e lá, brincaram muito. Já cansados, começaram a apanhar conchas e assim, chegaram perto de um pescador.
         - Boa tarde – disse Mili.
         - Boa tarde – disse o pescador.
         - Eu sou o Edu e ela é a minha irmã Mili – apresentou-se Edu.
         - Eu sou o pescador Carlos – apresentou-se ele.
         - Gosta de ser pescador? – perguntou Mili.
         - Sim. Adoro o mar e nesta profissão posso estar pertinho dele – respondeu Carlos.
         - Eu não gosto nada de peixe – disse Edu.
         - Eu também não – disse Mili.
         - Muitas pessoas não gostam – disse Carlos.
         - Ser pescador deve ser uma profissão chata – disse Edu.
         - É um bocado. Mas, para quem gosta, não importa – disse Carlos.
         - Eu, quando for grande quero ser professora – disse Mili.
         - E eu quero ser piloto de fórmula 1 – disse Edu.
         - Muito bem – disse Carlos.
         - Temos que ir embora. Adeus – disse Mili.
         - Adeus – disse Carlos.
         De regresso a casa, mostraram as conchas que tinham apanhado.
         - Também conhecemos o pescador Carlos – disse Edu.
         - O Carlos é muito simpático e adora crianças – disse Laura.
         À noite, quando estavam a tentar adormecer, uma luz forte invadiu o quarto e desapareceu. Poucos segundos depois, a luz voltou e assim sucessivamente.
         Curiosos e ao mesmo tempos assustados, Mili e Edu aproximaram-se da janela e ao verem que a luz vinha do farol abandonado, correram a esconder-se debaixo dos lençóis.
         No dia seguinte ao acordarem, recordaram o que tinha acontecido mas, decidiram não contar a ninguém.
         À noite, aconteceu a mesma coisa o que os deixou desejosos de descobrir porque é que aquilo acontecia.
         Logo de manhãzinha, Mili e Edu foram até ao farol e viram que a porta estava fechada com um cadeado. Desiludidos, afastaram-se e regressaram a casa onde viram televisão.
         No dia seguinte, regressaram lá e depois de percorrerem diversas vezes a base do farol, viram uma pequena janela onde uma gaivota descansava.
         Depois de a afastarem, Edu espreitou e viu lá diversos caixotes.
         - O que têm? – perguntou Mili.
         - Não consigo ver – respondeu Edu.
         - Temos que tentar descobrir - disse Mili.
         - Vamos ver se conseguimos entrar de alguma maneira – disse Edu.
         Em frente à porta que continuava trancada, os irmãos começaram a procurar pistas e, ao levantarem uma pedra encontraram lá uma chave. Pegaram-lhe rapidamente e regressaram à porta, onde conseguiram abrir o cadeado.
         Após entrarem, abriram um caixote e viram lá dentro muitas peças de metal e vários livros.
         - Joca, tens que ter muito cuidado. Não te podes esquecer da porta aberta – disse uma voz.
         Ouvindo aquelas palavras, Mili e Edu esconderam-se e em silêncio, esperaram por novos acontecimentos.
         - Mas, Rodolfo. Eu não deixei a porta aberta – disse Joca.
         - Então só pode ter sido obra do outro mundo – disse Rodolfo.
         - Eu não fui de certeza – disse Joca.
         - É melhor nos despacharmos pois estou com um pressentimento esquisito – disse Rodolfo.
         - Eu vou buscar a carrinha e tu, leva as caixas vazias pequenas para perto da porta – disse Joca.
         - Ok – disse Rodolfo.
         Continuando em silêncio absoluto, Mili e Edu viram Rodolfo transportar as caixas para a entrada. Segundos depois, Joca regressou ao farol onde desligou uma chamada.
         - O Chico ligou a dizer que já tem mais produtos para irmos buscar – disse Joca.
         - Ele devia começar a pensar em como nos vamos desfazer do material sem levantar suspeitas – disse Rodolfo.
         - Já o ouvi dizer que conseguiu um possível comprador – disse Joca.
         - Só espero é que ele não se esqueça que, quem fez o trabalho sujo fomos nós. Não me apetece ficar sem nada, depois de nos termos arriscado tanto durante os assaltos – disse Rodolfo.
