sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A Princesa Carlota

No alto do monte Fugido, existia o castelo Florido que, com as suas altas torres parecia tocar o céu.
         Lá, morava o rei Zerpelino, a rainha Georgina e a princesa Carlota que adorava sentar-se na beira do lago Azul e ver os peixinhos que pareciam dançar.
         Numa tarde de Outono enquanto brincava com o seu gato Pipas, Carlota olhou para os seus pés e viu que os dedos tinham formas esquisitas e estavam cheios de borbulhas. Triste, disse:
         - Os meus pés são horríveis. Parecem dois lagartos velhos cheios de escamas e marcas.
         Ao acabar de dizer isto, Carlota olhou novamente para os pés e disse:
         - Parecem os dedos das bruxas.
         Abraçada a Pipas, Carlota pensava numa solução para o seu problema e viu um fumo esquisito no meio da floresta.
         Subindo até á torre de vigia, viu a casa de onde o fumo saia e estranhando nunca a ter visto, foi ter com a mãe e perguntou-lhe:
         - Mãe!? Quem mora na casa da floresta?
         Georgina respondeu:
         - Nessa casa mora a bruxa Gabriela e o seu ajudante Supimpas.
         Sem pensar duas vezes, Carlota saiu a correr e foi para a floresta decidida a falar com Gabriela.
         Ao chegar perto da casa, Carlota viu várias vassouras e também alguns chapéus pontiagudos pendurados num cordel.
         Abraçada a Pipas, Carlota sentia uma mistura de curiosidade e medo mas, decidiu não desistir e cautelosa, tocou á campainha. Pouco depois, a porta abriu-se e Carlota viu um anão que vestia umas roupas muito coloridas e brilhantes. Este, ao vê-la perguntou:
         - Quem és tu e o que queres?
         Carlota respondeu:
         - Eu sou a princesa Carlota e queria falar com a bruxa Gabriela.
         Rapidamente, Supimpas perguntou:
         - Mas, que queres falar?
         Carlota respondeu:
         - Quero perguntar se tem alguma poção que me faça ter uns pés bonitos.
         Compreensivo, Supimpas disse:
         - Eu vou falar com ela e pergunto-lhe.
         A correr, Supimpas afastou-se e alguns minutos depois regressou dizendo:
         - A Gabriela diz que tem a solução. Anda comigo.
         Sentindo um arrepio, Carlota foi atrás de Supimpas e por fim, chegaram ao pé de Gabriela que, com um vestido negro agitava alguns frascos e dizia:
         - Catati, catatá fica pronta já.
Interrompendo-a, Supimpas disse:
         - Está aqui a Carlota.
         Pousando os frascos, Gabriela disse:
         - Vou fazer-te uma poção que vai tornar os teus pés mais bonitos do que os da Cinderela.
         Depois de pegar em alguns pós, Gabriela começou a preparar a poção.
         - Ratati, Ratatá
           Rinhonhi, Rinhonhela
           Que os pés da princesa Carlota
           Fiquem melhores que os da Cinderela.
         Acabadas as palavras, uma grande nuvem de pós envolveu os pés de Carlota e ela começou a sentir um calor esquisito.
         Quando a nuvem desapareceu, Carlota olhou para os pés e viu que estavam iguais.
         Triste, perguntou:
         - Porque é que estão iguais?
         Gabriela explicou:
         - A magia demora a fazer efeito e, só amanhã é que eles ficam bem.
         Acreditando na explicação, Carlota despediu-se e disse:
         - Até amanhã. Vou-me embora esperar que a magia resulte.
         Ao regressar ao castelo, Carlota não contou a ninguém o que tinha feito e ansiosa esperava que a magia acontecesse.
         No dia seguinte ao acordar, Carlota olhou logo para os seus pés e viu que estavam iguais. Triste, olhou para Pipas e disse:
         - Está tudo igual. Continuo com os pés horríveis.
         Não conseguindo evitar o choro, Carlota sentia-se horrível e só tinha vontade de desaparecer. Abraçada a Pipas, Carlota foi para o jardim e continuando a chorar, sentou-se a observar as flores.
         Alguns minutos depois, apareceu uma nuvem brilhante que pousou na margem do repuxo. Ao olhá-la mais atentamente, Carlota viu surgir uma fada ainda mais brilhante e com um lindo vestido cor de rosa.
         Sem conseguir falar, Carlota ouviu a fada dizer:
         - Não chores.
Carlota disse:
- Choro porque tenho os pés mais feios de sempre.
A fada disse:
- Eu sou a fada Aliane e vou-te ajudar.
Rapidamente, Carlota disse:
- Ninguém me pode ajudar. Já fui à bruxa Gabriela mas, nem ela conseguiu que eles ficassem bem.
Interrompendo-a, Aliane disse:
- Vai ter comigo á estátua redonda e vou-te provar que consigo o que desejas.
No momento em que Carlota se preparava para fazer mais uma pergunta, Aliane disse:
- Espero lá por ti.
Confusa com o que tinha acontecido, Carlota pegou em Pipas e foi até á beira da estátua redonda. Lá, começou a surgir uma luz muito brilhante e segundos depois apareceu a Aliane que disse:
- Já está tudo preparado.
Nesse momento, apareceram várias borboletas que rodearam Carlota e então, Aliane disse:
- Patati, pataté. Rinhonhi, rinhonhés. Transforma estes pés.
Rapidamente, Carlota sentiu um frio gelado nos pés e, num piscar de olhos as borboletas desapareceram. Ao olhar para os pés, Carlota viu-os bonitos e brilhantes sem qualquer marca do que eram antes.
Sorrindo, Carlota olhou para a estátua redonda e, onde estava Aliane, estava agora uma bonita coroa de flores.

Pegando-lhe, Carlota colocou-a na cabeça e a partir desse dia, esqueceu a tristeza e tudo a deixava feliz e contente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário