sábado, 17 de dezembro de 2016

Um Natal Diferente

Numa manhã de céu muito nublado, as gémeas Rita e Cátia de 10 anos viam televisão e brincavam com o gato Tomi.
Algum tempo depois, a campainha de casa tocou e a mãe Carmem foi abri-la. Lá, o carteiro entregou-lhe uma encomenda e algumas cartas, uma delas, vinda de uma prima que morava na Austrália.
Curiosas, as irmãs apressaram-se a abri-la e leram:
“ Olá primas. Estou a escrever-vos esta carta pois recebi no meu aniversário uma viagem a Portugal e espero ir visitar-vos. Chego aí no próximo sábado.   Obrigado              Beijinhos da Noah”
Felizes, as irmãs mostraram a carta à mãe que, sorriu feliz.
- Vai ser muito divertido – disse Carmem.
- Mas, mãe!? Como é que a vamos entender? – perguntou Rita.
- Ela sabe falar português. Os vossos tios ensinaram-lhe e por isso, vai ser fácil – respondeu Carmem.
Durante o resto do dia, Rita e Cátia enfeitaram a árvore de natal e sorriam felizes.
Os dias foram passando e o fim de semana chegou. A meio da manhã, alguém tocou à campainha e Carmem abriu a porta, encontrando Noah.
Já no interior de casa, Carmem chamou as filhas.
- Rita! Cátia! A vossa prima chegou – disse ela.
Estas, ao verem Noah, abraçaram-na.
- Olá – disseram as irmãs.
- Olá – respondeu Noah.
- A Rita e a Cátia vão mostrar-te o quarto onde vais dormir e, podes deixar lá a mala de viagem – disse Carmem.
- Está bem – disse Noah.
Sorridentes, as gémeas levaram Noah ao quarto e ajudaram-na a desfazer a mala. Terminada essa tarefa, foram para a sala de estar onde, Tomi as esperava feliz.
Ao ver a árvore de natal e o presépio, Noah ficou parada a observar.
- Gostas do natal? – perguntou Cátia.
- Eu gosto. Adoro quando vamos para a praia fazer piqueniques – respondeu Noah.
- Fazer um piquenique!? Na praia!? – perguntou Rita, espantada.
- Sim. Nós fazemos sempre isso – respondeu Noah.
- E não têm frio? – perguntou Cátia.
- Claro que não. Lá é verão– respondeu Noah.
- O nosso natal é frio e, em muitos sítios cai neve – disse Rita.
- O que é isso? – perguntou Noah.
- A neve são bocadinhos de gelo branco que, quando caem cobrem tudo – respondeu Cátia.
- Isso é mau? – perguntou Noah.
- Normalmente não. Com ela, podemos fazer bonecos de neve, bolas e até, batalhas com as bolas de neve – explicou Rita.
- O que gostas mais no natal? – perguntou Cátia.
- Eu adoro quando nos juntamos com outras pessoas e cantamos e acendemos velas – respondeu Noah.
- Cá em Portugal, o natal é um momento em que reunimos a família e a noite da consoada é muito importante – disse Rita.
- Pois é. Nessa noite, faz parte da tradição comermos bacalhau – disse Cátia.
- Nós, preferimos o peru – disse Noah.
- Eu gosto mais é das sobremesas. O bolo-rei, as rabanadas, as filhós e o arroz-doce – disse Rita.
- Vocês também recebem prendas? – perguntou Noah.
- Sim. Na noite da consoada, depois de tudo, fazemos a troca das prendas. E eu, adoro – respondeu Cátia, sorrindo.
- E depois, ainda temos o Pai Natal que, com as suas longas barbas brancas é indispensável – disse Rita, mostrando uma imagem do velho das barbas.
- É muito diferente. O nosso, não veste roupas muito quentes e é normal, chegar ás praias numa prancha de surf ou num barco salva vidas – disse Cátia.
- Na Austrália, só abrimos as prendas no dia 26 – disse Noah.
- Nós, abrimos na noite do dia 24 e durante o dia 25 – disse Rita.
- O natal é muito bonito – disse Cátia.
- É mágico – disse Noah.
Os dias foram passando e, chegou o dia de Noah regressar ao seu país.