         - Pois. Nós é que nos arriscámos – disse Joca.
         - Vamos carregar as caixas para irmos buscar o resto do material – disse Rodolfo.
         Depois de carregarem as caixas, Joca e Rodolfo saíram na carrinha e Mili e Edu puderam também sair do esconderijo.
         - E agora!? Como vamos sair daqui? – perguntou Mili.
         - Vamos até à janela onde está a gaivota. Ela não é muito alta e, depois de partirmos o vidro, saímos e vamos a correr contar tudo á policia – disse Edu.
         Ao chegarem à janela, partiram-na com a ajuda de uma pedra e felizes saltaram para a rua e correram até ao posto da polícia. Lá, aproximaram-se de um dos agentes.
         - Sr. Agente. O farol está a ser utilizado para esconder materiais roubados – disse Mili.
         - O quê!? – perguntou o agente Sebastião.
         - É isso. Estamos em casa da tia Laura e vimos que, à noite uns homens vão para lá – respondeu Edu.
         - Na noite passada, ouvimo-los dizer que iam buscar mais material – disse Mili.
         - Estou a perceber que temos que planear uma armadilha para os apanhar – disse Sebastião.
         Depois de ter chamado e informado outros agentes, estes entraram nos carros patrulha e levando Mili e Edu, foram para o farol.
         Surpreendidos pelos agentes, os ladrões não resistiram e foram capturados.
         No momento em que estavam a ser algemados, o telemóvel de Joca tocou e o agente Sebastião pegou nele, colocando-o em alta voz.
         “-Então!? Já descarregaram tudo? – perguntou Chico.”
         - Diga ao seu amigo que precisa da sua ajuda – sussurrou Sebastião a Joca.
         - Estamos com problemas e precisamos de ajuda – disse Joca.
         “- São uns incompetentes! Vou já para aí, resolver a situação – disse Chico.”
         Terminada a chamada, ficaram à espera e pouco tempo depois, viram outro carro aproximar-se.  
         Utilizando o elemento surpresa, algemaram Chico que se tentava libertar de todas as maneiras.
         - Que estão a fazer!? Larguem-me! – berrou Chico.
         - O seu plano terminou – disse Sebastião.
         Ao ver Joca e Rodolfo já sentados no carro patrulha, Chico calou-se e em silêncio sentou-se junto dos comparsas.
         Já na esquadra, depois de confessarem o que tinham planeado, foram todos presos sem exceção.

         Dias depois, os materiais roubados foram entregues aos seus verdadeiros donos e tudo terminou bem.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Uma Viagem Atribulada


Com o despertar de mais um dia, toda a aldeia Ziricó se preparava para um fim de semana feliz. Sentados à mesa, os irmãos Edu de 9 anos e Mia de 8 tomam o pequeno almoço na companhia dos pais Pedro e Sónia.
- Durante a noite estivemos a planear estes dois dias – disse a mãe Sónia.
- Vocês vão adorar os planos que temos – disse o pai Pedro.
- Quais são!? – perguntou Edu.
- Vamos á aldeia Caracol ver o festival das sopas, vamos á praia dos Encalhados e temos que ir visitar a tia Felisberta – respondeu Sónia.
- Eu não gosto de ir a casa da tia. Tenho medo dos cães que lá estão – disse Edu.
- Eu também não gosto dos cães mas, adoro o baloiço do jardim – disse Mia.
- Pois. Mas, vão ver que vão gostar. Ela disse que tem lá novidades – disse Sónia.
- Espero que não tenha adotado a cadela da vizinha que estava quase a ter cachorrinhos – disse Pedro.
Com o rádio ligado, os irmãos começaram a cantar e, de repente ouviram um barulho parecido com uma explosão. Assustados, Mia e Edu abraçaram-se.
- Que foi isto? – perguntou Sónia.
- Deve ter sido algum pneu que rebentou – respondeu Pedro.
Agora com o carro parado, Pedro saiu ao verificar os pneus, viu que estavam todos em bom estado. De regresso ao carro, rodou a chave e o barulho repetiu-se.
- Só nos faltava isto. Vou ligar ao Zeca mecânico a pedir que nos venha ajudar – disse Pedro.
