sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

João e o natal

            Com a aproximação do natal, João de 9 anos espera ansioso pela noite do dia 24 e pela companhia da família.
            Numa manhã, João vai à mercearia da aldeia comprar açúcar e ao fazer o pedido, o vendedor Zeferino oferece-lhe um chocolate.
            Enquanto isso, João olha para a televisão e vê a publicidade a uns belos brilhantes carros de corda.
            Atento á televisão, João só conseguia imaginar o que podia fazer para conseguir ter um desses carros. No caminho de regresso a casa, João só pensava no carro e no quanto o gostava de ter.
            Já em casa, João esteve sempre pensativo e estranhando aquele sossego, a mãe Alberta perguntou:
            - Que se passa filho? Porque estás tão pensativo?
            João respondeu:
            - Vi na televisão da mercearia um carro de corda muito bonito e tenho estado a pensar nas corridas que faria se ele fosse meu.
            Percebendo que o filho gostara mesmo do carro, Alberta foi falar com o marido Peixoto.
            - O nosso filho viu na televisão da mercearia um carro de corda e gostou muito dele.
            Peixoto disse:
            - Esses carros são muito caros e sabes que o nosso dinheiro não dá para o comprar.
            Olhando atentamente para o marido, Alberta disse:
            - Eu sei mas, acho que temos que lhe oferecer alguma coisa para o alegrar.
            Elevando um pouco a voz, Peixoto disse:
            - Que queres comprar!? Só se for um carro de linhas!
            Depois de pensar uns segundos, Alberta disse:
            - Vou falar com o Pedro carpinteiro e pode ser que ele consiga fazer alguma coisa com a madeira.
            Os dias foram passando e João ocupava o tempo a brincar com o seu velho pião e com a bola.
            Uma tarde enquanto brincava no jardim da aldeia, João viu um rapaz brincar com um carro igual ao que ele gostava.
            Os dias foram passando e João já desistira da ideia de ter o carro. Uma noite depois do jantar, João foi ver um pouco de televisão e viu novamente o carro.
            No dia seguinte, véspera de natal, João ajudou a mãe a preparar a consosada e quando os familiares começaram a chegar, o carro foi esquecido.
            Depois de partilharem os presentes entre a familia, João só conseguia pensar na prenda que os pais lhe ofereceriam.
            Com tudo terminado, João aproximou-se dos pais e entregando-lhes um desenho, disse:
            - Esta é a minha prenda para vocês.
            Emocionados, Alberta e Peixoto soltaram algumas lágrimas.
            Depois disso, Peixoto tirou uma caixa de um saco e entregando-a ao filho, disse:
            - Filho, como sabes não te pudémos comprar o carro que viste na televisão mas, temos aqui outro para que possas brincar.
            Ansioso por ver o que estava dentro da caixa, João abriu-a e viu o carro de madeira.
            Retirando-o rapidamente da caixa, João observou-o de várias maneiras e depois de ver como era bonito, começou a brincar com ele.
            Sorrindo, Alberta disse:    
            - Espero que tenhas gostado.
            Parando de brincar, João disse:
            - Adorei! É muito mais bonito que o da televisão.
            Felizes por perceberem que o filho tinha gostado do carro, Peixoto disse:
            - Este carro está recheado do amor que sentimos por ti.

            Largando o carro, João abraçou o pai e a mãe e desse modo percebeu que a magia de natal é a partilha e a troca de sentimentos.

Todos merecem o natal

           Na noite de natal antes da troca de presentes, Rui de oito anos foi à janela. Lá, enquanto olhava as estrelas, ouviu uma voz dizer:
         - Mãe, está mais frio do que nos outros anos.
         Outra voz, disse:
         - Filho, sei que está muito frio mas, como vivemos na rua não temos onde nos aquecer.
         Olhando agora para a rua, Rui viu um menino mais ou menos da sua idade e a mãe.
         Depois de observá-los uns segundos, Rui sentiu uma sensação estranha e foi a correr perguntar à mãe Dina:
         - Mãe, na rua está um menino e uma senhora que têm frio e não sabem onde se aquecer. Será que os podemos deixar aquecer cá em casa?
         Feliz pela vontade de ajuda do filho, Dina respondeu:
         - Vai à porta convidá-los a entrar.
         Rui foi à porta e depois de os convidar, conduziu-os pela casa.
         Depois de vários agradecimentos, a senhora e o filho aproximaram-se e com a ajuda da magia de natal viveram um natal inesquecivel.