Depois de algumas fotografias de despedida, as gémeas entregaram uma recordação a Noah e viram-na entrar no autocarro.

Terminados os adeus, as gémeas regressaram a casa e recordaram o que tinham vivido e aprenderam que, apesar das diferenças, natal é sempre natal.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Oficina Dos Brinquedos



          Com o natal a aproximar-se rapidamente, o Pai Natal e os duendes Madeirinha, Despistado, Brincalhão, Rebelde, Resmungão e Rezinga não paravam de receber cartas.
          Pacientes, cada um lia uma e anotava no grande quadro as prendas pedidas. Enquanto lia uma, o duende Rezinga aproximou-se dos colegas.
          - Lá vou eu ter que fazer mais uma pista de carros – disse Rezinga, começando a trabalhar.
          - Pois eu, vou fazer um castelo de princesas – disse Brincalhão.
          - Eu, não sei o que está escrito nesta carta – disse Despistado.
          - Porquê!? – perguntou Madeirinha.
          - As letras são tão tortas que não consigo perceber a maioria das palavras – respondeu Despistado.
          Olhando para a carta, Rebelde sorriu.
          - As letras estão perfeitas – disse Rebelde.
          - Não estão nada – disse Despistado.
          - Experimenta pôr os óculos e vais ver como tudo melhora – disse Rebelde.
          Atrapalhado, Despistado pôs os óculos.
          - Tens razão, Afinal, as letras são até muito bonitas – disse Despistado.
          - Tu és mesmo um despistado que anda sempre com a cabeça na lua – disse Rebelde.
          - Muito bem. Esta menina pede uma Barbie e um cavalo de baloiço – leu Despistado, começando a trabalhar.
          - Eu vou fazer um carro de corrida – disse Brincalhão.
          - E eu, tenho que ir fazer uma fábrica de pipocas – disse Resmungão.
          - A fábrica de pipocas é fácil de fazer. Só tens de ir ao armazém buscar as peças – disse Brincalhão.
          Apressado, Resmungão foi para o armazém e alguns minutos depois, ouviu-se um grande estrondo parecido com uma explosão.
          Percebendo que alguma coisa tinha acontecido, os restantes duendes correram até lá. Ao entrarem, viram espalhados pelo chão, vários caixotes e Resmungão olhava para a confusão com cara de poucos amigos.
          - Só a mim é que isto acontece – disse Resmungão.
          - Que aconteceu? – perguntou Madeirinha.
          - Ando á procura de uma peça e caiu tudo – respondeu Resmungão.
          - Que peça? – perguntou Rezinga.
          - Falta-me o parafuso torcido para o depósito – respondeu Resmungão.
          - Já viste na gaveta do material com defeitos? – perguntou Brincalhão.
          - Acho que vi em todos os sítios, menos aí – respondeu Resmungão.
          Apressado, Resmungão abriu a gaveta e começou a procurar o parafuso que lhe faltava. Alguns minutos depois, ainda sem encontrar o que procurava, Resmungão fechou a gaveta com violência e alguns parafusos caíram, entre eles um dos que eram procurados.
          Feliz, Resmungão apanhou-o e regressou à construção da fábrica de pipocas.
          Segundos depois, Crucas o pombo mensageiro entrou na oficina muito apressado.
          - Rápido! Rápido! – berrava ele.
          - Que aconteceu? – perguntou Madeirinha.
          - Encontrei várias cartas de pedidos que, deviam ter aqui chegado mas, ficaram caídas perto do marco do correio – respondeu Crucas.
          - Vamos lê-las e tratar dos pedidos – disse Brincalhão.
          Depois de distribuídas, cada um leu a sua e recomeçou o trabalho. Concentrados, os duendes não viram a pequena rena Sóri entrar e, só quando esta se aproximou mais é que perceberam a sua presença.
          - Olá – disse Madeirinha.
          - Olá – respondeu Sóri.
          - Estás preparada para o natal? - perguntou Despistado.
          - Estou – respondeu Sóri, desanimada.
          - Nós não paramos de fazer prendas – disse Rebelde.
          - Eu nunca recebi nenhuma prenda – disse Sóri.
          Ao ouvirem as palavras de Sóri, os duendes olharam uns para os outros e tiveram uma ideia.
