segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Clube Dos Tempos Livres

             

                Na rua Carreiro da aldeia Pinote, morava um menino chamado Gonçalo de 10 anos que, ao estar de férias adorava brincar com os seus bonecos e com o seu gato Mimo.
         Uma noite enquanto jantava, a mãe Elisa disse:
         - Filho, nestas próximas semanas eu e o pai temos que ir fazer umas entregas de roupa da fábrica e por isso, só vamos estar em casa à noite.
         Olhando para a mãe, Gonçalo disse:
         - Não faz mal. Eu fico sozinho.
         Aproximando-se, o pai Raul disse:
         - Nada disso. À bocado, quando passámos ao pé do centro recreativo vimos que estavam lá a fazer inscrições para o clube de tempos livres e por isso, inscrevemos-te.
         Fazendo uma cara triste, Gonçalo disse:
         - Eu não gosto disso. Prefiro ficar sozinho.
         Sério, Raul disse:
         - Vais lá duas semanas experimentar e depois decidimos se continuas ou não.
         Tentando animar o filho, Elisa disse:
         - Amanhã é o primeiro dia e acho que vão dar um passeio e fazer umas atividades.
         Desanimado, Gonçalo foi para o seu quarto odiando as previsões para o dia que aí vinha.
         De manhã, quando Elisa foi acordar Gonçalo, disse-lhe:
         - Vá filho! Levanta-te e prepara-te que vamos levar-te ao clube.
         Triste, Gonçalo preparou-se e depois de tomar o pequeno-almoço foi com os pais até ao clube.
         Lá, viu outras crianças e depois de olhar para o espaço, foi sentar-se num banco isolado ao fundo da sala.
         Minutos depois, um rapaz e uma rapariga mais velhos entraram na sala e o rapaz disse:
         - Olá a todos! Eu sou o Joel e esta é a minha colega Sandra. Juntos vamos ser os vossos monitores de atividades e espero que gostem e se divirtam muito.
         Depois de todos os meninos e meninas se apresentarem, chegou a vez de Gonçalo, que disse:
         - Eu sou o Gonçalo e tenho 10 anos.
         Terminadas as apresentações, Sandra disse:
         - Agora que já nos conhecemos, podemos começar com umas atividades que todos gostam. Vamos todos jogar à macaca e ver quem será o vencedor.
         O jogo começou mas Gonçalo não se conseguia divertir, nem tão pouco sorrir. Depois da macaca, jogaram às escondidas, à apanhada, à tunda e ao salto à corda mas, Gonçalo continuava igual.
         Ao final da tarde, Raul foi buscar Gonçalo e durante o caminho perguntou-lhe:
         - Então filho! Foi bom o teu primeiro dia no clube?
         Com uma expressão triste, Gonçalo respondeu:
         - Mais ou menos.
         Querendo saber mais coisas, Raul perguntou:
         - O que fizeste?
         Olhando para o chão, Gonçalo respondeu:
         - Jogámos a algumas coisas.
         Percebendo que o filho não queria falar muito, Raul perguntou:
         - Fizeste amigos?
         Rapidamente Gonçalo respondeu:
         - Não.
         Sorrindo, Raul disse:
         - Daqui a uns tempos vai ser mais fácil fazeres amigos. Hoje, foi só para todos se conhecerem.
         Nos dias que se seguiram, tudo continuou igual e Gonçalo não mostrava qualquer tipo de alegria.
         Numa manhã, ao chegar ao clube, Joel disse:
         - Hoje vamos dar um passeio até ao lago Enxuto e vamos também fazer um piquenique.
         Aproximando-se, Sandra disse:
         - O trajeto é muito bonito e todos vão gostar. Peço-vos que vão à carrinha buscar uma mochila e que se reúnam dois a dois para começarmos o passeio.
         Enquanto os colegas se reuniam, Gonçalo ficou quieto a observar os outros. Minutos depois, o colega Duarte aproximou-se e perguntou:
         - Queres fazer grupo comigo?
         Envergonhado, Gonçalo respondeu:
         - Posso fazer.
         Com o início do passeio, os companheiros andaram alguns metros em silêncio até que Duarte disse:
         - O caminho é difícil mas é muito bonito.
         Sem saber ao certo o que dizer, Gonçalo disse:
         - Pois é.
         Alguns minutos depois, chegaram ao lago e Duarte disse:
         - O lago é muito bonito.
         Continuando em silêncio, Gonçalo viu a monitora Sandra aproximar-se e já perto disse:
         - Foram os primeiros a chegar. Venham ver melhor o lago e o que existe atrás daquelas árvores.
Já perto, Duarte e Gonçalo viram uma cria de veado presa nuns ramos de árvore que, aflita se tentava libertar.
Aproximando-se mais, Duarte e Gonçalo soltaram a cria e felizes regressaram ao lago. Lá, contaram aos monitores o que tinham feito e Joel disse:
- Afinal temos aqui dois amigos aventureiros e, depois de uma ação tão bonita, não podemos deixar de vos agradecer.
Durante o piquenique, Gonçalo começou a ficar mais alegre e a largar alguns sorrisos para os colegas e monitores.
         De regresso a casa, Gonçalo aproximou-se dos pais e disse-lhes:
- Hoje, eu e o Duarte soltámos uma cria de veado que estava presa nums ramos.
Sorrindo, Elisa disse:
- Foi um ato muito bonito.
         Raul concordou, dizendo:
         - Sim. Bonito e corajoso.
         No dia seguinte, quando Gonçalo chegou ao clube, Duarte aproximou-se e perguntou:
         - Queres vir jogar ao berlinde?
         Gonçalo respondeu:
         - Eu não sei jogar ao berlinde.
         Duarte disse:
         - Eu posso ensinar-te.
         Aceitando, Gonçalo disse:
         - Está bem. Mas, eu não tenho berlindes.
         Duarte disse:
         - Eu tenho muitos e empresto-te.
         Sorrindo, Gonçalo ajudou Duarte a fazer uns pequenos buracos e depois ouviu atentamente a explicação do jogo do berlinde.
         Ao longo de alguns minutos, Gonçalo praticou o lançamento do berlinde e já com alguma agilidade, começou a jogar com o amigo Duarte.
         Os dias foram passando e Gonçalo e Duarte aproveitavam todos os momentos para se divertirem e, a partir daí nasceu uma bela amizade.
         Com aquela amizade, Gonçalo aprendeu que a solidão pode ser evitada com a vontade e a disponibilidade de todos.

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