 


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Boneca de Trapos

         
       
        Numa manhã de outono, enquanto o sol tentava furar as nuvens, Dânia de 8 anos observava a rua coberta de folhas secas.
         Segundos depois, a mãe Anabela entrou no quarto e disse:
         - Filha, a avó Vitória telefonou e disse que tem lá uma prenda para ti. Como tenho que lá ir, queres ir comigo?
             Sorrindo, Dânia disse rapidamente:
         - Sim, quero.
         Durante o caminho, Dânia corria e pulava em cima das folhas secas caídas e divertida escutava o seu estalar.
         Ao chegar a casa da avó, Dânia abraçou-a e esperou ansiosa pela prenda. Minutos depois, a avó Vitória abriu um armário e tirou de lá um saco que lhe entregou.
         Curiosa, Dânia abriu-o rapidamente e ao ver uma boneca de trapos, pegou-lhe e agradeceu:
         - Obrigado avó.
         De regresso a casa, Dânia levou a boneca para o quarto e depois de ver o seu estado, disse-lhe:
         - Estás um bocado estragado.
         Instantaneamente, a boneca mexeu-se e começou a falar contando:
         - Os meus antigos donos não gostavam de mim e não me tratavam bem. Só me atiravam ao chão, algumas noites deixavam-me na rua e por isso, agora estou estragada e feia.
         Atenta ao que a boneca lhe estava a contar, Dânia disse:
         - Eu vou-te tratar bem.
         Sem imaginar o que Dânia estava a pensar fazer-lhe a boneca perguntou:
         - Que me vais fazer?
         Dânia olhou-a e disse:
         - Vou fazer-te umas roupas novas e pôr-te bonita.
         Assim que acabou de falar, Dânia saiu a correr do quarto e pouco depois regressou com uns panos e com ferramentas de costura.
         Depois de vários cortes e recortes, Dânia cozeu e preparou um lindo vestido para a boneca.
         No dia seguinte, Dânia lavou a boneca com muito carinho e secou-a com o secador. No fim de tudo isto, olhou-a e disse-lhe:
         - Vou a casa da minha avó pedir-lhe para te fazer um chapéu.
         Em casa da avó, Dânia ajudou-a a fazer o chapéu e cantarolando regressou a casa.
         Já no quarto, pegou na boneca e depois de mais uns ajustes na roupa, colocou-lhe o chapéu.
         De seguida, pegou nela e levou-a ao espelho. Lá, quando se viu toda bonita e bem cuidada, a boneca exclamou:
         - Estou tão bonita!
             Sorrindo, Dânia disse:
         - Sim. Pareces uma princesa!
         Felizes, Dânia e a boneca ficaram muito unidas e companheiras.
         Os dias foram passando e, numa tarde chuvosa em que só podiam estar em casa, Dânia olhou para a boneca e vendo-a triste, perguntou:
         - Que se passa!?
         A boneca olhou para Dânia e respondeu:
         - Sei que agora estou muito bonita mas, sinto que ainda me falta alguma coisa.
         Sem saber o que a boneca estava a sentir, Dânia perguntou:
         - O que é!?
         A boneca olhou para Dânia e com um olhar triste disse:
         - Todas as bonecas que conheci tinham um nome, menos eu.
         Sorrindo, Dânia perguntou:
         - De que nome gostas?
         Depois de uns segundos de silêncio, a boneca respondeu:
         - Eu não sei nomes.
         Olhando para a boneca, Dânia disse:
         - Desde pequenina que adoro o nome Mara.
         A boneca olhou para Dânia que perguntou:
         - Gostas!?
         Sorrindo, a boneca respondeu:
         - Gosto. É um nome muito bonito.
         Feliz por a amiga boneca gostar do nome, Dânia disse:
         - Então, a partir de agora és a minha boneca Mara.
         A partir desse dia, em todos os momentos livres, Dânia brincava com Mara e assim percebeu que, mesmo as coisas de menos valor merecem ser tratadas e cuidadas com muito respeito.


Fim


          