Pegando no telemóvel, Pedro procurou o contacto e após tê-lo encontrado, marcou-o. Esperando o sinal de toque, o telemóvel não fez qualquer barulho e Pedro insistiu algumas vezes. Olhando para o telemóvel, viu que este não tinha qualquer sinal de rede o que tornava impossível a realização de chamadas.
- Sónia. Tens aí o teu telemóvel? – perguntou Pedro.
- Já estou cansada de te dizer que o meu telemóvel está avariado. Não faz nem recebe chamadas – respondeu Sónia.
- Só a nós é que isto acontece. Depois de tanto tempo a planear estas férias, tinha que acontecer alguma coisa – disse Pedro.
Sentados na erva, olharam para o carro e tentaram encontrar uma solução para o problema.
No momento seguinte, Pedro olhou para as bicicletas e sorriu.
- Já tenho a solução! – exclamou.
- Qual é!? – perguntou Sónia.
- Eu e o Edu podemos ir com as bicicletas até à aldeia mais próxima – respondeu Pedro.
- Vão. Eu e a mãe ficamos aqui a guardar o carro – disse Mia.
Afastando-se, Pedro e Edu percorreram alguns quilómetros e ao longe, ao verem alguns telhados pedalaram ainda com mais força e vontade.
Ao chegarem ás casas, Pedro olhou para diversos locais tentando encontrar algum habitante mas, não estava ninguém nas ruas. Um pouco mais longe, viram uma placa onde leram:
“Café Fofocas”.
Pensando ter encontrado a solução, apressaram-se até lá. Em frente à porta, viram que estava fechado e Edu começou a mostrar alguma impaciência.
- Tem calma. Eu prometo que tudo se vai resolver – disse Pedro.
Continuando a observar o espaço, Pedro e Edu não se aperceberam que o céu tinha ficado carregado de nuvens escuras e, de um momento para o outro começou a chover. Sem terem um local para se abrigar, regressaram ás bicicletas e começaram a pedalar.
Ao fim de alguns minutos, encontraram um casebre e, vendo-o abandonado, decidiram entrar e assim protegerem-se da chuva. Enquanto respiravam de alivio, começaram a ouvir o som Grrrrrrrr, que os fez olhar para todos os lados. Apesar da luz ser reduzida, Edu viu que num canto, estava um cão que não parecia gostar da companhia e que mostrava os seus dentes perigosos.
- Vamos embora. Prefiro apanhar uma chuvada que ser comida para cão – disse Pedro.
- Eu também – respondeu Edu.
Já fora do casebre, viram que a chuva tinha parado e afastaram-se alguns metros. Agora com as bicicletas, afastaram-se e de repente, Edu ouviu um barulho esquisito.
- Que barulho foi esse? – perguntou Edu.
Pedro não respondeu e Edu olhou para trás, vendo o pai caído no meio da lama e de alguns arbustos.
- Ajuda-me – pediu Pedro.
Com dificuldade, Edu aproximou-se do pai e com algum esforço, conseguiu ajudá-lo a levantar.
Novamente nas bicicletas, continuaram o caminho e agora com o sol a querer aparecer, tudo parecia estar a melhorar. Ao longo de vários de vários metros, pedalaram, pedalaram, pedalaram e, ao chegarem ao topo de uma colina, começaram a observar os arredores tentando encontrar alguma povoação.
Depois de muito procurarem, desistiram pois não encontraram nada, o que os desanimou ainda mais.
Tristonhos, começaram a descer a colina e, de repente a bicicleta de Edu fez um barulho esquisito e a corrente partiu-se.
Rapidamente, Edu desceu da bicicleta e com a ajuda do pai, tentaram colocá-la no local correto. Após várias tentativas mal sucedidas, Edu sentou-se numa pedra e começou a olhar para o local.
- Vou tentar ligar para alguém e pedir ajuda – disse Pedro.
Ao pegar no telemóvel, Pedro viu que o visor estava vazio e tentou ligá-lo mas, não conseguiu pois a bateria tinha terminado.
- É melhor irmos para o carro que está quase noite – disse Pedro.
No carro, Sónia tentava manter-se calma.
- Ainda falta muito? – perguntou Mia.
- Não. O pai deve estar quase a chegar com ajuda – disse Sónia.
- Mas, ainda falta muito? – perguntou Mia.