          No dia seguinte, encontrando-se na oficina, os duendes reuniram folhas de azevinho, pinhas, bolotas e pequenos ramos de pinheirinhos e fizeram uma linda coroa de natal. Felizes, embrulharam-na num papel muito colorido e alegre e guardaram-na muito bem escondida.
Alguns dias depois, Sóri entrou na oficina e não viu nenhum dos duendes.
          De um momento para o outro, todas as luzes se apagaram.
          Então, uma árvore de natal iluminou-se e, à suas volta os duendes cantavam:
“Para a Sóri é esta prenda, para que não se arrependa.”
          Emocionada, Sóri correu até aos duendes e abraçou-os cheia de felicidade.
          Segurando a coroa, Madeirinha e Rezinga colocaram-na no pescoço de Sóri que sorriu feliz.
          No fim, todos de mãos dadas, cantaram ao redor de Sóri.
                                       “A Todos Um Bom Natal”


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A Festa Dos Animais

Numa manhã cinzenta, toda a floresta Zumpipa estava triste e os animais não saíam das suas tocas e abrigos.
Na grande caverna do urso Tóbi, os esquilos Kiko e Kóki conversavam.
- Hoje não podemos ir apanhar avelãs – disse Kóki.
- Nem andar a passear pelas árvores – disse Kiko.
- Está um dia triste e só apetece ficar quieto em casa – disse Tóbi.
- Tu tens sorte pois a tua casa é grande. A nossa é muito pequena e não podemos fazer nada – disse Kóki.
- O que querem fazer? Podemos jogar às escondidas, ao berlinde ou ao pião – perguntou Tóbi.
Depois de pensarem um bocado, Kóki sorriu feliz.
- O que acham de fazermos uma festa? – perguntou Kóki.
- Sim!!! – exclamaram Kiko e Tóbi.
- E podemos chamar os outros animais para participarem – disse Tóbi.
- Exato – concordou Kóki.
- Vou dizer ao papagaio Chóli para espalhar a notícia da festa – disse Kóki, saindo a correr da caverna.
Enquanto isso, Kiko e Tóbi começaram a preparar a caverna para a festa. Enfeitaram-na com flores e plantas e esperaram ansiosos que os outros animais chegassem à caverna.
Algum tempo depois, Kóki regressou na companhia do castor Zuca, do veado Fira e da raposa Tafa.
- Vamos fazer uma grande festa – disse Kóki.
- O que queres que façamos? – perguntou Zuca.
- Não é preciso fazerem nada – respondeu Tóbi.
Segundos depois, um bando de pássaros entrou na caverna.
- Aqui estamos, prontos para animar a festa – disse o pintassilgo Muca.
Segundos depois, mais alguns animais chegaram à caverna entre eles, a coelha Fira que vinha muito apressada.
- A Sofi está a chorar – disse Fira.
- Porquê!? – perguntou Kiko.
- Como anda muito devagar, não vai conseguir chegar a tempo da festa – respondeu Fira.
- Temos que a ajudar – disse Kóki.
- Mas, como? - perguntou Zuca.
- Temos que pensar e encontrar uma solução – respondeu Tóbi.
Algum tempo depois, Muca aproximou-se de Kiko.
- Fui ver a Sofi e ela está muito longe – disse Muca.
- Não sei como a podemos trazer para cá – disse Tafa.
Olhando para os amigos, Tóbi pensava numa solução para o problema.
- Já sei! – exclamou ele.
- O quê!? – perguntaram os outros animais.
- A maneira de trazer a Sofi até nós – respondeu Tóbi.
- Como!? – perguntaram todos.
- A Repa é a mais rápida de todos – disse Tóbi.
Nesse momento, Repa aproximou-se com mais algumas flores.
- Repa, tens de ir buscar a Sofi que está longe – disse Tóbi.
- Eu, não! Estou zangada com ela e não a vou buscar – disse Repa.
- Esta festa é para todos os animais e não podemos deixar nenhum de parte – disse Tóbi.
Aproximando-se, Kiko olhou muito sério para Repa.
- Todos nós moramos nesta floresta e precisamos uns dos outros. Vamo-nos lembrar do que significa mesmo a palavra amizade – disse Kiko.
- Mas, como faço para a encontrar? – perguntou Repa.