O Magusto da Aldeia


                      Sorridentes e felizes, os habitantes da aldeia Reflexo andavam atarefados com os preparativos do magusto que reunia todos os habitantes.
             Felizes com toda aquela agitação, os irmãos Inês e Sérgio de 7 e 9 anos tentavam ajudar e ao verem uma senhora a distribuir pratos e copos pelas várias mesas, aproximaram- -se. Sorrindo, Sérgio disse:
             - !
             A senhora olhou para eles e respondeu:
             -!
             Curiosa, Inês perguntou:
             - Que está a fazer?
             A senhora respondeu:
             - Estou a preparar as mesas para logo à noite.
             Sorrindo, Sérgio disse:
             - Vai ser uma noite muito bonita. Ainda me lembro o ano passado, quando soltaram os balões e todos queriam apanhá-los.
             Inês disse:
             - Eu ainda consegui apanhar um quando ele rebentou vi que lá dentro tinha um desenho muito bonito.
             Sérgio disse também:
             - O meu, estava cheio de papéis coloridos.
             Enquanto isso, o magusto ficou preparado e os visitantes começaram a aumentar, assim como a diversão.
             Pouco depois, vários homens acenderam as fogueiras e rapidamente se começaram a ouvir as castanhas estalar.
             Felizes, Sérgio e Inês comeram algumas castanhas e, quando olharam para a fogueira viram lá perto o senhor Bartolomeu, o habitante mais antigo da aldeia. Curiosos, aproximaram-se e ouviram-no perguntar a outras crianças:
             - Querem ouvir a história de S. Martinho?
             Várias crianças, inclusive os irmãos responderam:
             - Sim!
             Sorridente, Bartolomeu começou a contar:
             - À muitos, muitos anos num dia frio e chuvoso de Novembro, o soldado Martinho ia no seu cavalo e de repente começou uma terrível tempestade. A certa altura, apareceu à beira da estrada um homem a pedir esmola e como não tinha esmola para lhe dar, Martinho cortou a sua capa de soldado ao meio e deu uma parte ao pobre homem para que se protegesse do frio. Nesse momento, a chuva parou e o Sol começou a brilhar, alterando o tempo para quase verão. Por isso, todos os anos temos o verão de S.Martinho que nos traz uns dias melhores. Em sua homenagem, festejamos o magusto no dia 11 de novembro onde comemos as primeiras castanhas e os homens bebem vinho novo.
             Muito atentos, Inês e Sérgio não conseguiam desviar o olhar de Bartolomeu que disse ainda:
             - O magusto é uma das tradições do nosso país e muitas pessoas festejam-na.
             Curioso, Sérgio perguntou:
             - Como é que a festejam?
             Bartolomeu explicou:
             - Em muitos outros sitios também fazem fogueiras e perto do final os mais corajosos saltam-nas tentando conseguir o maior salto.
             Depois de ouvir a explicação, Inês disse:
             - Eu é que não saltava.
              Gozando, Sérgio disse:
             - Pois. Como és medricas, aposto que começavas logo a chorar.
             Fazendo uma careta para o irmão, Inês disse:
             - Os rapazes é que gostam de saltar.
             Depois de olharem um para o outro, Sérgio disse:
             - Este foi o melhor magusto de que me lembro.
             Sorrindo, Bartolomeu perguntou:
             - Porque dizes isso?
             Sérgio explicou:
             - Foi o melhor porque depois de comer umas castanhas tão boas, ainda aprendi a história de S. Martinho.

             Depois de algumas brincadeiras e de várias gargalhadas, Sérgio e Inês sentiam-se felizes pelo que tinham vivido e por tudo o que acabavam de aprender.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Sapateiro Pobre