- Tem calma que já falta pouco – respondeu Sónia.
- Mas quanto? – perguntou Mia.
- Não sei. Mas, não te preocupes – respondeu Sónia.
- Quero ir para casa – disse Mia.
- Queres tu e queremos todos – disse Sónia.
- Eu não gosto de estar á espera – disse Mia.
- Ninguém gosta. Mas, a vida é feita de esperas, umas boas e outras más – disse Sónia.
Nesse momento, Pedro e Edu chegaram.
- Então!? Já falaram com alguém? – perguntou Sónia.
- Nada. Fomos a uma aldeia mas, não encontrámos ninguém. E, como se isto já não estivesse mau, a bateria do meu telemóvel acabou – respondeu Pedro.
- Onde vamos dormir? – perguntou Edu, vendo que já anoitecera.
- Vamos ter que dormir no carro – respondeu Pedro.
- Como!? – perguntou Mia.
- Não vai ser fácil mas, temos que nos arranjar – respondeu Pedro.
Depois do pai estender os bancos, todos se colocaram o mais confortável possível e prepararam-se para dormir. Durante a noite, as melgas incomodaram—nos e, ao acordarem no dia seguinte, viram que foram muitas vezes mordidos e que por isso, estão cheios de marcas.
Depois de Pedro se afastar para procurar novamente ajuda, Sónia ficou junto dos filhos.
- Estou cheio de fome – disse Edu.
- E eu também – concordou Mia.
Sónia remexeu na sua carteira e tirou de lá um pequeno pacote de bolachas de água e sal.
- Só tenho isto. Comam-nas – disse Sónia.
Depois de as repartir, Sónia saiu do carro e ficou a olhar o horizonte.               Nesse momento, ouviu um barulho esquisito parecido com o de uma ventoinha enferrujada.
Então, aproximaram-se da estrada principal e segundos depois, viram um trator que avançava naquela direção.
Ao vê-los tão agitados na berma, o condutor parou.
- Bom dia. Precisam de algo? – perguntou o senhor.
- Bom dia. Sim. Ontem saímos para ir passear mas, o carro avariou e não consigo contactar com ninguém. Tivemos que dormir no carro e agora, quando ouvimos o barulho do seu trator, ficámos muito felizes – respondeu Pedro.
- Muito bem. Eu sou o Aniceto e vou a caminho da vila Miluca. Se quiserem, posso levar alguém até lá – disse Aniceto.
- Muito obrigado. Nem imagina como nos está a ajudar – disse Sónia.
Subindo para o trator, Pedro partiu para ir buscar ajuda.
        Na vila, Pedro foi á policia e esta, rapidamente disponibilizou um carro e um reboque que, seguindo as indicações de Pedro, chegaram a junto da restante família. Correndo para o carro, Pedro abraçou Mia e Edu.
        - Eu disse que tudo se ia resolver – disse Pedro.
        Já dentro do carro da polícia, regressaram a casa e assim terminou um passeio recheado de aventura.


                                                                                 

                                                                                                                               

terça-feira, 16 de junho de 2015

O Talento de Yasmim


         Dividindo o seu tempo entre o emprego e a diversão, Yasmim de 19 anos é muito feliz e sente que todo o mundo é quase perfeito.
        Uma tarde, ao regressar da escola, Yasmim foi para o seu quarto e lá, começou a fazer o que mais gostava, desenhar. À noite, ao arrumar uns apontamentos, Yasmim olhou para uma revista que tinha em cima da secretária e viu lá, pessoas famosas com lindíssimos vestidos.
        Sentindo uma vontade esquisita, Yasmim pegou numa folha e começou a desenhar uma paisagem. No entanto, apesar de todo o cuidado, o desenho não ficou como era desejado e amassando o papel, Yasmim atirou-o para o lixo, assim como outros rascunhos.
        Parando um pouco, Yasmim ligou a televisão e viu um desfile de moda onde existiam belos e maravilhosos vestidos. Nesse instante, pegou novamente no seu material de desenho e começou o esboço de um vestido. Algum tempo depois terminou e ao ver o desenho concluído, viu como estava bonito e pensou como gostava de um dia, o ver a ser utilizado num desfile. Enquanto pensava nisso, a mãe Magali entrou no quarto e ficou a observar a filha que olhava feliz para o desenho.