- Os nossos amigos pássaros vão contigo e ensinam-te o caminho – respondeu Kóki.
- Está bem – disse Repa.
Poucos segundos depois, vários pássaros levantaram voo e conduziram Repa até Sofi que, chorava triste.
- Sofi, sobe para as minhas costas pois, a festa espera-te – disse Repa.
- Já não estás zangada comigo? – perguntou Sofi.
- Vamos esquecer a zanga e continuar a amizade que tínhamos antes – respondeu Repa.
Feliz, Sofi subiu para as costas de Repa e rapidamente chegaram ao local da festa onde, os outros animais as esperavam.
Ao ver as amigas chegar, Tóbi começou a bater palmas e todos os restantes animais o acompanharam.
Após o inicio da festa, mais animais apareceram e a diversão foi muito grande.

No final da festa, todos cantaram e bateram as palmas felizes com a amizade que tinham.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

As Compotas Da Avó Chica

         Numa manhã de Outono, os irmãos Bruno de 9 anos e Laura de 7, foram acordados pela mãe Diana.
         - Está na hora de levantar – disse a mãe.
         - Mas, ainda queremos ficar mais um bocado na cama – disse Bruno.
         - A avó Chica telefonou e precisa da vossa ajuda – disse Diana.
         Instantaneamente, os irmãos saíram das camas e começaram a preparar-se.
         - Será que é para fazermos as bonecas de pano? – perguntou Bruno.
         - Não sei. Ou será que ela vai fazer o nosso bolo de chocolate preferido? – perguntou Laura.
         - Se se despacharem, ficam logo a saber – disse Diana.
         Já prontos, Bruno e Laura correram para casa da avó e, ao entrarem na cozinha, viram em cima da mesa, dois cestos e alguns recipientes.
         - Porque nos chamaste? – perguntou Bruno.
         - Como sei que adoram as minhas compotas, hoje vão ajudar-me a fazer algumas – respondeu Chica.
         - O que temos que fazer? – perguntou Laura.
         - Em primeiro, vão apanhar alguns frutos – respondeu Chica.
         - Quais frutos? – perguntou Bruno.
         - Podem apanhar amoras, framboesas e figos – respondeu Chica.
         Felizes, os irmãos pegaram nos cestos e sorridentes, saíram de casa da avó.
         Começando pelos figos, os irmãos encheram rapidamente um recipiente e seguiu-se a apanha das amoras e das framboesas.
         De regresso a casa da avó, vestiram os aventais e começaram a ajudar Chica. Em primeiro, lavaram e enxugaram cuidadosamente as amoras. De seguida, juntaram-nas num tacho com açúcar, sumo de limão e mexeram bem. No final, guardaram a compota em frascos que, fecharam muito bem.
         Terminado o trabalho, os irmãos olhavam para os frascos, orgulhosos do que tinham ajudado a fazer.
         - Agora, vamos preparar os figos – disse Chica.
         Depois de os limparem de sementes, Bruno e Laura seguiram os passos anteriores e com a ajuda da avó, tudo correu bem e mais uma compota ficou pronta.
         Utilizando os outros frutos e seguindo a receita inicial, Bruno, Laura e Chica prepararam mais compotas e os irmãos, sentiam-se as crianças mais felizes do mundo.
         Já com vários frascos de compotas em cima da mesa, Bruno ficou vários minutos a observá-los.
         - Avó! Onde aprendeste a fazer tantas compotas? – perguntou Bruno.
         - Quando era jovem, tudo o que comíamos ou era domesticado por nós ou era a própria natureza que nos dava – respondeu Chica.
         - Porque não iam ao supermercado? – perguntou Laura.
- Nessa altura, não existiam supermercados. Nas redondezas, só havia uma pequena lojita a que chamavam venda e que, só vendia arroz, massa, açúcar e outras pequenas coisas – respondeu Chica.
         - Quando lá ias, não compravas nenhum chocolate? – perguntou Bruno.
         - Os chocolates eram só para as pessoas mais ricas – respondeu Chica.
         - Nunca comiam doces? – perguntou Laura.
         - Comíamos. Mas, era tudo feito em casa. Por isso é que sei fazer as compotas e outros doces de que vocês gostam – respondeu Chica.
