quarta-feira, 11 de julho de 2018

O Ursinho da Mariana


A manhã estava a começar e com preguiça, Mariana de 8 anos, espreguiçava-se.
Segundos depois, a mãe Leonor entrou no quarto com um embrulho cor de rosa.
         - Bom dia, filha – disse ela.
         - Bom dia, mãe – respondeu Mariana.
         Ao ver que a mãe segurava um embrulho, Mariana não conseguiu aguentar a curiosidade.
         - O que é isso? – perguntou ela.
         - O que é, não sei. Mas, é para ti – respondeu a mãe.
         - Quem deu? – perguntou Mariana.
         - O carteiro é que veio cá entregar – respondeu a mãe.
         Pegando no embrulho, Mariana começou a desembrulhá-lo e pouco depois, viu o lindo peluche em forma de urso que lá estava guardado.
         - É lindo – disse Mariana.
         - Tens razão. É mesmo lindo – concordou a mãe.
         - Vou levá-lo para o meu quarto – disse Mariana, subindo as escadas.
         Ao chegar ao quarto, Mariana colocou algumas almofadas em cima da cama e deitou lá o urso. Enquanto o observava, alguns pássaros pousaram no parapeito da janela e começaram a cantar.
         No momento em que Mariana se virou para a cama, já não viu lá o urso. Olhou de seguida para o chão e também não o viu lá caído. Então, olhou para a janela e viu-o de pé a olhar os pássaros. Sem palavras, aproximou-se.
         - Olá – disse o urso.
         - O… O… Olá – respondeu Mariana.
         - Como te chamas? – perguntou o urso.
         - Chamo-me Mariana. E tu? – perguntou ela.
         - Eu sou o Didi – respondeu o urso.
         - Mas, os ursos não falam – disse Mariana.
         - Eu sou especial – disse Didi.
         - Especial, como? – perguntou Mariana.
         - Isso é uma coisa que tens que descobrir – respondeu Didi.
         - Como? – perguntou Mariana.
         - Com o tempo vais descobrir – respondeu Didi.
         Sem saber o que dizer, Mariana viu Didi abrir a janela e os pássaros aproximaram-se ainda mais. Espantada por os pássaros não fugirem, Mariana continuou a olhá-los fixamente.
         - Vem até aqui – disse Didi, virando-se para Mariana.
         Mariana aproximou-se lentamente e, quando já estava ao lado de Didi, dois passarinhos pousaram no seu braço direito.
         - Como é que os pássaros não têm medo de mim? – perguntou Mariana.
         - Eles sabem que não lhes fazes mal? – respondeu Didi.
         Segundos depois, Leonor entrou no quarto da filha.
         - Filha. Não consigo encontrar a tua boneca de pano – disse ela.
         - Ela estava no sofá – disse Mariana.
         - Mas, não está. Já procurei em todos os lados e parece que desapareceu – disse Leonor.
         - Eu vou procurá-la – disse Mariana, correndo para o seu quarto.
         Lá, procurou no armário, debaixo da cama, no meio de outros brinquedos e nada. Tinha mesmo desaparecido.
         Triste, Mariana sentou-se na cama muito quieta.
         - O que aconteceu? – perguntou-lhe Didi.
         - A minha boneca de pano, desapareceu – respondeu Mariana.
         - Já a procuraram bem? – perguntou Didi.
         - Sim. Já vi em todo o lado – respondeu Mariana.
         Depois de alguns segundos em silêncio, Didi aproximou-se da janela e dos pássaros.
         - Viram por aí, a boneca da Mariana? – perguntou ele.
         - Não – responderam os pássaros.
         Nesse momento, aproximou-se o passarinho vermelho Teté que, pousou cansado no parapeito da janela.
         - Ainda bem que já consegui – disse ele.
         - Conseguiste o quê!? – perguntou Didi.
         - Consegui fugir do grande pássaro Negro. Ele é assustador – respondeu Teté.
         - Tem calma. Ele não vem aqui – disse Didi.
         - Ainda bem – suspirou Teté.
         Olhado depois para Mariana, Teté viu-a a chorar.
         - Porque estás a chorar? – perguntou Teté.
         - A minha boneca de pano, desapareceu – respondeu Mariana.
         - Como é a tua boneca? – perguntou Teté.
         - É de pano e tem um vestido cor de rosa com bolinhas amarelas – respondeu Mariana.