        - Posso ver o desenho? – perguntou Magali.
        - Não – respondeu Yasmim gradando o desenho.
        - Está bem. Não precisas de o esconder – disse Magali.
        - Não quero que ninguém o veja ainda – disse Yasmim.
        - Tu é que sabes. Venho perguntar se podes ir à loja da dona Cremilde comprar 2 quilos de farinha. Podes? – perguntou Magali.
        - Posso. Mas, não mexas nos meus desenhos – disse Yasmim.
        Saindo do quarto e fechando-o à chave, Yasmim foi comprar o que a mãe lhe tinha pedido e, durante o caminho só conseguiu pensar no que iria desenhar a seguir.
        De regresso a casa, Yasmim foi para o quarto e recomeçou a desenhar. Várias folhas depois, mais um desenho nasceu e, a pouco e pouco com alguns ajustes, ficou terminado.
        No dia seguinte, durante o pequeno-almoço, o pai Saul não parava de olhar para o relógio.
        - Que se passa, para estares sempre a ver as horas? – perguntou Magali.
        - Tenho uma reunião com o meu patrão e, pela voz dele não vai ser nenhum assunto bom – respondeu Saul.
        - Eu hoje vou chegar mais tarde. Tenho que ir resolver uns assuntos e, vão demorar – disse Magali.
        - Posso trazer a minha amiga Luana cá a casa? - perguntou Yasmim.
        - Podes – respondeu Magali.
        Durante a escola, Yasmim fez o habitual e acabadas as aulas, levou Luana para a sua casa. Lá, foram para o quarto e depois de fazerem os trabalhos escolares, sentaram-se na cama a conversar.
        - Tenho andado a pensar no meu futuro – disse Yasmim.
        - Então!? – perguntou Luana.
        - Eu sempre gostei de desenhar mas, tudo o que faço fica mal. Um dia destes, vi na televisão um desfile de moda e, experimentei desenhar alguns vestidos – disse Yasmim.
        Abrindo a caixa onde tinha guardado os desenhos, Yasmim mostrou-os a Luana.
        - Uau!!! São espetaculares! – exclamou Luana.
        - São assim, assim – disse Yasmim.
        - Já os mostraste a alguém? – perguntou Luana.
        - A ninguém. São só uns desenhos sem jeito – respondeu Yasmim.
        - Sem jeito, não. São muito bonitos – disse Luana.
        - Achas que são bonitos para as pessoas verem? – perguntou Yasmim.
        - Eu acho que sim. Porque não os envias para aqueles concursos de talentos? – perguntou Luana.
        - Não sei como fazer isso – respondeu Yasmim.
        - Vamos á internet ver como temos que fazer – disse Luana.
        No computador, as amigas procuraram as informações que precisavam e depois, anotaram-nas num papel.
        - Agora só tens que escolher os desenhos que achas que estão melhor e enviá-los – disse Luana.
        Nesse momento, a mãe chegou a casa e dirigiu-se ao quarto da filha.
        - Olá meninas – disse Magali.
        - Olá – responderam as amigas.
        - Que estão a fazer? – perguntou Magali.
        - Estamos a ver e a escolher uns desenhos - respondeu Luana.
        - A Yasmim não me deixa vê-los, por isso não posso ajudar – disse Magali.
        - Não é preciso ajuda – disse Yasmim pegando nos desenhos.
        Saindo do quarto, Magali deixou as amigas sozinhas, livres para continuar o que estavam a fazer.
        - Porque não mostras os desenhos à tua mãe? – perguntou Luana.
        - Não quero que ela comece a ter ideias – respondeu Yasmim.
        - Tu é que sabes. Mas, acho que os devias mostrar. Assim, sempre tinhas mais uma opinião – disse Luana.
        Escolhidos os desenhos, Yasmim fechou-os num envelope e depois de o endereçar, foi com Luana colocá-lo num marco do correio.
        De regresso ao seu quarto, Yasmim ficou a pensar no que tinha feito e na possibilidade de algum dos seus desenhos ser escolhido.
        Ao longo dos dias, Yasmim continuou a desenhar e agora, já com vários dossiers cheios das suas criações, sentia-se muito feliz.