         - Não sei se conseguia viver sem comer doces – disse Bruno.
         - Tinhas que conseguir. Nãos os tinhas, nem sabias o que eram – disse Chica.
         - Pois – concordou Laura.
         - Era com as frutas que apanhávamos que fazíamos os doces que tínhamos – disse Chica.
         - Mas avó, quem te ensinou a fazer tantas coisas? – perguntou Bruno.
         - Foi a vossa bisavó que, era uma excelente cozinheira. Ela ensinou-me muito do que sei hoje e a vida, fez com que aprendesse o resto – respondeu Chica.
         - Eu gosto muito de brincar com tachos e panelas – disse Laura.
         - Quem sabe se, isso não é um sinal de que podes ser uma excelente cozinheira no futuro – disse Chica.
         - Na televisão, mostram bolos tão bonitos que às vezes apetece-me fazer igual – disse Laura.
         - Pois. Mas, isso dá muito, muito trabalho – disse Chica.
         - Pois dão – concordou Laura.
         - Já que estão a falar de coisas tão boas, o que acham de provarmos a geleia!? – sugeriu Chica.
         - Sim!!! – exclamaram os irmãos.
         Felizes, sentaram-se à mesa e começaram a prová-las.
         - Está espetacular – disse Bruno.
         - Estão todas. Mas, eu gosto mais da de framboesas – disse Laura.
         - Eu prefiro a de figos - disse Laura.
         Sorrindo, a avó Chica pegou num frasco de cada sabor e, entregou-os aos netos que felizes, regressaram a casa.
         - Mãe!!! Olha o que estivemos a fazer em casa da avó – disse Laura.
         Diana aproximou-se a sorriu.
         - Estivemos a fazer geleias – disse Bruno.
         - E gostaram? – perguntou Diana.
         - Sim. E a avó deu-nos estas – respondeu Laura, mostrando os frascos à mãe.
         - Ai, tanta coisa para estragar os dentes – disse Diana.
         - Nós temos cuidado – disse Bruno.
         - Espero que sim – disse Diana, sorrindo.

         Contentes, os irmãos foram brincar e nunca esqueceram aquele divertido dia em que, para além de terem ajudado a avó Chica, aprenderam também que através da natureza e dos seus frutos, se podem fazer coisas fantásticas.

sábado, 6 de agosto de 2016

A Casa Dos Anões

        Numa fria manhã de inverno, Mili de 9 anos foi acordada pela mãe Elisa.
- Mili! Está a nevar! – exclamou ela.
Mili levantou-se rapidamente e aproximou-se da janela, onde viu a neve a cair.
- Que bonito! – exclamou Mili.
- Já à muitos anos que não nevava cá na aldeia – disse Elisa.
- Vou chamar os meus amigos e vamos brincar – disse Mili.
- Tem cuidado para não te magoares – recomendou Elisa.
- Está bem – disse Mili.
Equipada com uma grossa camisola de lã, Mili saiu para a rua e começou a fazer um boneco de neve. Pouco depois, o irmão Pedro juntou-se a ela e começou então uma divertida batalha de bolas de neve.
Algum tempo depois, regressaram a casa e cansados, sentaram-se no sofá. Pouco depois, Elisa aproximou-se.
- Preciso pedir-vos um favor – disse Elisa.
- O que é? – perguntaram os irmãos.
- Tenho aqui um bolo para a avó Chica e, queria pedir para lá irem levá-lo – respondeu Elisa.
- Está bem – disseram os irmãos.
Depois de se prepararem, saíram em direção à casa da avó e, ao atravessarem a praça viram uma casa com um colorido arco-íris na parede.
Curiosos, ficaram parados a observá-la e ouviram vozes a cantar.
         Aproximando-se cada vez mais, os irmãos continuaram em silêncio e, segundos depois viram a porta abrir e saíram de lá, três anões muito contentes.
- Olá – disse o Pedro.
- Olá – responderam os anões em coro.
- Quem são vocês? – perguntou Mili.
- Eu sou o Dumpa e eles são os meus amigos Golas, Rupas e Tocas – respondeu Dumpa.
- E vocês!? Quem são!? – perguntou Tocas.
- Eu sou a Mili – respondeu ela.