             Durante as férias, numa manhã de sol os amigos João, Lara, Filipe e Joana de 8 anos passeavam divertidos pela praça Rebola da aldeia Segredo.
            Ao chegarem à beira do lago do parque Suspiro, Lara viu uns patos recém nascidos e disse:
            - Que bonitos! Tão fofinhos e amorosos.
            Concordando, Filipe disse:
            - Sim. Só apetece pegar-lhes e fazer festinhas.
            Minutos depois, os amigos sentaram-se num banco de jardim e felizes, riam-se.
            Algum tempo depois, Joana olhou para um grande e velho plátano e viu lá perto um sapateiro que concentrado cozia um sapato. Curiosos, os amigos aproximaram-se e João perguntou:
            - Que está a fazer?
            Olhando para os amigos, o sapateiro respondeu:
            - Estou a arranjar sapatos.
            Querendo saber mais, Joana perguntou:
            - Mas, porque está a arranjar os sapatos que as outras pessoas estragaram?
            O sapateiro respondeu:
            - Muitas vezes, as coisas estragadas podem ser arranjadas e é isso que eu faço.
            Sem entender o que o sapateiro tinha dito, Filipe disse:
            - Não percebi nada mas, deve ser uma profissão chata.
            Depois de pousar o que tinha nas mãos, o sapateiro olhou para Filipe e disse:
            - Não é uma profissão fácil mas, como tenho que trabalhar já aprendi a não reclamar. Aqui na aldeia, já todos me conhecem como o Chico sapateiro.
            Sorrindo, os amigos apresentaram-se:
            - Eu sou o João.
            - Eu sou a Lara.
            - Eu sou o João.
            - E eu sou a Joana.
            Depois da apresentação, os amigos olharam para o sapato que Chico estava a arranjar e Joana perguntou:
            - Como é que arranja os sapatos? Lá em casa, quando se estragam não os arranjamos.
            Chico sorriu e respondeu:
            - Um sapato pode-se estragar de várias maneiras mas, em muitos casos os problemas são fáceis de resolver.
            Tirando um sapato de uma saca e mostrando-o aos amigos, Chico disse:
            - Este, só precisa de ser cozido para ficar bom mas, à outros que precisam de cola e de outras coisas. No outro dia, tive que cozer uns que pareciam ter sido mordidos por um cão. Tive que os cozer e colar em vários sítios.
            Olhando fixamente para Chico, João perguntou:
            - Porque escolheu ser sapateiro?
            Chico respondeu:
            - Eu não escolhi ser sapateiro mas, como a vida está difícil e o dinheiro não nasce das árvores tive que começar a trabalhar assim.
            Sorrindo, Joana perguntou:
            - Já é sapateiro á muito tempo?
            Mostrando agora uma expressão séria, Chico respondeu:
            - Já sou sapateiro á 5 meses, desde que descobriram a doença da minha filha Anabela.
            Querendo saber mais, Lara perguntou:
            - O que tem a sua filha?
            Com os olhos cheios de lágrimas, Chico respondeu:
            - A minha filha tem uma doença grave e os tratamentos são caros. Por isso é que tive que começar a trabalhar como sapateiro.
            Sensibilizados com o problema, os amigos perguntaram:
            - Como podemos ajudar?
            Chico respondeu:
            - Como o problema é a falta de dinheiro, vocês não podem ajudar mas, agradeço a vontade.
            Sem saberem o que fazer, os amigos afastaram-se e sentaram-se na beira do lago. Depois de pensarem um bocado, Lara disse:
            - Lembrei-me que a minha avó Dolores sabe fazer uns bolos muito bons. Se calhar, podíamos vendê-los e assim sempre íamos conseguindo algum dinheiro.
            Rapidamente os amigos exclamaram:
            - Boa ideia!
            Preparados para começar, os amigos a casa da avó Dolores e Lara explicou:
            - Avó, conhecemos o sapateiro que está no parque e ele contou-nos que a filha está doente e que não tem dinheiro para a tratar. Por isso, eu e os meus amigos queríamos ajudá-lo e pensámos em vender do bolo que fazes muito bem.
            Feliz por a neta querer ajudar, Dolores foi á cozinha e pouco depois entregou-lhes um saco com bombons e rebuçados, dizendo:
            - Podem levar isto e mais logo venham cá que eu vou fazer o bolo.
            Animados, os amigos dividiram-se pela aldeia e a pouco e pouco começaram a vender as guloseimas.    
            Algum tempo depois, Lara foi a casa da avó buscar o bolo e feliz vendeu-o rapidamente, conseguindo obter 5 euros.
            Mais tarde, quando os amigos se reuniram, foram para casa de Filipe prontos para contar o dinheiro que tinham conseguido amealhar. Depois de o contar e recontar, Joana disse:
            - Neste primeiro dia conseguimos 13,50 euros.
            Contente, Filipe disse:
            - Se continuarmos assim, vai ser fácil.
            Nos dias seguintes, os amigos continuaram a vender as guloseimas e assim iam conseguindo juntar algum dinheiro.
            Numa manhã, os amigos reuniram-se e começaram a contar o dinheiro que tinham conseguido ao longo dos dias e atingiram os 44,75 euros.
            Felizes, fecharam o dinheiro num envelope e dirigiram-se ao parque. Quando lhe entregaram o envelope, Chico disse:
            - Muito obrigado. Com este dinheiro e algum que aqui tenho já dá para a minha filha fazer uma sessão de tratamentos.
            Os dias foram passando e numa tarde em que os amigos passeavam pelo parque, passaram pelo local onde Chico costumava estar e não o viram.
            Ao se aproximarem do quiosque Farripa, Lara perguntou ao vendedor Carlos:
            - Onde está o senhor Chico?
            Carlos respondeu:
            - O Chico foi com a filha fazer uns tratamentos.
Curioso, João perguntou:
            - E sabe se está tudo bem?
            Carlos respondeu:
            - Pelo que sei, os tratamentos estão a ter resultados muito bons. Acho até que a filha dele já está mais livre de perigo.
            Não conseguindo esconder a felicidade, os amigos sentiam-se muito bem pois tinham ajudado alguém a viver.