         - Não chores – disse Didi.
         Nesse momento, Teté voou até ao ouvido de Didi e cochichou-lhe alguma coisa.
         - É uma ótima ideia – disse Didi.
         A sorrir, Teté voou até uma rosa e regressou depois, segurando algumas pétalas com o bico. De seguida, voou por cima da cabeça de Mariana e largou as pétalas.
         Nesse momento, apareceu uma nuvem cor-de-rosa que os envolveu. Segundos depois, Mariana abriu os olhos e viu muitas flores e muitos animais.
         - Mariana. Aqui é o Sitio das Cores – disse Teté.
         - Aqui, todos os sonhos são possíveis – disse Didi.
         Sem saber o que dizer, Mariana olhou para todos os lados e viu que, todos os espaços eram muito coloridos.
         - Vamos dar um passeio – disse Didi.
         - Boa ideia – disse Teté.
Felizes, começaram a andar e passados alguns minutos, chegaram à beira de um lago onde nadavam dois lindos patos amarelos.
- Olá Juju. Olá Nini – disse Teté sorrindo.
- Olá amigos – disseram os patos.
- Querem vir passear connosco? – perguntou Didi.
- Sim – respondeu Juju.
- Então, vamos lá – disse Teté.
Enquanto andavam, Juju e Nini iam sempre calados e pareciam estar com o pensamento noutro sítio. Percebendo que se passava alguma coisa, Teté parou.
- O que se passa? Vão os dois tão distraídos, porquê!’ – perguntou Ele.
- Quando íamos de manhã para o lago, encontrámos uma boneca a chorar – respondeu Nini.
- Como era a boneca? – perguntou Mariana, pensando logo na sua.
- Era muito bonita. Tinha um vestido cor-de-rosa com pintinhas amarelas – respondeu Juju.
- Onde a encontraram? – perguntou Didi.
- Ela estava sentada ao pé da árvore Roliça – respondeu Nini.
- Vamos até lá! De certeza que é a minha boneca e só pode estar cheia de medo – disse Mariana.
Andaram durante algum tempo e de repente, viram um grande pássaro negro levantar voo e largar algumas das suas feias asas pretas no ar.
- Foi ali que vimos a boneca – disse Juju ao chegarem perto da grande árvore.
- De certeza que foi o grande pássaro negro que a levou para ali – disse Didi.
- Vamos até lá. Mas, não façam barulho – disse Teté.
Em completo silêncio, todos se aproximaram. Lá, atrás de uma grande erva roxa, viram a boneca que se tentava esconder.
- A minha boneca! – exclamou Mariana, pegando-lhe ao colo.
- Ainda bem que me encontraram. O pássaro Negro trouxe-me para aqui e eu estava com muito medo – disse a boneca.
- Temos que lhe dar uma lição – disse Teté.
- O que podemos fazer? – perguntou Juju.
- Já sei! Vamos preparar-lhe uma armadilha – respondeu Teté.
- Como? – perguntou Mariana.
- Vou chamar mais alguns animais e já sei o que vamos fazer – respondeu Didi.
A correr, Didi afastou-se a pouco tempo depois, regressou acompanhado por mais animais.
- O que vão fazer? – perguntou Mariana.
- Já vais ver – respondeu Teté.
Instantaneamente, alguns animais começaram a escavar um buraco enquanto outros, reuniam paus e construíam uma jaula.
Depois de estar tudo pronto, cobriram a jaula com folhas verdes e deixaram-na num local estratégico para apanhar o pássaro. Pouco depois, de se esconderem, o pássaro negro pousou e rapidamente os outros animais empurraram a jaula, prendendo-o lá dentro.
Nesse momento, apareceram no céu muitos pássaros a cantar e uma nuvem cor-de-rosa pousou em cima da jaula. Segundos depois, a nuvem desfez-se e apareceu a boneca da Mariana.
- Pensei que te tinha perdido para sempre – disse Mariana, abraçando com muita força a boneca.
         - Quando o pássaro negro me levou, eu tive mesmo muito medo – disse a boneca.
         Surpresa por ouvir a boneca falar, Mariana olhou para Didi.
         - Vês!? Quando te disse que aqui, todos os sonhos eram possíveis, estava a dizer a verdade – disse Didi.
         - Obrigado – agradeceu Mariana.
         De regresso a casa, Mariana aprendeu que os sonhos podem ser mesmo possíveis.