- E eu sou o Pedro – respondeu o irmão.
- O que levam aí? – perguntou Golas.
- É um bolo para a nossa avó Chica – respondeu Mili.
- Nós somos muito gulosos. Mas, não sabemos cozinhar – disse Dumpa.
- Porque não pedem ajuda? – perguntou Pedro.
- Nunca! – exclamou rapidamente Tocas.
- Porquê!? – perguntou Mili.
- Nós somos mais pequenos que vocês mas, também somos capazes – respondeu Dumpa.
Depois de se despedirem, Mili e Pedro foram entregar o bolo à avó e regressaram a casa.
Uma manhã em que o sol rompia devagarinho as nuvens, Mili foi até à casa dos anões e bateu à porta. Golas abriu-a e entrando, Mili viu vários cestos em cima da mesa.
- Que vão fazer? – perguntou Mili.
- Vamos fazer um piquenique – respondeu Dunga.
- Também queres vir? – perguntou Tocas.
- Está bem. Só tenho que avisar a minha mãe – respondeu Mili.
- Então, vai avisá-la e depois volta para irmos – disse Golas.
A correr, Mili foi até à sua casa e avisou a mãe.
Regressando a correr para junto dos amigos, Mili ajudou-os nos últimos preparativos e felizes, saíram para o piquenique.
Depois de andarem vários metros, chegaram à margem de um riacho onde viram uma tartaruga muito triste a chorar.
- Que tens, Zica? Porque choras? – perguntou Golas.
- Os meus amigos foram passear até ao pântano mas, eu tenho medo e fiquei aqui sozinha – respondeu Zica.
- Queres vir connosco? – perguntou Dunga.
- Onde vão? – perguntou Zica.
- Vamos fazer um piquenique – respondeu Tocas.
- Eu conheço um lugar muito bonito e sossegado. Lá, temos a companhia da Bóni, a grande árvore vermelha e dos pássaros que lá moram – disse Zica.
Felizes, os amigos andaram alguns minutos e então, viram a grande árvore que feliz, agitava as suas folhas.
- Olá Bóni – disse Zica.
- Olá – disse Bóni.
- Podemos fazer aqui um piquenique? – perguntou Zica.
- Claro que sim – respondeu Bóni.
Divertidos, Mili e os amigos estenderam a toalha e, no momento em que distribuíam os alimentos, coloridas borboletas apareceram.
Terminado o piquenique, Mili aproximou-se de Bóni.
- És muito bonita – disse Mili.
- Obrigada – agradeceu a árvore.
- Eu moro aqui perto e nunca te vi antes – disse Mili.
- Eu sou especial. Como muitas pessoas são falsas e más, eu quase sempre só mostro o meu lado triste mas, tu e os anões são diferentes – disse Bóni.
- Diferentes, como? – perguntou Mili.
- Sei que tens um coração meigo e bondoso e que és incapaz de fazer coisas más – respondeu Bóni.
Feliz, Mili regressou a casa e durante o resto do dia, não conseguiu parar de pensar nas palavras de Bóni.
No dia seguinte, Mili foi novamente visitar os anões e, ao bater à porta, Rupas abriu-a.
- Olá Mili – disse ele, todo sorridente.
Nesse instante, um cheiro delicioso surgiu no ar e Mili viu que Rupas tinha vestido um avental que estava cheio de farinha.
- O que estão a fazer? – perguntou Mili.
- Estamos a fazer um bolo de amoras mas, não está a correr tão bem como esperávamos – respondeu Rupas.
- Querem que vos ajude? – perguntou Mili.
- Sim – respondeu Rupas, feliz.
Guiada por Rupas, Mili chegou à cozinha que estava muito, mas mesmo muito confusa. Aproximando-se, Mili viu Dunga a mexer muito depressa uns ovos e desse modo, era impossível evitar que não saíssem para fora da taça.
- Dunga, não mexas tão depressa – disse Mili.
- Tem que ser, tem que ser – disse Dunga, recomeçando a mexer.
Sem conseguir fazer Dunga parar, Mili foi até perto de Tocas e viu que ele estava muito concentrado a contar amoras.
- 3 para mim, 3 para o Golas, 3 para o Jita e 3 para o Dunga – disse Tocas.