Fim













sábado, 5 de outubro de 2013

A Bruxa Trapalhona


Numa manhã de nevoeiro, a bruxa Zeza tentava preparar uma poção que conseguisse rejuvenescer o seu velho gato Poli.
           Enquanto misturava solas moídas e fechos enferrujados, Zeza dizia as palavras mágicas:
           - Ripopiche Tinóni, rejuvenesce o meu Poli.
           No momento em que acabou de falar, uma grande e densa nuvem de poeira apareceu e com ela, vários pássaros voaram pelo local. Triste por ter errado a poção, Zeza olhou para Poli e disse:
           - Vou ao manual dos feitiços procurar outro.
           Apressada, Zeza começou a folhear o manual e quase no final encontrou outro.
           Sorridente, aproximou-se da mesa das poções e começou a trabalhar, dizendo:
           - Junto bigodes de gato e escamas de sardinha e levo a cozer. Frito oito cascas de ovo com chocolate e misturo com óleo de hipopótamo, sem parar de mexer. A seguir, levo ao fogão quatro unhas de lagarta e duas línguas de formiga.
           Enquanto tudo estava no fogão, a amiga Zali apareceu lá em casa e sentindo um cheiro esquisito, perguntou:
           - Que estás a fazer?
           Zeza sorriu e respondeu:
           - Estou a preparar uma poção para rejuvenescer o meu gato.
           Observando o fogão e todos os ingredientes que lá estavam, Zali disse:
           - Se estás a juntar unhas de lagarta e línguas de formiga, só consegues que o teu gato comece a ladrar ou a piar.
           Um pouco confusa, Zeza perguntou:
           - Então, o que hei-de fazer?
           Zali respondeu:
           - Tens que procurar a Zuza, a rainha das bruxas e perguntar-lhe qual é a poção certa para rejuvenescer o teu gato.
            Sem saber como podia encontrar a rainha, Zeza perguntou:
            - Como posso ir falar com ela?
            Zali respondeu:
            - Voa até ao monte Escuro e quando vires uma árvore cheia de pirilampos, desce e toca no quadrado que está desenhado no tronco. Se ela estiver em casa, de certeza que te ajuda.
            Apressada, Zeza saiu a voar na sua vassoura e pouco depois chegou ao monte Escuro. Lá, viu a árvore dos pirilampos e sem pensar muito, desceu rapidamente.
            Depois de tocar no quadrado, ouviu uma voz que perguntou:
            - Quem está a interromper o meu sono de beleza?
            Tímida, Zeza respondeu:
            - É a Zeza, a bruxa trapalhona.
            De imediato, uma porta abriu-se e a rainha Zuza apareceu com a cara coberta por uma pasta verde e mal cheirosa. Olhando para Zeza, a rainha perguntou:
            - Porque vieste falar comigo?
            Zeza respondeu:
            - Vim aqui porque sou muito trapalhona e tudo o que faço corre mal.
            Atenta, Zuza perguntou:
            - Mas porque dizes isso?
            Zeza respondeu:
            - Todos os feitiços e bruxarias ficam mal e por isso, todas as outras bruxas gozam comigo. Eu gostava de fazer bem as coisas mas não consigo.
            Percebendo o que se passava, Zuza disse:
            - Vou-te emprestar um livro que explica tudo acerca da magia. Se o leres com atenção, vais aprender rapidamente e assim deixas de ser trapalhona.
            Agradecendo, Zeza disse:
            - Obrigada! Vou já começar a lê-lo.
            Dias mais tarde, Zeza foi para a floresta e começou a praticar o que tinha estudado. Lá, transformou um velho e seco morro num belo e colorido monte de flores. Transformou também uma rosa seca noutra muito bonita e brilhante.
            Uma tarde, enquanto olhava para a velha árvore enrugada, ouviu uma voz que lhe perguntou:
            “Agora que já és uma boa feiticeira espero que uses a magia para proteger e cuidar da floresta.”
            Surpresa por a árvore saber que ela já era uma boa feiticeira, Zeza perguntou:
            - Como sabes que eu já sou uma boa feiticeira!?
            Sorrindo, a árvore respondeu:
            - Sabes que eu sei tudo o que acontece na floresta.
            Curiosa por saber como era possível uma árvore saber, Zeza perguntou:
            - Como é que sabes tudo?
            Nesse momento, um arco-íris rodeou a árvore e quando este desapareceu, Zuza a rainha das bruxas apareceu.
            A partir desse dia, Zeza começou a ser tratada como bruxa e entendeu que, com a força interior de cada um, podemos mudar muitas coisas.