        Então, numa tarde após regressar da escola, Yasmim viu uma carta para si, vinda do local para onde tinha enviado os desenhos. Abrindo-a rapidamente, leu:
        “Após a análise dos desenhos que enviou, a organização do concurso quer felicitá-la pois é a vencedora. Dentro de dias, irá receber um telefonema com as informações necessárias para receber o prémio,”
        Muito feliz com o que acabara de ler, Yasmim telefonou a Luana.
        - Luana! Ganhei o concurso! – exclamou ela.
        - Parabéns! Eu sabia que ias ganhar – disse Luana.
        Sentindo-se muito feliz, Yasmim foi surpreendida pela mãe que, ouvindo barulho foi ver o que estava a acontecer.
        - Que aconteceu Yasmim? – perguntou Magali.
        - Ganhei! Ganhei o concurso! – exclamou Yasmim.
        - Que concurso? – perguntou Magali.
        - À semanas, enviei alguns dos meus desenhos para um concurso e hoje, recebi a noticia de que ganhei – respondeu Yasmim.
        - Posso ver o desenho? – perguntou Magali.
        Tirando uma cópia do dossier, Yasmim mostrou-a á mãe.
        - É lindo! – exclamou Magali.
        - Obrigado – agradeceu Magali.
        Nesse momento, Saul chegou a casa e vendo tanta agitação olhou Magali.
        - Que se passa? – perguntou Saul.
        - A Yasmim que te conte – disse Magali.
        - Pai. Ganhei um concurso com um vestido que desenhei – disse Yasmim.
        - Parabéns filha! – exclamou Saul.
        Poucos dias depois, Yasmim chegou casa e o telefone tocou.
        - Sim – disse Yasmim.
        - Boa tarde. Daqui fala Carlota, da organização do concurso em que participou – disse uma voz.
        - Boa tarde – disse Yasmim.
        - Estou a ligar para a informar de que irá chegar-lhe a informação de que já pode levantar o prémio no posto de correios da sua área de residência – disse Carlota.
        - Obrigado – agradeceu Yasmim.
        - E também a quero informar de que, a estilista Débora Riogrande irá contactá-la – disse Carlota.
        - Fico à espera – disse Yasmim, terminando o telefonema.
        No dia seguinte, enquanto Yasmim desenhava mais uns vestidos, o telefone tocou.
        - Sim – disse Yasmim.
        - Aqui fala Débora Riogrande. Seria possível falar com a senhora Yasmim? – perguntou a estilista.
        - É a própria – respondeu Yasmim.
        - Muito prazer. Como já deve saber, graças ao concurso a que concorreu pude conhecer os seus desenhos e tenho que felicitá-la – disse Débora.
        - Obrigado – agradeceu Yasmim.
        - Como a minha profissão é criar roupas e estilos diferentes, adorei os seus desenhos e gostava de os usar na minha próxima coleção – disse Débora.
        Yasmim ficou em silêncio, sem conseguir falar.
        - Se me der autorização para isso, tenho a certeza que vai ser um êxito - disse Débora.
        - Claro que dou autorização – disse Yasmim.
        Alguns meses depois, Yasmim recebeu um convite onde podia ler:
“No próximo dia 14 ás 19:00, irá realizar-se no centro de exposições um desfile onde serão apresentadas as mais recentes criações da estilista Débora Riogrande. Por este motivo, convidamo-la a assistir a esse evento.”
        Feliz, Yasmim mostrou o convite à mãe.
        - Se calhar, vão apresentar os vestidos que desenhei – disse Yasmim.
        - Talvez – disse Magali.
        Os dias foram passando e, no dia 14, quando o relógio marcava as 18:30, Yasmim chegou ao centro de exposições, ansiosa com o desfile.
        À hora marcada, os modelos começaram a percorrer o palco e Yasmim viu alguns dos seus desenhos tornados reais.
        No fim, Débora aproximou-se de Yasmim que sorria muito feliz.
        - Quero convidá-la a criar mais modelos e, em conjunto podemos dar um passo muito importante no mundo da moda – disse Débora.
        - Eu aceito – disse Yasmim.
        A partir desse dia, todos os momentos livres de Yasmim eram ocupados a criar e a desenhar novas roupas.