- Que estás a fazer? – perguntou Mili.
- Estou a prepara as amoras para o bolo – respondeu Tocas.
- Precisas de ajuda? – perguntou Mili.
- Tenho que ir apanhar ainda algumas framboesas – respondeu Tocas.
- Posso ir também? – perguntou Mili.
- Claro que podes – respondeu Tocas.
Feliz, Mili saiu com Tocas e depois de andarem alguns metros, começaram a apanhar as framboesas.
Enquanto isso, Mili viu caído no chão um ninho cheio de passarinhos bebés.
- Tocas! Olha o que aqui está – disse Mili.
Tocas aproximou-se e ao ver os passarinhos, pegou cuidadosamente no ninho.
- Coitadinhos! Devem estar cheios de fome – disse Tocas.
- O que lhes podemos dar para comerem? – perguntou Mili.
- Vou-lhes dar uma framboesa – disse Tocas, escolhendo uma bem madurinha e colocando-a no ninho.
Os passarinhos comeram-na rapidamente e Tocas deu-lhes outra. Felizes, os passarinhos começaram a piar de agradecimento e Mili ficou a observá-los.
- E agora!? Não os podemos deixar sozinhos – perguntou Mili.
- Eu e os outros, tomamos conta deles – respondeu Tocas.
- E eu também ajudo – disse Mili.
Cuidadosamente, Tocas pegou no ninho e levou-o para casa. Lá, prepararam uma bonita gaiola azul clarinha e penduraram-na perto da porta, ao lado de um bonito vaso de malmequeres.
Todos os dias, Mili fazia os possíveis para ir à casa dos anões mas, nem sempre conseguia, o que a entristecia muito.
Numa manhã em que o azul do céu estava escondido por feias e grossas nuvens cinzentas, Rupas foi até à janela e pareceu-lhe ver uma sombra escura a voar. Assustado, correu até junto dos amigos.
- A bruxa encontrou-nos. Via-a a voar e de certeza que os vem apanhar – disse Rupas muito assustado.
- Tens a certeza? – perguntou Dunga.
- Sim. Vi no céu a sua sombra – disse Rupas agitando os braços.
Nesse momento, Mili bateu à porta.
- Não abram! É ela que nos vem apanhar! – exclamou Rupas.                  Aproximando-se de uma janela, Tocas deu uma rápida espreitadela e viu Mili em frente à porta.
- Não é nenhuma bruxa. É a Mili – disse Tocas.
Depois de abrirem a porta, Mili entrou.
- Que aconteceu!? Porque demoraram tanto tempo? – perguntou Mili.
- Pensámos que fosse a bruxa má – respondeu Dunga.
- Qual bruxa má? – perguntou Mili.
- A bruxa que nos quer apanhar – respondeu Rupas, já mais calmo.
- Quando morávamos na outra casa, ela ia todos os dias voar para lá e dizia que nos ia apanhar. Ela às vezes, fazia uns sons esquisitos e a casa tremia – disse Tocas.
Nesse momento, uma rajada de vento fez os ramos das árvores abanar.
- Cuidado! Ela chegou! – gritou Rupas com medo.
- Rupas, acalma-te! Não vem aí bruxa nenhuma. O vento é que fez as árvores abanarem – sossegou-o Mili.
- Não! É mesmo ela! – exclamou Rupas.
- Tem calma pois, as bruxas não existem – disse Mili.
- Existem, existem – disse Rupas.
Nesse momento, os outros anões olharam para Rupas que, continuava muito assustado.
- Vamo-nos sentar pois, quero contar-vos uma história – disse Mili.
Já sentados, os anões ficaram à escuta.
- Eu, era muito medricas e tinha medo de tudo, até da minha sombra. Todos os meus amigos gozavam comigo e eu, com vergonha, chorava. Mas, um dia mudei – disse Mili.
- O que fizeste? – perguntou Dunga.
- Numa manhã, fui ao parque e enquanto brincava no escorrega, apareceu um menino e enquanto conversávamos, eu falei-lhe dos meus medos. Ele também contou que tinha medo das mesmas coisas e, foi então que decidimos vencer esses medos – respondeu Mili.
- Mas, como conseguiste? – perguntou Tocas.
