terça-feira, 21 de junho de 2022

Um cão especial


Rodeada por longos campos de papoilas, a aldeia Pingada era a mais bonita dos arredores. Felizes, os seus habitantes adoravam cuidar dos seus jardins e mostrá-los com orgulho a todos os visitantes. Perto do repuxo da praça Plim Plim, o quiosque Pinguinhas mostrava os jornais que revelavam as noticias mais recentes e o vendedor Ambrósio, sorria e saudava quem passava perto.
- Bom dia, dona Filó. 
- Bom dia, Ambrósio. Temos noticias frescas? 
- Frescas não, fresquíssimas! 
- Tem que ser. 
- Exatamente. 
- Tenho que ir. Adeus.
-  Adeus.
 Segundos depois, um cão aproximou-se e parou a olhar para Ambrósio.
- Também queres ler um jornal? Tenho o Futebolas ou, preferes outro?
 “Au!! Au!!” 
- Estou a ver que não é o teu género. Se preferes de fofocas, tenho aqui tantas revistas que, nem sei o nome de todas. 
“Au!!Au!!”
- Também não. Então, só resta política.
Nesse momento, a dona Marieta aproximou-se.
- Olá Ambrósio. Já falas com o cão? 
- Olá. Estava a perguntar-lhe o que é que ele queria ler mas, parece-me que ele é sempre do contra.
- Em vez de ler, ele deve querer é comer. Já são 12:30 e, ele ainda não deve ter comido nada hoje. 
- Por falar em comer, é o que vou fazer. 
- Tem que ser. Bom almoço. 
- Adeus. 
Segundos depois, Ambrósio pegou na sua sandes de presunto e começou a comê-la. Enquanto isso, o cão continuava sentado à frente do quiosque. Então, Ambrósio tirou um bocado da sua sandes deu-o ao cão que o comeu rapidamente.
- Estou a ver que o que querias era comida.
“Au!!Au!!”
Minutos depois, a dona Ernestina aproximou-se.
- Boa tarde, Ambrósio.
- Boa tarde. Precisa de alguma coisa?
- Precisar até preciso.
- Então diga. Talvez a possa ajudar.
- A minha netinha vai hoje lá a casa e, queria dar-lhe uma prenda. Mas, não sei o quê.
- Que idade é que ela tem?
- Tem 2 anos e meio.
- Com essa idade, as crianças gostam de coisas coloridas. Acho que tenho ali um livro indicado para ela.
- Mostre-me.
Ambrósio virou-se e alguns segundos depois, mostrou à dona Ernestina um livro com capa fofa e colorida onde, as personagens podiam ser mudadas de lugar.
- Neste livro, para além das cores garridas, ela pode mexer em tudo sem qualquer perigo.
- É o que vou levar. Obrigado.
Depois da venda, Ambrósio voltou a ficar sozinho com o cão.
Minutos depois, chegaram à praça duas crianças que a correr, subiram para a borda do repuxo. Pouco tempo depois, ouviu-se um “splash”, seguido do barulho de algo a bater na água “tchap!tchap!” Nesse momento, o cão começou a correr e a ladrar e, ao chegar ao repuxo, saltou lá para dentro. Então, mordeu o carapuço da criança e puxou-lhe a cabeça para fora de água. Ambrósio aproximou-se a correr e pegou na criança, tirando-a para fora.
Nesse momento, a mãe das crianças aproximou-se a correr.
- João!!! João!!!
- O seu filho está aqui. Molhado e assustado mas, bem.
- Oh! Obrigado. Muito obrigado.
- O agradecimento não é para mim mas sim, para este cão.
- Como!?
- Isso mesmo. Este rafeiro foi a primeira ajuda que o seu filho teve.
- Isso é impossível.
- Não é não. Ele, assim que percebeu que o seu filho precisava de ajuda, correu para cá e saltou lá para dentro onde, pelo carapuço , puxou a cabeça do menino para fora de água. Eu, apenas o tirei para fora.
- O meu João, foi salvo por um cão. Parece uma história.
Já mais calmo, João abraçou o cão.
- Mãe, podemos ficar com ele?
- Se o dono deixar.
- Ele não tem dono. Só costuma estar aqui a fazer-me companhia.
- Então, podemos?
- Claro que sim.
- Boa!!
- Que nome lhe vão dar?
- Já sei!
- Então?
- O quiosque é o Pinguinhas e ele, vai ser o Pingas.
- Boa ideia.
- Só quero pedir uma coisa.
- O quê!?
- De vez em quando, venham cá com ele para que fique a saber as noticias do mundo.
Todos se riram felizes e assim, o Pingas encontrou uma família que o passeava e levava ao quiosque onde Ambrósio o recebia muito feliz.