- No princípio foi difícil mas, nunca desisti e sempre acreditei que conseguia. E consegui – respondeu Mili.
- Eu também vou conseguir – disse Rupas, já mais confiante.
        Durante o resto do dia, Mili e os anões brincaram e divertiram-se muito.
        A partir daí, Mili e Pedro aproveitavam os momentos para visitar os anões e, a partir daí todos ficaram mais felizes.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A Festa Na Praia

Com o sol a brilhar e a mostrar toda a sua força, o verão estava a começar.
Na pequena aldeia costeira Maresia, tudo estava também preparado para a nova estação e a alegria era muita.
Numa manhã, as gémeas Dânia e Núria de 11 anos vestiram os seus fatos de banho e foram para a praia. Lá, depois de um rápido mergulho, deitaram-se nas toalhas e ficaram a apanhar um bocado de sol.
Enquanto isso, viram ao longe balões e parecia-lhes ouvir música. Curiosas, levantaram-se e aproximaram-se do local.
Viram lá para além de coloridos balões, um grande escorrega e vários insufláveis.
Imaginando a diversão que iriam ter, as gémeas foram surpreendidas por um homem que, com roupas coloridas lhes ofereceu duas flores de papel.
- Cuidem delas e não as deixem murchar – disse o homem a sorrir.
- O que é isto com tantos balões e música? – perguntou Núria.
- É uma festa para celebrarmos a chegada do verão – respondeu o homem.
- Podemos ir? – perguntou Dânia.
- Claro que sim. Vocês e todas as pessoas que quiserem – respondeu o homem.
- E quando é? – perguntou Núria.
- Começa amanhã e vai durar até ao próximo fim de semana – respondeu o homem.
- Como te chamas? – perguntou Dânia.
- O meu nome é Serafim mas, todos me chamam Bochechas – respondeu ele.
Rindo, as irmãs viram lá perto uma vendedora de pipocas que conheciam e aproximaram-se.
- Olá dona Preciosa – disse Núria.
- Olá meninas. Então, vieram à festa? – perguntou Preciosa.
- Fomos à praia e só depois é que vimos a festa – respondeu Dânia.
- Já viram as diversões? – perguntou Preciosa.
- Já vimos o escorrega e os insufláveis – respondeu Núria.
- Então, vamos começar pelo labirinto. Lá têm de procurar o caminho certo para salvar a princesa – disse Preciosa.
 - Eu quero ir – disse Dânia.
Sem dificuldades, Dânia e Núria percorreram o labirinto e salvaram a princesa, recebendo em troca dois peluches.
Em seguida, foram ao carrossel mágico, à casa dos espelhos, aos insufláveis e terminaram no escorrega.
Quando se preparavam para regressar a casa, Bochechas aproximou-se trazendo consigo dois fatos brancos, semelhantes aos dos astronautas.
- Amigas. Não vão embora sem experimentar a batalha colorida – disse Bochechas.
- O que é isso? – perguntou Núria.
- É uma espécie de batalha onde, as vossas armas vão estar carregadas de cores – respondeu Bochechas.
Vestindo os fatos, Núria e Dânia riram felizes e preparadas, começaram a batalha na companhia de outras crianças.
Atingindo outros e sendo atingidas, as irmãs adoraram a diversão e ao despirem os fatos não conseguiam parar de sorrir.
Enquanto descansavam um bocado, Bochechas apareceu com outro palhaço.
- Estava-me a esquecer de vos apresentar o Orelhas – disse Bochechas.
- Olá – disse Orelhas, sorrindo.
- Olá – disseram as irmãs.
- Estarei doido ou estou a ver duas meninas iguais!? – perguntou Orelhas.
- Nós somos gémeas. Eu sou a Núria e ela é a Dânia – disse Núria.
- Ufa! Pensei que estava a ficar doido – disse Orelhas.
- Agora, eu e o Orelhas queremos mostrar-vos uma coisa – disse Bochechas.
A seguir, Bochechas e Orelhas começaram a encher balões e a dar-lhes a forma de flores.
Oferecendo-as às gémeas, Orelhas começou a cantar e, aos poucos começaram a aproximar-se outras pessoas. Ao longo da festa, todos se divertiram e as irmãs nunca mais esqueceram tudo o que tinha acontecido.